quarta-feira, 21 de outubro de 2009



Jesus Cristo Nunca Existiu

La Sagesse

Prefácio

Tenho a satisfação de recomendar ao público a presente obra, escrita sob o título “Jesus Cristo Nunca Existiu”, de La Sagesse, em cujo conteúdo o autor revela o seu pensamento de modo fiel e sem reticências a respeito de tão delicado assunto. Embora seja este o seu primeiro trabalho publicado, o autor revela−se um escritor em potencial, de quem muito ainda se pode esperar. Diante da necessidade sempre crescente da verdade, encetou a presente obra para doar à humanidade a sua contribuição de natureza cultural, querendo apenas cumprir o seu dever de informar, perante si próprio e perante os homens.

Aos oportunistas pouco importa se sob a palavra sonora se oculta a hipocrisia e a mentira. Contudo, para os espíritos puros e corajosos, para os quais os interesses particulares não devem sobrepor−se aos anseios do povo, mister se faz que a verdade surja em toda a sua plenitude, deitando por terra toda a fraude e mistificação. Este é um livro corajoso, concebido sem a preocupação de agradar ou desagradar, não importando se suscetibilidades são feridas pelo que aqui está exposto. O seu intuito é exclusivamente patentear as provas inequívocas de falsificação e mistificação, as quais foram impostas aos homens a ferro e fogo, durante séculos.

No decurso da obra, são reveladas todas as idéias da Igreja como realmente são: a mais pútrida e falsa amoedação que pode haver, capaz de desprezar a natureza e os valores naturais. Constituiu−se a Igreja em verdadeiro parasita do homem crente, a verdadeira tarântula através da qual o clero que se constitui em uma minoria privilegiada vem sugando e envenenando sem parar o sangue e a vida daqueles que, iludidos por falsas promessas, mantêm os olhos fechados para a realidade da vida e das coisas.

Em todo o tempo, a meta principal da Igreja é tornar o homem o mais desgraçado possível, daí a idéia do pecado e da culpabilidade, para criar uma raça de escravos e de castrados de pensamento. Assim, tolhida a sua liberdade de pensamento, torna−se presa fácil e maleável nas mãos da Igreja. O temor dos castigos eternos, prometidos para os que se insurgem contra os ensinamentos da Santa Igreja, impede o homem crente de duvidar sequer do que a mesma lhe incute no espírito como verdade. Só o homem que consegue vencer a barreira do temor e da ignorância goza realmente de uma liberdade plena que poderá torná−lo feliz.

Apesar de haver uma acentuada liberalidade existente em nossos dias, ainda é pequeno o número dos que sacodem o jugo opressor, libertando−se da tutela hostil e interesseira da Igreja, de seus dogmas e vãs promessas. E é bem menor ainda o número dos que têm a coragem de proclamar em altas vozes o seu pensamento, liberto dos preconceitos religiosos que subjugam o homem.

Felizmente, La Sagesse faz parte deste círculo restrito, para quem a verdade e o bem estar do homem estão acima de qualquer coisa e dependem em muito de sua liberdade. A própria bondade do homem deve revelar−se por si só, e não porque a ela seja constrangido, porquanto assim perderá a sua verdadeira característica, passando a ser um ato subalterno, sem nenhum valor moral.

Não se omite a esta altura a homenagem que faz jus a quem não economizou esforços no sentido de patentear a verdade, antes se multiplicou em cuidados para fornecer aos leitores uma obra capaz de despertar o interesse pelo seu real valor e critérios adotados. O autor possui uma vasta obra literária ainda inédita, que deverá vir a público oportunamente.

Maria Ribeiro


Prólogo

Homem ateu é assim chamado aquele que não crê em Deus. Etimologicamente, “Theos”, do grego, significa Deus. Anexando−se o prefixo “a”, o qual indica ausência ou negação, teremos ateu, isto é, sem Deus. No mundo moderno onde vivemos, no qual impera a razão, a lógica e o conhecimento científico, não nos é mais possível estabelecer diferença essencial entre ateus ou crentes.

Os que acreditam em um Deus materializável, prosternando−se e orando diante de seus altares, em seus templos, são também verdadeiros ateus. Apenas deste fato não se dão conta. A seguir tentaremos explicar o nosso ponto de vista. O homem primitivo, sentindo−se indefeso diante do mundo hostil que o rodeia e que desconhece, a tudo teme. Apavoram−no os fenômenos da natureza, tais como as tempestades, os trovões, os relâmpagos e tantos outros os quais julga serem a manifestação digna de um Ser Supremo, muito poderoso e desconhecido. Então, na sua impotência para controlar a natureza, e não encontrando explicações razoáveis para os acontecimentos, volta−se o nosso homem para aquele Ser Poderoso que imagina comandar o mundo. Submisso e suplicante, implora−lhe perdão pelas faltas cometidas, simula preces e oferece−lhe sacrifícios. Com isso, supõe aplacar a ira dos deuses e ganhar−lhes sua benevolência para dias vindouros, Está, assim, lançada a semente da religião que no decorrer do tempo irá ganhando novas formas e sofrerá modificações, de acordo com o próprio homem, suas necessidades e aspirações.

Então perguntaremos, diante de que ou de quem ajoelha−se o homem? Diante de Deus? Não. Por incrível que pareça, o homem ajoelha−se, ainda hoje, diante do altar rústico, erguido pelo temor do homem primitivo castigado pelas forças adversas da natureza, e impotente para contê−las. Não é lógico que o homem que evoluiu conseguindo maravilhas, obtendo os meios necessários para definir e mesmo refrear os furores da natureza, paradoxalmente continue praticando os cultos de desagravo, criados pelos amedrontados ancestrais.

Concluímos do que acima foi dito que os religiosos de qualquer espécie são ateus, porquanto, de acordo com a própria etimologia da palavra ateu, continuam sem Deus. Isto é verdadeiro, porquanto, não é possível a ninguém ter algo inexistente, no caso o Ser Poderoso, Deus ou deuses, conforme prefiram. À medida que o homem foi evoluindo, promoveu sua organização social, inclusive a religiosa.

E o homem permaneceu contrito, ajoelhado diante de Deus e do sacerdote. Aos poucos, vai a religião tornando−se um ótimo e cômodo meio de vida para a minoria privilegiada composta pelos sacerdotes, verdadeiro comércio com o qual o povo tem sido espoliado através dos tempos.

Surgiram deuses e religiões idealizadas pelos espertos, a fim de satisfazer a todos os gostos e tendências. Até o século IX, os estudiosos do assunto já haviam catalogado nada menos de 60 mil deuses, sob as mais variadas formas, desde a de animal, semi−animal, até atingir o aspecto integral do corpo humano. Criaram deuses como Baco[1], o deus do vinho, homenageado com tremendas bebedeiras.

Vênus[2], a deusa do amor. Para reger a cada ato da vida, foram criados deuses especiais; inclusive para cada fenômeno da natureza.

Apesar do fervor com o qual os deuses têm sido incensados através dos tempos, jamais se conseguiu provar que a fé a eles devotada tenha melhorado a sorte do homem e do mundo. Por isso somos levados a crer que todos aqueles que têm adorado aos deuses têm perdido o seu precioso tempo.

O homem, com o poder de sua inteligência e imaginação, vai aos poucos adquirindo e sistematizando os seus conhecimentos, tornando−os cultura e ciência. Gradativamente vai levantando o véu do mistério que lhe obscurecera a razão. A explicação dos fatos fundamentada na ciência liberta−o dos temores.

O conhecimento científico, alijando as trevas da ignorância, leva−nos a compreender que os milhares de deuses dos quais temos tido conhecimento são produtos de mentes férteis e pretensiosas, como a do clero e outros interessados em lucros fáceis. A total ausência de uma intervenção direta de Deus nos destinos do homem e do mundo é prova de que o clero conduz o homem por caminho errado.

Valendo−se da boa fé do povo incauto é que o clero, em todos os tempos, tem desenvolvido sua atividade parasitária, chorando tanto quanto possível a economia humana. Assim, pode desfrutar de boa vida, luxo e palácios, praticamente sem trabalhar, com o dinheiro que o homem religioso passa−lhe às mãos, julgando assim comprar sua entrada no céu.

O sacerdote é sempre categórico em suas afirmações diante do crente, mostrando−se, contudo, reticente e cauteloso em face do conhecimento científico do homem de saber aprimorado. A este falará sobre tudo, mas evitará abordar o que se refere a Deus, religião ou teologia. Tendo ultrapassado a época do medo, a raça humana não se libertou totalmente do sentimento religioso, porquanto, existem os que se valem do nome de Deus e das religiões para viverem ociosamente, desfrutando de boa posição e respeito, sem, contudo, dar aos homens qualquer contribuição que lhes aproveite para sua felicidade e bem estar. Apenas a promessa de uma boa vida futura, após a morte. Todavia, até esta ser−lhe−á garantida apenas com a condição de suportar, pacientemente, muitos sofrimentos em sua passagem pela terra. Ora, são promessas vãs e mentirosas. Será que o sacerdote daria para alguém o Reino dos Céus, se dele dispusesse? Tudo nos leva a crer que não.

Não acreditamos que as religiões possam desaparecer tão cedo da face da Terra, apesar do aprimoramento, sempre em expansão, do conhecimento científico. As religiões não morrem, modificam−se. Desde os primórdios da humanidade, o aparecimento sempre de novos deuses e modalidades de culto justificam tal afirmativa. Em vista de tantas e tais modificações, é que chegamos à era do advento de Cristo e do cristianismo, religião esta abraçada por boa parte da população do mundo atual, em suas variadas ramificações. E qual o fundamento sobre o qual foi criada a religião cristã? Nada tem de positivo, palpável ou verdadeiro. É apenas uma lenda o nascimento de Jesus, como toda a vida e os atos a ele imputados.

Aqueles que criaram o cristianismo sequer primaram pela originalidade, porquanto, a lenda que envolve a personalidade de Jesus Cristo é apenas copia de tantas outras que relatam o nascimento e tudo quanto se referiu aos deuses criados pelos antigos, tais como Ísis[3], Osíris[4], Hórus[5], Átis[6], Apolo[7], Mitra[8], etc.

O homem do nosso século tem, forçosamente, de ser prático. Daí, não poderá fundamentar os atos de sua vida em lendas ou mitos. As lendas possuem, evidentemente, um grande valor, fazem parte do folclore dos povos, influindo na formação de suas culturas. Entretanto, o seu valor cultural não deve ultrapassar o limite lógico e aceitável.

Capitulo I

Jesus Cristo Nunca Existiu


Os pesquisadores que se dedicaram ao estudo das origens do cristianismo sabem que, desde o Século II de nossa era, tem sido posta em dúvida a existência de Cristo. Muitos até mesmo entre os cristãos procuram provas históricas e materiais para fundamentar sua crença. Infelizmente, para eles e sua fé, tal fundamento jamais foi conseguido, porquanto, a história cientificamente elaborada denota que a existência de Jesus é real apenas nos escritos e testemunhas daqueles que tiveram interesse religioso e material em prová−la.

Desse modo, a existência, a vida e a obra de Jesus carecem de provas indiscutíveis. Nem mesmo os Evangelhos constituem documento irretorquível. As bibliotecas e museus guardam escritos e documentos de autores que teriam sido contemporâneos de Jesus, os quais não fazem qualquer referência ao mesmo. Por outro lado, a ciência histórica tem−se recusado a dar crédito aos documentos oferecidos pela Igreja, com intenção de provar−lhe a existência física. Ocorre que tais documentos, originariamente, não mencionavam sequer o nome de Jesus; todavia, foram falsificados, rasurados e adulterados visando suprir a ausência de documentação verdadeira.

Por outro lado, muito do que foi escrito para provar a inexistência de Jesus Cristo foi destruído pela Igreja, defensivamente. Assim é que, por falta de documentos verdadeiros e indiscutíveis, a existência de Jesus tem sido posta em dúvida desde os primeiros séculos desta era, apesar de ter a Igreja tentado destruir a tudo e a todos os que tiveram coragem ousaram contestar os seus pontos de vista, os seus dogmas.

Por tudo isso é que o Papa Pio XII[9], em 1955, falando para um Congresso Internacional de História em Roma, disse: “Para os cristãos, o problema da existência de Jesus Cristo concerne à fé, e não à história”.

Emílio Bossi, em seu livro intitulado “Jesus Cristo Nunca Existiu”, compara Jesus Cristo a Sócrates[10], que igualmente nada deixou escrito. No entanto, faz ver que Sócrates só ensinou o que é natural e racional, ao passo que Jesus ter−se−ia apenas preocupado com o sobrenatural. Sócrates teve como discípulos pessoas naturais, de existência comprovada, cujos escritos, produção cultural e filosófica passaram à história como Platão[11], Xenófanes[12], Euclides[13], Esquines[14], Fédon[15]. Enquanto isso, Jesus teria por discípulos alguns homens analfabetos como ele próprio tê−lo−ia sido, os quais apenas repetiriam os velhos conceitos e preconceitos talmúdicos.

Sócrates, que viveu 5 séculos antes de Cristo e nada escreveu, jamais teve sua existência posta em dúvida. Jesus Cristo, que teria vivido tanto tempo depois, mesmo nada tendo escrito, poderia apesar disso ter deixado provas de sua existência. Todavia, nada tem sido encontrado que mereça fé. Seus discípulos nada escreveram. Os historiadores não lhe fizeram qualquer alusão.

Além disso, sabemos que, desde o Século II, os judeus ortodoxos e muitos homens cultos começaram a contestar a veracidade de existência de tal ser, sob qualquer aspecto, humano ou divino.

Estavam, assim, os homens divididos em duas posições: a dos que, afirmando a realidade de sua existência, divindade e propósitos de salvação, perseguiam e matavam impiedosamente aos partidários da posição contrária, ou seja, àqueles cultos e audaciosos que tiveram a coragem de contestá−los.

O imenso poder do Vaticano tornou a libertação do homem da tutela religiosa difícil e lenta. O liberalismo que surgiu nos últimos séculos contribuiu para que homens cultos e desejosos de esclarecer a verdade tentassem, com bastante êxito, mostrar a mistificação que tem sido a base de todas as religiões, inclusive do cristianismo. Surgiram também alguns escritos elucidativos, que por sorte haviam escapado à caça e à queima em praça pública. Fatos e descobertas desta natureza contribuíram decisivamente para que o mundo de hoje tenha uma concepção científica e prática de tudo que o rodeia, bem como de si próprio, de sua vida, direitos e obrigações.

A sociedade atualmente pode estabelecer os seus padrões de vida e moral, e os seus membros podem observá−los e respeitá−los por si mesmos, pelo respeito ao próximo e não pelo temor que lhes incute a religião. Contudo, é lamentavelmente certo que muitos ainda se conservam subjugados pelo espírito de religiosidade, presos a tabus caducos e inaceitáveis.

Jesus Cristo foi apenas uma entidade ideal, criada para fazer cumprir as escrituras, visando dar seqüência ao judaísmo em face da diáspora, destruição do templo e de Jerusalém. Teria sido um arranjo feito em defesa do judaísmo que então morria, surgindo uma nova crença. Ultimamente, têm−se evidenciado as adulterações e falsificações documentárias praticadas pela Igreja, com o intuito de provar a existência real de Cristo. Modernos métodos como, por exemplo, o método comparativo de Hegel[16], a grafotécnica e muitos outros, denunciaram a má fé dos que implantaram o cristianismo sobre falsas bases com uma doutrina tomada por empréstimos de outros mais vivos e inteligentes do que eles, assim como denunciaram os meios fraudulentos de que se valeram para provar a existência do inexistente.

É de se supor que, após a fuga da Ásia Central, com o tempo os judeus foram abandonando o velho espírito semita, para irem−se adaptando às crenças religiosas dos diversos povos que já viviam na Ásia Menor. Após haverem passado por longo período de cativeiro no Egito, e, posteriormente, por duas vezes na Babilônia, não estranhamos que tenham introduzido no seu judaísmo primitivo as bases das crenças dos povos com os quais conviveram. Sendo um dos povos mais atrasados de então, e na qualidade de cativos, por onde passaram, salvo exceções, sua convivência e ligações seria sempre com a gente inculta, primária e humilde. Assim é que, em vez de aprenderem ciências como astronomia, matemática, sua impressionante legislação, aprenderam as superstições do homem inculto e vulgar.

Quando cativos na Babilônia[17], os sacerdotes judeus que constituíram a nata, o escol do seu meio social, nas horas vagas, iriam copiando o folclore e tudo o que achassem de mais interessante em matéria de costumes e crenças religiosas, do que resultaria mais tarde compendiarem tudo em um só livro, o qual recebeu o nome de Talmud[18], o livro do saber, do conhecimento, da aprendizagem. Por uma série de circunstâncias, o judeu foi deixando, aos poucos, a atividade de pastor, agricultor e mesmo de artífice, passando a dedicar−se ao comércio.

A atividade comercial do judeu teve início quando levados cativos para a Babilônia, por Nabucodonosor[19], e intensificou−se com o decorrer do tempo, e ainda mais com a perseguição que lhe moveria o próprio cristianismo, a partir do século IV. Daí em diante, a preocupação principal do povo judeu foi extinguir de seu meio o analfabetismo, visando com isso o êxito de seus negócios. Deve−se a este fato ter sido o judeu o primeiro povo no meio do qual não haveria nenhum analfabeto. Destarte, chegando a Roma e a Alexandria[20], encontrariam ali apenas a prática de uma religião de tradição oral, portanto, terreno propício para a introdução de novas superstições religiosas. Dessa conjuntura é que nasceu o cristianismo, o máximo de mistificação religiosa de que se mostrou capaz a mente humana.

O judeu da diáspora conseguiu o seu objetivo. Com sua grande habilidade, em pouco tempo o cristianismo caiu no gosto popular, penetrando na casa do escravo e de seu senhor, invadindo inclusive os palácios imperiais. Crestus, o Messias dos essênios[21], pelo qual parece terem optado os judeus para a criação do cristianismo, daria origem ao nome de Cristo, cristão e cristianismo. Os essênios haviam−se estabelecido numa instituição comunal, em que os bens pessoais eram repartidos igualmente para todos e as necessidades de cada um tornavam−se responsabilidade de todos.

Tal ideal de vida conquistaria, como realmente aconteceu, ao escravo, a plebe, enfim, a gente humilde. Daí, a expansão do cristianismo que, nada tendo de concreto, positivo e provável, assumiu as proporções de que todos temos conhecimento. Não tendo ficado restrita à classe inculta e pobre, como seria de se pensar, começou a ganhar adeptos entre os aristocratas e bem−nascidos.

De tudo o que dissemos, depreende−se que o cristianismo foi uma religião criada pelos judeus, antes de tudo como meio de sobrevivência e enriquecimento. Tudo foi feito e organizado de modo a que o homem se tornasse um instrumento dócil e fácil de manejar, pelas mãos hábeis daqueles aos quais aproveita a religião como fonte de rendimentos.

Métodos modernos como, por exemplo, o método comparativo de Hegel, a grafotécnica, o uso dos isótopos radioativos e radiocarbônicos, denunciaram a má fé daqueles que implantaram o cristianismo, falsificando escritos e documentos na vã tentativa de provar o que lhe era proveitoso. Por meios escusos tais como os citados, a Igreja tornou−se a potência financeira em que hoje se constitui. Finalmente, desde o momento em que surgiu a religião, com ela veio o sacerdote que é uma constante em todos os cultos, ainda que recebam nomes diversos. A figura do sacerdote encarregado do culto divino tem tido sempre a preocupação primordial de atemorizar o espírito dos povos, apresentando−lhes um Deus onipotente, onipresente e, sobretudo, vingativo, que a uns premia com o paraíso e a outros castiga com o inferno de fogo eterno, conforme sejam boas ou más suas ações.

No cristianismo, encontraremos sempre o sacerdote afirmando ter o homem uma alma imortal, a qual responderá após a morte do corpo, diante de Deus, pelas ações praticadas em vida. Como se tudo não bastasse, o paraíso, o purgatório[22] dos católicos e o inferno[23], há ainda que considerar a admissão do pecado original, segundo o qual todos os homens ao nascer, trazem−no consigo.

Ora, ninguém jamais foi consultado a respeito de seu desejo ou não de nascer. Assim sendo, como atribuir culpa de qualquer natureza a quem não teve a oportunidade de manifestar vontade própria. Quanta injustiça! Condenar inocentes por antecipação. O próprio Deus e o próprio Cristo revoltar−se−iam por certo ante tão injusta legislação, se os próprios existissem.

Capitulo II

As Provas e as Contra Provas


A Igreja serviu−se de farta documentação, conforme já mencionamos anteriormente, com intenção de provar a existência de Cristo. No entanto, a história ignora−o completamente. Quanto aos autores profanos que pretensamente teriam escrito a seu respeito, foram nesta parte falsificados. Por outro lado, documentos históricos demonstram sua inexistência. As provas históricas merecem nosso crédito, porque pertencem à categoria dos fatos certos e positivos, e constituem testemunhos concretos e válidos de escritores de determinadas escolas.

A interpretação da Bíblia e da mitologia comparada não resiste a uma confrontação com a história. Flávio Josefo[24], Justo de Tiberíades[25], Filon de Alexandria[26], Tácito[27], Suetônio[28] e Plínio, o Jovem[29], teriam feito em seus escritos, referências a Jesus Cristo. Todavia, tais escritos após serem submetidos a exames grafotécnicos, revelaram−se adulterados no todo ou em parte, para não se falar dos que foram totalmente destruídos. Além disso, as referências feitas a Crestus, Cristo ou Jesus, não são feitas exatamente a respeito do Cristo dos Cristãos. Seria mesmo difícil estabelecer qual o Cristo seguido pelos cristãos, visto que esse era um nome comum na Galiléia e Judéia.

Segundo Tácito, judeus e egípcios foram expulsos de Roma por formarem uma só e mística superstição cristã. As expulsões ocorreram duas vezes no tempo de Augusto e a terceira vez no governo de Tibério[30], no ano 19 desta era. Tais expulsões desmentem a existência de Jesus, porquanto, ocorreram quando ainda o nome de cristão aplicava−se a superstição judaico−egípcia, a qual se confundiu com o cristianismo.

Filon de Alexandria, apesar de ter contribuído poderosamente para a formação do cristianismo, seu testemunho é totalmente contrário à existência de Cristo. Filon havia escrito um tratado sobre o Bom Deus – Serapis[31] –, tratado este que foi destruído. Os evangelhos cristãos a ele muito se assemelham, e os falsificadores não hesitaram em atribuir as referências como sendo feitas a Cristo.

Os historiadores mostram que essa religião nasceu em Alexandria, e não em Roma ou Jerusalém. Fazem ver que ela nasceu das idéias de Filon que, platonizando e helenizando o judaísmo, escreveu boa parte do Apocalipse. A mesma transformação que o cristianismo dera ao judaísmo ao introduzir−lhe o paganismo e a idolatria, Filon imprimira a essa crença, até então apenas terapeuta, dando−lhe feição grega, de cunho platônico.

Embora tenha sido de certo modo o precursor do cristianismo, não deixou a menor prova de ter tomado conhecimento da existência de Jesus Cristo, o mago rabi, e isto é lógico porque o cristianismo só iria ser elaborado muito depois de sua morte.

Bastaria o silêncio de Filon para provar estarmos diante de uma nova criação mitológica, de cunho metafísico. Entretanto, escrevendo como cristão, os lançadores do cristianismo louvaram−se nas suas idéias e escritos. Tivesse Jesus realmente existido, jamais Filon deixaria de falar em seu nome, descreveria certamente sua vida miraculosa. Filon relata os principais acontecimentos de seu tempo, do judaísmo e de outras crenças, não mencionando, porém, nada sobre Jesus. Cita Pôncio Pilatos[32] e sua atuação como Procurador da Judéia, mas não se refere ao julgamento de Jesus a que ele teria presidido. Fala igualmente dos essênios e de sua doutrina comuna dizendo tratar−se de uma seita judia, com mosteiro à margem do Jordão, perto de Jerusalém. Quando no reinado de Calígula esteve em Roma defendendo os judeus, relata diversos acontecimentos da Palestina, mas não menciona nada a respeito de Jesus, seus feitos ou sua sorte e destino.

Filon, que foi um dos judeus mais ilustres de seu tempo, e sempre esteve em dia com os acontecimentos, jamais omitiria qualquer notícia acerca de Jesus, cuja existência, se fosse verdadeira, teria abalado o mundo de então. Impossível admitir−se tal hipótese, portanto.

Por isso é que M. Dide fez ver que, diante do silêncio de homens extraordinários como Filon, os acontecimentos narrados pelos evangelistas não passam de pura fantasia religiosa. Seu silêncio é a sentença de morte da existência de Jesus.

O mesmo silêncio se estende aos apóstolos, assinala Emílio Bossi. Evidencia que tudo quanto está contido nos Evangelhos refere−se a personalidades irreais, ideais, sobrenaturais de inexistentes taumaturgos. O silêncio de Filon e de outros se estende não apenas a Jesus, mas também aos seus pretensos apóstolos, a José, a Maria, seus filhos e toda a sua família.

Flávio Josefo, tendo nascido no ano 37, e escrevendo até 93 sobre judaísmo, cristianismo terapeuta, messias e Cristos, nada disse a respeito de Jesus Cristo. Justo de Tiberíades, igualmente não fala em Jesus Cristo, conquanto houvesse escrito uma história dos judeus, indo de Moisés ao ano 50.

Ernest Renan[33], em sua obra “Vie de Jesus”, apesar de ter tentado biografar Jesus, reconhece o pesado silêncio que fizeram cair sobre o pretenso herói do cristianismo.

Os Gregos, os romanos e os hindus dos séculos I e II jamais ouviram falar na existência física de Jesus Cristo. Nenhum dos historiadores ou escritores, judeus ou romanos, os quais viveram ao tempo em que pretensamente teria vivido Jesus, ocupou−se dele expressamente. Nenhum dedicou−lhe atenção.Todos foram omissos quanto a qualquer movimento religioso ocorrido na Judéia, chefiado por Jesus.

A história não só contesta a tudo o que vem nos Evangelhos, como prova que os documentos em que a Igreja se baseou para formar o cristianismo foram todos inventados ou falsificados no todo ou parte, para esse fim. A Igreja sempre dispôs de uma equipe de falsários, os quais dedicaram−se afanosamente a adulterar e falsificar os documentos antigos com o fim de pô−los de acordo com os seus cânones.

O piedoso e culto bispo de Cesaréia, Eusébio, como muitos outros tonsurados, receberam ordens papais para realizar modificações em importantes papéis da época, adulterando−os e emendando−os segundo suas conveniências. Graças a esses criminosos arranjos, a Igreja terminaria autenticando impunemente sua novela religiosa sobre Jesus Cristo, sua família, seus discípulos e o seu tempo.

Conan Doyle[34] imortalizou o seu personagem, Sherlock Holmes, assim como Goethe[35] ao seu Werther. Deram−lhes vida e movimento como se fossem pessoas reais, de carne e ossos. Muitos outros escritores imortalizaram−se também através de suas obras, contudo, sempre ficou patente serem elas pura ficção, sem qualquer elo que as ligue com a vida real. Produzem um trabalho honesto e honrado aqueles que assim procedem, ao contrário daqueles que deturpam os trabalhos assinados por eminentes escritores, com o objetivo premeditado de iludir a boa fé do próximo. E procedimento que, além de criminoso, revela a incapacidade intelectual daqueles que precisam se valer de tais meios para alcançar

seus escusos objetivos.

Berson, citado por Jean Guitton[36] em “Jesus”, disse que a inigualável humildade de Jesus dispensaria a historicidade; entretanto, erigiu os Evangelhos como documento indiscutível como prova, o que a ciência histórica de hoje rejeita. Só depois de muito entrado em anos é que se tornaria indiferente para com a pirracenta crença religiosa dos seus antepassados, como aconteceu com mentes excepcionalmente cultas, tornadas ilustres pelo saber e pelo conhecimento e não apenas pelo dinheiro.

Diante da história, do conhecimento racional e científico que presidem aos atos da vida humana, muitos já se convenceram da primária e irreal origem do cristianismo, o qual nada mais é do que uma síntese do judaísmo com o paganismo e a idolatria greco−romana do século I.

Graças ao trabalho de notáveis mestre de Filosofia e Teologia da Escola de Tübíngen, na Alemanha, ficou provado que os Evangelhos e mesmo toda a Bíblia não possuem valor histórico, pondo−se em dúvida conseqüentemente tudo quanto a Igreja impôs como verdade sobre Jesus Cristo. Tudo o que consta dos Evangelhos e do Novo Testamento são apenas arranjos, adaptações e ficções, como o próprio Jesus Cristo o foi.

Através da pesquisa histórica e de exames grafotécnicos ficou evidenciado que os escritos acima referidos são apócrifos[37]. De sorte que, não servindo como documentos autênticos, devem ser rejeitados pela ciência. Jean Guitton diz que o problema de Jesus varia e acordo com o ângulo sob o qual seja examinado: histórico, filosófico ou teológico.

A história exige provas reais, segundo as quais se evidenciem os movimentos da pessoa ou do herói no palco da vida humana, praticando todos os atos a ela concernentes, em todos os seus altos e baixos. Pierre Couchoud, igualmente citado por Guitton, sendo médico e filósofo, considerou Jesus como tendo sido “a maior existência que já houve, o maior habitante da terra”, entretanto, acrescentou: “não existiu no sentido histórico da palavra: não nasceu. Não sofreu sob Pôncio Pilatos, sendo tudo uma fabulação mítica”.

A passagem de Jesus pela terra seria o milagre dos milagres: “o continente, embora fosse o menor, contivera o conteúdo, que era o maior!” A Filosofia quer fatos para examinar e explicar à luz da razão, generalizando−o. No que se refere à existência de Jesus, é patente a impossibilidade de generalização, porquanto, na qualidade de mito, como os milhares que o antecederam, sua personalidade é apenas fictícia, por conseguinte, nenhum material pode oferecer à Filosofia para ser sistematizado, aprofundado ou explicado.

No tocante à Teologia, cabe−lhe apenas a parte doutrinária acerca das coisas divinas. A ela, interessa apenas incutir nas mentes os seus princípios, sem, contudo, procurar neles o que possa existir de concreto, o que inclusive seria contrário aos interesses materiais, daqueles aos quais aproveita a religião. Os Enciclopedistas mostraram como eram tolos e irracionais os dogmas da Igreja, lembrando ainda que ela era um dos mais fortes pilares do feudalismo[38] escravocrata.

Voltaire[39] mostrou as coincidências entre o Evangelho de João e os escritos de Filon, lembrando ter sido ele um filósofo grego de ascendência judia, cujo pai, um outro judeu culto, teria sido contemporâneo de Jesus, se ele tivesse realmente existido. A filosofia religiosa de Filon era a mesma do cristianismo, tanto que inicialmente foi cogitada sua inclusão entre os fundadores da nova crença.

Contudo, após exame rigoroso de sua obra, foram encontradas idéias opostas aos interesses materiais dos lideres cristãos da época.

Devemos aos Enciclopedistas, bem como a Voltaire, o incentivo para que muitos pensadores futuros pudessem desenvolver um trabalho livre, na pesquisa da verdade. As convicções de Voltaire são o fruto de profundo estudo das obras de Filon. Os racionalistas, posteriormente, servindo−se de seus escritos, concluíram que a Igreja criou seus dogmas de acordo com a lenda e o mito, impondo−os a ferro e fogo.

Bauer, aplicando os princípios hegelianos na Universidade de Tübingen, concluiu que os Evangelhos haviam sido escritos sob a influência judia, de acordo com seu gosto. Posteriormente, interesses materiais e políticos motivaram alterações nos mesmos. Em vista de tais interesses é que Pedro, o pregador do cristianismo nascente, que era pró−judeu, teve de ser substituído por Paulo, favorável aos romanos. E Marcião teria sido o autor dos escritos atribuídos ao inexistente Paulo.

O mérito da Escola de Tübingen consiste em haver provado que os Evangelhos são apócrifos, e assim não servem como documento aceitável pela história. Levando ao conhecimento do mundo livre que os fundamentos do cristianismo são mistificações puras, os mestres da referida Escola abalaram os alicerces de uma empresa, que há séculos explora a humanidade crente, vendendo o nome de Deus a grosso e a varejo.

Tudo nos leva a crer que, no futuro, o conhecimento científico exigirá bases sólidas para todas as coisas, quando então as religiões não mais prevalecerão, porquanto, não poderão contribuir para a ciência ou para a história, com qualquer argumento sólido e fiel.

Ademais, não nos parece lógico que o homem atual, o qual já atingiu um tão elevado nível de desenvolvimento, o que se verifica em todos os setores do conhecimento, tais como científico, tecnológico e filosófico, permaneça preso a crenças em deuses inexistentes, em mitos e tabus.

Diz−se que a Bíblia, o livro sagrado dos cristãos, do qual se valem eles para provar a existência de seu Deus e Jesus Cristo, seu filho unigênito, foi escrito sob a inspiração divina. O Próprio Deus tê−lo−ia escrito, através de homens inspirados por ele, claro. A doutrina cristã ensina que Deus, além de onipotente, é onipresente e onisciente. Sendo dotado de tais atributos – onisciência e onipresença –, seria de se esperar que Deus, ao ditar aos homens inspirados o que deveriam escrever, não se restringisse apenas ao relato das coisas, fatos ou lugares então conhecidos pelos homens.

Sendo onipresente, deveria estar no universo inteiro. Conhecê−lo e levá−lo ao conhecimento dos homens, e não apenas limitar−se a falar dos povos ou lugares que todos conheciam ou sabiam existir.

Sendo onisciente, deveria saber de todas s coisas de modo certo, correto, exato, e assim inspirar ou ensinar.

Todavia, aconteceu justamente o contrário. A Bíblia, escrita por homens inspirados por Deus onipresente e onisciente, está repleta de erros, os mais vulgares e incoerentes, revelando total ignorância acerca da verdade e de tudo mais.

Vejamos apenas um exemplo. Diz a Bíblia que o sol, a lua e as estrelas foram criadas em função da terra: para iluminá−la. Seria o centro do universo, então, o que é totalmente falso. Hoje, ou melhor, há muito tempo, todos sabemos que a terra é apenas um grão de areia perdido na imensidão do universo, sendo mesmo uma das menores porções que o compõe, inclusive dentro do sistema solar de que faz parte.

Como teria Josué feito parar o sol, a fim de prolongar o dia e ganhar sua batalha contra os canamitas, sem acarretar uma catástrofe? Decididamente, quem escreveu tais absurdos, sendo homem, sujeito a falhas e erros, é perdoável. Entretanto, sendo um Deus onipresente e onisciente, ou por sua inspiração, é inconcebível. E mais inconcebível ainda é que o homem moderno permaneça escravo desta ou de qualquer outra religião. Dispondo de modernos meios de difusão e divulgação da cultura, o homem não pode ignorar o quanto é falsa a doutrina cristã, além de absurda, o mesmo estendendo−se a qualquer outra forma de culto ou religião. Como entender que sendo Deus onipresente e onisciente, não saberia que todos os corpos do universo possuem movimento, e que este os mantém dentro de sua órbita, sem atropelos ou abalroamento? Quando Jeová resolveu disciplinar o comportamento dos hebreus, marcou encontro com Moisés, no Monte Sinai, para lhe entregar as tábuas da lei. Fato idêntico acontecera muito antes, quando Hamurabi[40] teria recebido das mãos do deus Schamash a legislação dos babilônios no século XVII a.C.. A mesma foi encontrada em Susa[41], uma das grandes metrópoles do então poderoso império babilônio, encontrando−se atualmente guardada no Museu do Louvre, em Paris.

No que concerne aos Evangelhos, foram escritos em número de 315, copiando−se sempre uns aos outros. No Concílio de Nicéia, tal número foi reduzido para 40, e destes foram sorteados os 4 que até hoje estão vigorando.

A. Laterre, entre outros escritores, assinala ter sido o Evangelho de Marcos o mais antigo, e haver servido de paradigma para os outros, os quais não guardaram sequer fidelidade ao original, dando margem a choques e entrechoques de doutrina.

Após o Evangelho de Marcos, começaram a surgir os demais que, alcançando elevado número, foram reduzidos. A escolha não visou os melhores, o que seria lógico, mas baseou−se tão−somente no prestigio político dos bispos das regiões onde haviam sido compostos.

A. Laterre patenteou igualmente, em “Jesus e sua doutrina”, que a lenda composta pelos fundadores do cristianismo, para ser admitida pelos homens como verdade, fora copiada de fontes mitológicas muito anteriores ao próprio judaísmo, remontando aos antigos deuses hindus, persas ou chineses.

No século II, quando começou a aparecer a biografia de Jesus, havia apenas o interesse político e material em se manter a sua santa personalidade idealizada. Constantino[42], no século IV, tendo verificado que suas legiões haviam−se tornado reticentes no cumprimento de suas ordens contra os cristãos, resolveu mudar de tática e aderir ao cristianismo. Percebendo que os bispos de Alexandria, Jerusalém, Edessa e Roma tinham a força necessária para fazer−lhe oposição, sentiu−se na contingência de ceder politicamente, com o objetivo de conseguir obediência total e unificar o império.

De sorte que sua adesão ou conversão ao cristianismo não se baseou em uma convicção intima, espiritual, porém, resultou de conveniências políticas.

Embora não crendo na religião cristã, percebeu que a cruz dar−lhe−ia a força que lhe faltava para tornar−se o imperador único e obedecido cegamente. Daí a história do sonho que tivera antes de uma batalha, segundo o qual vira a cruz desenhada no céu e estas palavras escritas abaixo: “in hoc signo vincis”, com este sinal, vencerás. Não era cristão verdadeiro, apenas fingia sê−lo para conseguir os seus objetivos.

Dujardin conta−nos que o cristianismo só surgiu a partir do ano 30, graças a um rito em que sevia a morte e a ressurreição de Jesus, o qual seria uma divindade pré−cristã. Nesta seita, os seus adeptos denominavam−se apóstolos, significando missionários, os que traziam uma mensagem nova. Os apóstolos desse Jesus juravam terem−no visto, após sua morte, ressuscitar e ascender ao céu.

Entretanto, não era este o Jesus dos cristãos. O Padre Alfred Loisy, diante do enorme descrédito que o mito do cristianismo vinha sofrendo nos meios cultos de Paris, resolveu pesquisar−lhe as origens, visando assim desfazer as objeções apresentadas de modo seguro e bem fundamentado. Buscava a verdade para mostrá−la aos demais.

Entretanto, ao fazer seus estudos, o Padre Loisy constatou que realmente a crítica havia se baseado em fatos incontestáveis. Por uma questão de honra, não poderia ocultar o resultado de suas pesquisas, publicando−o logo em seguida. Sendo tal resultado contrário fundamentalmente aos cânones da Igreja, foi expulso de sua cátedra de Filosofia, na Universidade de Paris, e excomungado pelo Papa, em 1908.

O Pe. Loisy havia concluído que os documentos nos quais a Igreja firmara−se para organizar sua doutrina provieram do ritual essênio. Jesus Cristo não tivera vida física. Era apenas o reaproveitamento da lenda essênia do Crestus, o seu Messias. Verificou−se também que as Paulinianas, de origem insegura, haviam sido refundidas em vários pontos fundamentais e por diversas vezes, antes de serem incluídas definitivamente nos Evangelhos. Do mesmo modo chegou à conclusão de que os Evangelhos não poderiam servir de base para a história, nem para provar a vida de Jesus, dada a sua inautenticidade.

Por sorte sua, já não mais existia a Santa Inquisição; do contrário, o sábio Padre Loisy teria sido queimado vivo. Os documentos relativos ao governo de Pilatos, na Judéia, nada relatam a respeito de alguém que, se intitulando de Jesus Cristo, o Messias ou o enviado de Deus, tenha sido preso, condenado e crucificado com assentimento ou mesmo contra sua vontade, conforme narram os evangelhos. Não tomou conhecimento jamais de que um homem excepcional praticasse coisas maravilhosas e sobrenaturais, ressuscitando mortos e curando doentes ao simples toque de suas mãos, ou com uma palavra, apenas.

Se Pôncio Pilatos, cuja existência é real e historicamente provável, que estava no centro dos acontecimentos da época como governador da Judéia, ignorou completamente a existência tumultuada de Jesus, é que de fato ele não existiu. Alguém que, pelos atos que lhe são atribuídos, chega mesmo ao cúmulo de ser aclamado “Rei dos Judeus” por uma multidão exaltada, como ele o foi, não poderia passar despercebido pelo governador da região.

O imperador Tibério, inclusive, jamais soube de tais ocorrências na Judéia. Estranho que ninguém o informasse de que um povo, que estava sob o seu domínio, aclamava um novo rei. Ilógico. A ele, Tibério, é que caberia nomear um rei, governador ou procurador.

Prosper Alfaric, em L’Ecole de la Raison, assinala as invencíveis dificuldades do cristianismo em conciliar a fé com a razão. Por isso, a nova crença teve de apoderar−se das lendas e crenças dos deuses solares, tais como Osíris, Mitra, Ísis, Átis e Hórus, quando da elaboração de sua doutrina. Expôs, igualmente, que os documentos descobertos em Coumrã, em 1947, eram o elo que faltava para patentear que Cristo é o Crestus dos essênios, uma outra seita judia.

O cristianismo nada mais é, então, do que o sincretismo das diversas seitas judias, misturadas às crenças e religiões dos deuses solares, por serem as religiões que vinham predominando há séculos. A palavra “evangelho” em grego significa “boa nova”, já figura na Odisséia de Homero[43], Século XII, a.C..

Foi depois encontrada também numa inscrição em Priene[44], na Jônia[45], numa frase comemorativa e de endeusamento de Augusto, no seu aniversário, significando a “boa nova” no trono. E isto ocorreu muito antes de idealizarem Jesus Cristo.

Conforme já mencionamos anteriormente, no inicio do cristianismo, os evangelhos eram em número de 315, sendo posteriormente reduzidos para 4, no Concílio de Nicéia. Tal número indica perfeitamente as várias formas de interpretação local das crenças religiosas da orla mediterrânea acerca da idéia messiânica lançada pelos sacerdotes judeus. Sem dúvida, este fato deve ter levado Irineu a escrever o seguinte: “Há apenas 4 Evangelhos, nem mais um, nem menos um, e que só pessoas de espírito leviano, os ignorantes e os insolentes é que andam falseando a verdade”. A verdade da Igreja, dizemos nós.

Havia, então, os Evangelhos dos naziazenos, dos judeus, dos egípcios, dos ebionistas, o de Pedro, o de Barnabé, entre outros, os quais foram queimados, restando apenas os 4 sorteados e oficializados no Concílio de Nicéia. Celso, erudito romano, contemporâneo de Irineu, entre os anos 170 e 180, disse: “Certos fiéis modificaram o primeiro texto dos Evangelhos, três, quatro e mais vezes, para poder assim subtrai−los às refutações”.

Foi necessária uma cuidadosa triagem de todos eles, visando retirar as divergências mais acentuadas, sendo adotada a de Hesíquies, de Alexandria; e de Pânfilo, de Cesaréía e a de Luciano, de Antióquia. Mesmo assim, só na de Luciano existem 3500 passagens redigidas diferentemente. Disso resulta que, mesmo para os Padres da Igreja, os Evangelhos não são fonte segura e original.

Os Evangelhos que trazem a palavra “segundo”, que em grego é “cata”, não vieram diretamente dos pretensos evangelistas. A discutível origem dos Evangelhos explica porque os documentos mais antigos não fazem referência à vida terrena de Jesus. Nos Evangelhos, as contradições são encontradas com muita freqüência. Em Marcos, por exemplo, em 1:1−17: “a linhagem de Jesus vem de Abraão, em 42 gerações”; ao passo que em Lucas 2:23−28 lê−se que proviera diretamente de Adão e Eva, sendo que de Abraão a Jesus teriam havido 43 gerações.

Eusébio, comentando o assunto e não sabendo como dirimir a questão, disse: “Seja lá o que for, só o Evangelho anuncia a verdade”.(?) Tais divergências, entretanto, parecem indicar que os Evangelhos não se destinavam inicialmente à posteridade, visando tão−somente a catequese imediata de povos isolados uns dos outros. Os escritos destinados a um povo dificilmente seriam conhecidos dos outros.

O Evangelho de Mateus teria sido destinado aos judeus, arranjado para agradá−los. Por isso, não fala nos vaticínios nem no Messias. Por isso ainda é que puseram na boca de Jesus as palavras seguintes: “Não vim para abolir as leis dos profetas, mas sim para cumpri−las”. Tudo indica ter sido feito em Alexandria[46], porquanto, o original em hebraico jamais existiu. Baur provou, entretanto, que as Epístolas são anteriores aos Evangelhos e o Apocalipse, o mais antigo de todos, do ano 68. Todos os escritos do cristianismo desse tempo falam apenas no Logos, o Cordeiro Pascoal, imolado desde o princípio dos tempos, referindo−se à personalidade ideal de Jesus Cristo.

Justino[47], filósofo e apologista cristão, escrevendo em torno do ano 150, não emprega a palavra Evangelho nem uma vez. Isto mostra que ele, ainda nessa época, ignorava−a, não tendo conhecimento de sua existência. Justino ignorava igualmente as paulinianas, Paulo e os Atos dos apóstolos, o que prova que foram inventados posteriormente.

Marcião[48], no ano de 140, trouxe as Epístolas a Roma, as quais não foram inicialmente consideradas merecedoras de fé. Sofreu rigorosa triagem, sendo cortada muita coisa que não convinha à Igreja. Marcião fora contemporâneo de Justino. As Epístolas trazidas por ele eram endereçadas aos Romanos, aos Gálatas e aos Coríntios. Apresentavam Jesus como um Deus encarnado. Teria nascido de uma mulher e sofrera o martírio para resgatar os pecados da humanidade, isto é, dos ocidentais, porque os orientais não tomaram conhecimento da personalidade de Jesus, seus milagres e sua pregação e do seu romance religioso.

Engels[49] constatou que as Epístolas são 60 anos mais novas do que o Apocalipse. E, ainda, os cristãos contrários ao bispo de Roma rejeitaram−nas durante séculos. Foi o que se deu com os ebionitas[50] e os severianos, conforme Eusébio escreveu e Justino confirmou. O Apocalipse fala em um cordeiro com sete cornos e sete olhos, o qual foi imolado desde a fundação do mundo (13−8). O Apocalipse foi composto apenas em 68, sendo o mais antigo de todos os escritos cristãos.

Lutero[51] e Swinglio disseram que o Apocalipse foi incluído nos Evangelhos por engano, tendo a Igreja de inventar, por isso, a ordem cronológica dos seus livros. Hoje se pode provar que o Apocalipse surgiu entre os anos 68 e 70; os Evangelhos, no século II, e os Atos dos Apóstolos são os mais recentes de todos. Eusébio em sua “História Eclesiástica”, 4−23, diz: “Compus as Epistolas conforme a vontade do irmão: mas os ‘apóstolos do diabo’ tacharam−nas de inverídicas contando−lhes certas coisas e acrescentando outras”.

Irineu[52], ao mesmo tempo, ordenava ao copista: “Confronta toda cópia com este original utilizado por ti, e corrige−a cuidadosamente”. Não te esqueças de reproduzir em tua cópia o pedido que te faço.

Essas citações servem para medirmos que tipo de santidade havia entre os bispos e seus calígrafos, na arte eusebiana de eméritos falsificadores de documentos importantes. Com isto, deram autenticidade a todas as invencionices do cristianismo e legitimaram sua liderança na posse material do que pertencia aos outros. Irineu ainda registrou o seguinte: “Ouvi dizer que não acreditam esteja isto nos Evangelhos, se não se encontrar nos arquivos”. Ao que Eusébio respondera: “É preciso demonstrá−lo”.

Uma excelente prova da existência de Jesus seria uma comunicação feita por Pilatos a seu respeito. Entretanto, tal documento não existe. Justino, instado pelos falsificadores, referiu−se a Jesus, contudo, dada a sua honradez pessoal, no caso do seu escrito ser autêntico, fê−lo de modo inseguro e hesitante.

Tertuliano[53], que é mais seguro do que ele, afirmou que esse valioso documento deverá ser encontrado nos arquivos imperiais. Contudo, a Igreja apesar de haver se apoderado de Roma a partir do século IV, não teve a coragem de apresentar essa indispensável jóia documentária, a qual de certo seria refutada pela ciência e pelo conhecimento.

Mesmo assim, a partir do século IV, essa prova espúria foi produzida; contudo, a Igreja não teve a petulância de submetê−la à grafotécnica. Daniel Rops, embora fosse um apaixonado cristão, reconheceu a veracidade dessa falsificação dizendo que: “a que arranjaram era uma carta enviada a Cláudio, que reinou de 41 a 44, e não a Tibério, sob cujo governo Pilatos fora Procurador da Judéia”.

No Apocalipse João, escreveu: “Se alguém acrescentar alguma coisa nisto, Deus castigará com as penas descritas neste livro; se alguém cortar qualquer coisa, Deus cortará sua parte na árvore da vida e na cidade santa descrita neste livro”. Ai está mais uma prova de como as falsificações eram usuais na fase da Igreja nascente. O mais interessante é essa gente falar em Deus, como se fosse coisa cuja existência já tivesse sido provada, não se justificando mais que o conhecimento e a razão estudassem as bases dessa existência.

Os padres mostravam−se estar de tal modo familiarizados com Deus e sua vontade que por isso achavam certo e justo julgar e queimar vivos a todos os que deles discordassem. Entretanto, embora dessem a impressão de estar em contato com Deus, usavam de processos criminosos, dos quais todos os ociosos usam para sacar contra o seu meio social. Assim é que hoje se pode provar que o cristianismo foi construído sobre um terreno atapetado de mentiras, falsificações e mistificações.

O Novo Testamento atualmente oficializado é cópia de um texto grego do século IV. É exatamente o sinótico descoberto em 1859, em um convento do Monte Sinai, onde vem informada a origem grega. Os originais do mesmo estão guardados nos museus do Vaticano e de Londres. Foram publicados com as devidas corrigendas, feitas por Hesíquios, de Alexandria.

Um papiro encontrado no Egito, em 1931, apresenta−nos uma ordem cronológica totalmente diferente da oficializada pela Igreja. Atualmente, as fontes testamentárias aceitáveis são as do século II em diante, provindas de Justino, Taciano, Atenágoras, Irineu e outros, os quais são considerados os verdadeiros criadores do cristianismo.

Taciano foi o “bem amado” discípulo de Justino. Ele, entretanto, omite a genealogia de Jesus, dizendo apenas que ele descendia de reis judeus, de modo muito vago, divergindo assim da orientação oficializada. Irineu foi que sistematizou o cristianismo. Foi ele a fonte em que Eusébio inspirou−se. Por isso é que daí em diante seria obrigatória a confrontação entre os dois textos. O bispo de Cesaréia fora encarregado pelo todo poderoso bispo de Roma de falsificar tudo quanto prejudicasse os interesses materiais da Igreja de então. De modo que, por onde passou a mão de Eusébio, foi tudo conspurcado criminosamente contra a verdade.

Eusébio foi realmente um bispo que cria apaixonadamente na divindade de Jesus Cristo, contudo, já conhecia o poder que possuía o bispo de Roma. Graças a Eusébio e outros iguais a ele, tornou−se uma temeridade descrer−se na verdade oficializada pela Igreja. Após tantas falsificações, todos ficaram realmente inseguros quanto à verdadeira origem do cristianismo, tal a tumultuação impressa por Eusébio.

Tertuliano e Clemente de Alexandria lutaram um pouco para sanar essas fontes, anulando boa parte do que restara das criminosas unhas de Eusébio. Jacob Buckhardt, examinando essa documentação, concluiu que o Novo Testamento merece confiança.

Em Coumrã, em 1947, como á vimos, foram encontrados documentos com escrita em hebraico e não em grego, falando em Crestus não em Cristo. Ali, Habacuc refere−se à perseguição sofrida por essa seita judia, assim como a morte de Crestus, igualmente traído por Judas, um sacerdote dissidente. A Igreja, ao ter conhecimento da existência de tais documentos, pretendeu informar que Crestus era o Cristo de sua criação, contudo, verificou−se que eles datavam de pelo menos um século antes do lançamento do romance do Gólgota. Além disso, continham revelações contrárias aos interesses da Igreja. Eles relatam as lutas de morte em que viviam as diversas seitas do judaísmo.

A Didaquê[54] não pôde entrar nos Evangelhos, devendo silenciar completamente a respeito da pretensa passagem de Jesus pela terra. De qualquer forma, a lenda que existia em torno no nome de Crestus foi aproveitada na época porque, sendo uma seita comunista, suas pregações iriam servir para atrair ao cristianismo a atenção dos escravos, em luta contra os seus senhores, a eterna luta do pobre contra o rico.

Escavações feitas em Jerusalém desenterraram velhos cemitérios, onde foram encontradas muitas cruzes do século I e mesmo anteriores. Todavia, apesar de já ser usada nessa época, só a partir do século IV é que a Igreja iria oficializá−la como seu emblema. Levantamentos arqueológicos posteriores provariam que a cruz já era um piedoso emblema usado desde há milênios.

Orígenes[55], polemizando contra Celso, um dos mais cultos escritores romanos de seu tempo, e que mais combateram as bases falsas da Igreja e de Jesus Cristo, acusa Flávio Josefo por não haver admitido a existência de Jesus. Flávio não poderia referir−se a Jesus nem ao cristianismo porque ambos foram arranjados depois de sua morte. Assim, os livros de Flávio que falam de Jesus foram compostos, ou melhor, falsificados muito tempo após sua morte, no decorrer do século III, conforme as conclusões alcançadas pelos mestres da Escola de Tübingen.

Sêneca[56], que foi preceptor de Nero[57], suicidando−se para não ser assassinado por ele, já pensava mais ou menos como os cristãos. Do que se conclui que as idéias de que se serviu o cristianismo para se fundamentar são emprestadas das lendas que giravam em torno de outros Cristos Messias, assim como de outros cultos. Nada tendo, portanto, de original. Sêneca acreditava em um Deus único e imaterializável.

Por tudo isso, vemos que os líderes do cristianismo nada mais fizeram do que se apropriar das idéias já existentes. Apenas tiveram o cuidado de promover as modificações necessárias, com vistas a melhor consecução dos seus objetivos materiais. Sêneca, embora não fazendo em seus escritos qualquer alusão à existência de Jesus Cristo, teve muitos de seus escritos aproveitados pelo cristianismo nascente.

Em Tácito, escritor do século II, encontram−se referências a respeito de Jesus e seus adeptos. Contudo, exames grafotécnicos demonstraram que tais referências são falsas, e resultam de visível adulteração dos seus escritos. Suetônio, que existiu quando Jesus teria vivido, escreveu a “História dos Doze Césares”, relatando os fatos de seu tempo. Referindo−se aos judeus e sua religião, apenas falou em “distúrbios de judeus exaltados em torno de Crestus”. Por aí se vê que ele não se referia aos cristãos, porquanto, eles sempre se mostraram humildes e obedientes à ordem constituída, evidentemente a fim de passar, tanto quanto possível, despercebidos. Desse modo, iriam solapando o poder imperial, manhosamente, como realmente aconteceu.

Suetônio escreveu ainda que haviam supliciado alguns cristãos que eram gente que se dedicava demasiado a tolas superstições, orientadas por uma idéia malfazeja. Disse mais que Nero tivera de mandar expulsar os judeus de Roma, porque eles estavam sempre se sublevando, instigados por Crestus. Os cristãos estavam sempre organizados de modo a atrair aos escravos, sem, contudo, desagradar às autoridades. Assim sendo, jamais provocariam tumultos. Os cristãos aos quais Suetônio refere−se poderiam ser os zelotes[58], os essênios ou os terapeutas, mas nunca os cristãos de Jesus Cristo, porquanto, conforme já dissemos acima, os cristãos eram ensinados a não provocar desordens.

Plínio[59], o Jovem, viveu entre os anos 62 e 113, tendo sido subpretor da Bitínia[60]. Na carta enviada ao imperador, perguntava como agir em relação aos cristãos, ao que Trajano teria respondido que agisse apenas contra os que não renegassem à nova fé. Entretanto, não ficou evidenciado a quais cristãos, exatamente, eram feitas as referências: se aos crestãos ou aos cristãos. De qualquer forma, a carta em questão, após ser submetida a exames grafotécnicos e métodos rádio−carbônicos, revelou haver sido falsificada.

Justiniano[61], Imperador romano, mandou queimar os escritos de Porfírio, através de um edito, em 448, alegando que: “impelido pela loucura, escrevera contra a santa fé cristã”.

Vespasiano[62], ao morrer, disse: “Que desgraça! Acreditei que me havia tornado um deus imortal!”. Suas palavras justificam−se pela credulidade supersticiosa. Partindo do preceito ensinado pelos judeus, aliás, um falso preceito, de que Cristo havia subido ao céu com corpo e alma, não seria de estranhar que os imperadores pretendessem tornar−se deuses, a fim de escapar ao inapelável destino dos que nascem: a morte.

Calígula[63], por isso, fizera−se coroar como Deus−Sol, o Sol Invictus, o Helius. Nessa época o Império romano, embora em declínio, ainda dominava uma porção de províncias afastadas de Roma. O homem espoliado pela força bruta, unificada em torno das regiões, sentindo não ser possível contar com a justiça humana, passa a esperar pela justiça dos deuses. Mas, mesmo assim, teriam de apelar para os deuses dos pobres e não dos ricos, privilegiados e poderosos.

Conta a lenda que Osíris, o deus solar dos egípcios, foi morto por seu irmão Seth, o qual dividiu o corpo em 14 pedaços e os espalhou pelo mundo afora. Ísis, sua esposa e irmã, saiu em busca dos pedaços, levando seu filho Hórus ao colo. Todos os anos o povo fazia a festa de Ísis, relembrando o acontecimento. Havendo conseguido juntar todas a partes do corpo, Osíris ressuscitou, passando a ser incensado como o deus da morte e da sombra. Fora uma ressurreição conseguida pelo amor da esposa.

Ísis separou a terra do céu, traçou a órbita dos astros, criou a navegação e destruiu todos os tiranos. Comandava os rios, as vagas e os ventos. Seu culto assemelhava−se muito ao de Astartê, de Adônis[64] e de Átis, religiões muito aparentadas entre si, dominando toda a orla do Mediterrâneo. Seu culto era uma reminiscência do culto de Tamus, um deus babilônio, cuja doutrina ensinava que os deuses nasciam e renasciam, ressuscitando−se.

O judaísmo e, mais tarde, o cristianismo, beberam dessas fontes grande parte da sua liturgia. No cristianismo, encontramos Ísis representada pela Virgem Maria e Hórus transformado em Jesus Cristo.

Maria e Jesus, fugindo de Herodes e indo para o Egito, é a mesma lenda de Ísis e Hórus, fugindo de Seth. O Deus−Homem que morria e ressuscitava já era uma velha “crença religiosa” naqueles tempos. O cristianismo apenas deu novos nomes e novas roupagens aos deuses de velhas crenças. A revelação de Deus aos homens é outra lenda cuja origem perde−se na noite dos tempos. Muitos séculos antes do surgimento do judaísmo, Zoroastro[65] ou Zaratrusta havia criado uma religião, segundo a qual havia uma eterna luta entre o bem e o mal. Aura Mazzda ou Ormuzd[66], o deus do fogo e da luz, representava o bem em luta contra Angra Maniú ou Iarina, o deus das trevas. Nessa luta, Ormuzd foi auxiliado por seu filho Mitra, o espírito do bem e da justiça, mediador entre Ormuzd e os homens. Ormuzd mandou seu filho à terra, o qual nasceu de uma virgem pura e bela, que o concebeu através de um raio de sol. Morreu e ressuscitou em seguida.

Essa religião foi levada para Sicília pelos marinheiros persas, nos últimos séculos da era passada. Inventando o cristianismo, os judeus nada mais fizeram do que sincretizar o judaísmo ortodoxo com a religião de Mitra, sem esquecer de Osíris e Átis, cujas religiões eram também muito aceitas em Roma e Alexandria. Vestígios do mitraísmo[67] foram encontrados em escavações recentes, feitas em Óstia, os quais datam do século I. O mitraísmo era praticado em catacumbas, em grutas e em subterrâneos. O cristianismo copiou−lhe a prática. Daí porque disseram ter Jesus nascido em uma gruta e, nos primeiros tempos, o cristianismo foi praticado em catacumbas.

Assim sendo, os cristãos foram para as catacumbas, não fugindo das autoridades imperiais, mas tão−somente para observar o ritual mitraico. Os mitraicos também davam seus banquetessubterrâneos, eram os banquetes pessoais, comuns nos ritos solares e no judaísmo. Em ambos, havia o rito do pão e do vinho.

Mitra, o Sol Invictos, era festejado em dezembro, como Jesus. Outras aproximações entre o culto de Mitra e o de Jesus, no cristianismo: o uso da cruz do Sol Radiante, a cruz do Sol Invictus a qual expandia raios; o uso da pia batismal com a água benta, as refeições comunais, a destinação do domingo para o descanso em homenagem ao Senhor; a águia e o touro do ritual mitraico foram tomados para símbolos dos evangelistas Marcos e Lucas. Antigos quadros e painéis trazem a figura dos evangelistas com a cabeça desses animais.

Do judaísmo, copiaram a crença da imortalidade da alma, a vida no além, o Inferno, o diabo, a ressurreição, o dia do juízo; práticas e crenças igualmente existentes no mitraísmo. Graças a esses espertos arranjos, durante muito tempo, o crente freqüentou indiferentemente o templo cristão, de Mitra ou de Ísis, crendo estar na Igreja antiga, onde iam consultar o oráculo.

Por isso, Teófilo, em Alexandria, mandou construir um templo cristão ao lado de um templo de Ísis, onde se anunciava o oráculo quando as profecias vinham de uma revelação astral, mediante a camuflagem das vozes de antigos bispos ali enterrados. Uma das coisas que favoreceram o cristianismo foi a abolição do sacrifício sangrento. Muitos correram a abraçar a nova crença para escapar da morte em um desses atos propiciatórios.

Spinoza[68] e Hobbes[69], no século XVIII, mostraram que o Pentateuco foi composto no século II a.C. graças ao que o sacerdote judeu havia aprendido no cativeiro babilônio, fato que aconteceu no século IV a.C. Em seguida, mostraram uma série de contradições quanto à cronologia. Em uma das fontes, apresentam Adão e Eva como tendo sido criados ao mesmo tempo, enquanto em outra informam que ela havia sido feita de uma costela de Adão. Em uma, o homem aparece antes dos outros animais, na outra os animais surgem primeiro.

Levantamentos arqueológicos do começo do século XX, levados a efeito nos subsolos da Babilônia, provaram que o Deuteronômio resultou, em grande parte, do que os sacerdotes judeus haviam copiado da legislação religiosa, civil e criminal de Hamurabi, a qual por sua vez resultara do que se sabia da civilização acádia, e que naqueles tempos já era vetusta. Isaías, ao profetizar acerca de diversos reis de várias épocas, mostra que seu nome foi inventado séculos depois dos fatos haverem ocorrido. Um desses reis foi Dano, rei persa que governou em 538 a.C., quando libertou os judeus do cativeiro.

Herodes morreu no ano IV a.C., foi responsabilizado pela matança dos inocentes, para compor o controvertido romance da fuga para o Egito. Tudo o que até agora temos relatado constitui provas evidentes de que a Bíblia não tem a antiguidade nem a veracidade que lhe pretendem imprimir. Os zilotas que seguiam a linha comunista dos essênios combatiam tanto os judeus ricos como a ocupação romana. Os essênios, ao professar, faziam votos de pobreza, quando juravam nada contar da seita para os estranhos e nada ocultar dos companheiros. Era um dos ramos do judaísmo em que não mais se oferecia sacrifício sangrento, o que foi copiado pelo cristianismo.

Os Evangelhos foram compostos para enquadrar Jesus no que está previsto no versículo 17 do salmo 22. De modo que Jesus não passou de um ator arranjado para representar o drama do Gólgota. Cumpriu as Escritas como ator e não como sujeito de uma vida real. Reimarus[70], filósofo e folólogo alemão que morreu em 1768, estudou a fundo a história de Jesus. Chegou a conclusões irrefutáveis, que assombraram a Igreja muito mais do que Copérnico[71] ou Darwin[72]. Disse que, se Jesus tivesse mesmo existido, seria, quando muito, um político ambicioso que fracassara completamente em suas conspirações contra o governo.

Emmanuel Kant[73] foi o primeiro filósofo que conseguiu racional e inteligentemente expulsar Jesus da história humana, através de uma impressionante e profunda exegese[74] do herói do cristianismo.

Volney, em “As Rumas de Palmira”, após regressar de uma longa viagem de pesquisas sobre Antigüidade clássica pelo Oriente Médio, elaborou o trabalho acima referido, no qual nega a existência física de Jesus Cristo.

Arthur Drews igualmente viveu muitos anos na Palestina dedicando−se ao estudo de sua história antiga; concluiu que Jesus Cristo jamais foi um acontecimento palestino. Examinou todos os lugares pelos quais os evangelistas pretenderam tivesse Jesus passado. Constatou, então, que o cristianismo foi totalmente estruturado em mitos; entretanto, organizado de modo a assumir o aspecto de verdade incontestável, a ser imposta pela Igreja. Todavia, para sorte nossa, homens estudiosos e inteligentes contestam as falsas verdades elaboradas pelo cristianismo, com argumentos irretorquíveis.

Dupuis disse que, aqueles que fizeram de Jesus um homem, conseguiram enganar tanto quanto os que o transformaram em um deus. Em suas observações, deixa patente que o romance de Jesus nada mais é do que a repetição das velhas lendas dos deuses solares. Vejamos suas palavras: “Quando tivermos feito ver que a pretensa história de um deus que nasceu de uma virgem, no solstício do inverno, depois de haver descido aos infernos, de um deus que arrasta consigo um cortejo de doze apóstolos, – os doze signos solares – cujo chefe tem todos os atributos de Jano[75], um deus vencedor do deus das trevas, que faz transitar o homem império da luz e que repara os males da natureza, não passa de uma fábula solar... ser−lhe−á pouco menos indiferente examinar se houve algum príncipe chamado Hércules[76], visto haver−se provado que o ser consagrado por um culto, sob o nome de Jesus Cristo, é o Sol, e que o maravilhoso da lenda ou do poema tem por objeto este astro, então parecerá que os cristãos tem a mesma religião que os índios do Peru, a quem os primeiros fizeram degolar”.

Albert Kalthoft diz que Jesus personifica o movimento sócio−econômico que no século I sublevava o escravo, o pobre e o proletário. O seu messianismo foi espertamente aproveitado pelos líderes dos judeus da diáspora, aqueles que exploravam a desgraça do judeu pobre em benefício próprio.

Acrescenta que a divergência que existe entre os quatro evangelistas resulta das várias tendências daquele movimento social revolucionário nascido em Roma, do qual a versão palestina é apenas o reflexo.

Salonmon Reinach, em “Orheus”, salienta o completo silêncio dos autores contemporâneos de Jesus Cristo acerca de sua pretensa existência. Tal silêncio verifica−se tanto entre os escritores judeus como entre os não judeus. Examina em profundidade as “Acta Pilati” e constata que os acontecimentos que o cristianismo situou em seu governo não foram do que ressuscitou no equinócio da primavera, de seu conhecimento, e assim sendo Pilatos jamais soube qualquer coisa a respeito de Jesus Cristo.

Pierre Louis Couchoud afirma que a existência real de Jesus é indemonstrável, do ponto de vista histórico. E acrescenta que as referências feitas por Flávio Josefo a Jesus não passam de falsificação de textos, sobejamente provada hoje pelos peritos da crítica histórica. Os maiores movimentos históricos tiveram como origem os mitos, cujo papel social é dar forma aos anseios inconscientes do povo.

Compara, inclusive, a lenda de Jesus com a de Guilherme Tell[77], na Suíça. Todos sabem tratar−se de uma lenda nacional, todavia, Guilherme Tell é ali reverenciado como herói verdadeiro e real. Seu nome promove a união política dos cantões, embora falem línguas diferentes. É possível que o mesmo aconteça em relação a Jesus e o cristianismo. Estando em jogo interesses de ordem social, política e, sobretudo, econômica, os líderes cristãos preferem deixar o mito de pé, pois enquanto houver cristãos, sua profissão estará garantida e os lucros continuarão sendo por eles auferidos.

O que se faz necessário é que o povo seja esclarecido acerca dos assuntos de crenças e religiões nos termos da verdade, da razão e da lógica, a fim de que, se libertando dos velhos preconceitos e tabus, possa enfim ver o mundo e as coisas em sua realidade objetiva.

E não ignoramos qual a realidade objetiva que predomina no cristianismo: é a exploração dos menos aquinhoados intelectual e economicamente. Quem mais contribui para as campanhas da Igreja são aqueles que menos possuem, cuja mente encontra−se obstruída pelas idéias e crenças religiosas. Sua pobreza material alia−se à pobreza intelectual.

Uma boa dose de conhecimentos científicos é certamente a melhor maneira de remover os obstáculos à libertação do homem, criados pelos lideres religiosos, em suas pregações. Entretanto, sabemos que nem sempre é possível a aquisição de tais conhecimentos. Muitos são os fatores que se interpõem entre o homem pobre, o operário, o trabalhador, e a cultura. Um desses fatores, por sinal, muito ponderável, é o econômico−financeiro. Como fazer para ir à escola, comprar livros, etc, se tem que trabalhar duro pela vida, e o que ganha mal dá para sobreviver?

Bem poucos são os que conseguem reunir os conhecimentos necessários que lhe permitam enxergar mais longe e romper as invisíveis cadeias que os prendem aos dogmas e preconceitos ultrapassados pela razão e pela ciência. O mais cômodo para aqueles deserdados será esperar a recompensa das agruras da vida no céu, após a morte. Afinal de contas, os padres e os pastores estão aí para isto: vender Deus e o céu a grosso e no varejo. Tobias Barreto[78] escreveu estes inolvidáveis versos:

“Se é sempre o mesmo engodo;

Se o homem chora e continua escravo;

De que foi que Jesus salvar−nos veio?”

Poderá alguém responder a tal interrogação satisfatoriamente? Provavelmente não. É possível que, movido pela mesma razão, Proudhon[79] tenha escrito: “Os que me falam em religião querem o meu dinheiro ou a minha liberdade”. Desta forma, em poucas palavras, ficou bem claro o sentido e o objetivo da religião: subtrair ao indivíduo a sua liberdade de pensamento e de ação, e, com ela, o seu dinheiro.

Capitulo III

As Falsificações



Vimos, assim, que os únicos autores que poderiam ter escrito a respeito de Jesus Cristo, e como tal foram apresentados pela Igreja, foram Flávio Josefo, Tácito Suetonio e Plínio. Invocando o testamento de tais escritores, pretendeu a Igreja provar que Jesus Cristo teve existência física, e incutir como verdade na mente dos povos todo o romance que gira em torno da personalidade fictícia de Jesus.

Contudo, a ciência histórica, através de métodos modernos de pesquisa, demonstra hoje que os autores em questão foram falsificados em seus escritos. Estão evidenciadas súbitas mudanças de assunto para intercalações feitas posteriormente por terceiros. Após a prática da fraude, o regresso ao assunto originalmente abordado pelo autor.

Tomemos, primeiramente, Flávio Josefo como exemplo. Ele escreveu a história dos

acontecimentos judeus na época em que pretensamente Jesus teria existido. Os falsificadores aproveitaram−se então de seus escritos e acrescentaram: “Naquele tempo nasceu Jesus, homem sábio, se é que se pode chamar homem, realizando coisas admiráveis e ensinando a todos os que quisessem inspirar−se na verdade. Não foi só seguido por muitos hebreus, como por alguns gregos. Era o Cristo.

Sendo acusado por nossos chefes do nosso país ante Pilatos, este o fez sacrificar. Seus seguidores não o abandonaram nem mesmo após sua morte. Vivo e ressuscitado, reapareceu ao terceiro dia após sua morte, como o haviam predito os santos profetas, quando realiza outras mil coisas milagrosas. A sociedade cristã, que ainda hoje subsiste, tomou dele o nome que usa”.

Depois deste trecho, passa a expor um assunto bem diferente no qual refere−se a castigos militares infligidos ao populacho de Jerusalém. Mais adiante, fala de alguém que conseguira seus intentos junto a uma certa dama fazendo−se passar como sendo a humanização do deus Anubis[80], graças aos ardis dos sacerdotes de Ísis. As palavras a Flávio atribuídas são as de um apaixonado cristão. Flávio jamais escreveria tais palavras, porquanto, além de ser um judeu convicto, era um homem culto e dotado de uma inteligência excepcional.

O próprio Padre Gillet reconheceu em seus escritos ter havido falsificações nos textos de Flávio, afirmando ser inacreditável que ele seja o autor das citações que lhe foram imputadas. Além disso, as polêmicas de Justino, Tertuliano, Orígenes[81] e Cipriano[82] contra os judeus e os pagãos demonstram que Flávio não escreveu nem uma só palavra a respeito de Jesus. Estranhando o seu silêncio, classificaram−no de partidário e faccioso. No entanto, um escritor com o seu mérito escreveria livros inteiros acerca de Jesus, e não apenas um trecho. Bastaria, para isto, que o fato realmente tivesse acontecido. Seu silêncio, no caso, é mais eloqüente do que as próprias palavras.

Exibindo os escritos de Flávio, Fócio[83] afirmava que nenhum judeu contemporâneo de Jesus ocupara−se dele. A luta de Fócio, que viveu entre os anos de 820 a 895, e foi patriarca de Constantinopla, teve ensejo justamente por achar desnecessário a Igreja lançar mãos de meios escusos para provar a existência de Jesus. Disse que bastaria um exemplar autêntico não adulterado pela Igreja e fora do seu alcance para por em evidência as fraudes praticadas com o objetivo de dominar de qualquer forma. Embora crendo em Jesus Cristo, combateu vivamente os meios sub−reptícios empregados pelos Papas, razão porque foi destituído do patriarcado bizantino e excomungado. De suas 280 obras, apenas restou o “Myriobiblion”, tendo o resto sido consumido, provavelmente por ordem do Papa.

Tácito escreveu: “Nero, sem armar grande ruído, submeteu a processos e a penas extraordinárias aos que o vulgo chamava de cristãos, por causa do ódio que sentiam por suas atrapalhadas. O autor fora Cristo, a quem, no reinado de Tibério, Pôncio Pilatos supliciara. Apenas reprimida essa perniciosa superstição, fez novamente das suas, não só na Judéia, de onde proviera todo o mal, senão na própria Roma, para onde de confluíram de todos os pontos os sectários, fazendo coisas as mais audazes e vergonhosas. Pela confissão dos presos e pelo juízo popular, viu−se tratar−se de incendiários professando um ódio mortal ao Gênero humano”.

Conhecendo muito bem o grego e o latim, Tácito não confundiria referências feitas aos seguidores de Cristo com os de Crestus. As incoerências observadas nessa intercalação demonstram não se tratar dos cristãos de Cristo, nem a ele se referir. Lendo−se o livro em questão, percebe−se perfeitamente o momento da interpelação. Afirmar que fora Cristo o instigador dos arruaceiros é uma calúnia contra o próprio Cristo. E conforme já referimos anteriormente, os cristãos seguidores de Cristo eram muito pacatos e não procuravam despertar atenção das autoridades para si. Como dizer em um dado momento que eles eram retraídos e, em seguida, envolvê−los em brigas e coisas piores? É apenas mais uma das contradições de que está repleta a história da Igreja.

Ganeval afirma que foram expulsos de Roma os hebreus e os egípcios, por seguirem a mesma superstição. Deduz−se então que não se referia aos cristãos, seguidores de Jesus Cristo. Referia−se aos Essênios, seguidores de Crestus, vindos de Alexandria. A Igreja não conseguiu por as mãos nos livros de Ganeval, o que contribuiu ponderavelmente para lançar uma luz sobre a verdade. Por intermédio de seus escritos, surgiu a possibilidade de provar−se a quais cristãos, exatamente, referia−se Tácito.

Suetônio teria sido mais breve em seu comentário a respeito do assunto. Escreveu que “Roma expulsou os judeus instigados por Crestus, porque promoviam tumultos”. É evidente, também, a falsificação praticada em uma carta de Plínio a Trajano, quando perguntava o que fazer aos cristãos, assunto já abordado anteriormente. O referido texto, após competente exame grafotécnico, revelou−se adulterado. É como se Plínio quisesse demonstrar, não apenas a existência histórica de Jesus, mas sua divindade, simbolizando a adoração dos cristãos. É o quanto basta para evidenciar a fraude.

Se Jesus Cristo realmente tivesse existido, a Igreja não teria necessidade de falsificar os escritos desses escritores e historiadores. Haveria, certamente, farta e autêntica documentação a seu respeito, detalhando sua vida, suas obras, seus ensinamentos e sua morte. Aqueles que o omitiram, se tivesse de fato existido, teriam falado dele abundantemente. Os mínimos detalhes de sua maravilhosa vida seriam objeto de vasta explanação. Entretanto, em documentos históricos não se encontram referências dignas de crédito, autênticas e aceitáveis pela história. Em tais documentos, tudo o que fala de Jesus e sua vida é produto da má−fé, da burla, de adulterações e intercalações determinadas pelos líderes cristãos. Tudo foi feito de modo a ocultar a verdade. Quando a verdade esta ausente ou oculta, a mentira prevalece. E há um provérbio popular que diz: “A mentira tem pernas curtas”. Significa que ela não vai muito longe, sem que não seja apanhada. Em relação ao cristianismo, isto já aconteceu. Um número crescente de pessoas vai, a cada dia que passa, tomando conhecimento da verdade. E, assim, restam baldados os esforços da Igreja, no que concerne aos ardis empregados na camuflagem da verdade, visando alcançar escusos objetivos.

Capitulo IV

O Doloroso Silêncio Histórico


A existência de Jesus Cristo é um fato jamais registrado pela história. Os documentos históricos que o mencionam foram falsificados por ordem da Igreja, num esforço para provar sua pretensa existência, apesar de possuir provas de que Jesus é um mito. E assim agiu, movida pelo desejo de resguardar interesses materiais. Ganeval apontou a semelhança entre o culto de Jesus Cristo e o de Serapis. Ambos são uma reencarnação do deus “Phalus”, que, por sua vez, era uma das formas de representação do deus Sol.

Irineu chegou a afirmar que o deus dos cristãos não era homem nem mulher. Papias cita trechos dos Evangelhos, mostrando que se referiam ao Cristo egípcio. Referindo−se ao “logos”, que seria Jesus Cristo, disse ter sido ele apenas uma emanação de Deus, produzida à semelhança do Sol. É bom lembrar que essas opiniões divergentes entre si são de três teólogos do cristianismo. Essas opiniões foram emitidas quando estava acesa a luta de desmentidos recíprocos da Igreja contra os seus numerosos opositores, ou seja, os que desmentiam a existência física de Jesus. Então, criaram uma filosofia abstrata, baseando−se nos escritos de Filon.

Ganeval, baseando−se em Fócio, disse que Eudosino, Agápio, Carino[84], Eulógio e outros teólogos do cristianismo primitivo não tiveram um conceito real nem físico de Jesus Cristo. Disse mais, que Epifânio[85], falando sobre as seitas heréticas dos marcionítas, valentinianos, saturninos, simonianos e outros, falava que o redentor dos cristãos era Horus, o filho de Ísis, um dos três deuses da trindade egípcia, que mais tarde viria a ser Serapis.

Ganeval afirmou ainda que os docetistas negavam a realidade de Jesus, e, para refutar a negação, o IV Evangelho põe em relevo a lança que fez sair água e sangue do corpo de Jesus, com o intuito de provar sua existência física. Segundo Jerônimo[86], esses docetistas teriam sido contemporâneos dos apóstolos. Lembra ainda que o imperador Adriano, viajando em 131 para Alexandria, declara que “o deus dos cristãos era Serapis, e que os devotos de Serapis eram os mesmos que se chamavam os bispos de cristãos”.

Adriano[87], decerto, estava com a verdade. Documentos daquela época informam que existiam os atuais Evangelhos, assim como Tácito informa que os hebreus e os egípcios formavam uma só superstição. Os escritos de Filon não se referem a Jesus Cristo, conforme pretenderam fazer crer os falsificadores, mas a Serapis. Quando havia referências aos cristãos terapeutas, afirmavam que se falava dos cristãos de Jesus.

Por sua vez, Clemente de Alexandria e Orígenes escreveram negando Jesus e falando em Cristo, o qual seria Crestus. No entender de Fócio, tudo isso não passava de fabulação mítica, não tendo existido Jesus nem Cristo, de que a Igreja criou o seu Jesus Cristo.

Duquis e Volney, fazendo o estudo da mitologia comparada, mostram de onde retiraram Jesus Cristo: do próprio mito. Filon, escrevendo a respeito dos cristãos terapeutas, disse que o seu teor de vida era semelhante ao dos cristãos e essênios. Abandonavam bens e família para seguir apaixonadamente aos sacerdotes. Epifânio escreveu que os cristãos terapeutas viviam junto do lago Mareótides, tendo os seus Evangelhos e os seus apóstolos. É sobre esses cristãos que Filon escreveu. Se os cristãos seguidores de Jesus Cristo já existissem, Filon não poderia deixar de falar deles. Quando do pretenso nascimento de Cristo, Filon contava apenas 25 anos de idade. Os Evangelhos, tendo surgido muito tempo após a morte de Filon e de Jesus, não poderiam ser os do cristianismo por ele referido.

Clemente de Alexandria[88] e Orígenes não criam na encarnação nem na reencarnação, motivo porque não creram na encarnação de Jesus Cristo, embora fossem padres da Igreja. Orígenes morreu em 254.

Fócio escreveu sobre “Disputas” de Clemente e afirmou que ele negara a doutrina do “Logos”, dizendo que o “Verbo” jamais se encarnou, afirmação igualmente feita por Ganeval. Analisando os quatro volumes de “Principia”, de Orígenes, percebe−se que o “Logos” ou o “Verbo” era o mesmo sopro de Jeová, referido por Moisés. Fócio, tendo−se escandalizado com isso, disse que Orígenes era um blasfemo.

Apenas analisando como se referia ao Verbo, a Crestus e ao Salvador, é que se pode excluir a possibilidade da existência física de Jesus. Tratá−lo−iam de modo bem diferente, se tivesse realmente existido.

Capitulo V

Um Jesus Cristo Não Histórico


A história, conforme mencionamos, não tem registro da existência de Jesus Cristo. Os autores que temos em apreço e que seriam seus contemporâneos omitiram−se completamente. Os documentos históricos que o mencionam, fazem−no esporadicamente, e bem assim revelam−se rasurados e falsificados, motivo pelo qual de nada adiantam, neste sentido, para a história. É óbvio, portanto, que a história não poderia registrar um evento que não aconteceu.

Tomando conta da história, o cristianismo deixou−a na contingência de referir o nome de Jesus Cristo como sendo um deus antropomorfizado, mas nunca uma pessoa de carne e ossos que tenha realmente vivido.

Ao fazê−lo, principia por um estudo filológico e etimológico dos termos “Jesus” e “Cristo”, e termina mostrando que os dois nomes foram reunidos em um só, para ser dado posteriormente a um indivíduo. O termo “Jesus” significa salvador, enquanto que “Cristo” é o ungido do Senhor, o “oint” dos judeus, o Messias esperado doe judeus. Nesse estudo, a história mostra que a crença messiânica havia tomado a orla do Mediterrâneo a partir do século II antes de nossa era. O norte da África, o sul da Europa, a Ásia Menor, estavam todos repletos de Messias e Cristos, e de milhares de pessoas que os seguiam e neles criam.

Ao referir−se aos pretensos Messias, o Talmud[89] deu esse nome até mesmo a diversos reis pagãos, como no caso de Ciro, conforme está em Isaias 44:1, ou ao rei de Tiro, como está em Ezequiel 28:14 e nos Salmos, quando se verifica que os nomes de Jesus e de Cristo já vinham sendo atribuídos a diversos líderes religiosos da Antigüidade.

As fontes pesquisadas pela história mostraram que Jesus Cristo, ao ser estudado como fato histórico, só pode ser encarado como sendo o “ungido do Senhor”, uma personalidade de existência abstrata apenas, não tendo possuído contextura física pelo que deixou de ser histórico. É apenas uma figura simbólica, através da qual a humanidade tem sido ludibriada de há muitos séculos.

Cumprindo seu dever de informar, a história põe diante dos olhos do crente e do estudioso as provas de que foi a luta dos líderes cristãos a partir do século II para que o mito Jesus Cristo adquirisse a consistência granítica que levou a crença religiosa dos europeus da Idade Média sob o guante do criminoso absolutismo dos reis e dos Papas de então.

Este estudo demonstra que Jesus Cristo foi concebido no século II para cumprir um programa messiânico elaborado pelos profetas e pelos compiladores do Velho Testamento e das lendas, sob o seu pretenso nome. Vê−se, então, que os passos de Jesus pela terra aconteceram conforme o Talmud, para que se cumprissem as profecias que o judaísmo havia inventado.

Jesus Cristo pode ser considerado o ator no palco. Representou o drama do Gólgota[90] e retirou−se da cena ao fim da peça. Mateus 1:2 descreve−nos um Jesus Cristo que nasce milagrosamente, apenas para que se cumprissem as escrituras. Em 2:5 diz que nasceu em Belém, porque foi ali que os profetas previram que nasceria. Em 2:14 deixa−o fugir para o Egito, para justificar estas palavras: “Meu filho será chamado do Egito”. Em 2:23 faz José regressar a Nazaré porque Jesus deveria ser nazareno. Em 3:3 promove o encontro de Jesus com João Batista, porque Isaías predissera−o. Em 4:4 Jesus foi tentado pelo diabo, porque as escrituras afirmaram que tal aconteceria e que ele resistiria. Em 4:14 leva Jesus para Carfanaum para conferir outra predição de Isaías. Em 4:12 Jesus diz que não se deve fazer aos outros senão aquilo que gostaríamos que a nós fosse feito, porque isto também estava na lei dos profetas. Em 7:17 Jesus cura os endemoniados, conforme predissera Isaías. Em 11:10−14 Jesus palestra com João Batista porque assim predissera Elias. Em 12:17 Jesus cura as multidões, quando pede que não propalem isso, igualmente dando cumprimento às palavras de Isaías. Em 12:40 permanece sepultado durante três dias porque os deuses do paganismo, os deuses solares ou redentores, também estiveram; como Jonas, que foi engolido por uma baleia, a qual depois de três dias jogou para fora, intacto como se nada tivesse acontecido. E tudo isto aconteceu em um mar onde não há possibilidade de vida para esse cetáceo, portanto, só poderia acontecer graças aos milagres bíblicos. Em 13:14 diz que Jesus falava por meio de parábolas, como Buda[91] também o fez. Assim também falavam os antigos taumaturgos, para que apenas os sacerdotes entendessem; assim só eles seriam capazes de interpretar para os incautos e crédulos religiosos, e, afinal, porque Isaías assim o previa. Em 21:14 Jesus entra em Jerusalém montado em um burreco, conforme as profecias. Em 26:54 Jesus diz que não foi preso pelo povo quando junto dele se assentou no templo para ensinar, porque também estava previsto. Em 27:9 Judas trai a Jesus, vendendo−o por trinta dinheiros e recebendo à vista o preço da traição. Em 27:15 os soldados repartem entre si as roupas do crucificado.

Apenas o cumprimento desta profecia choca−se frontalmente com a história. E, de acordo com ela, nessa época não havia legionários romanos na Palestina. Lucas 23:27 diz que Jesus mandou comprar espadas, para que assim fosse confundido com os malfeitores comuns, porque assim estava previsto. Em seguida, diz que Jesus, ao ensinar aos seus apóstolos, afirmava que tudo o que lhe acontecesse, era para que estivesse de acordo com o que escreveram Moisés e os profetas, e como estava descrito nos salmos. Em 24:44−46 diz que Jesus afirmou “Como era necessário que Cristo padecesse e ressuscitasse ao terceiro dia, dentre os mortos”.

Para ficar de acordo com as previsões testamentárias, João 19:27 diz que Jesus teve sede e pediu água. Em 19:30, ao beber a água, disse que era vinagre e exclamou: “Tudo se cumpriu”. Em 19:32−37 diz que não lhe quebraram nenhum osso, apenas o feriram com a lança para verificar se havia expirado. E isto também estava predito. Por ai, percebe−se que tudo ali é puro simbolismo, e que Jesus foi idealizado apenas para cumprir as escrituras. Está ai uma prova de que a existência de Jesus nada mais é do que uma fabulação evangélica. Do mesmo modo que inventaram as profecias, inventaram alguém para cumpri−las. Tanto é verdade, que os judeus que ainda hoje acreditam em profecias, não aceitaram Jesus como tendo sido o Messias prometido pelo Talmud.

Além disso, os seus escritores esgotaram todos os argumentos possíveis com o fim de provar que Jesus não foi um acontecimento palestino, e que não passou de um romance escrito pelos judeus dispersos e dos que se aproveitaram do messianismo judeu para criar uma empresa comercial, como tem sido o Vaticano[92].

O messianismo não foi uma lenda que tenha atingido a todas as classes sociais judias. Essa lenda foi criada pelos sacerdotes judeus visando com isso ajudar ao povo da rua a suportar melhor as agruras da pobreza e não reagir contra as classes privilegiadas. Essas promessas são cumpridas pelos sacerdotes, a seu modo, a fim de que o pobre viva de esperanças e não sinta que o rico continua metendo as mãos em seus bolsos, impunemente. O homem do povo raramente compreende a finalidade desse tipo de engodo.

O Talmud traz uma porção de profecias, e ao mesmo tempo critica aos que lhes dão crédito. A crítica representa uma evolução do pensamento das lideranças judias. Um estudo comparado do judaísmo e do cristianismo mostra a enorme quantidade de crendices dessas religiões forjadas pelos seus líderes e afastadas pela evolução do conhecimento.

Em nossos dias, o conhecimento atingiu um ponto em que a própria Igreja começou a relegar para um canto os seus ídolos de aspecto humano. O conhecimento humano terminara por vencer definitivamente, provando que todos os deuses e ídolos têm os pés de barro. Nossos antepassados viram muitos ídolos cair. Certas práticas e crenças religiosas ainda permanecem válidas porque os sacerdotes, como bons psicólogos que são, observam o desenvolvimento mental do povo e sabem que uns encontram a verdade, enquanto outros, jamais conseguiram alcançá−la.

Idealizando um Jesus Cristo adaptado às profecias talmúdicas, criaram um personagem incoerente e inseguro, o que nos dá a medida exata do quilate mental dos seus criadores. Podiam ser espertos, mas nunca inteligentes ou cultos.

Não deve ter sido tarefa das mais fáceis a de adaptar um Cristo vindo para cumprir as profecias no fanatismo das populações ignaras. Foi um trabalho de titãs não acorrentados à verdade, nem à sinceridade que o homem deve ao seu semelhante. Nunca foi fácil transformar uma fantasia em realidade. Por isso, o cristianismo teve de valer−se da espada de Constantino e das armas de seus legionários para impor dogmaticamente o que a razão e o conhecimento jamais aceitariam passivamente. Nos dois primeiros séculos do cristianismo, cada qual queria ser o primeiro e mandar mais e, se possível, ficar sozinho. Tivemos muitos reis e Papas analfabetos, atestando o primarismo dos judeus dispersos, como dos lideres europeus da época do lançamento do cristianismo.

Tentando racionar a teologia do judaísmo e do cristianismo, fizeram de Jeová um deus absurdo e de Jesus um ser irreal, ambos incoerentes, o que se tornou a essência do Talmud e dos Evangelhos.

Através de Jesus Cristo, valorizaram as profecias do pretenso profeta Isaías, revitalizando assim o judaísmo e dando seriedade ao Talmud, fazendo dos Evangelhos um amontoado de mentiras e de impossíveis humanos. Assim é que criaram um relato inconsistente, que desmorona completamente em face de uma análise mais profunda.

Scherer escreveu que Jesus não foi um filósofo nem fundador de uma religião. Foi apenas Messias. O sentido da vida de Jesus era apenas dar cumprimento às profecias messiânicas, e tal idéia é o centro dos fatos evangélicos, a razão de ser Jesus. Tendo vindo ao mundo tão−somente para cumprir as profecias, deixou de ser humano e tornou−se um fantasma, ou um símbolo do que nunca teve existência real.

A vida de Jesus e de seus apóstolos desenrola−se apenas como uma peça teatral, na qual Jesus acumula os papéis de deus e de homem. Um dia o público há de convencer−se de que esteve diante de um ser bíblico, sem uma realidade histórica.

Segundo Arthur Weigal, o único testemunho escrito por quem teria convivido com Jesus teria sido a epístola atribuída a Pedro. Teria surgido quando começaram as pretensas perseguições aos cristãos, na qual ele os animava. Entretanto, como a existência de Pedro é igualmente lendária, a epístola em questão não merece fé, tendo sido composta por qualquer cristão, menos pelo mitológico Pedro.

Os escritos de Tácito, dadas as adulterações sofridas, carecem de valor histórico. Dai não se poder admitir como verdade que Nero, entre os anos 54 e 68, tenha realmente perseguido aos seguidores de Jesus Cristo. Tertuliano, entretanto, afirma que Pedro foi martirizado no governo de Nero.

Contudo, vários pesquisadores, entre os quais Holmann e Weizsacker, demonstraram que essas perseguições somente começaram a partir do século II. Irineu, no ano 180, achava que a epístola de Pedro fora escrita em 83, mas não por Pedro. Nesta epístola, Pedro dizia que “Jesus sofreu por nós, deixando−nos um exemplo”. Acrescentara ter sido testemunha pessoal dos seus sofrimentos, após os quais subiu ao céu, de onde voltaria em breve. No entanto, sua volta não ocorreu até hoje, apesar de terem se passado dois mil anos. A falta de cumprimento dessa promessa invalida todas as suas afirmações.

Disse Pedro, ainda, que Jesus mandou que se amassem uns aos outros, pagando o mal com o bem, retribuindo a injúria com a bênção. Recomendou a caridade, a hospitalidade e a humildade; o dever de evitar o mal, fazer o bem e buscar a paz, assim como a abstinência da ambição da carne, evitar o rancor, a inveja e a maledicência; a submissão às autoridades, crer em Deus e honrar o rei.

As epístolas de Paulo viriam em segundo lugar, como importância histórica. Pedro teria aprendido a doutrina cristã na convivência direta com Jesus. Suas epístolas seriam consideradas autênticas por terem sido escritas 20 ou 30 anos após a crucificação. Pedro, assim como Paulo, afirmaram que Jesus voltaria em breve para julgar a humanidade. Contudo, ambos estavam enganados e enganaram aos outros. Paulo teria conhecido pessoalmente a Pedro e a Jaques, um dos irmãos de Jesus Cristo, assim como referia−se a outras pessoas que teriam convivido com Jesus. A crucificação e a ressurreição teriam sido fatos indiscutíveis para Pedro e Paulo, cujos escritos estariam muito próximos dos acontecimentos.

Paulo, em I Coríntios 11:1, diz: “Imitam−me como se fosse Jesus”. Teria pregado o amor, a paz, a temperança, a caridade, a alegria, a paciência, a doçura, a confiança e a boa vontade. A lei divina deveria ser interpretada segundo o espírito e não conforme a letra. “Amarás ao próximo como a ti mesmo”, seria um amor paciente, caridoso e humilde.

As epístolas procuraram estabelecer a historicidade de Jesus, assim como revelar muitos pontos do seu caráter. Jesus teria vivido apenas para redimir a humanidade, não teria pecado, sendo, sem dúvida alguma, o filho de Deus. Papias, em 140, escreveu que Mateus havia colecionado as máximas de Jesus, e Marcos recolhera muitas notas para o Evangelho. Assim, os Evangelhos seriam o espelho de Jesus, contado pelos apóstolos, espalhando entre os homens o ideal de perfeição moral e mental.

As curas, milagres e pregações de Jesus, em pouco tempo, haviam espalhado o seu nome, galvanizando as multidões, todos sentiam que havia surgido o Messias. Assumiu o papel de Messias e com isso entusiasmou a multidão, pelo que entrou em Jerusalém cercado da emoção e do respeito do povo. Ao anoitecer abandonou a cidade, e, no dia seguinte, ao regressar, encontra muita agitação. As autoridades haviam tomado medidas contra ele. Dois dias antes da páscoa, tomou sua última refeição com os companheiros e ali permaneceu a espera dos acontecimentos, sabendo que o seu reino não era deste mundo. À noite, foi preso, e, no dia seguinte, julgado. O povo quis que o sacrificassem em lugar de Bar Abbas[93]. Seria o sacrifício pascal, rito multimilenar que iria mais uma vez acontecer. Após a morte, sai do sepulcro, ressuscitado, e vai ao encontro dos apóstolos, pede comida, e depois de permanecer algum tempo com eles, ascende ao céu prometendo voltar em breve.

Foi este o retrato feito de Jesus Cristo pelo cristianismo, e que ainda hoje milhões de pessoas adoram. Entre nós, são bem poucos os que põem em dúvida a veracidade desse romance contado pelos judeus da diáspora e aproveitado por seus seguidores latinos.

No entanto, a razão e o conhecimento estão se encarregando de destruir a pretensa veracidade desse conto. Muitas coisas consideradas como milagres são hoje conseguidas naturalmente através da ciência, da tecnologia moderna, da medicina, do conhecimento científico em todas as suas modalidades, e mesmo através da hipnose. Diante das conquistas que o homem tem feito, é possível que ele abra os olhos para a verdade e perceba então que Deus jamais se preocupou com sua sorte e com o mundo.

A história desmente peremptoriamente que Deus tenha comparecido ao mundo nos momentos de festa ou de dor. O homem foi abandonado à própria sorte e tem lutado muito para sobreviver através dos tempos, e tem obtido sucesso porque está sempre acumulando conhecimentos, os quais emprega em situações futuras.

Diante de tudo o que foi exposto, só nos resta dizer que a história, em dois mil anos, não encontrou uma única prova ou documento que mereça crédito no que diz respeito à vida de Jesus. Sua existência é fictícia e só encontra agasalho no seio da mitologia. Seu nascimento, sua vida, sua morte, sua família, seus discípulos, tudo, enfim, que lhe diz respeito, tem analogia com as crenças, ritos e lendas dos deuses solares, adorados sob diversos nomes e modalidades e por povos diversos, também.

Dele, a história nada sabe.

Capitulo VI

Jesus e o Tempo

O mítico dia do nascimento de Jesus Cristo foi oficializado por Dionísio, o Pequeno, no século VI, que marcou no ano 1 do século I, correspondendo ao ano 753 da fundação de Roma, com um erro de previsão calculado em seis anos. Para chegar a essa artificiosa fixação, serviu−se de diversos sistemas de cálculo. Calvísio e Moestrin contaram até 132 sistemas e Fabrício arredondou para 200.

Para uns, teria sido entre 6 e 10 de janeiro, para outros, 19 ou 20 de abril, enquanto outros ainda situavam entre 20 e 25 de março. Os cristãos orientais determinaram a data entre 1 e 8 de janeiro, enquanto os ocidentais escolheram a 6 de janeiro.

Em 375, São João Crisóstomo escreveu que a data de 25 de dezembro foi introduzida pelos orientais. Entretanto, antes do ano 354, Roma já o havia fixado para esta mesma data, segundo o calendário de Bucer. Essas diferenças foram o resultado da preocupação da Igreja em fazer com que o nascimento de Jesus coincidisse e se confundisse com os dos deuses solares, os deuses salvadores, e especialmente com o Deus Invictus, que era Mitra. E era justamente ao mitraismo que a religião cristã pretendia absorver.

No dia 25 de dezembro todas as cidades do império romano estavam iluminadas e enfeitadas para festejar o nascimento de Mitra. A preocupação de ligar o nascimento de Jesus ao de Mitra denota o artificialismo que fundamentou o cristianismo. Foi a divinização do deus dos cristãos às custas da luz do Sol dos pagãos.

Foi um dos grandes trabalhos de mistificação da Igreja a confluência dos dois nascimentos para a mesma data. Assim, o nascimento do novo deus apagava da memória do povo a lembrança de Mitra, no fim do inverno.

A tradição religiosa, desde milênios, fizera com que todos os deuses redentores nascessem em 25 de dezembro. Quanto ao lugar de nascimento de Jesus, disseram ter sido em Belém, para combinar com as previsões messiânicas que, fazendo de Jesus um descendente de David, teria a adesão dos judeus incautos.

O II e o IV Evangelhos não mencionam o assunto, enquanto o I e o III aludem ao caso, mas se contradizem. Uns dizem que os pais de Jesus moravam em Belém, enquanto outros afirmam que eles ali estavam de passagem. Essa insegurança deve−se ao fato de pretenderem ligar a vida de Jesus à de David, conforme as profecias. Todavia, isto confundia as tendências históricas ligadas ao nascimento dos deuses solares. A preocupação apologética, contudo, invalidou a pretensão histórica.

De tudo isto resultou que a história pode hoje provar que tudo aquilo que se refere a Jesus é puro convencionalismo, e sua existência é apenas ideal e não real. De modo que a morte dos inocentes nada mais é do que a repetição da matança das criancinhas egípcias, contada no Êxodo. A estrela só pôde ser inventada porque naquele tempo o homem ainda não sabia o que era uma estrela; tanto assim que a Bíblia afirma que Josué[94] fez parar o sol com um aceno de sua mão apenas. Assim, a estrela que guiou os magos é coisa realmente absurda. Antes de tudo, ninguém soube realmente de onde vieram esses reis e onde eram os seus países.

Outros fenômenos relatados como terremotos, trevas e trovões, assinalados pelo Bíblia, não o são pela história dos judeus nem dos romanos. Só os interessados no mito puderam ver tais acontecimentos.

Os escritores que relataram fatos ocorridos na Palestina e no Império Romano não transmitiram estes fatos que teriam ocorrido na morte de Jesus à posteridade. Muita coisa pode ter acontecido naqueles tempos, menos as que estão nos Evangelhos.

Pilatos, por exemplo, morreu ignorando a existência de Jesus. Os legionários romanos jamais receberam ordens para prendê−lo. Nenhum movimento social, político ou religioso contrário às normas da ocupação surgiu na Judéia, para justificar a condenação de seu líder por Pilatos. Entretanto, Jesus teria sido julgado e condenado pelos sacerdotes judeus, pois Pilatos deixara o caso praticamente em suas mãos e do povo, lavando as suas próprias. Nem Pilatos, nem Caiaz, nem Hannã deixaram qualquer referência acerca desse processo. Nenhum deles poderia dizer qual a aparência física de Jesus. Tertuliano, baseando−se em Isaías, disse que ele era feio, ao passo que Agostinho afirmou que ele era bonito. Uns afirmaram que era imberbe, outros que era barbado. Sua cabeleira espessa e barba fechada resultaram de uma convenção realizada no século XII. O Santo Sudário[95] retrata um Jesus Barbudo.

Nada do que se refere a Jesus pode ser considerado ponto pacífico. Tudo é discrepante e contraditório. Ora, se aqueles que tinham e os que ainda têm interesse em defender a veracidade da existência de Jesus não conseguiram chegar a um acordo no que lhe diz respeito, isso não é bom sinal.

Moy escreveu: “Desde que se queira tocar em qualquer coisa real na vida de Jesus, esbarra−se logo na contradição e incoerência”. Por isso, até o aspecto físico de Jesus tornou−se discutível, o que ajuda a provar que ele nunca existiu. De acordo com a história, não se pode aceitar o que está escrito nos evangelhos coma prova de sua existência. Também a Igreja não dispõe de argumentos válidos, nesse sentido. A arqueologia, por outro lado, nada encontrou até aqui capaz de elucidar a questão.

De tudo isto depreendemos que a existência física de Jesus jamais poderá ser provada de modo irrefutável, e, por conseguinte, é muito difícil ser acatada por homens cultos e amantes da verdade. O romance, as lendas, os contos, a ficção, interessam como cultura, como expressão do pensamento de um povo, e desse modo são perfeitamente aceitos. Entretanto, a apresentação de tais modalidades de cultura como fatos reais, consumados e verdadeiros e como tal serem impostos ao povo, é condenável.

A atitude do cristianismo tem sido, através dos tempos, justamente a que nós acabamos de condenar: a imposição das lendas, do romance e da novela como realidade palpável, como fato verdadeiro e incontestável.

Em sua “Vida de Jesus”, Strauss diz: “Poucas coisas são certas, nas quais a ortodoxia se apóia de preferência – as milagrosas e as sobrehumanas –, as quais jamais aconteceram. A pretensão de que a salvação humana dependa da fé em coisas das quais uma parte é certamente fictícia, outra sendo incerta, é um absurdo, que em nossos dias nem sequer devemos nos preocupar, refutando−o”. Ernest Havet, comparando Jesus com Sócrates, diz que Sócrates é um personagem real, enquanto Jesus é apenas ideal. Homens como Platão e Xenófanes, os quais conviveram com Sócrates, deixaram o seu testemunho a respeito do mesmo. Em seus escritos relatam tudo sobre Sócrates: a vida, o pensamento, os ensinamentos e a morte. E nada do que lhe diz respeito foi adulterado, e, portanto, é autêntico, verdadeiro e indiscutível.

Quanto a Jesus, não teve existência real, e aqueles aos quais se atribui escritos e referências em relação a ele, uns foram adulterados em seus escritos, outros não existiram. Pílatos, que teria autorizado seu sacrifício, omite o fato quando relata os principais acontecimentos de seu governo. Por acaso mandaria matar um deus, e não saberia? Assim, quem descreveu Jesus, apenas imaginou o que ele teria sido, não foi sua testemunha.

Renan disse em sua “Vida de Jesus”: “Nossa admiração por Jesus não desapareceria nem mesmo quando a ciência nada pudesse decidir de certo, e chegasse forçosamente às negações”. Termina dizendo que o divino encontrado pelos cristãos em Jesus é o mesmo que a beleza de Beatriz, que apenas resultou do pensamento de Dante ou de seu gênio literário. Da mesma forma, as belezas de Cristina residem nos sonhos religiosos dos hindus. As maravilhas de Jesus e a beleza de Maria são produtos do gênio inventivo da liderança oradora dos mitos Jesus e Maria.

Se de ambos apenas se diz o bem, há sinal que eles não tiveram existência real. Jesus Cristo é uma criação do homem, o qual esteve em cena apenas para realizar as profecias dos primários profetas judeus. Esta é também a opinião de Didon, exposta em seu livro “Vida de Jesus”. Diz ele que é suspeita a sonegação de quase trinta anos da vida de Jesus à história evangélica. “Nós apenas sabemos um nada da vida de Jesus”, escreveu Miron. Os redatores dos Evangelhos e os primeiros autores eclesiásticos, recolhendo as tradições correntes na comunidade cristã, podem ter adquirido alguns fragmentos da verdade; mas como assegurar que, entre tantos elementos mitológicos e legendários, haja algo de verdade? Assim, a vida de Jesus em si é impossível.

Acontece com Cristo o mesmo que acontece com todos os entes legendários: quanto mais os buscamos, menos os encontramos. A tentativa feita até aqui de colar na história, de arrebatar às trevas da teologia, um personagem que até a idade de trinta anos é absolutamente desconhecido, e que depois da referida idade aparece fazendo impossíveis humanos – os milagres – é absurda e ridícula.

Labanca, em “Jesus Cristo”, impugna a possibilidade de uma biografia científica de Jesus, baseando−se na inautenticidade dos Evangelhos, uma vez que os mesmos não tiveram finalidade histórica, mas tão−somente religiosa e propagandística. Jesus não está nos Evangelhos por causa de sua esquisita divindade, mas porque isso convém aos seus lançadores e aos que ainda hoje vivem do seu nome, como rendoso meio de vida.

Capitulo VII

Jesus Cristo nos Evangelhos


Assim como a história não tomou conhecimento da existência de Jesus, os Evangelhos igualmente desconhecem−no como homem, introduzindo−o apenas como um deus. Maurice Vernés mostrou com rara mestria que o Velho Testamento não passa de um livro profético de origem apenas sacerdotal, fazendo ver que tudo que ai está contido não é histórico, sendo apenas simbólico e teológico. O mesmo acontece com o Novo Testamento e os Evangelhos. Tudo na Bíblia é duvidoso, incerto e sobrenatural.

Tratando dos Evangelhos, mostra que sua origem foi mantida anônima, talvez de propósito, não se podendo saber realmente quem os escreveu. Por isso, eles começam com a palavra “segundo”; Evangelho segundo Mateus; segundo Marcos. Daí se deduz que não foram eles os autores desses Evangelhos, foram, no máximo, os divulgadores.

Igualmente deixaram em dúvida a época em que foram escritos. A referência mais antiga aos Evangelhos é a de Papias, bispo de Yerápoles, o qual foi martirizado por Marco Aurélio[96] entre 161 e 180. Seu livro faz parte da biblioteca do Vaticano. Irineu e Eusébio foram os primeiros a atribuir a Marcos e a Mateus a autoria dos Evangelhos, mas ambos permanecem desconhecidos da história, como o próprio Jesus Cristo. Destarte, pouco ou nenhum valor têm os Evangelhos como testemunha dos acontecimentos. Se só foram compostos no século III ou IV, ninguém pode garantir se os originais teriam realmente existido.

Os primitivos cristãos quase não escreveram, e os raros escritos desapareceram. Por outro lado, no Concílio de Nicéia[97] foram destruídos todos os Evangelhos. Esse Concílio foi convocado por Constantino, que era pagão. Daí, devem ter sido compostos outros Evangelhos para serem aprovados por ele ou pelo Concílio. Com isto, perderam sua autenticidade, deixando de ser impostos pela fé para serem−no pela espada.

Celso[98], no século II, combateu o cristianismo argumentando somente com as incoerências dos Evangelhos. Irineu diz que foram escolhidos os quatro Evangelhos, não porque fossem os melhores ou verdadeiros, mas apenas porque esses provieram de fontes defendidas por forças políticas muito poderosas da época. Os bispos que os apoiaram tinham muito poder político. Informam ainda que antes do Concílio de Nicéia os bispos serviam−se indiferentemente de todos os Evangelhos então existentes, os quais alcançaram o número de 315. Até então eles se equivaliam para os arranjos da Igreja. Mesmo assim, os quatro Evangelhos adotados conservaram muitas das lendas contidas nos demais que foram recusados. De qualquer forma, era e continuam sendo todos anônimos, inseguros e inautênticos. Os adotados foram sorteados, e não escolhidos de acordo com fatores valorativos. Mesmo estes adotados desde o Concílio de Nicéia sofreram a ação dos falsificadores que neles introduziram o que mais convinha à época, ou apenas a sua opinião pessoal.

Esta é a história dos Evangelhos que, através dos tempos, vêm sofrendo a ação das conveniências políticas e econômicas. Embora a Igreja houvesse se tornado a senhora da Europa, nem por isso preocupou−se em tornar os Evangelhos menos incoerentes. Sentiu−se tão firme que julgou que sua firmeza seria eterna.

Os argumentos mais poderosos contra a autenticidade dos Evangelhos residem em suas contradições, incoerências, discordâncias e erros quanto a datas e lugares, e na imoralidade de pretender dar cunho de verdade a velhos e pueris arranjados dos profetas judeus. Essa puerilidade avoluma−se à medida que a crítica verifica o esforço evangélico em tornar realidade os sonhos infantis de uma população ignorante. Para justificar sua ignorância, se dizem inspirados pelo Espírito Santo, o qual também é uma ficção religiosa, resultante da velha lenda judia segundo a qual o mundo era dominado por dois espíritos opositores entre si: o espírito do bem e o do mal. Adquiriram essa crença no convívio com os persas, os egípcios e os hindus.

Os egípcios tiveram também os seus sacerdotes, os quais escreveram os livros religiosos como o “Livro dos Mortos[99]”, sob a inspiração do deus Anubis. Hamurabi impôs suas leis como tendo sido oriundas do deus Schamash[100]. Moisés, descendo do Monte Sinai, trouxe as tábuas da lei como tendo sido ditadas a ele por Jeová. Maomé[101], igualmente, foi ouvir do anjo Gabriel, em um morro perto de Meca, boa parte do Alcorão[102]. Allah teria mandado suas ordens por Gabriel.

O conhecimento mostra que as religiões, para se firmarem, têm−se valido muito mais da força física do que da fé. Quanto à verdade, esta não existe em suas proposições básicas. De modo que, Anubis, Schamash, Allah e Jeová nada mais são do que o Espírito Santo sob outros nomes.

Stefanoni demonstrou que todos esses escritos não representam o Espírito Santo, mas o espírito dominante em cada época ou lugar. Assim surgiram os Evangelhos, os quais, como Jesus Cristo, foram inventados para atender a certos fins materiais, nem sempre confessáveis. “Não creria nos Evangelhos, se a isso não me visse obrigado pela autoridade da Igreja”. São palavras de Sto. Agostinho[103]. Com sua cultura e inteligência, poderia hoje estar no rol dos que não crêem.

Capitulo VIII

Jesus Cristo É um Milagre


No que diz respeito a Jesus Cristo, a teologia toma em consideração, sobretudo, o aspecto sobrenatural e os seus milagres. João Evangelista foi trazido para a cena a fim de criar o Logos, o Jesus metafísico, destruindo, assim, o Jesus−Homem. As contradições surgidas em torno de um Jesus saído da mente de pessoas primárias e incultas tornaram−no muito vulnerável à crítica dos mais bem dotados em conhecimento. Então vem João e substitui o humano pelo divino, por ser o mais seguro. O mesmo iria fazer a Igreja no século XV, quando, para abafar, grita contra os que haviam queimado miseravelmente uma heroína nacional dos franceses, tiraram o uniforme do corpo carbonizado de Joana D’Arc[104] e vestiram−lhe a túnica dos santos. O mesmo aconteceu com Jesus: teve de deixar queimar

a pele humana que lhe haviam dado, para revestir−se com a pele divina.

A Igreja, na impossibilidade de provar a existência de Jesus−Homem, inventou o Jesus−Deus. Assim atende melhor à ignorância pública e fecha a boca dos incrédulos. Do que relatamos, conclui−se que, no caso de Joana D’Arc, a igreja obteve os resultados esperados. Contudo, continua com as mesmas dificuldades para provar que Jesus Cristo, como homem ou como deus, tenha vivido fisicamente. E não é só. Ela não tem conseguido provar nada do que tem ensinado e imposto como verdade. Falta−lhe argumentos sérios e convincentes para confrontar com o conhecimento científico e com a história sem que sejam refutados.

A Igreja tudo fez para tornar Jesus Cristo a base e a razão de ser do cristianismo. E isto satisfez plenamente a seus interesses materiais nestes dois milênios de vida. Da mesma forma, os portugueses, os espanhóis e os ingleses, de Bíblia na mão e cruz no peito, foram à longínqua África para arrastar o negro como escravo, para garantir a infra−estrutura econômica do continente americano. Jamais se preocuparam em saber se o pobre coitado queria separar−se de seus entes queridos, nem o que estes iriam sofrer com a separação.

A Igreja está realmente atravessando uma crise. Acontece que os processos tecnológicos e

científicos descortinam para o homem novos horizontes, e então ele percebe que foi iludido miseravelmente. Sua fé, sua crença e seu deus morrem porque não têm mais razão de ser. Jesus Cristo foi inicialmente um deus tribal, que teria vindo ao mundo por causa das desgraças dos judeus. Eles sonhavam ser donos do mundo, mas, mesmo assim, foram expulsos até mesmo de sua própria terra. Contudo, o cristianismo ganhou a Europa, com a adesão dos reis e imperadores.

Renan, não conseguindo encontrar o Jesus−Divino, tentou ressuscitar o Jesus−Homem. Mas o que conseguiu foi apenas descrever uma esquisita tragédia humana, cujo epílogo ocorreu no céu. Jesus teria sido um altruísta mandado à terra para que se tornasse uma chave capaz de abrir o céu. Teria sido o homem ideal com que o religioso sonha desde seus primórdios. Existindo o homem ideal, cuja idealidade ficasse comprovada, o histórico seria dispensável. Mas, ao tentar evidenciar um desses dois aspectos, Renan perdeu ambos. Mostrou então que, para provar o lado divino de Jesus, compuseram os Evangelhos. Seu objetivo: relatar exclusivamente a vida de um homem milagroso e não de um homem natural.

Elaborando os Evangelhos, cometeram tantos erros e contradições, que acabaram por destruir, de vez, a Jesus. A exegese da vida de Jesus, baseada no conhecimento e na lógica, separando−se o ideal do real, eles destroem−se mutuamente. Quem descreve o Jesus real, não poderá tocar o ideal, e vice−versa, porque um desmente o outro. Em suma, os Evangelhos não satisfazem aos estudiosos da verdade livre de preconceitos, destruindo o material e o ideal postos na personalidade mítica de Jesus. A fabulação tanto recobre o humano como o divino.

Verificamos, então, estarmos em presença de mais um deus redentor ou solar. Jesus, através dos Evangelhos, pode ser Brahma[105], Buda, Krishna[106], Mitra, Horus, Júpiter[107], Serapis, Apolo ou Zeus[108]. Apenas deram−lhe novas roupas. O Cristo descrito por João Evangelista aproxima−se mais desses deuses redentores do que o dos outros evangelistas. É um novo deus oriental, lutando para prevalecer no ocidente como antes tinha lutado para impor−se no oriente. É um novo subproduto do dogmatismo religioso dos orientais, em sua irracional e absurda metafísica. Por isso, criaram um Jesus divino, não por causa dos seus pretensos milagres, mas por ser o Logos, o Verbo feito carne. Essa essência divina é que possibilitou os milagres. É um deus antropomorfizado, feito conforme o multimilenar figurino idealizado pelo clero oriental. Jesus não fez milagres, ele é o próprio milagre. Nasceu de um milagre, viveu de milagres e foi para o céu milagrosamente, de corpo e alma, realizando assim mais uma das velhas pretensões dos criadores de religiões: a imortalidade da alma humana.

Sendo Jesus essencialmente o milagre, não poderá ser histórico, visto não ter sido um homem normal, comum, passando pela vida sem se prender às necessidades básicas da vida humana. Jesus foi idealizado exclusivamente para dar cumprimento às profecias do judaísmo, é o que verificamos através dos Evangelhos. Tudo quanto ele fez já estava predito, muito antes do seu nascimento.

Jesus surgiu no cenário do mundo, não como autor do seu romance, mas tão−somente como ator para representar a peça escrita, não se sabe bem onde, em Roma ou, talvez, Alexandria. O judaísmo forneceu o enredo, o Vaticano ficou com a bilheteria. E, para garantir o êxito total da peça, a Igreja estabeleceu um rigoroso policiamento da platéia, através da confissão auricular. Nem o marido escapava à delação da esposa ou do próprio filho. O pensamento livre foi transformado em crime de morte.

Os direitos da pessoa humana, calcados aos pés. Nunca a mentira foi imposta de modo tão selvagem como aconteceu durante séculos com as mentiras elaboradas pelo cristianismo. À menor suspeita, a polícia tonsurada invadia o recinto e arrastava o petulante para um escuro e nauseabundo

calabouço onde as mais infames torturas eram infligidas ao acusado. Depois, arrastavam−no à praça pública para ser queimado vivo, o que, decerto, causava muito prazer ao populacho cristão.

Desse modo, a Igreja tornou−se um verdugo desumano, exercendo o seu poder de modo impiedoso e implacável, ao mesmo tempo em que escrevia uma das mais terríveis páginas da história da humanidade. Durante muito tempo o sentimento de humanidade esteve ausente da Europa, e a mentira triunfava sobre a verdade. Milhares de infelizes foram sacrificados porque ousaram dizer a verdade. O poder público apoiava a farsa religiosa, e era praticamente controlado pela Igreja. Aquele que ousasse apontar as inverdades, as incoerências e o irracionalismo básicos do catolicismo, seria eliminado. Tudo foi feito para evitar que o cristianismo fracassasse, devido à fragilidade de seus fundamentos. O que a Igreja jura de mãos postas ser a verdade, é desmentido pelo conhecimento, pela ciência e pela razão.


Capitulo IX

Jesus Cristo, um Mito Bíblico



Folheando as páginas da história humana, e não encontrando aí qualquer referência à passagem de Jesus pela terra, nós, estudiosos do assunto, convencer−nos−emos de que ele nada mais é do que um mito bíblico. Pesquisando os Evangelhos na esperança de encontrar algo de positivo, deparamo−nos mais uma vez com o simbolismo e a mitologia. A história que o envolve desde o nascimento até a morte é a mesma do surgimento de inúmeros deuses solares ou redentores.

É de se notar o cuidado que tiveram os compiladores dos Evangelhos para não permitir que Jesus praticasse senão o que estava estabelecido pelas profecias do judaísmo. Assim, a vida de Jesus nada mais é do que as profecias postas em prática. O cristianismo e os Evangelhos são um modo de reavivamento da chama do judaísmo, ante a destruição do templo de Jerusalém. É uma transformação do judaísmo, de modo a existir dentro dos muros de Roma, de onde, posteriormente, ultrapassou os limites, alcançando boa parte do mundo.

O sofrimento que o judaísmo infligiu ao povo pobre deveria ser o suficiente para que se acabasse definitivamente. Acreditamos que a ambição de Constantino é que deu lugar ao alastramento do cristianismo, ou, melhor dizendo, do judaísmo sob novas roupagens e novo enredo. Não fosse isso, a falta de cumprimento das pretensas promessas de Abraão, de Moisés e do próprio Jesus Cristo já teria feito com que o judaísmo e o cristianismo fossem varridos da memória do homem. De há muito o homem estaria convencido da falsidade que é a base da religião.

Idealizaram o cristianismo que, baseado no primarismo da maioria, deu novo alento ao judaísmo, criando assim, o capitalismo e a espoliação internacional. O liberalismo[109] que surgiu graças ao monumental trabalho dos enciclopedistas, é que possibilitou ao homem uma nova perspectiva de vida.

A partir do enciclopedismo, os judeus e o judaísmo deixaram de ser perseguidos por algum tempo, e com isto, quase perdeu sua razão de ser.

Ao surgir Hitler[110] e seu irracional nazismo, encontrou quase a totalidade dos judeus alemães integrada de corpo e alma na pátria alemã. O Führer deu então um novo alento ao judaísmo, ao persegui−lo de modo desumano. Graças à perseguição de que foram vítimas os judeus de toda a Europa durante a guerra de 1940, surgiu a justificativa internacional para que se criasse o Estado de Israel.

Talvez o Estado de Israel, revivendo sua velha megalomania racial, invalide em sangue a tendência natural para a socialização do mundo e universalização do conhecimento. A socialização do mundo acabaria com a irracional e absurda idéia de ser o judeu um bi−pátrida. Nasça onde nascer, não se integra no meio em que nasce e vive. Daí a perseguição.

Os judeus ricos de todo o mundo carreiam para Israel todo o seu dinheiro e, com ele, a tecnologia e o conhecimento alugados. Graças a isto, poderá embasar ali os seus mísseis teleguiados, tudo quanto houver de mais avançado na química, física e eletrônica. Assim, terão meios de garantir a manutenção da sócio−economia estruturada no capitalismo. Esta é uma situação realmente grave, a qual poderá tornar−se dramática no porvir. O poder econômico concentrado em poucas mãos é uma ameaça contra o homem e sua liberdade.

Apesar de o cristianismo liderar o movimento que faz do homem e do seu destino o centro das preocupações das altas lideranças sociais, a grande maioria dos homens está marginalizada, porque o poder econômico do mundo acumula−se em poucas mãos. E, se permanecemos crendo em tudo quanto criaram os judeus de dois milênios atrás, isso é sinal de que não evoluímos o bastante para justificar o decurso de tanto tempo. Se o progresso científico e a tecnologia avançada não conseguirem libertar−nos dos mitos, estará patente mais uma vez o estado pueril em que ainda se encontra o desenvolvimento mental do homem. O homem não será de todo livre enquanto permanecer preso às convenções religiosas, as quais possuem como único fundamento o mito e a lenda.

Se assim falamos, não é que estejamos sendo movidos por um anti−semitismo ou umanticlericalismo doentio; de modo algum isto é verdadeiro. O que nos motiva tomar em pauta o assunto é o desejo de ver um crescente número de pessoas partilhar conosco do conhecimento da verdade.

Temos dito repetidas vezes que tudo aquilo em que se fundamenta o cristianismo é apenas uma compilação de velhas lendas dos deuses adorados por diversos povos. Strauss diz que saiu do Velho Testamento a pretensão de que Jesus encarnar−se−ia em Maria, através do Espírito Santo. Em números, 24:17 estava previsto que uma estrela guiaria os reis magos.

Cantu[111] lembra que, juntando−se os livros do Velho Testamento com os do Novo, teremos 72 livros, o mesmo número de anciãos teria Moisés escolhido para subir com ele ao Monte Sinai. O Velho Testamento previa que o povo seguiria a Jesus, mesmo sem conhecê−lo. Seriam os peixes retirados da água pelos apóstolos, e os mesmos da pescaria de São Jerônimo. Moisés teria feito da pedra o símbolo da força de Jeová, por isto, Jesus devia dar a Pedro as chaves do céu.

Oséias 11:1 e Jeremias 31:15−16−4−10−28 profetizam que o Messias seria chamado por Jeová, do Egito, ligado ao pranto de Raquel pelo assassinato dos filhos. Então arranjaram a terrível matança dos inocentes, a qual consta apenas em dois evangelhos, sendo silenciado o assunto pelos outros dois e pelos relatos enviados a Roma.

Strauss[112] lembra também que a discussão de Jesus com doutores do templo, assim como a passagem de Ana e Semeão, bem como a circuncisão, estava tudo previsto no Velho Testamento. Diz ainda que teria ido para Nazaré após o regresso do Egito apenas para que os Evangelhos pudessem atribuir−lhe a alcunha de nazareno. Entretanto, Nazaré não existia, pelo menos naquela época; era uma cidade fantasma, só passando a existir nas páginas dos Evangelhos. Assim, Jesus foi nazareno, não por ter nascido em Nazaré, visto que não poderia nascer em dois lugares, como também não poderia nascer em uma cidade que não existia. Ele foi nazareno por ter sido um comunista essênio. A anunciação e o nascimento de João Batista foram copiados do Talmud.

As tentações de Jesus pelo demônio, no deserto, segundo Emilio Bossi, foram copiadas das Escrituras. Os quarenta dias passados no deserto são oriundos do cabalismo[113] de Roma e da crença dos babilônios, os quais atribuíam a esse número força cabalística. Por isso, tal número repete−se várias vezes no decorrer das dissertações bíblicas: o dilúvio descrito na Bíblia durou quarenta dias; Moisés esteve quarenta anos na corte do Faraó[114]; passou quarenta anos no deserto, e os ninivitas jejuaram quarenta dias.

Ezequiel teria sido conduzido por um espírito de um lugar para outro, através do espaço. Abraão teria sido tentado pelo demônio; os mesmos episódios passaram ao Novo Testamento, tendo Jesus como protagonista. Perguntamos nós: por que tais coisas não mais se repetem? A resposta só pode ser esta: elas jamais aconteceram. Tudo isto não passa de lendas ou sonhos, os quais foram impostos como fatos reais.

O Talmud diz: “Então se abrirão os olhos aos cegos e os ouvidos aos surdos”. Jesus teria de dizer: “Então o coxo pulará como o cervo e a língua dos mudos se soltará”.

Em Lucas 4:27 Jesus cura Naamã, reproduzindo uma cura efetuada por Eliseu, de um outro leproso. Elias e Eliseu ressuscitaram mortos, por seu lado, Jesus ressuscitaria a Lázaro. Os discípulos de Jesus, não sabendo como curar os endemoniados, recorrem ao Mestre. Passagem semelhante está em Eliseu, cujo servo teria recorrido a ele para curar o filho da sunamita. A multiplicação dos pães e dos peixes é a repetição de Moisés no deserto, fazendo cair maná[115] e cordonizes. Moisés transformou as águas do rio em sangue e Jesus transforma a água em vinho.

Em Jeremias 7:11 e Isaías 56:7 está escrito que o templo não deve se converter em um covil de ladrões, o que leva os evangelistas a dizer que Jesus expulsou os mercadores do templo.

A transfiguração de Jesus é a mesma coisa que aconteceu a Moisés, ao subir ao Monte Sinai, quando encontrou com Jeová[116]. Aliás, Moisés havia prometido que viria um profeta semelhante a ele. A traição de Judas repete o mesmo acontecimento em relação a Crestus.

A prisão de Jesus foi descrita de modo igual no Talmud. A fuga dos apóstolos estava prevista por Isaías. Jesus foi crucificado na Páscoa, representando o cordeiro pascal.

Essas comparações patenteiam a existência do cristianismo muito antes de Filon. Donde se deduz que Jesus foi inventado de acordo com as Escrituras, sem esquecer de anexar as idéias de Filon ao relato de sua pretensa vida. Fócio demonstrou que os Evangelhos foram copiados de Filon. São Clemente e Orígenes, embora fossem padres da Igreja, orientaram−se por Filon e não pelo bispo de Roma.

Estas citações seriam suficientes para se provar que Jesus jamais existiu. É apenas um produto da mente clerical, a qual o compôs baseada em mitos e lendas.


Capitulo X

As Contradições sobre Jesus Cristo

Como tudo o mais que se refere à existência de Jesus na terra, também a sua ascendência é objeto de controvérsias. Segundo Mateus e Lucas, Jesus descende ao mesmo tempo de David e do Espírito Santo. Entretanto, como filho do Espírito Santo, não poderá descender de José, conseqüentemente deixa de ser descendente de David e o Messias esperado pelos judeus. Assim, Jesus ficará sendo apenas Filho de Deus, ou Deus, visto ser uma das três pessoas da trindade divina.

Em ambos os evangelhos acima citados há referências quanto a data de nascimento de Jesus, mas tais referências são contraditórias o Jesus descrito por Mateus teria onze anos quando nasceu o de Lucas. Mateus diz que José e Maria fugiram apressadamente de Belém, sem passar por Jerusalém, indo direto para o Egito, após a adoração dos Reis Magos. Herodes iria mandar matar as criancinhas.

Todavia, Lucas diz que o casal estivera em Jerusalém e acrescenta a narração da cena de que participaram Ana e Semeão. De modo que um evangelista desmente o outro. Lucas não alude à matança das criancinhas, nem à fuga para o Egito. Por outro lado, Marcos e João não se reportam à infância de Jesus, passando a narrar os acontecimentos de sua vida a partir do seu batismo por João Batista.

Mateus que conta o regresso de Jesus, vindo do Egito e indo para Nazaré, deixa−o no esquecimento, voltando a ocupar−se dele somente depois dos seus trinta anos, quando ele procura João Batista. Diz ainda que João já o conhecia e, por isto, não o queria batizar, por ser um espírito superior ao seu.

Lucas narra a discussão de Jesus com os doutores da lei, aos doze anos de idade. Sendo perguntado pela mãe sobre o que estava ali fazendo, teria respondido que se ocupava com os assuntos do pai.

Emilio Bossi, referindo−se a esta passagem, estranha a atividade da mãe. Se o filho nascera milagrosamente, e ela não o ignora, só poderia esperar dele uma seqüência de atos milagrosos. Mesmo a sua presença no templo, entre os doutores, não deveria causar preocupação à sua mãe, visto saber ela que o filho não era uma criança qualquer, e sim um Deus.

Lucas diz que os samaritanos não deram boa acolhida a Jesus, o que muito irritara a João. Contudo, João, o Evangelista, diz que os samaritanos deram−lhe ótima acolhida e, inclusive, chamaram−no de salvador do mundo.

Os evangelistas divergem também quanto ao relato da instituição da eucaristia. Três deles afirmam que Jesus instituiu−a no dia da Páscoa, enquanto João afirma que foi antes. Enquanto os três descrevem como aconteceu, João silencia.

Na última noite Jesus estava muito triste, como, aliás, permaneceria até a morte. Pondo o rosto em terra, orou durante muito tempo. Segundo os evangelistas, ele estava de tal modo triste e conturbado que teria suado sangue, coisa, aliás, muito estranha, nunca verificada cientificamente.

Enquanto isto, seus companheiros dormiam despreocupadamente, não se incomodando com os sofrimentos do Mestre. Entretanto João não fala sobre esse estado de alma do Mestre. Pelo contrário, diz que Jesus passara a noite conversando, quando se mostrava entusiasta de sua causa e completamente tranqüilo. Lucas, Mateus e Marcos afirmam que o beijo de Judas denunciara−o aos que vieram prendê−lo. Todavia, João diz que foi o próprio Jesus quem se dirigiu aos soldados dizendo−lhes tranqüilamente: “Sou eu”.

Lucas é o único que fala no episódio da ida de Jesus de Pilatos para Herodes Antipas. Os outros caem em contradição quanto à hora do julgamento pelo Conselho dos Sacerdotes em presença do povo.

João não fala a respeito do depoimento de Cireneu, nem na beberagem que teriam dado a Jesus. Omite−se ainda quanto à discussão dos dois ladrões, crucificados com Jesus, e quanto à inscrição posta sobre a cruz.

De forma que seu relato é bastante diferente daquilo que os outros contaram. E as divergências continuam ainda no que concerne ao quebramento das pernas, ao embalsamamento, à natureza do sepulcro e ao tempo exato em que ele esteve enterrado. Quanto ao embalsamamento, por exemplo, há muita coisa que não foi dita. Teriam retirado seu cérebro e intestinos como se procede normalmente nesses casos? Se a resposta for positiva, como explicar o fato de Jesus, após a ressurreição, pedir comida? Como se vê, as verdades bíblicas são além de controvertidas, incompreensíveis.

Lucas diz que Jesus referiu−se aos que sofrem de fome sede, enquanto Mateus diz que ele se referia aos que têm fome e sede de justiça, aos pobres de espírito. Uns afirmam que Jesus tratara os publicanos com desprezo e ódio, outros dizem que ele se mostrou amigável em relação a eles. Para uns, Jesus teria dito que publicassem as boas obras, para outros, que nada dissessem a respeito. Uma hora Jesus aconselha o uso da força física e da resistência, mandando até que comprassem espada; noutra, ameaça os que pretendem usar a força.

Marcos, Mateus e Lucas dizem que Jesus recomendara o sacrifício. Entretanto, não tomou parte em nenhum deles. Mateus diz que Jesus afirmou não ter vindo para abolir a lei nem os profetas, enquanto Lucas diz que ele afirmara que isso já estava no passado, já tivera o seu tempo. Os três afirmam ainda que Jesus apenas pregara na Galiléia, tendo ido raramente a Jerusalém, onde era praticamente desconhecido.

Todavia, João diz que ele ia constantemente a Jerusalém, onde realizara os principais atos de sua vida. As coisas ficam de modo que não se sabe quem disse a verdade, ou, melhor dizendo, não sabemos quem mais mentiu. Ora, se Jesus tivesse realmente praticado os principais atos de sua vida em Jerusalém, seria conhecido suficientemente, e, então, não teriam que pagar a Judas 30 dinheiros para entregar o Mestre.

João, que teria sido o precursor do Messias, não se fez cristão, não seguiu a Jesus, pregando apenas o judaísmo no aspecto próprio. Entretanto, depois de preso, enviou um mensageiro a Jesus,

indagando−lhe: “És tu que hás de vir, ou teremos de esperar um outro?”, ao que Jesus teria respondido: “Você é o profeta Elias”. Talvez houvesse esquecido que o próprio João antes já declarara isso mesmo. Contam os Evangelhos que, desde a hora sexta até Jesus exalar o último suspiro, a terra cobriu−se de trevas. Contudo, nenhum escritor da época comenta tal acontecimento.

Marcos 25:25 diz que Jesus foi sacrificado às 9 horas. João diz que ao meio dia ele ainda não havia sido condenado à morte, e acrescenta que, a esta hora, Pilatos tê−lo−ia apresentado ao povo exclamando: “Eis aqui o vosso rei”! Emilio Bossi assinala detalhadamente todas estas contradições, e as que se deram após a pretensa ressurreição, dizendo que nada do que vem nos Evangelhos deve ser levado a sério. O sobrenatural é o clima em que se encontra a Bíblia, e esta é apenas o resultado da combinação de crenças e superstições religiosas dos judeus com as de outros povos com os quais conviveram.
Capitulo XI

As Contradições Evangélicas


Mateus e Marcos afirmam enfaticamente que os discípulos de Jesus abandonaram tudo para segui−lo, sem sequer perguntar antes quem era ele. Em Mateus, lê−se que Jesus teria afirmado que não viera para abolir as leis de Moisés. Contudo, esta seria uma afirmativa sem sentido algum, visto que hoje sabemos que os livros atribuídos a Moisés são apócrifos.

Segundo João, quando Jesus falou ao povo, foi por este acatado e proclamado rei de Israel, aos gritos de “Hosanna”. Mas, um pouco adiante, ele se contradiz, afirmando que o povo não acreditou em Jesus, e imprecando contra ele, ameaçava−o a ponto de ele haver procurado esconder−se.

Mateus diz que Jesus entrara em Jerusalém, vitoriosamente, quando a multidão tê−lo−ia recebido de modo festivo, e marchando com ele, juncava o chão com folhas, flores e com os próprios mantos, gritando: “Hosanna ao Filho de David! Bendito seja o que vem em nome do Senhor!” Aos que perguntavam quem era, respondiam “Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia”. No entanto, outros evangelistas afirmam que ele era um desconhecido em Jerusalém.

Disseram que Pilatos estava convencido da inocência de Jesus, razão porque teria tentado salvá−lo, abandonando−o logo a seguir, indefeso e moralmente arrasado. João faz supor que Pilatos teria deixado matar a Jesus, temendo que denunciassem sua parcialidade ao imperador. Se ele não castigasse a um insurreto que se intitulara rei dos judeus, estaria traindo a César. No entanto, tal atitude por parte de Pilatos não combina com o seu retrato moral, pintado por Filon. Era um homem duro e tão desumano quanto Tibério. A vida de mais um ou menos um judeu, para ambos, era coisa da somenos importância. Filon faz de Pilatos um carrasco, e mostra que ele, em Jerusalém, agia com carta branca. Além disso, as reações de Pilatos com Tibério eram quase fraternais e ele era um delegado de absoluta confiança do imperador. Mas, como os Evangelhos foram compostos dentro dos muros de Roma, teriam de ser de modo a não desagradar às autoridades Imperiais. Pilatos foi posto nisso apenas porque os bens e a vida dos judeus estavam sob sua custódia.

Entretanto, como a ocupação romana foi feita em defesa dos judeus ricos, contra os judeus pobres e os salteadores do deserto, as autoridades romanas temiam muito mais ao povo do que a Roma. Além disso, muitas eram as razões para não gostarem de Pilatos nem de Herodes Antipas. Eles eram antipáticos aos judeus pobres, por isso teriam temido a ira popular. Esta é a razão apresentada pelos historiadores que levam a sério os Evangelhos, justificando assim o perdão do criminoso Bar Abbas e a condenação do inocente Jesus. Entretanto, se as legiões romanas realmente ali estivessem naquela época, nem Pilatos nem Herodes tomariam em consideração a opinião do povo, porque se sentiriam garantidos nos seus postos.

Além disso, a opinião popular é fator ainda bem novo na técnica de formação dos governos. Tudo o que sabemos é o que está nos Evangelhos. Jesus era um homem do povo e um dos que temiam o governo. Por isso é que em Marcos, 16:7 encontraremos Jesus aconselhando os discípulos a fuga. Em Lucas 10:4 Jesus está aconselhando aos discípulos a não falarem a ninguém em suas viagens.

Em Mateus 35:23 encontraremos Jesus reprovando os judeus que haviam assassinado Zacarias, filho de Baraquias, entre o adro do templo e o altar. A história, no entanto, afirma ser esse episódio imaginário. Flávio Josefo relata um acontecimento semelhante, registrado no ano 67, 34 anos após a pretensa morte de Jesus, referindo−se no caso a um homem chamado Baruch. Isto evidencia o descuido dos compiladores dos Evangelhos, que os compuseram sem levar em conta que, no futuro, as contradições neles encontradas seriam a prova da inautenticidade dos fatos relatados.

Nicodemos, que teria sido um fariseu rico, membro de Senedrin, homem de costumes morigerados e de boa−fé, não se fez cristão, apesar de ter agido em defesa de Jesus contra os próprios judeus. Por certo ele, como João Batista, não se convenceram da pretensa divindade de Jesus Cristo, nem mesmo se entusiasmaram com suas pregações.

Outra ficção evangélica é debitada a Paulo, o qual inventou um Apolo, que não figura entre os apóstolos e em nenhum outro relato. Em Atos dos Apóstolos 18, lê−se: “Veio de Éfeso um judeu de nome Apolo, de Alexandria, homem eloqüente e muito douto nas Escrituras. Este era instruído no caminho do Senhor, falando com fervor de espírito, ensinando com diligência o que era de Jesus, e somente conhecia João Batista. Com grande veemência convencia publicamente os judeus, mostrando−lhes pelas Escrituras que Jesus era o Cristo”. Seria um judeu fiel ao judaísmo que, segundo Paulo, procurava levar seus próprios patrícios para o Cristo? Na epístola I aos Coríntios, diz que: “Apolo era igual a Jesus”.

Paulo, já no fim do seu apostolado, afirma que o imperador Agripa era um fariseu convicto, e que sua religião era a melhor que então existia. Era, assim, um divulgador do cristianismo afirmando a excelência do farisaísmo. Falando de Jesus, Paulo descreve apenas um personagem teológico e não histórico. Não se refere ao pai nem à mãe de Jesus, sendo um ser fantástico, uma encarnação da divindade que viera cumprir um sacrifício expiatório, mas não se reporta ao modo como teria sido possível a encarnação. Não diz sequer a data em que Jesus teria nascido. Não relata como nem quando foi crucificado. No entanto, estes dados têm muita importância para definir Jesus como homem ou como um ser sobrenatural. Está patente, desse modo, que Paulo é uma figura tão mitológica quanto o

próprio Jesus.

Em Atos dos Apóstolos 28:15 e em 45 Paulo diz que, quando chegou a Pozzuoli, ele e os seus companheiros foram ali bem recebidos, havendo muita gente à beira da estrada esperando−os. Entretanto, chegando a Roma, teve de defender−se das acusações de haver ofendido em Jerusalém ao povo e aos ritos romanos.

Na Epístola aos Romanos 1:8 Paulo diz que a fé dos cristãos de Roma alcançara todo o mundo, razão porque encerraria sua missão tão logo regressasse da Espanha, onde saudaria um grande número de fiéis. Mas, se assim fosse, por que Paulo teve de se defender perante os cristãos de Roma, contra o seu próprio judaísmo? Com pouco tempo Paulo já pensava encerrar sua missão porque o cristianismo já se universalizara. Entretanto, ele continuava considerando como melhor religião o farisaísmo. O cristianismo a que Paulo referia−se deveria ser anterior a Jesus Cristo, que era o seguido pelos cristãos de Roma, e não pelos cristãos dos lugares por onde Paulo havia passado pregando.

Eusébio disse que o cristianismo de Paulo era o terapeuta do Egito, e Tácito disse que os hebreus e os egípcios formavam uma só superstição.

Capitulo XII

Algumas Fontes do Cristianismo


O passado religioso do homem está repleto de deuses solares e redentores. Na índia, temos Vishnu, um deus que se reencarnou nove vezes para sofrer pelos pecados dos homens. No oitavo avatar foi Krishna e, no nono, Buda. Krishna foi igualmente um deus redentor, nascido de uma virgem pura e bela, chamada Devanaguy. Sua vinda messiânica foi predita com muita antecedência, conforme se vê no Atharva, no Vedangas e no Vedanta. O deus Vishnu teria aparecido a Lacmy, mãe da virgem Devanaguy, informando que a filha iria ter um filho−deus, e qual o nome que deveria dar−lhe. Mandou que não deixasse a filha casar−se, para que se cumprissem os desígnios de deus. Tal teria acontecido 3.500 anos a.C. no Palácio de Madura. O filho de Devanaguy destronaria seu tio. Para evitar que acontecesse o que estava anunciado, Devanaguy teria sido encerrada em uma torre, com guardas na porta. Mas, apesar de tudo, a profecia de Poulastrya cumpriu−se, “O espírito divino de Vishnu atravessou o muro e se uniu à sua amada”. Certa noite ouviu−se uma música celestial e uma luz iluminou a prisão, quando Viscohnu apareceu em toda a sua majestade e esplendor. O espírito e a luz de deus ofuscaram a virgem, encarnando−se. E ela concebeu. Uma forte ventania rompeu a muralha da prisão quando Krishna nasceu. A virgem foi arrebatada para Nanda, onde Krishna foi criado, lugar este ignorado do rajá.

Os pastores teriam recebido aviso celeste do nascimento de Krishna, e então teriam ido adorá−lo, levando−lhe presentes. Então o rajá mandou matar todas as criancinhas recém−nascidas, mas Krishna conseguiu escapar. Aos 16 anos, Krishna abandonou a família e saiu pela Índia pregando sua doutrina, ressuscitando os mortos e curando os doentes. Todo o mundo corria para vê−lo e ouvi−lo. E todos diziam: “Este é o redentor prometido a nossos pais”. Cercou−se de discípulos, aos quais falava por meio de parábolas, para que assim só eles pudessem continuar pregando suas idéias.

Certo dia os soldados quiseram matar Krishna, quando seus discípulos amedrontados fugiram. O Mestre repreendendo−os, e chamou−os de homens de pouca fé, com o que reagiram e expulsaram os soldados. Crendo que Krishna fosse uma das muitas transmigrações divinas, chamaram−no “Jazeu”, o nascido da fé. As mulheres do povo perfumavam−no e incensavam−no, adorando−o.

Chegando sua hora, Krishna foi para as margens do rio Ganges, entrando na água. De uma árvore, atiraram−lhe uma flecha que o matou. O assassino teria sido condenado a vagar pelo mundo.

Quando os discípulos procuraram recolher o corpo, não o encontraram mais porque, então, já teria subido para o céu. Depois Vishnu tê−lo−ia mandado novamente à terra pela nona vez, receberia o nome de Buda. O nascimento de Buda teria sido, igualmente, revelado em sonhos à sua mãe. Nasceu em um palácio, sendo filho de um príncipe hindu. Ao nascer, uma luz maravilhosa teria iluminado o mundo. Os cegos enxergaram, os surdos ouviram, os mudos falaram, os paralíticos andaram, os presos foram soltos e uma brisa agradável correu pelo mundo. A terra deu mais frutos, as flores ganharam mais cores e fragrância, levando ao céu um inebriante perfume. Espíritos protetores vigiaram o palácio, para que nada de mal acontecesse à mãe. Buda, logo ao nascer, pôs−se de pé maravilhando os presentes. Uma estrela brilhante teria surgido no céu no dia do seu nascimento. Nasceu também, nesse mesmo dia, a árvore de Bó, a cuja sombra o menino deus descansaria. Entre os que foram ver Buda, estava um velho que, como Semeão, recebeu o dom da profecia. Sua tristeza seria não poder assistir à glória de Buda por ser muito velho.

Buda teria maravilhado os doutores da lei com a sua sabedoria. Com poucos anos de idade, teria começado sua pregação. Teria ficado durante 49 dias sob árvore de Bó, e sido tentado várias vezes pelo demônio. Pregando em Benares, convertera muita gente. O mais célebre de seus discursos recebeu o nome de “Sermão da Montanha”. Após sua morte apareceria também aos seus discípulos, trazendo a cabeça aureolada. Davadatta trai−lo−ia do mesmo modo que Judas a Jesus. Nada tendo escrito, os seus discípulos recolheriam os seus ensinamentos orais. Buda também tivera os seus discípulos prediletos, e seria um revoltado contra o poder abusivo dos sacerdotes bramânicos. Mais tarde, o budismo ficaria

dividido em muitas seitas, como o cristianismo.

Quando missionários cristãos estiveram na índia, ficaram impressionados e começaram a perceber como nasceu o romance da vida de Jesus. O Papa do budismo, o Dalai−Lama, também se diz ser infalível.

Mitra, um deus redentor dos persas, foi o traço de união entre o cristianismo e o budismo. Cristo foi um novo avatar, destinado aos ocidentais. Mitra era o intermediário entre Ormuzd e o homem. Era chamado de Senhor e nasceu em uma gruta, no dia 25 de dezembro. Sua mãe também era virgem antes e depois do parto. Uma estrela teria surgido no Oriente, anunciando seu nascimento. Vieram os magos com presentes de incenso, ouro e mirra, e adoraram−no. Teria vivido e morrido como Jesus. Após a morte, a ressurreição em seguida.

Fírmico descreveu como era a cerimônia dos sacerdotes persas, carregando a imagem de Mitra em um andor pelas ruas, externando profunda dor por sua morte Por outro lado, festejavam alegremente a ressurreição, acendendo os círios pascais e ungindo a imagem com perfumes. O Sumo Sacerdote gritava para os crentes que Mitra ressuscitara, indo para o céu para proteger a humanidade.

Os ritos do budismo, do mitraísmo e do cristianismo são muito semelhantes. Horus foi o deus solar e redentor dos egípcios. Horus, como os deuses já citados, também nasceria de uma virgem. O nascimento de Horus era festejado a 25 de dezembro.

Amenófis III [117]criou um mito religioso, que depois foi adaptado ao cristianismo. Trata−se da anunciação, concepção, nascimento e adoração de Iath. Nas paredes do templo, em Luxor[118], encontram−se os referidos mistérios.

Baco, o deus do vinho, foi também um deus salvador. Teria feito muitos milagres, inclusive a transformação da água em vinho e a multiplicação dos peixes. Em criança, também quiseram matá−lo.

Adonis era festejado durante oito dias, sendo quatro de dor e quatro de alegria; as mulheres faziam as lamentações, como as carpideiras pagas de Portugal. O rito do Santo Sepulcro foi copiado do de Adonis. Apagavam todos os círios, ficando apenas um aceso, o qual representava a esperança da ressurreição. O círio aceso ficava semi−escondido, só reaparecendo totalmente no momento da ressurreição, quando então o pranto das mulheres era substituído por uma grande alegria.

Também os fenícios, muitos milênios antes, já tinham o rito da paixão, do qual copiaram o rito da paixão de Cristo. Todos os deuses redentores passaram pelo inferno, durante os três dias entre a morte e a ressurreição. Isto é o que teria acontecido com Baco, Osiris, Krishna, Mitra e Adonis. Nestes três dias, os crentes visitavam os seus defuntos, segundo Dupuis, em “L’ Origine des tous les cultes”.

Todos os deuses redentores eram também deuses−sol, como Átis, na Frígia; Balenho, entre os celtas; Joel, entre os germanos; Fo, entre os chineses. Assim, antes de Jesus Cristo, o mundo já tivera inúmeros redentores. Com este ligeiro apanhado da mitologia dos deuses, deixamos patente a origem do romance do Gólgota. Acreditamos ter

esclarecido quais as fontes onde os criadores do cristianismo foram buscar inspiração.

Capitulo XIII

Jesus Cristo, uma Cópia Religiosa


O precedente estudo permite−nos constatar que, nas diversas épocas da história, as religiões transformam−se, variando em razão da complexidade cada vez maior das sociedades em que elas existem. Vimos que a crença em um deus redentor é muito anterior ao judaísmo, sempre ligada à ânsia da necessidade de redenção das tremendas aflições do populacho. Quanto a Jesus Cristo, resultou de uma série de mitos, que os hebreus copiaram dos babilônicos, dos egípcios e de outros povos, visando com isto dar consistência ao judaísmo.

Estudos filológicos forneceram as bases para o estabelecimento de um traço de união entre as crenças dos deuses orientais e o judaísmo. Tomemos, por exemplo, as palavras Ahoura−Mazzda e Jeová, que significam “O que é”. Partindo de velhas lendas orientais, e baseando−se na origem comum da palavra, foi compilado o Gênese, numa tentativa de explicar a criação do mundo. Segundo o Zend−Avesta[119], o Ser Eterno criou o céu e a terra, o sol a lua, as estrelas, tudo em seis períodos, aparecendo o homem por último.

O descanso foi posto no sétimo dia. Manu[120] havia ensinado, muito antes, que no começo tudo era trevas, quando Bhrama dispersou−as, criou e movimentou a água, em seguida produziu os deuses secundários, os anjos dirigidos por Mossura, os quais posteriormente rebelar−se−iam contra Deus. Veio então Shiva, e arrojou−os ao inferno. Shiva[121] tornou−se a terceira pessoa da Santíssima Trindade Bhramânica em conseqüência das sucessivas invasões bárbaras sofridas pela Índia. Os bárbaros, crendo em Shiva, o deus da lascívia e do sensualismo, impuseram sua inclusão, com o que surgiu a trindade divina de Bhrama.

Manu ensinara igualmente que Deus criara o homem e a mulher, fazendo−os apenas inferior a Devas, isto é, Deus. O primeiro homem recebera o nome de Adima ou Adam, e a primeira mulher, Heva, significando o complemento da vida. Foram postos no paraíso celeste e receberam ordem de procriar. Deveriam adorar a Deus, não podendo sair do paraíso. Mas, um dia, indo ver o que havia fora dali, desapareceram. Bhrama perdoou−os, mas expulsou−os, condenando−os a trabalhar para viver. E disse que, por haverem desobedecido, a terra tornar−se−ia má, porque o espírito do mal dela se apoderara.

Entretanto, mandaria seu filho Vishnu que, se encarnando em uma virgem, redimiria a

humanidade, libertando−a definitivamente do pecado da desobediência. Ormuzd teria prometido ao primeiro casal humano que, se fossem bons, seriam felizes na terra. Mas Arimã mandou que um demônio em forma de serpente aconselhasse a desobedecerem a deus. Comeram os frutos que Arimã lhes deu, acabou a felicidade humana, e todos os que nascessem daí em diante seriam infelizes. Sendo levados cativos para a Babilônia, os judeus ali encontraram tal lenda. Libertos, voltando à Judéia, trouxeram essa crendice, como também a crença da imortalidade da alma e da vida futura, dos espíritos bons e espíritos maus, surgindo daí os anjos Gabriel, Miguel e Rafael, os querubins e serafins. Nasceu daí o mito do diabo, o anjo rebelado.

A palavra paraíso é o termo persa que significa jardim. Os persas, os hindus, os egípcios e os gregos criam no paraíso. Da mesma forma, todos eles criam no inferno. Entretanto, as crenças antigas desconheciam as penas eternas, que foram criadas pelo cristianismo, aliás, uma das poucas coisas originárias dessa crença. Também o purgatório, naturalmente, é outra novidade do cristianismo, sendo desconhecido do judaísmo. A idéia do purgatório vem de Platão, que havia dividido as almas em puras, curáveis e incuráveis.

Os filhos de Adima e Heva haviam−se tornado numerosos e maus. Por isso, Deus mandou o dilúvio para matá−los. Mas deu ordem a Vadasuata para construir um barco e nele entrar com a família, devido ao fato de ser um homem virtuoso. Deveria levar consigo, além da família, um casal de cada espécie de animal existente: esta é a história do dilúvio relatada nos Vedas, e que foi incluída na Bíblia dos cristãos.

As origens do cristianismo repousam, incontestavelmente, nas lendas e crenças dos deuses mitológicos, não apenas dos judeus, mas também de outros povos. Os caldeus[122] e os fenícios, como os judeus, haviam−se especializado no comércio, e por dever de ofício, alfabetizaram−se. Assim, sabendo ler e escrever puderam copiar as lendas e o folclore dos povos com os quais comerciavam e conviviam, os quais puderam adquirir longevidade e fixar−se melhor na memória humana.

Sendo comerciantes por excelência, os judeus perceberam que a religião poderia tornar−se uma boa mercadoria, através da qual adviria o domínio de muitos povos e vontades. Desta forma, tendo compilado o que julgaram mais interessante ou mais proveitoso em relação aos seus propósitos, passaram a difundir pelo mundo as suas idéias religiosas. Com isto, o conhecimento e a razão foram substituídos pelas crendices e superstições religiosas.

Desde há muito a religião tem servido para moderar os impulsos humanos, sobretudo daqueles que pertencem a uma classe social menos favorecida. Salientamos o prejuízo que o mundo tem sofrido com o rebaixamento mental imposto com as crenças e superstições religiosas, com o que o conhecimento sofre uma estagnação sensível.

No entanto, o homem tem−se deixado levar pelas crenças e práticas religiosas sem que nenhum benefício lhe advenha em retribuição. O homem tem feito tudo por si mesmo, apesar de sua religiosidade. A única classe beneficiada realmente com a religião é a dos sacerdote.

Retornamos ao assunto em pauta, após uma rápida digressão. A Bíblia cita dez patriarcas que teriam morrido em idade avançada, antes do dilúvio. Contudo, essa lenda provém da tradição caldáica, segundo a qual dez reis governaram durante 432 anos. Da mesma forma, as lendas hindus, egípcias, árabes, chinesas ou germânicas fazem referência a homens que teriam tido uma longa vida, como a do Matusalém[123] da Bíblia.

Igualmente, a lenda de Abraão, que deveria sacrificar o seu filho Isaac, procede de lendas anteriores ao judaísmo. O livro das profecias hindus relata uma história igual. Ramatsariar conta que Adgitata, protegido de Bhrama, por ser um homem de bem, teve um filho que nasceu tão milagrosamente como Jesus. Entretanto, Bhrama, para experimentá−lo, ordena−lhe que sacrificasse o filho. Ele obedece, mas Bhrama impede−o no momento exato, seu filho seria o pai de uma virgem, a qual, por sua vez, seria a mãe de deus−homem.

José e a mulher de Putifar foi a cópia de uma velha lenda egípcia, conforme documentos recentemente traduzidos. Era uma história intitulada “Os dois irmãos”. Emílio Bossi, relatando o achado, dá a palavra a Jacolliot: “Um homem da Índia fez leis políticas e religiosas; chamava−se Manu. Esse mesmo Manu foi o legislador egípcio, Manas[124]. Um cretense vai ao Egito estudar as instituições que pretende dar ao seu pais, e a história confirma−nos isto dizendo que esse cretense foi Minos. Enfim, o libertador dos escravos judeus chamava−se Moisés, que teria recebido as leis das mãos do próprio Jeová. Temos, então, Manu, Manes, Minos e Moisés, os quatro nomes que predominaram no mundo antigo. Aparecem nos albores de quatro diversos povos para representar o mesmo papel, rodeados da mesma auréola misteriosa, os quatro são legisladores, grandes sacerdotes e fundadores das sociedades teocráticas e sacerdotais. Esses quatro nomes têm a mesma raiz sânscrita. O hinduismo deu origem ao judaísmo. Por isso, de Jeseu Krishna fizeram Jesus Cristo”.

Documentos recentemente estudados mostram terem sido os hindus os prováveis colonizadores do Egito. A documentação demonstra que o conhecimento nasceu do saber hindu.

A assiriologia mostra que a lenda de Moisés foi copiada da de Sargão I[125], rei acádio, que igualmente teria sido salvo em um cesto deixado no rio, à deriva.

A lenda de Sansão é outro exemplo. Sansão representa o sol. O poder que lhe foi atribuído é o mesmo dos deuses solares. E, assim, examinando os escritos de antigas civilizações, chegamos ao conhecimento das origens de tudo o que a Bíblia narra como fatos reais. Concluímos então que Jesus Cristo nada mais representa que uma cópia das lendas e mitos dos deuses adorados por povos os mais remotos e variados.

Capitulo XIV

Os Deuses Redentores

Percebendo a importância da luz do sol sobre a terra, o homem imaginou que essa luz seria uma emanação protetora de Deus. Da idéia de que existia um único sol, surgiu o monoteísmo, isto é, a crença em um só Deus.

Das palavras Devv e Divv, que em sânscrito significam sol e luminoso, originou−se a palavra deus. Daí, em grego, a palavra Zeus; em latim, deo; para os irlandeses, dias; em italiano dio, etc.

A parte do tempo em que a terra recebe a luz do sol recebeu o nome dia em oposição ao período

de trevas, a noite. O dia teria sido um presente divino, graças à luz solar. Conseguindo produzir o fogo, aumentou a crença humana no deus sol. Graças ao fogo, o homem pôde libertar−se de um dos seus maiores inimigos, que era o frio, assim como passou a cozinhar os seus alimentos. Devendo cada vez mais a vida ao calor, a gratidão do homem para com o sol cresceu ainda mais. Foi assim que nasceu o mito solar, do qual Jesus Cristo é o último rebento.

Por uma série de ilações, chegaram igualmente à concepção do significado místico da cruz. Dos raios solares foi criada uma cruz, espargindo raios por todos os lados. Da mesma forma foi a idéia do Espírito Santo, um espírito benfazejo, que irradia a bondade divina. Depois a seqüência mística do sol, o fogo e o vento, dando origem a Salvitri, Agni e Vayu, do mito védico.

O rito védico celebra o nascimento de Salvitri, o deus−sol, em 25 de dezembro, no solstício, quando aparecem as refulgentes estrelas. As estrelas trazem a boa nova, a perspectiva de boas colheitas.

Daí os sacrifícios e os ritos propiciatórios oferecidos ao deus−sol. Assim os cristãos encontraram o seu Jesus Cristo. A vida dos deuses redentores é a vida do sol. Por isso, todos eles tiveram suas datas de nascimento fixadas em 25 de dezembro: Mitra, Horus e Jesus Cristo. Também é simbólica a ressurreição na primavera, tempo da germinação e das folhas novas. Baseando−se nisto, Aristóteles[126] e Platão admitiram uma certa racionalidade dos que adoravam o sol.

Heródoto[127] e Estrabão[128] diziam que Mitra era o deus−sol, tendo por emblema um sol radiante. Plutarco[129] conta que o culto de Mitra veio para a Sicília trazido pelos piratas do mar. Em escavações feitas no solo italiano, foram encontradas placas de barro solidificados ao sol trazendo esta inscrição: “Deo Soli Invicto Mitrae”, lembrando o deus dos persas.

Niceto escreveu que certos povos adoraram a Mitra como o deus do fogo, outros como sendo o deus−sol. Júlio Fírmino Materno disse que Mitra era a personificação do deus fogo, enquanto Aquelau considerava−o o deus−sol.

São Paulino descreveu os mistérios de Mitra como sendo os de um deus solar e redentor. Karneki, rei hindo−escita, no começo de nossa era, mandou cunhar moedas em que se vê a efígie de Mitra dentro de um sol radiante. Mitra ainda era representado com um disco solar na cabeça, segurando um globo com a mão esquerda. Do mesmo modo os cristãos representam Jesus Cristo. Era o Senhor. Ao surgir o cristianismo, os cristãos primitivos ainda chamavam o sol de “Dominus”, com o que, lentamente, foi absorvendo o ritual mitráico.

No Egito, o sol era o “Pai Celestial”. Um obelisco trazido para o Circo Máximo de Roma trazia esta inscrição: “O grande Deus, o justo Deus, o todo esplendente”, tendo um sol espargindo seus raios para todos os lados.

Da mesma forma, todos os deuses dos índios americanos pertenciam ao rito solar, assim como os deuses dos hindus, dos chineses e japoneses. Os caldeus, adorando o sol como seu deus, dedicaram−lhe a cidade de Sípara, onde ardia o fogo sagrado, eternamente, em sua honra. Em Edessa e em Palmira foram encontrados templos dedicados ao deus−sol. Orfeu[130] considerava o sol como sendo o deus maior.

Agamenon[131] disse que o sol era o deus que tudo via e de que tudo provinha. Os judeus e os líderes do cristianismo, para a formação deste, só tiveram de adaptar as crenças e rituais antigos a um novo personagem: Jesus Cristo. Toda a roupagem necessária para vestir o novo deus preexistia. Apenas fazia−se necessário amoldá−la um pouco.

Capitulo XV

Jesus Cristo É um Mito Solar

Tendo em vista o completo silêncio histórico a respeito de Jesus Cristo, bem como as evidentes ligações deste com o mito dos deuses−solares, Dupuis escreveu o seguinte: “Um deus nascido de uma virgem, no solstício[132] do inverno, que ressuscita na Páscoa, no equinócio[133] da primavera, depois de haver descido ao inferno; um deus que leva atrás de si doze apóstolos, correspondentes às doze constelações; que põe o homem sob o império da luz, não pode ser mais que um deus solar, copiado de tantos outros deuses heliosísticos em que abundavam as religiões orientais. No céu da esfera armilar dos magos e dos caldeus via−se um menino colocado entre os braços de uma virgem celestial, a que Eratóstenes[134] dá como Ísis, mãe de Horus. Seu nascimento foi a 25 de dezembro. Era a virgem das constelações zodiacais.

Graças aos raios solares, a virgem pôde ser mãe sem deixar de ser virgem... Via−se uma jovem ‘Seclanidas de Darzana’, que em árabe é ‘Adrenadefa’, e significa virgem pura, casta, imaculada e bela... Está assentada e dá de mamar a um filho que alguns chamam de Jesus e, nós, de Cristo”.

Já vimos que Jesus repete todos os mistérios dos deuses solares e redentores, pelo que Heródoto, Plutarco, Lactâncio[135] e Firmico puderam afirmar que esse deus redentor é o sol. De modo que Jesus é apenas mais um deus solar.

Ainda hoje, grande parte do rito cristão é de origem solar. Na Bíblia, encontramos estas palavras: “Deus estabeleceu sua tenda no sol”, e ainda: “Sobre vós que temeis o meu nome, levantar−se−á o sol da justiça e vossa vida estará em seus raios”.

João diz que “o verbo é a lei, a luz e a vida, a luz que Ilumina a vista de todos os mortais, a luz do mundo”. E ainda chama a Jesus de o “cordeiro”, o “Agnus Dei qui tollit peccata mundi”. Com isto, o Apocalipse fez de Jesus o “cordeiro pascal”, e a Igreja adorou−o sob a forma de um cordeiro até o ano de 680. Era o Cristo o Áries zodiacal, vindo de Agnus, com a significação de fogo, o sol condensado.

Origenes justificava a adoração do sol tendo em vista a sua luz sensível e também pelo aspecto espiritual.

Tertuliano reconheceu que o dogma da ressurreição tem sua origem na religião persa de Mitra.

Para S. Crisóstomo, Jesus era o sol da justiça, para Sinésio, o sol intelectual. Fírmico Materno descreveu Jesus baixando ao inferno, esplendente como o sol.

O domingo, o dia do Senhor, o dia do descanso, procede de Dominus, o deus−sol, o Senhor.

Segundo Teodoro e Cirilo, para o maniqueus Cristo era o sol. Os Saturnilianos acreditavam que a alma tinha substância solar, deixando o corpo e voltando para o sol, de onde proviera, após a morte.

O antigo rito do batismo determinava que o catecúmeno voltasse o rosto em primeiro lugar para o ocidente, para retirar de si a satanás, símbolo das trevas. Igualmente, as festas do sábado santo são reminiscências do mito da luta do sol contra as trevas, na Páscoa. As orações desse ofício são cópia dos hinos védicos. A palavra aleluia, que era o grito de alegria dos persas, adoradores do sol, quando na Páscoa festejavam a sua volta, significa: elevado e brilhante.

Foram necessários muitos séculos para que a igreja pudesse alienar um pouco do que lembrava que o seu culto era de um deus solar. Entretanto, a história escrita é inflexível, e demonstra que todos os deuses redentores ou solares foram tão adorados quanto o mitológico Jesus Cristo. E embora tenha havido longas fases em que foram impostos a ferro e fogo, nem por isto deixaram de cair, nada mais sendo hoje do que o pó do passado religioso do homem.

O certo é que Jesus Cristo é mitológico de origem, natureza e significação. O seu surgimento ocorreu para atender à tendência religiosa e mística da maioria, que ainda hoje teme as realidades da vida e, portanto, procura, para orientar−se, algo fora da esfera humana, na esperança de assim conseguir superar a si mesmo e aos obstáculos que surgem quotidianamente.

O cristianismo é produto de tendências naturais de uma época, aproveitadas espertamente pelos líderes do cristianismo. O judeu pobre e oprimido, não tendo para quem apelar, passou a esperar de Deus aquilo que o seu semelhante lhe negava. O sacerdote, valendo−se do deplorável estado de espírito de uma população faminta e, sobretudo, desesperançada, ressuscitou um dentre os velhos deuses para restaurar a esperança do povo judeu. E, assim, surgiu mais um mito solar, mais um deus com todos os atributos divinos, tal como os que antecederam. O novo deus solar em questão é Jesus Cristo.


Capitulo XVI

Outras Fontes do Cristianismo

Conforme temos dito repetidas vezes, o cristianismo tomou por empréstimo tudo quanto se fez necessário à sua formação. Assim, todos os ensinamentos atribuídos a Cristo foram copiados dos povos com os quais os judeus tiveram convivência. A sua moral, a moral que Cristo teria ensinado, aprendeu−a com os filósofos que o antecederam em muitos séculos.

De sorte que não há inovações em nenhum setor ou aspecto do cristianismo. Antigos povos, milênios antes, adoraram seus deuses semelhantemente.

Dentre as máximas adotadas pelo cristianismo, comentaremos a seguinte: “Não faças aos outros o que não queres que a ti seja feito”. Este ensinamento não teria partido de Jesus, conforme pretendem os cristãos, não sendo sequer uma máxima cristã, originariamente. Encontrá−la−emos em Confúcio, e ainda no bramanismo, no budismo e no mazdeismo, fundado por Zoroastro. Era uma orientação filosófica e religiosa, adotada pelos hindus. A originalidade do cristianismo consistiu apenas em criar as penas eternas, um absurdo desumano e irracional. Enquanto isso, o mazdeismo cria a possibilidade de regeneração do pior bandido, admitindo mesmo a sua plena reintegração no seio da sociedade.

O perdão aos inimigos foi, muito antes de Jesus, aconselhado por Pitágoras. Os egípcios religiosos praticavam uma moral muito elevada. No “Livro dos Mortos” encontramos a confissão negativa, de acordo com a qual a alma do morto comparecia ante o tribunal de Osiris e proferia em alta voz as suas más ações.

O sentimento de igualdade e fraternidade para com os homens foi ensinado por Filon. O

cristianismo adotou os seus ensinamentos, atribuindo−os a Jesus. São de Filon as seguintes palavras: “Os que exaltam as grandezas do mundo como sendo um bem, devem ser reprimidos.”; “A distinção humana está na inteligência e na justiça, embora partam do nosso escravo, comprado com o nosso dinheiro.”; “Porque hás de ser sempre orgulhoso e te achares superior aos outros?”; “Quem te trouxe ao mundo? Nu vieste, nu morrerás, não recebendo de Deus senão o tempo entre o nascimento e a morte, para que o apliques na concórdia e na justiça, repudiando todos os vícios e todas as qualidades que tornam o homem um animal”; “A boa vontade e o amor entre os homens são a fonte de todos os bens que podem existir”. Como vemos, não há nada de novo no cristianismo.

Platão salientou a felicidade que existe na prática da virtude. Ensinou a tolerância à injúria e aos maus tratos, e condenou o suicídio. Recomendou o humanismo, a castidade e o pudor, e condenou a volúpia, a vingança e o apego demasiado aos bens. Sua moral baseou−se na exaltação da alma, no desprezo dos sentidos e na vida contemplativa. O Padre Nosso foi copiado de Platão. Quem conhece bem a obra de Platão percebe os traços comuns entre a mesma e o cristianismo. Filon inspirou−se em Platão e, a Igreja, na obra de Filon, que helenizou o judaísmo.

Aristóteles afirmou que a comunidade repousa no amor e na justiça. Admitia a escravatura, mas libertou os seus escravos. Poderiam existir escravos, mas não a seu serviço. A comunidade deveria instruir a todos, independentemente da classe social, com o que ensinou o evangelho aos Evangelhos.

A abolição do sacrifício sangrento não foi introduzida pelo cristianismo. Não lhe cabe tal mérito. Gélon, da Sicília, firmando a paz com os cartagineses, estipulou como condição a supressão do sacrifício de vidas animais aos seus deuses.

Sêneca aconselhava o domínio das paixões, a insensibilidade à dor e ao prazer. Recomendava igualmente a indulgência para com os escravos, dizendo que todos os homens são iguais. Referia−se ao céu como fazem os cristãos, afirmando que todos são filhos de um mesmo pai. Concebia como pátria o Universo. Os homens deveriam se ajudar e se amar mutuamente. Enquanto isso, o humanismo cristão

limitou−se apenas aos irmãos de fé. O bem visa somente a salvação da alma, o que é egoísmo, nunca humanismo. Sêneca manifestou−se contrário à pena de morte; o cristianismo, ao contrario, é responsável por inúmeras execuções. Admitia a tolerância mesmo em face da culpa. Em vez de

perseguir e punir, por que não persuadir, ensinar e converter? Epíteto e Marco Aurélio foram bons professores dos cristãos. Os filósofos greco−romanos foram grandes mestres da moral cristã e da consolação, sem que para isto criassem empresas, negócios ou castas. O cristianismo existente antes de Jesus Cristo já pregava a moral anterior ao martírio do Gólgota. A moral cristã não veio de Jesus Cristo nem dos Evangelhos, mas nasceu da tendência natural para o aperfeiçoamento do homem. Não fosse a destruição sistemática de antigas bibliotecas, determinada pelo clero no intuito de preservar os seus escusos interesses, hoje seria possível patentear com documentos à mão que a moral anterior à cristã era bem melhor do que esta, tendo−lhe servido de modelo. Assim, vê−se que a moral jamais foi patrimônio de castas ou de indivíduos, sendo uma lenta conquista da humanidade, com ou sem religião, e mesmo contra ela. Por isso é que o mundo racionaliza−se continuamente, e avança sempre no sentido do seu aperfeiçoamento. A bondade humana independe da idéia religiosa. A razão ensina−nos o que devemos ao nosso meio social, independentemente da fé e da religião. Para justificar o aparecimento de Jesus, fez−se necessário recorrer a uma moral que, no entanto, já era um patrimônio da humanidade. Jesus nada mais foi do que a materialização de qualidades que já existiam. Por isso, mesmo em moral, Jesus foi ator, não autor. O cristianismo apenas sistematizou e industrializou essa velha moral, estabelecendo−a como um rendoso comércio. A Igreja é responsável pela deturpação dessa moral. Havia a moral pela moral, que foi substituída pela moral bíblica, em que só se é bom para ganhar o céu.

Superpondo−se um grupo empresarialmente forte, extinguiu−se a moral individual.
Capitulo XVII

Judaísmo e Cristianismo

Pesquisas recentes e estudos comparados têm demonstrado que a mitologia judaico−cristã é bem anterior ao próprio judaísmo, quando se percebe que dogmas como o da imortalidade da alma, da ressurreição e do Verbo encarnado são muito anteriores ao cristianismo.

A imortalidade da alma já era multimilenar quando os judeus foram levados cativos para a

Babilônia. Zoroastro ensinara, muito antes, ser a alma imortal, e que essa imortalidade seria produto de uma opção humana. O livre arbítrio levaria o homem a escolher uma vida que o levaria ou não à imortalidade. O erro e o mal produziriam a morte definitiva, a prática do bem, a imortalidade.

Do mesmo modo, na Ciropédia, bem anterior a Zoroastro, lê−se que Ciro, moribundo, disse: “Não creio que a alma que vive em um corpo mortal se extinga desde que saia dele, e que a capacidade de pensar desapareça apenas porque deixou o corpo que não tem como pensar por si mesmo”. Por outro lado Einstein, pouco antes de morrer, declarou não crer que algo sobrasse do ser vivo após a morte.

Os egípcios, os hindus, os sumérios, os hititas e os fenícios criam na imortalidade da alma. A ressurreição foi um dos fundamentos do Zend−Avesta. Zoroastro também ensinou que o fim do mundo seria precedido por um grande acontecimento, a ser predito por profetas. Os persas tiveram os seus profetas, que foram Ascedermani e Ascerdemat, os quais passaram à Bíblia sob os novos nomes de Enock e Elias, entidades míticas, como se vê. Desses mitos surgiram o Talmud e os Evangelhos, o que mostra que, em religião, a idéia original pertence à noite dos tempos.

A doutrina do Verbo já era antiqüíssima no Egito. Deus teria gerado Kneph – a palavra, o Verbo –, que é igual ao pai. Da união de Deus com o Verbo nasceu o fogo, a vida, Fta, a vida de todos os seres.

O monoteísmo e a Santíssima Trindade eram crenças muito antigas na Índia. Os deuses únicos e os deuses secundários são uma velha doutrina oriental. A religião greco−romana já possuía o seu Apolo e Zeus, acolitados por uma porção de deuses secundários. Essas velhas lendas deram origem ao Deus do cristianismo, com toda sua corte de santos e anjos. O politeísmo de há muito vinha caminhando para o monoteísmo. Os gregos já haviam concebido a idéia de um intermediário entre os homens e Júpiter, que era Apolo, tendo−se encarnado para redimir os homens.

Porfírio citou o seguinte oráculo de Serapis: “Deus é antes e depois e ao mesmo tempo, é o Verbo e o Espírito, como um e outro”.

O mundo antigo cria em um Deus único, pai de todas as coisas, afirmou Máximo de Tiro. O povo então já dizia: Deus o sabe! Deus o quer! Deus o abençoe! Os oráculos só se referiam a Deus e não aos deuses.

Os apologistas do cristianismo, tais como Eusébio, Agostinho, Lactâncio, Justino, Atanásio e muitos outros, ensinavam que unidade de Deus era conhecida desde a mais remota antiguidade. Os órficos, inclusive, admitiam−na.

Na Bíblia, ao ser traduzido para o grego e para o latim, o nome de Deus passou a ser muitas vezes Senhor, Dominus, para ficar conforme o nome do Deus−sol do mitraísmo. O amor a Deus foi a base de todas as religiões copiadas pelo judaísmo. Isaías falava de Deus como Pai Celestial. Ezequiel dizia que Deus não queria a morte do pecador, preferindo antes a sua conversão.

O justo viverá eternamente pela fé. São palavras de Habacuc, repetidas por Paulo em Gálatas 3:2. Como vimos, a doutrina do Verbo vem de Platão, tendo sido este o intermediário entre os metafísicos e os cristãos. Foi ele quem concebeu a idéia da separação do corpo e da alma, e pôs aquele na dependência desta. Na sua opinião, a terra era o desterro da alma. Foi o criador do sistema filosófico da decadência moral do homem, fazendo dos sentidos uma ameaça, do mundo um mal, e da eternidade o delírio, o sonho.

Cícero[136] e Sêneca tinham idéias cristãs, mas não conheceram a Jesus Cristo nem ao cristianismo. Agostinho leu as obras de Cícero e trocou o maniqueísmo pelo cristianismo. A Igreja procurou destruir as principais obras de Cícero e de Sêneca para que a posteridade não percebesse que eles não tinham sido cristãos seguidores de Cristo, mas apenas que as suas idéias coincidiam com as que o cristianismo esposou.

O cristianismo nasceu da helenização do judaísmo. Os cristãos terapeutas abandonaram o

judaísmo ortodoxo porque este tinha posto de lado o culto nacional do templo e o sacrifício Pascal, retirando−se para uma vida contemplativa nos montes, longe dos homens e dos negócios. Estabeleceram uma sociedade comunal, considerando o casamento um apego à carne, um empecilho à salvação da alma, com o que proscreveram os principais prazeres da vida, exaltando o celibato e a pobreza, como os essênios, além de aconselhar a caridade.

Eusébio chamou aos terapeutas de cristãos sem Cristo. Para ele, um terapeuta era um autêntico cristão. Isto levou Strauss a escrever: “Os terapeutas, os essênios e os cristãos dão sempre muito o que pensar”. A doutrina dos essênios, a moral dos terapeutas, a encarnação do Verbo, vinda do judaísmo helenizado, é o cristianismo de Filon. Desse modo, Filon foi criador do cristianismo, sem o saber. Ele refere−se ao Verbo nos termos da mitologia egípcia, sem, contudo, mencionar a crença em Jesus Cristo. Salomão fez da sabedoria divina a criação. O Livro da Sabedoria define a natureza desse principio intermediário, transformando o pensamento vago do rei judeu sobre a sabedoria da doutrina do Verbo.

Sirac, em “Eclesiástico”, faz a doutrina do Verbo ser mais precisa: “A sabedoria vem de Deus, estando sempre com ele. Foi criada antes de todas as coisas. A voz da inteligência existe desde o principio. O Verbo de Deus, no mais alto do céu, é a fonte da sabedora”! Filon disse que o Verbo se fizera humano. Segundo ele, Deus era infalível e inacessível à inteligência humana, não nos alcançando senão pela graça divina. Para ele, ainda, o Verbo não era apenas a palavra, mas a imagem visível de Deus. O Verbo seria o Ungido do Senhor, o ideal da natureza, o Adão Celeste, é a doutrina da encarnação do Verbo, tomando a forma humana. O Verbo é o intermediário entre Deus e os homens.

Diz ainda que o Verbo é o pão da vida. Por ai vemos que não foi o Cristo o criador do cristianismo, mas este é que o criou.

Clemente de Alexandria, Origenes ou Paulo, assim como os primeiros padres do cristianismo, jamais se referiram a Jesus Cristo como tendo sido um homem que tivesse caminhado do Horto ao Gólgota, mas tiveram−no apenas como o Verbo, conforme a doutrina de Platão e de Filon.


Capitulo XVIII

O Cristianismo sem Jesus Cristo


Está patente a existência do cristianismo sem Cristo. A existência do clero, por outro lado, foi uma exigência bramânica. Pregando por meio de parábolas, os sacerdotes faziam−se necessários para esclarecer o sentido das mesmas. Justifica−se, assim, o pagamento com as esmolas dos crentes. Ensinavam a religião e apoderavam−se do dinheiro. Suas terras e os templos já eram isentos dos impostos. O sumo−sacerdote não se casava e era venerado como um deus.

No budismo, tanto os bonzos como os mosteiros são mantidos pela comunidade, e os monges, igualmente, não se casam. O Dalai Lama[137] é o Vigário de Deus, o sucessor de Fó, sendo Infalível como o Papa se diz ser. Nos mosteiros todos se chamam de irmãos.

O clero persa era dividido em ordens hierárquicas, e tinha o direito a um décimo da renda da comunidade. Os magos persas, como os profetas judeus, eram puros e não trabalhavam. No Egito, a classe mais alta era a dos sacerdotes. Elegiam o rei e limitavam a sua ação. O povo arrendava as terras do templo. Só o clero ensinava a religião e presidia aos sacrifícios. O regime era teocrata e todos tinham de submeter−se às regras eclesiásticas. O sacerdote era o adivinho, fazia os oráculos, as profecias, os sortilégios e os exorcismos. Afirmava ter força sobre a natureza, para o bem da humanidade.

Os brâmanes[138] procuravam afugentar os malefícios e as maldições. Para isto, cultivam certas plantas, como o lótus e o cânhamo, das quais faziam licores como o “amrita[139]”, que possuía virtudes milagrosas. Tinham as mesmas modalidades de expiação ainda hoje adotadas pelo cristianismo.

As mortificações hindus são as mesmas praticadas pelos cristãos medievais. Certos crentes carregaram durante toda a vida enormes colares de ferro, outros, pesadas correntes de ferro. Alguns se marcavam com o ferro em brasa, avivando a ferida todos os dias. Muitos vão rolando deitados até Benares, pagar ali suas promessas. Também usam sandálias cravadas de finos pregos, os quais entram pelas solas dos pés.

No Egito, os sacerdotes de Ísis açoitavam−se em sua honra, expiando, com isso, suas próprias culpas e as do povo. Entre os gregos havia a água lustral para as expiações e para as propiciações. Os sacerdotes de Dodona feriam−se e os de Diana[140] praticavam tais coisas em seus corpos, que às vezes punham em perigo a própria vida.

Os romanos procuravam livrar−se das calamidades públicas oferecendo aos seus deuses

sacrifícios humanos. Os Indostânicos tornavam−se celibatários, pediam esmolas, jejuavam e isolavam−se do convívio com outras Pessoas.

No budismo, as crianças eram ensinadas a fazer votos de castidade. O governo concedia honras especiais ao que chegavam aos 40 anos castos. No Egito, existiam mosteiros apropriados para os que faziam votos de castidade. Também os sacerdotes de Baco, na Grécia, faziam tais votos. Os sacerdotes de Cibele eram castos e castrados. Em Roma, as vestais viviam em mosteiros, indo para eles até aos seis anos de idade, e juravam não deixar extinguir−se o fogo sagrado e manterem−se virgens. A que faltasse ao juramento seria enterrada viva e, o amante, condenado à morte.

Os budistas consagravam o pão e o vinho, representando o corpo e o sangue de Agni, quando os bonzos aspergiam os crentes. Enquanto aspergem água lustral, cantam hinos ao sol e ao Fogo, o “Kirie Eleison” que os católicos copiaram e cantam ou recitam durante a missa. Inicialmente o sacrifício constava da imolação de uma pessoa, a qual posteriormente foi substituída pela hóstia. Tal como o padre católico, o sacerdote budista também lava as mãos antes das libações. A cerimônia budista é em tudo semelhante à missa da Igreja Católica.

Os persas tinham, em seus ritos religiosos, a eucaristia, ou seja, a mesma oferenda do pão e do vinho que também consta do ritual da missa, bem como o Pater Noster, o Credo e o Confiteor.

Na Grécia, rezava−se pela manhã e à noite. Os etruscos juntavam as mãos quando oravam. Também a confissão lá era praticada pelos persas. O ritual do catolicismo tem muito do ritual mitraico, assim como a vestimenta dos sacerdotes católicos foi copiada do figurino dos sacerdotes de Mitra.

Muitas das religiões pré−cristãs já festejavam a Páscoa e a Natividade. Os persas inclusive

dedicaram um dia aos mortos. E, no dia em que o filho começava a receber instrução religiosa, havia festa na casa dos pais.

Entre os gregos, cada dia da semana era dedicado a um deus. Os Hindus viviam peregrinando de um templo para outro. Criam na existência de dias bons e dias maus, como também em sortilégios e malefícios. Cada pessoa era dedicada a um anjo que a protegia desde o nascimento. Benziam as vacas, os instrumentos agrícolas e animais domésticos.

A história do passado religioso do homem está repleta de virgens puras e belas, que são as mães dos deuses. Maria, mãe de Jesus Cristo, é apenas mais uma dentre tantas outras.

Igualmente, as procissões constituem práticas multimilenares. É antiqüíssima tal modalidade de

culto. Juno e Diana passearam em andores durante muitos séculos. As cidades sempre se enfeitaram à passagem dos santos e dos deuses.

Por aí vemos que nem Jesus nem o cristianismo têm nada de original. A veneração das imagens já era muito anterior ao cristianismo. Por outro lado, o judaísmo, que as baniu, não foi, entretanto, o primeiro a tomar tal atitude. Plutarco disse que os tebanos não as usavam, assim como Numa Pompílio[141] proibiu os romanos de usarem−nas, durante o seu governo. O batismo[142] era uma cerimônia praticada pelos antigos muito antes de se cogitar, sequer, do nome de cristão. Os hindus lavam o recém−nascido em água lustral, dando−lhe um nome de um gênio protetor. Aos oito anos, a criança aprende a recitar os hinos ao Deus Sol[143]. A extrema unção[144] também, de há muito antes do cristianismo, era praticada pelos hindus.

Copiando detalhes dos ritos e cultos de uma grande variedade de seitas, o cristianismo constituiu o seu próprio ritual, tudo girando em torno do Deus−Sol, no qual, por fim, vestiram a roupa de Jesus Cristo.



Todo o conteúdo deste LIVRO possui fins tão somente educacionais


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[1] Baco era o filho do deus olímpico Júpiter e da mortal Sêmele. Deus do vinho, representava seu poder embriagador, suas influências benéficas e sociais. Promotor da civilização, legislador e amante da paz. Líber é seu nome latino e Dioniso é seu equivalente grego.

[2] Vénus ou Vênus é a deusa do panteão (ou panteon) romano, equivalente a Afrodite, no panteão grego. É a deusa do Amor e da Beleza. O seu nome vem acompanhado, por vezes, por epítetos como "Citereia" já que, aquando do seu nascimento, teria passado por Citera, onde era adorada sob este nome.

[3] Ísis era uma deusa da mitologia egípcia. Foi a mulher de Osíris e era filha do deus da terra, Geb, e da deusa do céu, Nut. Era ainda mãe de Hórus e cunhada de Set. Segundo a lenda, Ísis ajudou a procurar o corpo de Osíris, que tinha sido despedaçado por seu irmão, Set. Ísis, a deusa do amor e da mágica, tornou-se a deusa-mãe do Egito.

[4] Osíris era um deus da mitologia egípcia, associado à vegetação e a vida no Além. Oriundo de Busíris, no Baixo Egipto, Osíris foi um dos deuses mais populares do Antigo Egipto, cujo culto remontava às épocas remotas da história egípcia e que continuou até à era Greco-Romana, quando o Egipto perdeu a sua independência política.

[5] Hórus (ou Heru-sa-Aset ou Her'ur ou Hrw ou Hr ou Hor-Hekenu) era o deus egípcio do céu, filho de Osíris e Ísis. Tinha cabeça de falcão e seus olhos representavam o sol e a lua. Matou Seth e tornou-se o rei dos vivos no Egito.Perdeu um olho lutando com Seth, considerado o famoso olho de Hórus,originalmente connhecido como o Olho de Rá,que foi um dos amuletos mais usados no Egito em todas as épocas.Segundo a lenda de Osíris, na sua vingança, Seth arrancou o olho esquerdo de Hórus que foi substituído por este amuleto. Depois da sua recuperação, Horus pode organizar novos combates que o levaram à vitória decisiva sobre Seth.

[6] Atís era o amante humano da deusa Cíbele, deusa do poder de fertilidade da natureza, considerado, por vezes, semi-deus.

[7] Nas mitologias grega e romana, Apolo (em grego, Ἀπόλλων — Apóllōn ou Ἀπέλλων — Apellōn) era um deus filho de Zeus e Leto, e irmão gémeo da deusa Ártemis, da caça. Em época mais tardia foi identificado com Hélios, deus do sol, pois era antes o deus da luz, e por arrastamento, a sua irmã foi identificada com Selene, deusa da lua. Mais tarde ainda, foi conhecido primordialmente como uma divindade solar.

[8] Mitra pertence às mitologias persa, indiana e romana. Na Índia e Pérsia representava a luz (deusa solar). Reprensentava também o bem e a libertação da matéria. Chamavam-na de "Sol Vencedor". Entre os persas, apareceu como filho de Aúra-Masda, deus do bem gerado em uma virgem, a deusa Anahira.



[9] Papa Pio XII, nascido Eugenio Giuseppe Maria Giovanni Pacelli (Roma, 2 de Março de 1876 — 9 de Outubro de 1958) foi Papa do dia 2 de março de 1939 ate a data da sua morte. Foi o primeiro Papa Romano desde 1724.

[10] Sócrates, em grego Σωκράτης, Sōkrátēs, (470 a.C. - 399 a.C.) foi um filósofo ateniense e um dos mais importantes ícones da tradição filosófica ocidental. Acredita-se que tenha sido o fundador da atual Filosofia Ocidental. A fonte mais importante de informação sobre Sócrates é Platão.

[11] Platão de Atenas (428/27 a.C. — 347 a.C.) foi um filósofo grego. Discípulo de Sócrates, fundador da Academia e mestre de Aristóteles. Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Aristócles; Platão era um apelido que, provavelmente, fazia referência à sua caracteristica física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda a sua ampla capacidade intelectual de tratar de diferentes temas. Πλάτος (plátos), em grego significa amplitude, dimensão, largura. Sua filosofia é de grande importância e influência. Platão ocupou-se com vários temas, entre eles ética, política, metafísica e teoria do conhecimento.

[12] Xenófanes de Cólofon (cerca de 570 a.C. - 460 a.C.) filósofo grego nascido em Cólofon, na Jónia. Cedo deixou sua cidade para levar vida errante na qualidade de rapsodo. Acredita-se que tenha passado algum tempo na Sicília e também em Eléia. Segundo a tradição, Xenófanes teria sido mestre de Parmênides de Eléia. Escreveu unicamente em versos em oposição aos filósofos jônios como Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto e Anaxímenes de Mileto.

[13] Euclides de Alexandria (360 a.C. — 295 a.C.) foi um professor, matemático platónico e escritor de origem desconhecida, criador da famosa geometria euclidiana: o espaço euclidiano, imutável, simétrico e geométrico, metáfora do saber na antiguidade clássica, que se manteve incólume no pensamento matemático medieval e renascentista, pois somente nos tempos modernos puderam ser construídos modelos de geometrias não-euclidianas. Teria sido educado em Atenas e freqüentado a Academia de Platão, em pleno florescimento da cultura helenística.

[14] Ésquines (Atenas, cerca de 390 a.C. - Rodes, 314 a.C.), foi um orador ateniense.Pertencia a uma família de poucas posses. Isso, no entanto, não o impediu de casar-se com uma mulher oriunda de uma família muito mais rica. O interesse pela política sempre o acompanhou mas foi somente em 348 a.C. que se lançou como orador. Pronunciou, então, um discurso contra Filipe da Macedônia.

[15] Fédon é o título de uma obra filosófica escrita por Platão que, através de diálogos, relata os últimos ensinamentos do filósofo Sócrates, antes de tomar a cicuta (pois fora condenado à morte pelo Estado).Na obra, Equécrates ao encontrar Fédon pergunta a este quais foram as últimas palavras e ensinamentos do mestre Sócrates antes de morrer e pede que os relate, com a maior exatidão possível. Sócrates fala sobre a morte, a idéia, o destino da alma, dentre outros assuntos.



[16] Georg Wilhelm Friedrich Hegel (Estugarda, 27 de agosto de 1770 — Berlim, 14 de novembro de 1831) foi um filósofo alemão. Recebeu sua formação no "Tübinger Stift" (seminário da Igreja Protestante em Württemberg), onde manteve amizade

com o futuro filósofo Friedrich Schelling.

Deixaram-lhe fascinado as obras de Spinoza, Kant e Rousseau, assim como a Revolução Francesa. Muitos consideram que Hegel representa o cume do movimento alemão no que se refere ao idealismo filosófico do século XIX, e que, devido a ele, houve um impacto profundo no materialismo histórico de Karl Marx.

[17] Babilônia ou Babilónia se refere à capital da antiga Suméria e Acádia, na Mesopotâmia. No moderno Iraque, localiza-se a aproximadamente 80 km ao sul de Bagdád. O nome (Babil ou Babilu em babilônico) significa "Porta de Deus", mas os judeus afirmam que vem do Hebraico Antigo Babel ( בבל ), que significa "confusão". Essa palavra semítica é uma tradução do sumério Kadmirra. Foi provavelmente fundada por volta de 3800 a.C.. Teve um papel significativo na história da Mesopotâmia. O povo babilônico foi muito avançado para a sua época, demonstrando grandes conhecimentos em arquitetura, agricultura, astronomia e direito. Iniciou sua era de império sob o amorita Hamurabi, por volta de 1730 a.C., e manteve-se assim por pouco mais de mil anos. Hamurabi foi o primeiro rei conhecido a codificar leis, utilizando no caso, a linguagem cuneiforme, escrevendo suas leis em tábuas de barro cozido, o que perservou muitos destes textos até os dias atuais. Daí, descobriu-se que a cultura babilônica influenciou em muitos aspectos a cultura moderna, como a divisão do dia em 24 horas, da hora em 60 minutos e daí por diante. Os arameus, assírios e os caldeus lutaram durante séculos pelo controle da Babilônia. O rei assírio Assurbanipal venceu a luta em 648 a.C., e foi sucedido por Nabucodonosor II. Assurbanipal foi o rei que mandou criar a biblioteca de tábuas de barro, escritas em linguagem cuneiforme, que, tendo muitas delas sido preservadas até os dias atuais, permitiu aos arqueólogos descobrirem muitos aspectos da vida política, militar e intelectual desta grande civilização. Com esta descoberta, os textos bíblicos puderam ser separados entre o que era fato e o que era mitológico ou simplesmente propaganda ideológica falsa. Esta descoberta deve-se ao arqueólogo Austen Henry Layard. A "Biblioteca Real" de Assurbanipal consiste de milhares de tabuinhas de barro e fragmentos contendo textos de vários tipos (inscrições reais, crônicas, mitologia, religião, contratos, cartas reais, decretos, documentos administrativos, entre outros) datando do sétimo século A.C. Este tesouro arqueológico foi encontrado em Kuyunjik (onde ficava Nínive, capital da Assíria). Estes textos agora encontram-se, em grande parte, no Museu Britânico, em Londres. Liderados por Nabucodonosor II (que também construiu os Jardins Suspensos da Babilônia, uma das sete maravilhas do mundo antigo), os babilônios destruíram Jerusalém em 586 a.C., levando os judeus ao exílio babilônico. O rei persa Ciro, o Grande, derrotou os babilônicos em 539 a.C., anexando a cidade e libertando os judeus de seu exílio. Após a conquista da Pérsia por Alexandre Magno, este imperador fez de Babilônia sua capital, sendo depois capital dos Selêucidas, mas a cidade foi completamente destruída pelos partos anos mais tarde. Sobre suas ruínas foi construída a cidade de Ctensifon, capital da Pérsia Sassânida. Na cultura hebraica, a Babilônia se tornou um inimigo arquétipo do "povo de Deus". Várias referências à Babilônia ocorrem na Bíblia. A cidade de Babilónia é tida, biblicamente, como símbolo de soberba e idolatria no Novo Testamento.

[18] O Talmud é uma obra que compila discussões rabínicas sobre leis judaicas, tradições, costumes, lendas e histórias. É um detalhamento e comentário das tradições judaicas a partir das leis compiladas por Moisés na Torá, em geral, e na Mishná, no detalhe.O Mishná foi redigido pelos mestres chamados Tannaím ou Tanaítas, termo que deriva da palavra hebraica que significa ensinar ou transmitir (uma tradição). Os Tanaítas viveram entre o século I e o III dC. A primeira codificação é atribuída a Rabi Akivá (50–130), e uma segunda, a Rabi Meír (entre 130 e 160 dC), ambas versões foram escritas no atual idioma aramaico ainda em uso no interior da Síria .

[19] Nabucodonosor II [em acadiano Nabu-cudurri-utsur], (c. 632 a.C.- 562 a. C.), é o filho e sucessor do Rei Nabopolassar, e governou durante 43 anos o Império Neo-babilónico, entre 604 a.C. a 562 a.C.. Não deve ser confundido com Nabucodonosor I. É o mais conhecido governante do Império Neo-babilónio. Casou-se em 612 a.C. com a filha de Ciáxares, rei da Média. Foi sucedido pelo seu filho Evil-Merodaque. Ficou famoso pela conquista do Reino de Judá e pela destruição de Jerusalém e seu Templo em 587 a.C., além de suas monumentais construções na cidade da Babilónia: entre elas, os Jardins Suspensos da Babilônia, que ficaram conhecidos como uma das sete maravilhas do mundo antigo.

[20] Alexandria é uma cidade ao norte do Egito, situada a Oeste do delta do rio Nilo, às margens do Mar Mediterrâneo. É o principal porto do país, a principal cidade comercial e a segunda maior cidade do Egito. Tem cerca de 4.4 milhões de habitantes. A cidade ficou conhecida por causa do empreendimento de tornar-se, na antigüidade, o centro de todo conhecimento do homem, com a criação da Biblioteca de Alexandria. Possui vastas instalações portuárias(embarque de algodão). A parte ocidental do porto ocupa cerca de 900ha e a parte oriente constitui o porto de pesca. Entre estas duas docas está localizada a cidade maometana, com ruas estreitas e bazares. Possui uma universidade e uma escola superior árabe. É a metrópole do comércio egípcio do algodão e centro de inúmeras indústrias. Tem refinaria de petróleo, central térmica, praia e aeroporto.

[21] Os Essênios (Issi'im) ou Essénios, na grafia portuguesa européia, constituíam um grupo ou seita judaica ascética que teve existência desde mais ou menos o ano 150 a.C. até o ano 70 d.C. Estavam relacionados com outros grupos religioso-políticos, como os saduceus. O nome essênio provém do termo sírio asaya, e do aramaico essaya ou essenoí, todos com o significado de médico, passa por orum do grego (grego therapeutés), e, finalmente, por esseni do latim. Também se aceita a forma esseniano. Durante o domínio da Dinastia Hasmonéa, os essênios foram perseguidos. Retiraram-se por isso para o deserto, vivendo em comunidade e em estrito cumprimento da lei mosaica, bem como da dos Profetas. Na Bíblia não há menção sobre eles. Sabemos a seu respeito por Flávio Josefo (historiador oficial judeu) e por Fílon de Alexandria (filósofo judeu). Flávio Josefo relata a divisão dos judeus do Segundo Templo em três grupos principais: Saduceus, Fariseus e Essênios. Os Essênios eram um grupo de separatistas, a partir do qual alguns membros formaram uma comunidade monástica ascética que se isolou no deserto. Acredita-se que a crise que desencadeou esse isolamento do judaísmo ocorreu quando os príncipes Macabeus no poder, Jonathan e Simão, usurparam o ofício do Sumo Sacerdote, consternando os judeus conservadores. Alguns não podiam tolerar a situação e denunciaram os novos governantes. Josefo refere, na ocasião, a existência de cerca de 4000 membros do grupo, espalhados por aldeias e povoações rurais. Adotaram uma série de condutas morais que os diferenciavam dos demais judeus: vestiam-se sempre de branco; aboliam a propriedade privada; eram vegetarianos; contrários ao casamento; tomavam banho antes das refeições; a comida era sujeita a rígidas regras de purificação. Não tinham amos nem escravos. A hierarquia estabelecia-se de acordo com graus de pureza espiritual dos irmãos, os sacerdotes que ocupassem o topo da ordem. Dentre as comunidades, tornou-se conhecida a de Qumran, pelos manuscritos em pergaminhos que levam seu nome, também chamados Pergaminhos do Mar Morto ou Manuscritos do Mar Morto. Segundo Christian Ginsburg (historiador orientalista), os essênios foram os precursores do Cristianismo, pois a maior parte dos ensinamentos de Jesus, o idealismo ético, a pureza espitirual, a abominação a propriedade privada e o coletivismo remetem ao ideal essênio de vida espiritual. A prática da banhar-se com frequência, segundo alguns historiadores, estaria na origem do ritual cristão do Batismo, que era ministrado por São João Batista, às margens do Rio Jordão, próximo a Qumram.

[22] O Purgatório, segundo a Igreja Católica, não é um nível intermédio entre o Inferno e o Paraíso, mas uma última oportunidade de purificação/conversão onde as pessoas que morreram em estado de graça (isto é, já estão destinadas ao paraíso), mas ainda precisariam se preparar para ter capacidade de ver Deus face-a-face no Céu. A sua existência foi teorizada no pontificado do Papa Gregório I, em 593, com base no livro de 2º Macabeus 12.42-46 (que foi considerado apócrifo pelos líderes da Reforma Protestante, dez séculos depois). O Concílio de Florença, realizado em 1439, aprovou a doutrina, que foi confirmada depois no Concílio de Trento, em 1563. Purgatório Judaico, a origem: o conceito de purgatório é mais antigo no Judaismo. A palavra hebraica Guehinom tem duplo sentido e pode significar Purgatório. Alguns sites judeus, como por exemplo o Chabad, informam isso.

[23] Inferno é um termo usado por diferentes religiões, mitologias e filosofias, representando a morada dos mortos, ou lugar de grande sofrimento e de condenação. A origem do termo é latina: infernum, que significa "as profundezas" ou o "mundo inferior". Na mitologia grega, as profundezas correspondiam ao reino de Hades, para onde iam os mortos. Daí ser comum encontrar-se a referência de que Hades era deus dos Infernos. O uso do plural, infernos indica mais o caráter de submundo e mundo das profundezas do que o caráter de lugar de condenação, em geral dado pelo singular, inferno. Distinguindo o lugar dos mortos - o Hades - a mitologia grega também concebeu um lugar de condenação ou de prisão, o Tártaro. A Grolier Universal Encyclopedia(Enciclopédia Universal Grolier, 1971, Vol. 9, p. 205), sob “Inferno”, diz: “Os hindus e os budistas consideram o inferno como lugar de purificação espiritual e de restauração final. A tradição islâmica o considera como um lugar de castigo eterno.” O conceito de sofrimento após a morte é encontrado entre os ensinos religiosos pagãos dos povos antigos da Babilônia e do Egito. As crenças dos babilônios e dos assírios retratavam o “mundo inferior . . . como lugar cheio de horrores, . . . presidido por deuses e demônios de grande força e ferocidade”. Embora os antigos textos religiosos egípcios não ensinem que a queima de qualquer vítima individual prosseguiria eternamente, eles deveras retratam o “Outro Mundo” como tendo “covas de fogo” para “os condenados”. — The Religion of Babylonia and Assyria (A Religião de Babilônia e Assíria), de Morris Jastrow Jr., 1898, p. 581; The Book of the Dead (O Livro dos Mortos), com apresentação de E. Wallis Budge, 1960, pp. 135, 144, 149, 151, 153, 161, 200. Judaísmo No judaísmo, o termo Gehinom (ou Gehena) designa a situação de purificação necessária à alma para que possa entrar no Paraíso - denominado por Gan Eden. Nesse sentido, o inferno na religião e mitologia judaica não é eterno, mas uma condição finita, após a qual a alma está purificada. Outro termo designativo do mundo dos mortos é Sheol, que apresenta essa característica de desolação, silêncio e purificação. A palavra vem de Ceeol, que mais tarde dá origem ao termo sheol, não confundindo com "Geena" que era o nome dado a uma ravina profunda ao sul de Jerusalém, onde sacrifícios humanos eram realizados na época de doutrinas anteriores. Mais tarde, tornou-se uma espécie de lixão da cidade de Jerusalém, frequentemente em chamas devido ao material orgânico. O uso do termo Sheol indica lugar de inconsciência e inexistência, conforme o contexto de Gênesis 37:35 nos mostra e não um lugar de punição. Cristianismo No Cristianismo existem diversas concepções a respeito do inferno, correspondentes às diferentes correntes cristãs. A idéia de que o inferno é um lugar de condenação eterna, tal como se apresenta hoje para diversas correntes cristãs, nem sempre foi e ainda não é consenso entre os cristãos. Nos primeiros séculos do cristianismo, houve quem defendesse que a permanência da alma no inferno era temporária, uma vez que inferno significa "sepultura", de onde, segundo os Evangelhos, a pessoa pode sair quando da ressurreição. Essa idéia é defendida hoje por várias correntes cristãs. Catolicismo Para a corrente católica, conduzida pela Igreja Católica Apostólica Romana, o inferno é eterno e corresponde a um dos chamados novíssimos: a morte, o juízo final, o inferno e o paraíso. Protestantismo Para muitas das denominações protestantes, o inferno não é simplesmente um lugar destituído da presença de Deus, é antes um lugar de tormento e sofrimento. A interpretação bíblica protestante afirma que, após a morte, o espírito, uma vez no inferno, não poderá mais sair, assim como em relação ao paraíso (céu), não existindo forma de cruzar a fronteira que separa estes dois locais. Há ainda outra visão dentro do cristianismo não-católico, que coloca a morte como um sono, um estado sem consciência (Eclesiastes 9:5; Jó 14:21; João 11:11-14), de forma que, consequentemente, os ímpios mortos não estão no inferno nem os salvos mortos no céu, mas aguardando a segunda vinda de Cristo, quando então os salvos entrarão para o céu, que é eterno, e os ímpios entrarão no lago de fogo (Apocalipse 20:15), que durará até que eles sejam consumidos (Miquéias 4:3). Segundo esta interpretação, o inferno é um lugar preparado para a punição de Satanás, seus anjos e seus seguidores (Mateus 25:41), ao contrário da visão comum que coloca Satanás como dominante do inferno. Testemunhas de Jeová Para as Testemunhas de Jeová, O inferno de fogo como lugar literal de tortura das pessoas iníquas é rejeitado. Citam na Bíblia, os termos normalmente traduzidos por "inferno", Hades (Bíblia) [termo grego] e Seol [ou Sheol, termo hebraico], significando "sepultura" ou "lugar dos mortos". Também no caso de Geena [termo grego] com a ideia de destruição e aniquilação eterna.(Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas). Citam Atos 2:27, onde Jesus desceu ao Inferno (Hades ou Seol) e foi ressuscitado . As Testemunhas de Jeová acreditam que após a ressurreição dos mortos, os pecados anteriores não lhes serão imputados, mas poderão recomeçar a vida escolhendo voluntariamente servir a Deus e alcançar assim a salvação. Espiritismo Cristão O inferno segundo a visão do Espiritismo apresentado por Allan Kardec, é um estado de consciência da pessoa que incorre em ações contrárias às estabelecidas pelas Leis morais, as quais estão esculpidas na consciência de cada pessoa. Em termos físicos elas se acham apresentadas nos ensinos teóricos e práticos apresentadas pelos mensageiros de Deus, como Buda, Maomé, etc.; enviados aos homens, nos diversos tempos da humanidade e, mais aperfeiçoadas por Jesus Cristo. Uma vez tendo a criatura a sua consciência “ferida”, passa a viver em desajuste mais ou menos significativo de acordo com o grau de gravidade de suas ações infelizes, e se estampam através de desequilíbrios Espiritual, emocional, psicológico ou até mesmo orgânico. Esta situação lhe causa terríveis dissabores. Ainda na carne, se a criatura não evita ações menos felizes, buscando vivência saudável de acordo com as Leis Cósmicas e Divinas (Leis Morais), ela possivelmente vai morrer nesta circunstância e naturalmente flutuará para Plano Espiritual ou incorpóreo, onde agrupam outras almas, Espíritos, que trazem conturbações conscienciais semelhantes. Afins, atraem afins. Os Planos Espirituais de sofrimentos são inumeráveis e, guardam níveis de sofrimentos diferenciados, cujos níveis são estabelecidos pelos tipos de degradação da consciência, resultantes das ações perpetradas por cada criatura. Há de convir que quando na carne (antes da morte), a criatura já se encontrava ligada telepaticamente à região Espiritual, através de seus fios mentais, gerados pelo tipo de ação infeliz consolidada. Na carne ela já passa a sofrer os reflexos das dores e dissabores existentes em tal e ou tais região (ões). Por tanto o Inferno na visão espírita, como região criada por Deus para sofrimento eterno da criatura e geograficamente constituído, não existe. Se um dia todas estas criaturas sofredoras na erraticidade regenerarem-se, estas regiões deixarão de existir. É como se todos os paciente de um manicômio terrestre forem curados; o hospital poderá ser demolido e ceder o seu espaço a um jardim, etc. Deus não imputa pena eterna a nenhum de seus filhos. Podem Sofrer, enquanto não despertarem para o Bem e se proporem a trilhar o reto caminho. Um dia mais cedo ou mais tarde Ele, O Criador, na Sua Misericórdia e Amor, concederá à criatura sofredora retorno à carne para continuar o seu aprendizado e aperfeiçoamento. Estes conceitos são encontros em O Livro dos Espíritos editado em Abril de 1857 na sua quarta parte e, no livro O Céu E O Inferno editado em 1865. Ambas obras tendo como autor, Allan Kardec. Islamismo No Islã, o inferno é eterno, consistindo em sete portões pelos quais entram as várias categorias de condenados, sejam eles muçulmanos injustos ou não-muçulmanos. Budismo De certo modo, todo o samsara é um lugar de sofrimento para o budismo, visto que em qualquer reino do samsara existe sofrimento. Entretanto, em alguns reinos, o sofrimento é maior correspondendo à noção de inferno como lugar ou situação de maior sofrimento e menor oportunidade de alcançar a liberação do samsara. Por esse motivo, muitas vezes expressam-se esses mundos de sofrimento maior como infernos. Nenhum renascimento em um inferno é eterno, embora o tempo da mente nessas situações possa ser contado em eras. Contam-se dezoito formas de infernos, sendo oito quentes, oito frios e mais dois infernos que são, na verdade, duas subcategorias de infernos: os da vizinhança dos infernos quentes e o infernos efêmeros. Além desses dezoito que constituem o "Reino dos Infernos", pelo sofrimento, o "Reino dos Fantasmas Famintos" é comparável à noção de inferno, sendo constituído de estados de consciência de forte privação - como fome ou sede - sem que haja possibilidade de saciar essa privação. No budismo, o renascimento em um inferno é uma conseqüência das virtudes e não-virtudes praticadas, de acordo com a verdade relativa do karma. Entretanto, alguns poucos atos podem, por si, conduzir a um renascimento nos infernos, principalmente o ato de matar um Buda e o ato de matar o próprio pai ou a própria mãe. A meditação sobre os infernos deve gerar compaixão

Inferno como arquétipo contemporâneo A fusão entre paixão, desejo, pecado e condenação envolvida na imagem do Inferno permitiram ao imaginário contemporâneo imaginar antes lugar de prazer e de servidão ao prazer do que propriamente de sofrimento ou purificação. O fenômeno é bem observado na cultura cristã que, no seguimento dos esforços aplicados às ideias de purificação do monoteísmo, condenou as divindades mais materiais da fertilidade, das paixões e da energia sexual, o que literalmente as transformou em demônios. Assim, os arquétipos da paixão e do prazer ficaram associados ao do inferno, com a conseqüente mudança de sentido e de atração sobre a imaginação. Outras correntes de pensamento actuais, curiosamente também com base na cultura católica-cristã, demonstram a sua opinião de inferno não como um local físico, mas antes como um estado de espírito, indo ao encontro da ideia preconizada por diversas correntes filosófico-religiosas partidárias da reencarnação. Mudanças No Sentido da Palavra Inferno O Dicionário Expositivo de Palavras do Velho e do Novo Testamento diz a respeito do uso de inferno para traduzir as palavras originais do hebraico Sheol e do grego Hades (Bíblia): Hades . . . Corresponde a Sheol no Antigo Testamento. Na Versão Autorizada do A.T. e do N. T., foi vertido de modo infeliz por Inferno.[1] A Enciclopédia da Collier diz a respeito de Inferno: Primeiro representa o hebraico Seol do Antigo Testamento, e o grego Hades, da Septuaginta e do Novo Testamento. Visto que Seol, nos tempos do Antigo Testamento, se referia simplesmente à habitação dos mortos e não sugeria distinções morais, a palavra ‘inferno’, conforme entendida atualmente, não é uma tradução feliz.[2] O Terceiro Novo Dicionário Internacional de Webster diz: Devido ao entendimento atual da palavra inferno (Latim Infernus) é que ela constitui uma maneira tão infeliz de verter estas palavras bíblicas originais. A palavra inferno não transmitia assim, originalmente, nenhuma idéia de calor ou de tormento, mas simplesmente de um lugar coberto ou oculto (de . . . helan, esconder).[3] A Enciclopédia Americana diz: Muita confusão e muitos mal-entendidos foram causados pelo fato de os primitivos tradutores da Bíblia terem traduzido persistentemente o hebraico Seol e o grego Hades e Geena pela palavra inferno. A simples transliteração destas palavras por parte dos tradutores das edições revistas da Bíblia não bastou para eliminar apreciavelmente esta confusão e equívoco.[4] O significado atribuído à palavra inferno atualmente é o representado em A Divina Comédia de Dante[5], e no Paraíso Perdido de Milton[6], significado este completamente alheio à definição original da palavra. A idéia dum inferno de tormento ardente, porém, remonta a uma época muito anterior a Dante ou a Milton.







[24] Flávio Josefo, Flávio José ou Flavius Josephus , nascido Yosef Ben-Matityahu (c. Jerusalém 37 ou 38 – Roma c. 100 ou 103) é um conhecido historiador judeu do século I. Todas as informações disponíveis sobre Flávio Josefo são oriundas de sua auto-biografia. De acordo com esta teria nascido em Yirushalayim (Jerusalém) em uma família de cohanim onde teria recebido uma educação sólida na Torá. Posteriormente teria por conta própria estudado com os saduceus, os fariseus e os essênios optando por aderir ao farisaísmo. Em 64 seguiu numa embaixada a Roma onde defenderia com êxito a causa de alguns sacerdotes hebreus condenados pelo procônsul romano Félix. Retornando a Judéia, Flávio buscou persuadir os judeus para que não se rebelassem contra Roma devido ao poderio militar destes. Porém com o início da revolta em 66, Josefo foi considerado um especialista nas questões políticas e foi enviado como governador militar da Galiléia pelo San’hedrin ( Sinédrio) assumindo o supremo comando . Desaveio-se violentamente com os extremistas patrióticos, acusado de tendência à contemporização. Depois de participar de vários combates, em 67 as tropas de Vespasiano tomam Jotápa na Galiléia, e Josefo com quarenta homens esconde-se em uma cisterna. O esconderijo é descoberto e Vespasiano propõe que se rendam em troca que lhes poupe a vida. Os judeus preferem a morte a se entregarem aos romanos, e passam a lançar sorte para que um matassem o outro até todos terem morrido. Em circunstâncias não bem esclarecidas, sobram apenas Josefo e mais um homem, a quem convence de entregarem-se aos romanos. Ao se entregar Josefo prediz que Vespasiano tornar-se-ia imperador, o que acontecendo em seguida, faz com que Vespasiano liberte Josefo. Josefo assume o nome romano de seu protetor Flávio Vespasiano e recebendo a cidadania romana, uma pensão em Roma, assim como o livre acesso à corte de Tito e de Domiciano. Devido a sua adesão aos romanos, até os dias de hoje Flávio Josefo é considerado traidor do povo judeu.

[25] O escritor hebreu,Justo de Tiberiades, compôs a história dos hebreus desde Moisés até fins do ano 50 da era Cristã, não cita, sequer, o nome de Jesus Cristo.

[26] Fílon de Alexandria (grego: Φίλων ο Αλεξανδρινός Fílon o Alexandrinós, hebraico פילון האלכסנדרוני, Pilon ha-Alexandroni) foi um filósofo judeo-helenista (25 a.C. - c. 50) que viveu durante o período do helenismo. Tentou uma interpretação do antigo testamento à luz das categorias elaboradas pela filosofia grega e da alegoria. Foi autor de numerosas obras filosóficas e históricas, onde expôs a sua visão platónica do judaísmo.

[27] Publius, ou Caius, Cornelius Tacitus, Públio Cornélio Tácito ou simplemente Tácito, (55 - 120 d.C.), historiador romano, foi questor, pretor (88), cônsul (97), procônsul da Ásia (aprox. 110-113) e orador. É considerado um dos maiores historiadores da Antiguidade.

[28] Caio Suetônio Tranquilo, em latim Gaius Suetonius Tranquillus, ou simplesmente Suetónio, foi um grande escritor latino que nasceu em 69 da era cristã, em Roma e faleceu por volta de 141. Suetónio foi um grande estudioso dos costumes de sua gente e de seu tempo e escreveu um grande volume de obras eruditas, nas quais descrevia os principais personagens da época. Foi, sobretudo, um indiscreto devassador das intimidades da corte romana, dando-nos uma visão íntima dos vícios dos imperadores e das picuinhas que dividiam a nobreza.

[29] Caius Plinius Cecilius Secundus (Como 61 ou 62 - ? 114), sobrinho de Plínio, o Velho, que o adotou, foi orador insígne (Panegírico de Trajano, 100), jurista, político e administrador imperial na Bitínia (111-112). Estava com seu tio no dia da grande erupção do Vesúvio (79 d.C.), mas recusou-se a acompanhá-lo de barco até o vulcão em erupção. Seus escritos sobre esse dia, no qual Pompéia se afogou em cinzas, são o principal documento escrito que versam a respeito de como sucedeu tal erupção. Hoje, as erupções desse tipo são chamadas de erupções plinianas. Plínio, o Novo, enquanto procônsul na Ásia Menor, em 111 d.C. escreve uma carta ao imperador Trajano em que cita os cristãos, constituindo-se esta em um dos mais antigos documentos não neotestamentários sobre a igreja primitiva.

[30] Tibério Cláudio Nero César (em Latim: Tiberius Claudius Nero Cæsar) (16 de Novembro, 42 a.C. - 16 de Março, 37 d.C.), foi imperador romano de 14 até à sua morte. Foi o segundo imperador de Roma pertencente à dinastia Julio-Claudiana, sucedendo ao padrasto César Augusto. Tibério pertencia à família Claudii da aristocracia romana e era filho de Tiberius Claudius Nero e de Livia Drusilla, sendo irmão de Druso. A sua mãe separou-se do pai enquanto ele e o irmão eram bastante jovens, para casar com o imperador Augusto. Subsequentemente, Augusto adoptou-o como filho e, apesar de algumas hesitações, nomeou-o sucessor. À medida que foi crescendo, Augusto confiou-lhe tarefas de maior responsabilidade, até que se tornou no general supremo das legiões estacionadas na Germânia Inferior, um dos postos mais importantes do império. Em 12 a.C., Tibério é obrigado a divorciar-se da sua mulher Vipsânia (filha de Marcos Vipsânio Agripa) para casar com a herdeira de Augusto, Júlia Cesaris. Uma vez que Tibério gostava bastante da primeira mulher, este casamento esteve condenado ao fracasso desde o início. Talvez por este motivo, a relação com o padrasto e agora sogro esfriou e Augusto passou a preferir Germânico, um dos sobrinhos de Tibério. Numa manobra calculada, Tibério exilou-se em Rhodes, sob o pretexto de querer estudar retórica. Acaba por regressar vários anos depois, na altura da morte dos netos de Augusto (filhos de Júlia e Agripa), dada a vontade do imperador em nomeá-lo como herdeiro. Tibério sucede no trono imperial em 14, com o nome de Tibério César Augusto (Tiberius Caesar Augustus), mas descobre que as legiões do Reno se tinham amotinado por preferirem o seu comandante - Germânico - como sucessor. A rebelião foi travada pelo próprio aclamado, que não pretendia roubar o trono ao tio. No entanto Tibério passou a evitar o sobrinho e, quando este morre em 19 em circunstâncias estranhas, foi um dos principais suspeitos. Pouco tempo depois da subida ao trono, a natureza instável de Tibério revelou-se. Entrou em conflito aberto com a mãe, Livia Drusa, recusando-lhe a parte que lhe cabia da herança de Augusto e outros previlégios concedidos. Paranóico por conspirações, retirou-se para a ilha de Capri de onde governou até ao fim do reinado. Atrás de si, deixava o controlo de Roma nas mãos do ambicioso Sejanus, o líder da guarda pretoriana. Iniciou-se então uma onda de terror, com o assassinato e proscrição de muitos senadores importantes, homens de negócios e membros da família imperial. A viúva de Germânico, Agripina e os seus dois filhos mais velhos Nero e Druso César, foram exilados e assassinados por ordem de Tibério. Tibério tinha uma vida pessoal de costumes duvidosos, mesmo para a sua época. Segundo Suetônio, era pedófilo, e recrutava crianças para lhe servirem de lacaios em suas cerimônias pervetidas e lascivas. Gostava de banhar-se com tais crianças em piscinas particulares, e fantasiar que elas eram peixes lhe satisfazendo. Um dos lacaios de Tibério foi, ironicamente, seu sobrinho-neto que iria suceder-lhe o trono, Calígula. Tais depravações chocaram os romanos quando surgiram à tona, o que agravou ainda mais a sua já delicada situação política. O facto de ter mandado matar a maioria dos descendentes de Germânico sob pretextos ridículos contribuiu também para a negra noção que Tibério deixou para a História. Não obstante todas as insinuações acerca da sua vida privada, Tibério foi um grande administrador, tendo multiplicado em muito o dinheiro deixado por Augusto e tendo preservado a "Pax Romana". O facto de chegar a ser avarento, não dando jogos ao povo romano, como era costume, contribuiu mais para o ódio em que a sua figura incorreu. Sejanus acabou por cair em desgraça e ser executado em 31, depois de descoberto um plano para depôr Tibério, o que só aumentou a paranóia do imperador e induziu nova série de proscrições. Quando Tibério morreu, o povo respirou aliviado. Em Roma, a multidão gritou: Tiberius ad Tiberim (Tibério ao Tibre!). Tibério morreu de causas naturais em 37, deixando o império ao sobrinho-neto Calígula e ao neto Tibério Gemelo. Pouco tempo depois, Calígula manda matar o primo e torna-se no único imperador.

[31] Serápis ou Serápio (Osíres-Ápis) é o deus egípcio principal do tempo das dinastias gregas dos Ptolomeus, posteriores à ocupação do país por Alexandre Magno.

[32] Pilatos, também conhecido simplesmente como Pilatos (em latim, Pontius Pilatus), foi Procurador da província romana da Judéia entre os anos 26 e 36. Foi o juiz que, de acordo com a Bíblia, após ter lavado as mãos, condenou Jesus a morrer na cruz, apesar de não ter Nele encontrado nenhuma culpa. Os evangelhos citam que Pilatos era ferrenho inimigo de Herodes Antipas, mas ficaram amigos após este ter recebido Cristo das mãos de Pilatos em face da origem de Cristo ser a Galiléia. Eusébio de Cesaréia, em sua História Eclesiástica, afirma que Pilatos caiu em desgraça junto ao imperador e cometeu suicídio por volta do ano 37 d.C.. Hoje os estudiosos afirmam que o título que melhor corresponderia a Pilatos seria o de prefeito e não governador.

[33] Joseph Ernest Renan (Tréguier, 28 de fevereiro de 1823 — Paris, 2 de outubro de 1892) foi um escritor, filósofo, filólogo e historiador francês. Joseph-Enest Renan (1823-1892) Filólogo e historiador francês, nascido em Tréguier (regiões do norte). Morre em Paris em 1892. Filho de um capitão em formação, perde seu pai aos 5 anos e é educado por sua mãe e sua irmã Henriette. Fez seus estudos no colégio eclesiástico de sua cidade natal. Em 1838 ele obteve uma bolsa no pequeno seminário de Saint-Nicolas-du- Chardonnet, em Paris. Passou de lá para a casa de Issy (1841-1843), depois para Saint-Sulpice em Paris, onde aprendeu hebraico.

[34] Arthur Ignatius Conan Doyle (22 de Maio de 1859, em Edimburgo, Escócia - 7 de Julho de 1930, em Windlesham, Sussex, Inglaterra), mais conhecido como Sir Arthur Conan Doyle, foi um escritor britânico, mundialmente famoso por suas 60 histórias sobre o detetive Sherlock Holmes, que foram consideradas uma grande inovação no campo da literatura criminal. Foi um escritor prolífico cujos trabalhos incluem histórias de ficção científica, novelas históricas, peças e romances, poesia e obras de não-ficção. Arthur Conan Doyle viveu e escreveu parte de suas obras em Southsea, um bairro elegante de Portsmouth.

[35] Johann Wolfgang von Goethe (Frankfurt am Main, 28 de Agosto de 1749 — Weimar, 22 de Março de 1832) foi um escritor alemão, além de cientista, filósofo e botânico. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX. Juntamente com Schiller foi um dos líderes do movimento literário romântico alemão Sturm und Drang. Como botânico descreveu a Planta Primordial, em sua obra A Metamorfose das Plantas.

[36] Jean Guitton nasceu em 1901, em Saint-Etienne-France. Filósofo, professor, escritor, pintor, era membro da Academia Francesa de Letras e da Academia de Ciências Morais e Políticas. JeanGuitton, com a sua formação cristã, lega à Filosofia Contemporânea um espaço investigativo capaz de dialogar com os seus leitores sobre as dúvidas que obliteram o espírito humano em busca do divino. Denominar esta biblioteca com o nome de Jean Guitton é revelar a estreita ligação entre Dom Luciano Duarte, o filósofo, aluno de Sorbonne e o mestre Jean Guitton.



[37] Os Livros apócrifos (Apokruphoi, secreto) são os livros escritos por comunidades cristãs e pré-cristãs (ou seja, há livros apócrifos do Antigo Testamento) nos quais os pastores e a primeira comunidade cristã não reconheceram a Pessoa e os ensinamentos de Jesus Cristo e, portanto, não foram incluídos no cânon bíblico. Na doutrina evangélica/protestante são chamados por apócrifos os livros que fazem parte da lista do Antigo Testamento, normalmente encontrado na Bíblia utilizada pela Igreja Católica Romana. A terminologia teológica católica/ortodoxa para os mesmos é deuterocanônicos, isto é, os livros que foram reconhecidos como canônicos em um segundo (do grego, deutero significa segundo) momento. Para os católicos, e para muitos historiadores, estes livros datam de muito tempo após a vida de Jesus, sendo alguns deles escritos mais de 200 anos após a morte e ressureição, não podendo ser considerados fidedignos, ou seja, nem tudo o que neles fora escrito narra com precisão a verdade. Foram escritos principalmente com dois objetivos: Cristãos levados por uma piedosa curiosidade e excessiva imaginação sobre dados da vida do Senhor não relatados nos Evangelhos ou membros das seitas gnósticas que queriam difundir suas doutrinas. Alguns deles, foram retirados do Cânon Católico por demonstrar um Cristo diferenciado dos demais Evangelhos, mostrando-o exclusivamente como Deus, sem as limitações e sentimentos humanos, o que tornaria a passagem pela morte algo fácil de ser cumprido, diminuindo assim, o tamanho do Sacrifício realizado pelo Salvador; em outros, entretanto, a imagem de Cristo é excessivamente mundana e em desacordo com a imagem passada pelos quatro evangelhos mais antigos e fidedignos. Muitos textos seculares citam erroneamente os textos Apócrifos, como por exemplo o livro e filme "O Código da Vinci", que utiliza fatos não encontrados nestes, para criar a ilusão necessária à trama do filme, visto que são poucos os que conhecem, mesmo que parcialmente, algo contido nestes textos.

[38] O feudalismo foi um modo de produção baseado nas relações servo-contratuais (servis) de produção. Tem suas origens na desintegração da escravidão romana. Predominou na Europa durante a Idade Média. Segundo o teórico escocês do iluminismo, Lord Kames, o feudalismo é geralmente precedido pelo nomadismo e em certas zonas do mundo pode ser sucedido pelo capitalismo. Os senhores feudais conseguiam as terras porque o rei dava-as para eles. Os camponeses cuidavam da agropecuária dos feudos e em troca eles recebiam um pedaço de terra e também estavam protegidos dos bárbaros. Quando os servos iam para o manso senhorial, atravessando a ponte, tinham que pagar um pedágio, exceto quando iam cuidar das terras do Senhor Feudal. Com a decadência e a destruição do Império Romano do Ocidente, por volta do século V d.C. (de 401 a 500), como conseqüência das inúmeras invasões dos povos bárbaros e das más políticas econômicas dos imperadores, várias regiões da Europa passaram a apresentar baixa densidade populacional e baixo desenvolvimento urbano. Isso ocorria devido às mortes provocadas pelas guerras, às doenças e à insegurança existentes logo após o fim do Império Romano. A partir do século V d.C., entra-se na chamada Idade Média, mas o sistema feudal (Feudalismo) somente passa a vigorar em alguns países da Europa Ocidental a partir do século IX d.C., aproximadamente. O esfacelamento do Império Romano do Ocidente e as invasões bárbaras que estavam em diversas regiões da Europa favoreceram sensivelmente as mudanças econômicas e sociais que vão sendo introduzidas, principalmente na Europa Ocidental, e que alteram completamente o sistema de propriedade e de produção característicos da Antigüidade. Essas mudanças acabam revelando um novo sistema econômico, político e social que veio a se chamar Feudalismo. O Feudalismo não coincide com o início da Idade Média (século V d.C.), porque esse sistema começa a ser delineado alguns séculos antes do início dessa etapa histórica (mais precisamente, durante o início do século IV), consolidando-se definitivamente ao término do Império Carolíngeo, no século IX d.C. Em suma, com a decadência do Império Romano e as invasões bárbaras, os nobres romanos começaram a se afastar das cidades levando consigo camponeses (com medo de serem saqueados ou escravizados). Já na Idade Média, com vários povos bárbaros dominando a Europa Medieval, foi impossível unirem-se entre si e entre os descendentes de nobres romanos, que eram donos de pequenos agrupamentos de terra. E com as reformas culturais ocorridas nesse meio-tempo, começou a surgir a idéia de uma nova economia: o feudalismo.

[39] François-Marie Arouet (21 de Novembro de 1694, Paris - 30 de Março de 1778, Paris), mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire, foi um poeta, ensaísta, dramaturgo, filósofo e historiador iluminista francês. Iniciado maçom no dia 7 de abril de 1778, na Loja Maçônica "Les Neuf Soeurs", da cidade Paris. Voltaire foi um teórico sistemático, mas um propagandista e polemista, que atacou com veemência todos os abusos praticados pelo Antigo Regime. Tinha a visão de que não importava o tamanho de um monarca, deveria antes de punir um servo, passar por todos os processos legais, e só então executar a pena, se assim consentido por lei. Se um príncipe simplesmente punisse, e regesse de acordo com o seu bem-estar seria apenas mais um "salteador de estrada ao qual se chama de 'Sua Majestade'". As idéias presentes nos escritos de Voltaire, estruturam uma teoria coerente, que em muitos aspectos expressa a perspectiva do Iluminismo. Defendia a submissão ao domínio da lei, baseava-se em sua convicção de que o poder devia ser exercido de maneira racional e benéfica. Por ter convivido com a liberdade inglesa, não acreditava que um governo, e um Estado ideais justos e tolerantes, fossem utópicos. Não era um democrata, e acreditava que as pessoas comuns estavam curvadas ao fanatismo e à superstição. Para ele, a sociedade devia ser reformada mediante o progresso da razão e o incentivo à ciência e tecnologia. Introduziu várias reformas na França, como a liberdade de imprensa, um sistema imparcial de justiça criminal, tolerância religiosa, tributação proporcional e redução dos previlégios da nobreza e do clero.

[40] O Código de Hamurabi é um dos mais antigos conjuntos de leis já encontrados, e um dos exemplos mais bem preservados deste tipo de documento da antiga Mesopotâmia. Segundo os cálculos, estima-se que tenha sido elaborado por Hamurabi por volta de 1700 a.C.. O código de Hamurabi expõe as leis e punições caso estas não sejam respeitadas. A ênfase é dada ao roubo, agricultura, criação de gado, danos à propriedade, assim como ssassinato, morte e injúria. A punição ou pena é diferente para cada classe social. As leis não toleram desculpas ou explicações para erros ou falhas: o código era exposto livremente à vista de todos, de modo que ninguém pudesse alegar ignorância da lei como desculpa. No entanto, poucas pessoas sabiam ler naquela época (com exceção dos escribas). Os artigos do Código de Hamurabi fixam, assim, as diferentes regras da vida quotidiana, entre outras: a hierarquia da sociedade divide-se em três grupos: os homens livres, os subalternos e os escravos; os preços: os honorários dos médicos variam de acordo com a classe social do enfermo; os salários variam segundo a natureza dos trabalhos realizados; a responsabilidade profissional: um arquiteto que construir uma casa que se desmorone, causando a morte de seus ocupantes, é condenado à morte; o funcionamento judiciário: a justiça é estabelecida pelos tribunais, as decisões devem ser escritas, e é possível apelar ao rei; as penas: a escala das penas é descrita segundo os delitos e crimes cometidos. A lei do talião é a base desta escala.

[41] Susa (ou Šuša) era uma antiga cidade do Próximo Oriente, capital do Elão e que fez também parte dos impérios babilónio, persa e parto, localizada cerca de 250 quilómetros a oriente do Rio Tigre, no que é hoje o sudoeste do Irão. É actualmente um grande campo arqueológico, e uma cidade com o seu antigo nome (Shush) situa-se nas proximidades.

[42] Constantino I, Constantino Magno ou Constantino, o Grande ( em latim Flavius Valerius Constantinus), (272 - 22 de Maio de 337), foi proclamado Augusto pelas suas tropas em 25 de Julho de 306 e governou uma porção crescente do Império Romano até à sua morte. Nascido em Naissus, na Alta Dácia (actual Roménia), filho de Constâncio Cloro (ou Constâncio I Cloro) e da filha de um dono de uma albergaria, Helena de Constantinopla, Constantino teve uma boa educação e serviu no tribunal de Diocleciano depois do seu pai ter sido nomeado um dos dois Césares, na altura um imperador júnior, na Tetrarquia em 293. Face à morte de seu pai em 306, ele conseguiu viajar até ao seu leito de morte em Eburacum (atual York). Nos dezoito anos seguintes combateu uma série de batalhas e guerras que o fizeram o governador supremo do Império Romano. Constantino é talvez melhor conhecido por ter sido o primeiro imperador romano a confirmar o cristianismo, na seqüência da sua vitória da Batalha da Ponte Mílvio, perto de Roma, que ele mais tarde atribuiu ao Deus cristão, pois na noite anterior da batalha sonhou com uma cruz, e nela estava escrito "sob este símbolo venceras", e de manhã, um pouco antes da batalha, mandou que pintassem uma cruz nos escudos dos soldados e conseguiu um vitória esmagadora sobre o inimigo. A sua adoção do cristianismo pode também ser resultado de influência familiar. Helena já terá com grande probabilidade nascido cristã e demonstrou grande piedade no fim da sua vida. Constantino legalizou e apoiou fortemente a cristandade por volta do tempo em que se tornou imperador, com o Édito de Milão, mas também não tornou o paganismo ilegal ou fez do cristianismo a religião estatal. Apesar de a Igreja ter prosperado sob o auspício de Constantino, ela própria decaiu no primeiro de muitos cismas públicos. Constantino convocou o concílio de Niceia afim de unificar a Igreja cristã pois com as divergências desta, o seu trono poderia estar ameaçado, duas questões principais foram discutidas no concílio de Nicéia a questão da Heresia Ariana que dizia que Cristo não era divino mas o mais perfeito das criaturas, e também a data da páscoa pois até então não havia um consenso sobre isso. Constantino só foi baptizado e cristianizado no final da vida. Ironicamente, Constantino poderá ter favorecido o lado perdedor da questão Ariana, uma vez que ele foi baptizado por um bispo Ariano, Eusébio de Nicomedia. Mas apesar de seu batismo, há duvidas se realmente ele se tornou Cristão. Ele nunca abandonou sua adoração com relação ao deus Sol (Deus Sol Invicto), tanto que em suas moedas Constantino manteve como simbolo principal o sol. A Enciclopédia Católica diz: “Constantino favoreceu de modo igual ambas as religiões. Como sumo pontífice ele velou pela adoração pagã e protegeu seus direitos.” E a Enciclopédia Hídria observa: “Constantino nunca se tornou cristão”. “Eusébio de Cesaréia, que escreveu a biografia dele, diz que ele se tornou cristão nos últimos momentos da vida. Isso não é convicente, visto que no dia anterior, Constantino fizera um sacrifício a Zeus porque também tinha o título de Sumo Pontífice.” Até o dia da sua morte, em 337 EC, Constantino usou o título pagão de Sumo Pontífice, o chefe supremo em assuntos religiosos.O imperador romano Constantino influenciou em grande parte na inclusão na igreja cristã de dogmas baseados em tradições. Uma das mais conhecidas foi o Édito de Constantino, promulgado em 321, que determinou oficialmente o domingo como dia de repouso, com exceção dos lavradores. Um historiador competente que se especializou neste período da história é Edward Gibbon, autor do livro clássico sobre a "A história do declínio e queda do império romano" A sua vitória em 312 sobre Maxêncio na Batalha da Ponte Mílvio resultou na sua ascensão ao título de Augusto Ocidental, ou soberano da totalidade da metade ocidental do império. Ele consolidou gradualmente a sua superioridade militar sobre os seus rivais com o esfarelamento da Tetrarquia até 324, quando ele derrotou o imperador oriental Licínio, tornando-se imperador único. Constantino reconstruiu a antiga cidade grega de Bizâncio, chamando-a de Nova Roma, dotando-a de um senado e ministérios cívicos semelhantes aos da antiga Roma. Após a sua morte foi renomeada de Constantinopla, tendo-se gradualmente tornado a capital do império. Um anos depois do Concílio de Niceia (325), Constantino mandou matar seu próprio filho Crispus. Sufocaria depois sua mulher Fausta num banho sobreaquecido. Mandou também estrangular o marido de sua irmã, e chicotear até à morte o filho de sua irmã.

[43] Odisséia (em Portugal escreve-se Odisseia) (em grego, OΔΥΣΣΕΙΑΣ — ODYSSEIAS, na transliteração) é um poema de nostos (palavra grega que significa "regresso", de onde deriva a palavra portuguesa "nostalgia") em 24 cantos atribuído, tal como a Ilíada, a Homero. A atribuição da autoria constitui aquilo a que se chama Questão Homérica. O livro segue os eventos da viagem do rei Odisseu, de Ítaca, que voltava da guerra de Tróia.

[44] Priene (hoje Güllübahçe, Turquia) foi uma cidade da Jônia sita no vale do rio Meandro, frente a Mileto, na Anatólia Ocidental. A origem e fundação da cidade é atribuida lendáriamente aos carianos, população nativa da região. De acordo com outras fontes, os Jónios terão chegado no século XI a.C. e a cidade terá sido fundada por Egeu de Atenas ou Philotas de Tebas. A cidade foi uma das mais influentes da Liga ou Confederação Jónica e tomou parte nas celebrações e festivais em honra de Poseidon Heliconios. No século VII a.C. foi dominada pelos Lídios e no século VI a.C. foi conquistada pelos Persas. Priene contribuiu com 12 navios trirremes para a batalha que teve lugar em Lade no ano 494 a.C., onde 353 trirremes jonios foram derrotados por 600 navios persas. Dario I vingou-se arrazando a cidade. Uma nova cidade foi construida em 350 a.C.. Já nessa altura distava um pouco do mar por causa dos aluviões do rio Meandro e a sua atividade maritima fazia-se através do pequeno porto de Naulocus. A cidade estava unida a Atenas e nunca teve verdadeira independência politica. No século IV a.C., Alexandre dedicou na cidade um templo a Atena. A cidade foi ocupada pelos Gauleses no ano 277 a.C. e, depois de passar pelas mãos dos Selêucidas foi incorporada pelo rei Atalo ao reino de Pérgamo. Em 129 a.C. Priene tornou-se parte da provincia romana da Ásia Menor. Foi saqueada por Mitridates, rei do Ponto, em 88 e 84 a.C., mas recuperou a prosperidade sob o imperador Augusto, cujo culto era praticado no templo de Atena. Ficando a cada vez maior distância do mar, a cidade entrou em declinio. Aparece ainda na época bizantina como sede de um bispado e no século XIV foi conquistada pelos turcos, tornando-se uma cidade sem importância. Em Priene nasceu Bias, um dos sete sábios da antiguidade. Quando Priene estava cercada pelos Persas e os cidadãos tentavam salvar tudo o que tinham de valioso, Bias permaneceu imóvel. Perguntaram-lhe se não tinha riquezas que quisesse salvar do inimigo e ele respondeu: "A minha riqueza está na minha cabeça." Outro ilustre nascido em Priene foi o famoso escultor Arquelau.

[45] Jônia (Ιωνία, em grego) era uma região da costa sudoeste da Anatólia, atual Turquia. Ficava entre Mileto e Fócia, e era banhada pelo mar Egeu (e não pelo mar Jônico, como se pode pensar). Segundo [[]], Quios, Mileto, Éfeso, Colofon, Mionte, Priente, Lebedos, Teos, Clazomenes, Éritras e Fócia. Posteriormente Esmirna juntou-se às cidades jônicas. Foi a região de origem de um grupo de pensadores conhecidos como pré-socráticos. Era também a região onde ficava Tróia, e também o local de nascimento de Homero.

[46] Alexandria é uma cidade ao norte do Egito, situada a Oeste do delta do rio Nilo, às margens do Mar Mediterrâneo. É o principal porto do país, a principal cidade comercial e a segunda maior cidade do Egito. Tem cerca de 4.4 milhões de habitantes. A cidade ficou conhecida por causa do empreendimento de tornar-se, na antigüidade, o centro de todo conhecimento do homem, com a criação da Biblioteca de Alexandria. Possui vastas instalações portuárias(embarque de algodão). A parte ocidental do porto ocupa cerca de 900ha e a parte oriente constitui o porto de pesca. Entre estas duas docas está localizada a cidade maometana, com ruas estreitas e bazares. Possui uma universidade e uma escola superior árabe. É a metrópole do comércio egípcio do algodão e centro de inúmeras indústrias. Tem refinaria de petróleo, central térmica, praia e aeroporto.

[47] Justino de Roma (Flávia Neápolis, c. 100 — Roma, c. 165). Seu lugar de nascimento foi Flávia Neápolis, na Síria-Palestina, ou Samaria. A educação infantil de Justino incluiu retórica, poesia e história. Como jovem adulto mostrou interesse por filosofia e estudou primeiro estoicismo e platonismo. Justino foi introduzido na fé diretamente por um velho homem que o envolveu numa discussão sobre problemas filosóficos e então lhe falou sobre Jesus. Ele falou a Justino sobre os profetas que vieram antes dos filósofos, ele disse, e que falou "como confiável testemunha da verdade". Eles profetizaram a vinda de Cristo e suas profecias se cumpriram em Jesus. Justino disse depois que "meu espírito foi imediatamente posto no fogo e uma afeição pelos profetas e para aqueles que são amigos de Cristo, tomaram conta de mim; enquanto ponderava nestas palavras, descobri que a sua era a única filosofia segura e útil...é meu desejo que todos tivessem os mesmos sentimentos que eu e nunca desprezassem as palavras do Salvador." Justino buscou cristãos que lhe ensinaram história e doutrina cristã e então "se consagrou totalmente a expansão e defesa da religião cristã." Justino continuou usando a capa que o identificava como filósofo e ensinou estudantes em Éfeso e depois em Roma. Nota que "ele entrava em debates com não-cristãos de todas as variedades, pagãos, judeus e hereges." Escreveu *APOLOGIA* expondo os princípios do cristianismo. A convicção de Justino da verdade do Cristo era tão completa que ele teve morte de mártir por volta do ano 165. Eusébio de Cesaréia, o historiador da Igreja antiga, disse que foi denunciado por um filósofo cínico chamado Crescêncio com quem entrou num debate pouco antes de sua morte. Justino foi decapitado junto com seis de seus alunos.

[48] Marcião de Sinope (circa 110-160) foi um teólogo cristão e fundador do que veio depois a ser chamado marcionismo. Inicialmente Marcião era filho de um bispo da Igreja, mas depois se separou dela por causa de suas discordâncias doutrinárias. Alguns sustentam a teoria de que foi por causa de imoralidade, então foi expulso. As visões sobre Marcião variam muito. Adolf von Harnack chamou-o de "primeiro protestante" enquanto que Policarpo de Esmirna chamou-o de "primogênito de satanás". É considerado o primeiro crítico bíblico. Considerava que o Deus vingativo do Antigo Testamento não poderia ser o mesmo Deus amoroso a que Jesus se referia como Pai, e por isso, achava que só o Novo Testamento interessaria aos cristãos. Mas Marcião também não aceitava os quatro evangelhos canônicos, pois os considerava corruptos, cheios de falsificações. Na doutrina de Marcião havia assim um Deus bom e um Deus mau. O primeiro ficava em um plano superior. Num plano abaixo na criação estava o Deus venerado pelos hebreus, a qual Marcião chama de Deus da Lei. Em um terceiro plano estavam os anjos (ou arcontes) e o quarto e último plano era "Hyle" (matéria em grego). O Cristo havia sido enviado pelo Deus bom para libertar as almas do plano material. Foi o primeiro a citar o nome do apóstolo Paulo em suas 140 cartas. Junto com Valentim e Basilides, Marcião é considerado um dos grandes doutrinadores gnósticos. Algumas idéias de Marcião reapareceram entre os bogomilos e os cátaros nos séculos XII e XIII.

[49] Friedrich Engels foi um filósofo alemão que junto com Karl Marx fundou o chamado socialismo científico ou marxismo. Ele foi co-autor de diversas obras com Marx, sendo que a mais conhecida é o Manifesto Comunista. Também ajudou a publicar, após a morte de Marx, os dois últimos volumes de O Capital, principal obra de seu amigo e colaborador. Grande companheiro de Karl Marx, escreveu livros de profunda análise social. Entre dezembro de 1847 à janeiro de 1848, junto com Marx, escreve o Manifesto Comunista. Sem dúvida nenhuma, Engels foi um filósofo como poucos: soube analisar a sociedade de forma muito eficiente, influenciando diversos autores marxistas.

[50] Ebionismo (do hebraico אביונים, Evyonim, "pobres") é o nome de uma das ramificações do Cristianismo primitivo, que pregava que Jesus de Nazaré não teria vindo abolir a Torá como prega a doutrina paulina. Desta forma, pregavam que tanto judeus como gentios convertidos deveriam seguir os mandamentos da Torá, o que levou a um choque com outras ramificações do Cristianismo e do Judaísmo. As informações sobre os ebionitas ficaram registradas nos escritos dos pais da igreja. Pelas informações que constam nos escritos dos pais da igreja, vemos que os ebionitas diziam que é necessário obedecer a todos os mandamentos da Lei de Deus (Torá), inclusive ao mandamento de fazer a circuncisão, e que os gentios que se convertem a Deus devem fazer a circuncisão, e devem obedecer a todos os mandamentos da Lei de Deus (Torá), e que Jesus Cristo é o Messias, mas não é Deus, e que Jesus Cristo não nasceu de uma virgem, mas sim foi gerado por José, e que Paulo de Tarso foi um apóstata da Lei e não foi um verdadeiro apóstolo de Jesus Cristo, e que as Escrituras Sagradas são somente o Tanach (Antigo Testamento) e um único evangelho, que era considerado como sendo o Evangelho segundo Mateus, e era escrito em hebraico, e era menor do que o Evangelho segundo Mateus em grego que é usado pelos católicos, pois os católicos o consideravam como sendo incompleto e truncado. Os trechos dos livros dos pais da igreja que falam sobre os ebionitas são os seguintes: 1) Inácio, Epístola aos Filadelfenses, capítulo VI.2) Irineu, Contra Heresias 1:26:1-2. 3) Irineu, Contra Heresias 3:11:7. 4) Irineu, Contra Heresias, 3:21:1. 5) Irineu, Contra Heresias 4:33:4. 6) Irineu, Contra Heresias 5:1:3. 7) Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica 3:27. 8) Tertuliano, Apêndice, Contra Todas as Heresias, capítulo III. 9) Hipólito, Contra Heresias 7:22. 10) Orígenes, Filocalia, 1:24. 11) Orígenes, Comentário sobre Mateus 11:12. 12) Orígenes, Contra Celso 5:61. 13) Orígenes, Contra Celso 5:65. 14) Jerônimo, Carta para Agostinho 4:13. 15) Jerônimo, Carta para Agostinho, 4:16. 16) Agostinho, Carta para Jerônimo, 3:16. 17) Epifânio, Contra as Heresias, 29:9.

[51] Martinho Lutero (em alemão: Martin Luther ou Martin Luder) (Eisleben, 10 de novembro de 1483 — Eisleben, 18 de fevereiro de 1546) foi um teólogo alemão. É considerado o pai espiritual da Reforma Protestante.

[52] Santo Ireneu de Lião, em grego Εἰρηναῖος [pacífico], em latim Irenaeus, (ca. 130 — 202) foi um Padre da Igreja, teólogo e escritor cristão que nasceu, segundo se crê, na província romana da Ásia Proconsular - a parte mais ocidental da actual Turquia - provavelmente Esmirna. A Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa consideram-no "santo", comemorado, pela primeira, a 28 de Junho e pela última a 23 de Agosto.

[53] Tertuliano, o mais importante e original dos escritores latinos, tirando Agostinho de Hipona, nasceu por volta de 155, em Cartago, filho de pagãos. Formou-se como jurista e exerceu advocacia em Roma. Converteu-se ao Cristianismo por 193, e estabeleceu-se em Cartago, pondo a sua erudição ao serviço da fé. A partir de 207 passou ao montanismo, e permaneceu separado da Igreja até à morte, ocorrida por volta de 222. De temperamento violento e enérgico, quase fanático, lutador empedernido, todos os seus escritos são polémicos. Este temperamento, impressionado com o exemplo dos mártires, que o levou à conversão, permite compreender a sua passagem ao montanismo.

[54] Didaquê (Διδαχń em grego clássico) ou Instrução dos Doze Apóstolos, é um escrito do primeiro século que trata do catecismo cristão. Didaquê significa doutrina, instrução. É constituído de dezesseis capítulos, e apesar de ser uma obra pequena, é de grande valor histórico e teológico. O título lembra a referência de Atos 2,42: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos ...”. Estudiosos estimam que são escritos anteriores a destruição do templo de Jerusalém, entre os anos 60 e 70 d.C. Outros estimam que foi escrito entre os anos 70 e 90 d.C., contudo são coesos quanto a origem sendo na Palestina ou Síria. Quanto a sua autenticidade, é de senso comum que o mesmo não tenha sido escrito pelos doze apóstolos, ainda que o título do escrito faça menção aos mesmos; mas estudiosos acreditam na compilação de fontes orais tendo recebido tais ensinos que resultaram na elaboração do mesmo. Também é senso comum que tenha sido escrito por mais de uma pessoa. O texto foi mencionado por escritores antigos, inclusive por Eusébio de Cesaréia que viveu no século III, em seu livro "História Eclesiástica", mas a descoberta desse manuscrito, na íntegra, em grego, num códice do século XI ( ano 1056 ) ocorreu somente em 1873 num mosteiro em Constantinopla. Nos escritos da Didaquê, além da catequese e liturgia cristã, o evangelho de Jesus é recomendado. A Didaquê também cita a oração do “Pai Nosso” como sendo “ensinada pelo Senhor” e finda com a afirmação em consonância com o livro Apocalipse, do Novo Testamento, de que Jesus voltará: “ ... conforme foi dito: "O Senhor virá e todos os santos estarão com ele". Então o mundo assistirá o Senhor chegando sobre as nuvens do céu.” [Didaquê 16:7,8] Nos escritos da Didaquê também são reforçados o batismo no nome do Pai, Filho e Espírito Santo [7:1,3], sendo argumento para os que aceitam o dogma da Trindade, contrapondo-se a defesa dos não trinitários de que não existiam escritos cristãos do primeiro século que defendessem o batismo no nome de Jesus. A respeito de Jesus, ainda sobre o batismo, diz: “Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor, pois sobre isso o Senhor [Jesus] disse: "Não dêem as coisas santas aos cães".” [9,5]Tais escritos também sustentam argumentos de que existiam escritos do primeiro século apoiando a defesa da tese teológica de que Jesus é Deus. Sobre questões polêmicas como o batismo, adverte para o batismo em imersão; sendo admitido por aspersão na inexistência de água corrente. Nos escritos da Didaquê há uma similaridade quando se referencia hora ao Pai como o Senhor [Didaquê 10] e hora a Jesus como o Senhor [Didaquê 16], o que é aceito por alguns a interposição entre as duas pessoas. Também fazendo a distinção de pessoa chamando Jesus de servo do Pai.[9,3] A Didaquê faz registro da celebração da eucaristia no domingo (dia do Senhor): "Reuni-vos no dia do Senhor, para romperdes o pão e dardes graças" [Didaquê 14,1]. A Didaquê cita diretamente ou faz menção indireta a diversos livros do novo testamento: sendo Mateus, Lucas, I Epístola aos Coríntios, Hebreus, I Epístola da Pedro, Atos dos Apóstolos, Romanos, Efésios, Carta aos Tessalonicenses e Apocalipse.

[55] O maior erudito da Igreja antiga - segundo J. Quasten - nasceu de uma famíla cristã egípcia e teve como mestre Clemente de Alexandria. Assumiu, em 203, a direção da escola catequética em Alexandria - que havia sido fundada por um estóico chamado Panteno que se havia convertido à mensagem de Cristo - atraindo muitos jovens estudantes pelo seu carisma, conhecimento e virtudes pessoais. Depois de ter também frequentado, desde 205, a escola de Amônio Sacas - fundador do neo-platonismo e mestre de Plotino -, apercebeu-se da necessidade do conhecimento apurado dos grandes filósofos. No decurso de uma viagem à Grécia, no ano de 230, foi ordenado sacerdote na Palestina pelos bispos Alexandre de Jerusalém e Teoctisto de Cesaréia. Em 231, Orígenes foi forçado a abandonar Alexandria devido à animosidade que o bispo Demétrio lhe devotava pelo facto de se ter feito eunuco no sentido literal e físico desta palavra. Orígenes, então, passou a morar num lugar onde Jesus havia, muitas vezes, estado: Cesareia, na Palestina, onde prosseguiu suas atividades com grande sucesso abrindo a chamada Escola de Cesareia. Na sequência da onda de perseguição aos cristãos, ordenada por Décio, Orígenes foi preso e torturado, o que lhe causou a morte, por volta de 253.

[56] Lucius Annaeus Seneca (Córdova, 4 a.C. — Roma, 65 d.C.), melhor conhecido como Séneca (ou Sêneca), o moço, o filósofo, ou ainda, Séneca o jovem. A obra literária e filosófica de Sêneca, tido como modelo do pensador estóico durante o Renascimento, inspirou o desenvolvimento da tragédia na Europa. Oriundo de família ilustre, era o segundo filho de Helvia e de Marcus Lucius Annaeus Seneca (Séneca, o Velho). O pai era um orador eloquente e muito abastado. O irmão mais velho de Lucius chamava-se Gallio e era procônsul (administrador público) em Acaia, onde em 53 d.C. se encontrou com o apóstolo Paulo. Séneca, o Jovem, foi tio do poeta Lucano. Ainda criança, foi enviado a Roma para estudar oratória e filosofia. Com a saúde abalada pelo rigor dos estudos, passou uma temporada no Egito para se recuperar e regressou a Roma por volta do ano 31 da era cristã. Nessa ocasião, iniciou carreira como orador e advogado e logo chegou ao Senado. Em 41 envolveu-se num processo por causa de uma ligação com Julia Livila, sobrinha do imperador Cláudio, que o desterrou. No exílio, Séneca dedicou-se aos estudos e redigiu vários de seus principais tratados filosóficos, entre os três intitulados Consolationes (Consolos), em que expõe os ideais estóicos clássicos de renúncia aos bens materiais e busca da tranqüilidade da alma mediante o conhecimento e a contemplação. Por influência de Agripina a jovem, sobrinha do imperador e uma das mulheres com quem este se casou, Sêneca retornou a Roma em 49. Agripina tornou-o preceptor de seu filho, o jovem Nero, e elevou-o a pretor em 50. Seneca contraiu matrimônio com Pompeia Paulina e organizou um poderoso grupo de amigos. Logo após a morte de Cláudio, ocorrida em 54, o escritor vingou-se com um escrito que foi considerado obra-prima das sátiras romanas, Apocolocyntosis divi Claudii (Transformação em abóbora do divino Claudius). Nessa obra, Seneca critica o autoritarismo do imperador e narra como ele é recusado pelos deuses. Quando Nero tornou-se imperador, Sêneca converteu-se em seu principal conselheiro e tentou orientá-lo para uma política justa e humanitária. Durante algum tempo, exerceu influência benéfica sobre o jovem, mas aos poucos foi forçado a adotar atitudes de complacência. Chegou mesmo a redigir uma carta ao Senado na qual justificava a execução de Agripina em 59. Foi então muito criticado pela fraca oposição à tirania e à acumulação de riquezas, incompatíveis com as concepções estóicas. Seneca retirou-se da vida pública em 62. Entre seus últimos textos estão a compilação científica Naturales quaestiones (Problemas naturais), os tratados De tranquillitate animi (Sobre a tranqüilidade da alma), De vita beata (Sobre a vida beata) e, talvez sua obra mais profunda, as Epistolae morales dirigidas a Lucilius, em que reúne conselhos estóicos e elementos epicuristas na pregação de uma fraternidade universal mais tarde considerada próxima ao cristianismo. No ano 65 d.C., Séneca foi acusado de ter participado na conspiração de Pisão, na qual o assassínio de Nero teria sido planejado. Sem qualquer julgamento, foi obrigado a cometer o suicídio. Na presença dos seus amigos cortou os pulsos, com o ânimo sereno que defendia em sua filosofia. Tácito relatou a morte de Séneca e da mulher, que também cortou os pulsos. Nero, com medo da repercussão negativa dessa dupla morte, mandou que médicos a tratassem, e ela sobreviveu ao marido alguns anos.

[57] Nero Cláudio César Augusto Germânico ou Nero Claudius Cæsar Augustus Germanicus (15 de Dezembro 37 - 9 de Junho 68) foi o quinto Imperador Romano entre 54 e 68. Nascido em Âncio com o nome de Lúcio Domício Enobarbo, era descendente de uma das principais famílias romanas, pelo pai Gneu Domício Enobarbo (Gnæus Domitius Ænobarbus, do latim Ahenus: de cobre, ruivo + barba) e da família imperial Júlio-Claudiana através da mãe Agripina, a Jovem, filha de Germânico e neta de César Augusto. A ascensão política de Nero começa quando Agripina incentiva o marido, o imperador Cláudio, a adotá-lo e escolhê-lo seu sucessor, após desmoralizar os partidários de Britânico, filho de Cláudio, e seduzir seu próprio filho a se casar com Otávia, filha do imperador. Quando Cláudio, sogro e padrastro de Nero, morreu em 68, provavelmente suicidando-se. Nero foi proclamado imperador sem oposição. Segundo a historiografia tradicional, no início foi um bom governante, sob orientação de sua mãe, do seu preceptor o filósofo Sêneca e do prefeito pretoriano Burrus. Quando começou a sofrer influência do prefeito do pretório Ofônio Tigelino, sua conduta degenerou-se. A paranóia que marcara já a personalidade dos seus antecessores Tibério e Calígula, foi se instalando em Nero. Desencadeou uma série de assassinatos, incluindo do próprio Britânico (em 55), da sua mãe Agripina (em 59, após várias tentativas) e de sua esposa (em 62). Afastou-se de Sêneca e foi acusado de ter provocado, em 64, o grande incêndio de Roma, que destruiu dois terços da cidade, na esperança de reconstruí-la com esplendor. A pretexto do desastre, Nero iniciou a primeira e intensa perseguição aos cristãos. Embora se acreditasse que Nero foi o responsável, os estudiosos atuais duvidam da veracidade da acusação. Para Massimo Fini, as calúnias contra Nero foram inventadas por Tácito, Suetônio e historiadores cristãos. Fato é que os cristãos, não sem razão, atribuem-lhe a figura de protótipo do anticristo, pois foi em seu reinado que os cristãos sofreram sua primeira grande perseguição e São Pedro, assim como São Paulo foram martirizados, o primeiro crucificado no muro central do Circo de Nero e o segundo, por ser cidadão Romano, decapitado na Via Ostiense. Os historiadores modernos tentam reabilitar sem muito êxito a figura desumana e matricida deste imperador, afirmando, entre outras inverdades, que Nero não promovia lutas de gladiadores; promovia, isto sim, competições musicais e teatrais, porém outros historiadores dizem que não é verdade posto que mandou concluir um circo, iniciado por Calígula, chamado de Circo de Nero, no qual, além dos referidos eventos, os cristãos eram entregues a molossos e eram promovidas lutas entre gladiadores. Além de ter ordenado a morte de sua esposa Otávia, assassinou sua segunda mulher Popéia, que estava grávida, com um chute na barriga. Como e não bastassem tais crimes, uniu-se maritalmente com o eunuco Sporus e determinou a morte da própria mãe. Nero, que foi proclamado imperador de Roma aos 17 anos. Mandou assassinar ou executar muitos de seus inimigos políticos, bem como sua mãe pelas críticas que esta fazia à sua amante. Nero considerava-se um artista e desejava ser tratado como tal. Ficaram famosas as suas festas e banquetes em que obrigava não somente a corte como também o povo a ouvir os seus poemas e cantigas. É também conhecida a sua entrega à libertinagem e a gabar-se de pretensos dotes artísticos e de cavalaria, instituiu os jogos chamados Juvenália e Neronis, e exibia-se nos teatros e nos circos como histrião. Dentro do grupo dos seus libertinos amigos de então, contava-se Marco Sálvio Otho, futuro imperador. Nero favoreceu cultos orientais estranhos à tradição romana e recorreu fartamente aos processos por traição para confiscar bens dos ricos e nobres como forma de compensar o tesouro dos seus excessos. Sua crueldade e irresponsabilidade provocaram o descontentamento no meio militar e a oposição da aristocracia e o início da disseminação de revoltas em 65. A sua resposta foi violenta e deu origem a nova onda de assassinatos e execuçoes da qual foram vítimas, entre outros, Sêneca e o poeta Lucano. Nero considerava-se um artista e um visionário religioso. Após uma rebelião das legiões, o Senado declarou-o inimigo público e Nero suicidou-se. Em 68, a sua situação como imperador era insustentável. Sérvio Sulpício Galba, o governador da província romana da Hispania, decidiu tomar a iniciativa e marchou contra Roma, à frente de um enorme exército. O Senado seguiu o rumo dos acontecimentos e declarou Nero nefas e persona non grata, o que na prática o tornava num inimigo público, e reconheceu Galba como novo imperador. Sem apoio de nenhum dos quadrantes de Roma, Nero foi obrigado a fugir. Perseguido pela guarda pretoriana, acabou por se suicidar. Seus funerais foram feitos pela ex-escrava Claudia Acte, a única pessoa que lhe permanecera fiel. Nero foi o último imperador da Dinastia Julio-Claudiana. A sua morte sugeriu um período de paz, mas por pouco tempo. 69 d.C. foi dominado pela guerra civil e ficou conhecido como o ano dos quatro imperadores. A paz e estabilidade política chegariam apenas com Vespasiano e com a Dinastia Flaviana.

[58] Zelote era o membro dos zelotes, seita e partido político judaico que desencadeou a revolta da Judéia à época de Tito (imperador romano, regn. 79-81); o nome significa zelador. Os zelotes constituíam a ala radical dos fariseus e preconizavam Deus como o único dirigente, o soberano da nação judaica, opondo-se à dominação romana. O nome "zelote" vem exatamente da palavra "zêlo", significando que esses homens tinham excessivo zêlo por Deus. Zelote (no grego, zẽlõtẽs) – Um dos doze apóstolos de Jesus é Chamado ‘Simão, o zelote’ (Lc. 6:15 e At 1:13), ou por causa de seu zeloso temperamento ou por causa ou por causa de alguma anterior associação com o partido dos zelotes. Paulo explica de si mesmo que fora um zelote religioso (At 22:3; Gl 1:14), enquanto que os muitos membros da igreja de Jerusalém são descritos como ‘todos são zelosos da lei’ (At 21:20). O partido dos zelotes, descrito por Josefo como a ‘quarta filosofia’ entre os judeus, foi fundada por Judas, o Galileu, que liderou uma revolta contra os romanos, em 6 d.C. Eles se opunham ao pagamento de tributo dos israelitas a um imperador pagão, fundamentados na alegação que isso era uma traição contra Deus, o verdadeiro Rei de Israel. Foram apelidados de zelotes por haverem seguido o exemplo de Matatias e seus filhos e seguidores que manifestaram seu zelo pela a lei de Deus, quando Antíoco IV tentou suprimir a religião judaíca, bem como a exemplo de Finéias, que exibiu um zelo comparável em um período de apostasia por parte de alguns, no deserto (Nm 25:11; Sl 106:30). E, quando a revolta de 6 d.C. foi esmagada, os seguidores conservaram vivo o seu espírito contrário aos romanos durante sessenta anos. Os membros da família de Judas eram os líderes dos zelotes; dois de seus filhos foram crucificados pelo procurador Alexandre, em cerca de 46 d.C. enquanto que um terceiro filho, Manaém, procurou tomar a liderança da revolta anti-romana de 66 d.C.. Os zelotes se mostraram ativos durante toda a guerra de 66-73 d.C.; o último baluarte dos zelotes, Massada, caiu em maio de 73 d.C., mas até mesmo depois disso o espírito dos zelotes não ficou completamente abafado.

[59] Caius Plinius Cecilius Secundus (Como 61 ou 62 - ? 114), sobrinho de Plínio, o Velho, que o adotou, foi orador insígne (Panegírico de Trajano, 100), jurista, político e administrador imperial na Bitínia (111-112). Estava com seu tio no dia da grande erupção do Vesúvio (79 d.C.), mas recusou-se a acompanhá-lo de barco até o vulcão em erupção. Seus escritos sobre esse dia, no qual Pompéia se afogou em cinzas, são o principal documento escrito que versam a respeito de como sucedeu tal erupção. Hoje, as erupções desse tipo são chamadas de erupções plinianas. Plínio, o Novo, enquanto procônsul na Ásia Menor, em 111 d.C. escreve uma carta ao imperador Trajano em que cita os cristãos, constituindo-se esta em um dos mais antigos documentos não neotestamentários sobre a igreja primitiva: "...[os cristãos] têm como hábito reunir-se em uma dia fixo, antes do nascer do sol, e dirigir palavras a Cristo como se este fosse um deus; eles mesmos fazem um juramento, de não cometer qualquer crime, nem cometer roubo ou saque, ou adultério, nem quebrar sua palavra, e nem negar um depósito quando exigido. Após fazerem isto, despedem-se e se encontram novamente para a refeição..." (Plínio, Epístola 97).

[60] Bitínia formava uma província romana na parte setentrional da Ásia Menor (corresponde a moderna Turquia Asiática). Estava situada no que agora é o NO da Turquia, estendendo-se para o Leste de Istambul, ao longo do litoral meridional do Mar Negro. Esta província surge várias vezes referida como Bitínia e Ponto. O cristianismo na província Segundo o Novo Testamento, na segunda viagem missionária, o apóstolo Paulo, na companhia de Timóteo e Silas, fez empenho de viajar para a Bitínia, mas uma revelação divina o teria mandado ir para Macedônia (Atos 16:7). Não se menciona esta região como um campo missionário durante a era apostólica. Já havia uma comunidade cristã quando apóstolo Pedro escreveu a sua primeira epístola canónica, por volta de 62–64 d.C. (I Pedro 1:1). Plínio, o Moço, Governador de Bitínia, ao escrever ao Imperador Trajano menciona muitos cristãos na província, declarando que, no começo do século II, o cristianismo não se confinava apenas às cidades, mas se havia espalhado "também às aldeias e aos distritos rurais". (As Cartas de Plínio, X, XCVI, 9)

[61] Flavius Petrus Sabbatius Iustinianus, ou simplesmente Justiniano I (Taurésio - 11 de Maio de 483; Constantinopla - 13 ou 14 de Novembro de 565), foi Imperador Romano do Oriente desde 1 de Agosto de 527 até à sua morte. Apesar de pertencer a uma família de origem humilde, foi nomeado cônsul ligado ao trono por seu tio Justino I, a quem sucedeu, após a morte deste (527). Culto, ambicioso, dotado de grande inteligência, o jovem Justiniano parecia talhado para o cargo. O Império Bizantino brilhou durante seu governo. Na Páscoa de 527, ele e sua esposa, Teodora, foram solenemente coroados. Sobre Teodora sabe-se que era filha de um tratador de ursos do hipódromo e que tivera uma juventude desregrada, escandalizando a cidade com suas aventuras de atriz e dançarina. Não se sabe exatamente como Justiniano a conheceu. Seu matrimônio com a antiga bailarina de circo e prostituta teria grande importância, uma vez que ela iria influenciar decisivamente em algumas questões políticas e religiosas. Justiniano cercou-se de um estreito grupo de colaboradores, entre eles Triboniano, Belisário, João da Capadócia e Narses. Segundo Procópio, um escritor daquele tempo, Justiniano aspirava a recuperar o antigo esplendor de Roma, motivo pelo qual realizou toda a ampla série de campanhas posteriores.

[62] Tito Flávio Sabino Vespasiano (perto de Rieti, 17 de Novembro 9 - Aquae Cutiliae, 23 de Junho 79) foi um imperador da Antiga Roma, o primeiro da dinastia Flávia, que ocupou o Poder em 69 d.C., logo após o suicídio de Nero (68) e o conturbado Ano dos quatro imperadores (69). Foi proclamado imperador pelos seus próprios soldados em Alexandria. Sucederam-lhe sucessivamente dois dos seus filhos, Tito e Domiciano. De origem modesta, caráter enérgico e hábitos austeros, promoveu a pacificação e o aumento do poder romano nas províncias. Durante seu governo, a Britânia foi conquistada por Cneu Júlio Agrícola. Em 69 d.C., ocupava-se do assédio à Jerusalém. Ao tornar-se Imperador, seu filho mais velho, Tito - a quem entregou o cargo de prefeito da Guarda Pretoriana e nomeou seu sucessor conjuntamente com o irmão mais novo Domiciano -, terminou o assédio, esmagando a revolta judaica do ano 70. Jerusalém foi destruída e meio milhão de judeus morreram e 100.000 foram escravizados. Os sobreviventes que abandonaram a Palestina vieram a engrossar as comunidades da diáspora (dispersão), e o judaísmo sobreviveu em torno das sinagogas. Um arco do triunfo entre o Fórum e o Coliseu celebrou a vitória sobre os judeus. Vespasiano restaurou o governo e as finanças públicas, restaurou o Império, reformulou o Senado e a Ordem Eqüestre e desenvolveu um sistema educativo mais amplo. Reprimiu a sublevação da Gália, mas incompatibilizou-se com os meios senatoriais. O período de seu governo ficou marcado por uma eficaz administração econômica quer na capital do império quer nas províncias, com um aumento significativo do tributo anual e a implementação de medidas econômicas muito mais severas, o que permitiu atingir níveis de progresso assinaláveis nas finanças do Estado, tendo inclusive angariado fundos para a construção do templo dedicado a Júpiter Capitolino e para o Coliseu de Roma (ou "Anfiteatro Flávio"). Vespasiano morreu depois de dez anos de um reinado benéfico para o seu povo. Sucedeu-lhe seu filho Tito.

[63] Gaius Caesar Germanicus, conhecido por Calígula (31 de Agosto, AD 12 - 24 de Janeiro, AD 41), foi o terceiro Imperador romano, reinante entre 37 e 41. Ficou conhecido pela sua natureza extravagante e por vezes cruel e foi assassinado pela guarda pretoriana em 41, aos 29 anos. A sua alcunha Calígula (que significa botinhas em português) foi posta pelos soldados das legiões comandadas pelo pai, que achavam graça vê-lo mascarado de legionário, com pequenas caligae (sandálias militares) nos pés. Calígula era o filho mais novo de Germânico e Agripina, sendo bisneto de César Augusto e sobrinho-neto de Tibério. Cresceu com a numerosa família (tinha dois irmãos e três irmãs) nos acampamentos militares da Germânia Inferior, onde o pai comandava o exército imperial. Depois da ascensão de Tibério ao trono imperial, a sua família foi alvo de perseguições, por ser considerada perigosa pelo imperador paranóico com a hipótese de conspirações. O seu pai morreu em circunstâncias estranhas, talvez assassinado por Tibério. Mais tarde a mãe e os dois irmãos mais velhos foram exilados e assassinados por ordem imperial. Calígula fica então sozinho com as irmãs (com quem se dizia mantinha relações incestuosas) e foi viver com a bisavó Livia Drusa. Durante a sua adolescência, assistiu às perseguições e terror impostas por Sejanus, o prefeito da guarda pretoriana que controlava Roma na ausência de Tibério em Capri. Calígula escapou no entanto aos assassinatos e entrou no favor de Tibério. Quando o imperador morreu em 37, o testamento designava-o como herdeiro, em conjunto com Tibério Gemelo, neto do falecido Tibério. Calígula era já um homem ambicioso e não perdeu tempo. Dois dias depois, a 18 de Março, faz com que o senado romano anule o testamento e proclama-se imperador sem parceiros, mandando assassinar Gemelo pouco tempo depois.

[64] Adônis, nas mitologias fenícia e grega, era um jovem de grande beleza que nasceu das relações incestuosas que o rei Cíniras, de Chipre, manteve com a sua filha Mirra. A deusa grega Afrodite, do amor e da beleza sensual, apaixonou-se por ele; no entanto, o deus Ares, da guerra e amante de Afrodite, ao saber da traição da deusa, decide atacar Adônis, enviando um javali para matá-lo; o animal desferiu um golpe fatal na anca de Adônis, tendo o sangue que jorrou transformado-se numa anêmona. Afrodite, que corria por entre as silvas para socorrer o seu amante, feriu-se e o sangue que lhe escorria das feridas tingiu as rosas brancas de vermelho. Outra versão da mito conta que Afrodite transmutou o sangue do amado numa anêmona. O jovem morto desceu então ao mundo subterrâneo, onde governava, ao lado de Hades sua esposa Perséfone, a rainha dos infernos, que também se apaixonou por ele. Por causa disso Afrodite sofreu um grande desgosto, e as duas deusas tornaram-se rivais. Inicialmente, Perséfone, compadecida pelo sofrimento de Afrodite, prometeu restituí-lo com uma condição, Adônis passaria seis meses no inferno com ela e outros seis meses na Terra com Afrodite. Cedo o acordo foi desrespeitado, o que provocou nova discussão entre as duas deusas, que só terminou com a intervenção de Zeus, que determinou que Adônis seria livre quatro meses do ano, passaria outros quatro com Afrodite e os restantes quatro com Perséfone. Adônis tornou-se então símbolo da vegetação que morre no inverno (descendo aos infernos e juntando-se a Perséfone) e regressa à Terra na primavera (para juntar-se a Afrodite). Deus oriental da vegetação, divindade ctônia (que cumpre o ciclo da semente). Embora seja mais conhecido como divindade grega tem, no entanto, sua origem na Síria, onde era cultuado sob o nome semita de Tamuz; era também um deus eternamente jovem, ligado à vida, à morte e à ressurreição, estando associado ao calendário agrícola. De resto, o nome Adônis deve ter origem no mundo semítico - parece proceder do semita Adonai, expressão que significa Meu Senhor. É um deus que congrega em si elementos de várias origens, demonstrativo do grande sincretismo religioso produzido pelos gregos da antigüidade.

[65] Zaratustra, mais conhecido na versão grega de seu nome, Zωροάστρης (Zoroastres, Zoroastro), foi um profeta nascido na Pérsia (atual Irã), provavelmente em meados do século VII a.C. Ele foi o fundador do Masdeísmo ou Zoroastrismo, religião adotada oficialmente pelos Aquemênidas (558 – 330 a.C). A denominação grega Ζωροάστρης significa contemplador de astros. É uma corruptela do avestan Zarathustra (em persa moderno: Zartosht ou زرتشت). O significado do nome é obscuro, ainda que, certamente, contenha a palavra ushtra (camelo). Há muito tempo atrás a, nas estepes a perder de vista da Ásia Central perto do Mar de Aral, havia uma pequena vila de casas de adobe, onde vivia a família Spitama. Um dia, no sexto dia da primavera, um menino nasceu naquela família. A sua mãe e seu pai decidiram dar-lhe o nome de Zaratustra. Ao nascer, Zaratustra não chorou, pelo contrário, riu sonoramente. As parteiras, vendo aquilo, admiraram-se, pois nunca tinham visto um bebê rir ao nascer. Na vila havia um sacerdote que percebeu que aquele menino viria a ser um revolucionário do pensamento humano e o que enfraqueceria o poder dos "donos" das religiões. Ele então decidiu tomar providências e procurou Pourushaspa, o pai de Zaratustra, com a seguinte conversa: "Pourushaspa Spitama, vim avisar-lhe. Seu filho é um mau sinal pare a nossa vila porque riu ao nascer, ele tem um demônio. Mate-o ou os deuses destruirão seus cavalos e plantações. Onde já se viu rir ao nascer nesse mundo triste e escuro! Os deuses estão furiosos!". Pourushaspa não queria ferir seu filho, mas o sacerdote insistiu e impôs uma prova. Na manhã seguinte Pourushaspa fez uma grande fogueira, e à frente de todos colocou Zaratustra no meio do fogo, mas ele não sofreu dano algum. O sacerdote ficou confuso. Zaratustra foi levado então para um vale estreito e colocado no caminho de uma boiada de mil cabeças de gado, para ser pisoteado. O primeiro boi da boiada percebeu o menino e ficou parado sobre ele, protegendo-o, enquanto o resto passava ao lado e o bebê não sofreu um só arranhão. O sacerdote logo arquitetou outro plano. O menino Zaratustra foi colocado na toca de uma loba que, ao invés de devorá-lo, cuidou dele até que Dugdav, sua mãe, viesse buscá-lo. Diante de tantos prodígios o sacerdote ficou envergonhado e mudou-se da vila. Ao crescer, Zaratustra peramburalava pelas estepes indagando-se: "Quem fez o sol e as estrelas do céu? Quem criou as águas e as plantas? E quem faz a lua crescer e minguar? Quem implantou nas pessoas a sua natural bondade e justiça?". Um dia Zaratustra estava meditando às margens de um rio quando um ser estranho lhe apareceu. Ele era indiscritível, tal a sua beleza e brilho. Zaratustra perguntou-lhe quem era ele, ao que teve como resposta: "Sou Vohu Mano, a Boa Mente. Vim lhe buscar". E tomou-lhe a mão, e o levou para um lugar muito bonito, onde sete outros seres os esperavam. A Boa Mente disse-lhe então: "Zaratustra, se você quiser pode encontrar em você mesmo todas as respostas que tanto busca, e também questões mais interessantes ainda. Ahura Mazda, Deus que tudo cria e sustenta, assim escolheu partilhar a sua divindade com os seres que cria. Agora, sabendo disso, você pode anunciar essa mensagem libertadora a todas as pessoas.” Zaratustra contestou: "Por que eu? Não sou poderoso e nem tenho recursos!". Os outros seres responderam em coro: "Você tem tudo o que precisa, o que todos igualmente têm: Bons pensamentos, boas palavras e boas ações". Zaratustra voltou pra casa e contou a todos o que lhe acontecera. A sua família aceitou o que ele havia descoberto, mas os sacerdotes o rejeitaram. Eles argumentaram: "Se é assim nada há de especial em nosso serviço, nada valem nossos sacrifícios e perderemos o poder que nos dão os deuses ciumentos e caprichos que servimos. Estamos sem trabalho e passaremos fome!". Decidiram, então, dar cabo da vida de Zaratustra. Com sua boa mente ele entendeu que tinha que sair dali por uns tempos. Chamou seus vinte e dois companheiros e companheiras de primeira hora e fugiram com tudo o que tinham. Eles viajaram durante várias semanas até chegarem a um lugar cujo governante chamava-se Vishtaspa. Zaratustra procurou Vishtaspa e partilhou com ela a sua descoberta. Vishtaspa respondeu ao seu apelo com uma recusa: "Por que haveria de crer nesse estranho? Meus deuses são, com certeza, mais poderosos que esse Ahura Mazda!". Após dois anos tentando convencer Vistaspa, e enfrentando a mais cruel oposição, passando, inclusive, um tempo preso, um acidente com o cavalo de Vishtaspa ajudou a resolver a favor de Zaratustra esse impasse. À beira de morte, o cavalo tornou-se o pivot de todas as atenções. Vistaspa chamou sacerdotes, feiticeiros, médicos e sábios para salvar o seu cavalo. Juntos eles tentaram de tudo, inclusive oferecendo aos deuses dezenas de sacrifícios de outros cavalos. Além disso, brigaram entre si, fizeram intrigas, mas nada aconteceu, o cavalo de Vishtaspa só piorava. Zaratustra, que fora criado num ambiente rural, logo percebeu que ele fora envenenado. Procurando Vishtaspa ele sugeriu um remédio muito usado nesses casos em sua terra. Sem alternativas, embora descrente, Vishtaspa aceitou a idéia de Zaratustra e em dois dias seu cavalo estava de pé, sem sinal do doença. Todos ficaram pasmos e acharam que Zaratustra tinha operado um milagre. Ele respondeu que havia apenas usado a sua boa mente e os conhecimentos que tinha adquirido em casa. Vishtaspa e sua família ficaram encantados com a honestidade e simplicidade de Zaratustra, e dispuseram-se a ouvi-lo de novo, dessa vez com coração e mentes desarmados. Em pouco tempo não só Vishtaspa e sua família haviam sidos iniciados, como também grande parte de seu povo. Embora Zaratustra pudesse ter usado a ocasião da cura do cavalo de Vishtaspa para arrogar-se poderes sobrenaturais ele preferiu ser sincero, e foi isso o que de fato mostrou a Vishtaspa a sublime beleza e profundidade da mensagem.

[66]Os personagens da mitologia persa podem, em sua maioria, ser classificados em dois tipos: os bons e os maus. Isso espelha o antigo conflito baseado no conceito do zoroastrismo da dupla origem em Ahura Mazda (em avéstico, ou Ormuzd em persa tardio). Spenta Mainyu é a fonte da luz, da fertilidade e das energias construtivas, enquanto Angra Mainyu (ou Ahriman em persa) é a fonte da escuridão, da destruição, da esterilidade e da morte. Ormuzd é o mestre e criador do mundo. Ele é soberano, onisciente, deus da ordem. O Sol é seu olho, o céu suas vestes bordadas de estrelas. Atar, o relâmpago, é seu cílio. Apô, as águas, são suas esposas. Ahura Mazda é o criador de outras sete divindades supremas, os Amesha Spenta, que reinam, cada um, sobre uma parte da criação e que parecem ser desdobramentos de Ahura Mazda. Sob Ahura Mazda e os seis Amesha Spenta a mitologia persa coloca, como divindades benéficas: "Mitra", o mestre do espaço livre; Tistrya, o deus das trovoadas; Verethraghna, o deus da vitória; ela admitia, além disso, um grande número de deuses do mesmo elemento, os Izeds. Assim como Ahura Mazda estava cercado por seis Amesha Spenta e de outras divindades, Angra Mainyu (Ahriman) — o deus malfazejo que invade a criação para perturbar a ordem e que é concebido como uma serpente — é acompanhado de seis demônios procedentes das trevas cósmicas e de um grande número de outras divindades malignas. Além disso, Angra Mainyu, epítome do mal no Zoroastrismo, perdeu sua identidade zoroastrista e masdeísta original na posterior literatura persa sendo finalmente descrito como um Dev. Representações religiosas de Angra Mainyu posteriores a conquista islâmica mostram-no como um gigante com o corpo manchado e dois chifres. Os Devs (avéstico, persa: div), significando celestial ou radiante são muito comuns na mitologia persa. Estes seres eram adorados no Zoroastrismo anterior à difusão do Masdeísmo na Pérsia e, como nas religiões védicas, os adeptos do zoroastrismo consideravam os devs seres sagrados. Somente após a reforma religiosa de Zaratustra o termo dev foi associado com demônios. Mesmo assim os Persas que habitavam a região ao sul do Mar Cáspio continuaram a adorar os devs e resistiram à pressão para aceitar o Zoroastrismo e as lendas em torno dos devs sobreviveram até os dias atuais. Por exemplo, a lenda do Dev-e Sepid (Dev branco) de Mazandaran.

[67] O mitraísmo (em persa: مهرپرستی) foi uma religião de mistérios nascida na época helenística (provavelmente no século II a.C.) no Mediterrâneo Oriental, tendo se difundido nos séculos seguintes pelo Império Romano. Alcançou a sua máxima expansão geográfica nos séculos III e IV d.C, tendo se tornado um forte concorrente do cristianismo. O mitraísmo recebeu particular aderência dos soldados romanos. A prática do mitraísmo, assim como de outras religiões pagãs, foi declarada ilegal pelo imperador romano Teodósio I em 391.

[68] Benedictus de Spinoza (Amsterdã, 24 de Novembro de 1632 — Haia, 21 de Fevereiro de 1677), forma latinizada de Baruch de Spinoza (em hebraico: ברוך שפינוזה), também conhecido por Bento de Espinosa, foi um dos grandes racionalistas da filosofia moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. Nascido em Amsterdã no seio de uma família judaica portuguesa, ganhou a fama pelas suas posições do panteísmo e do monismo neutro, e ainda devido ao fato da sua ética ter sido escrita sob a forma de postulado e definições, como se fosse um tratado de geometria. No verão de 1656, foi excomungado da comunidade judaica pelas sua críticas à ortodoxia religiosa, defendendo que Deus é o mecanismo imanente da natureza e do universo, e a Bíblia uma obra metafórico-alegórica usada para ensinar a natureza de Deus, duas proposições baseadas numa argumentação cartesiana. Após a sua excomunhão adotou o primeiro nome Benedictus (equivalente em latim do seu nome próprio, Baruch). Uma vez que as reações públicas ao Tratado Teológico-Político não lhe eram favoráveis, absteve-se de publicar seus trabalhos. A Ética foi publicada após sua morte, na Opera Postuma editada por seus amigos. Espinosa defendeu que Deus e Natureza eram dois nomes para a mesma realidade, a saber, a única substância em que consiste o universo e do qual todas as entidades menores constituem modalidades ou modificações. Ele afirmou que esse "Deus sive Natura" ("Deus ou Natureza") era um ser de infinitos atributos, entre os quais a extensão e o pensamento eram dois. A sua visão da natureza da realidade, então, parecia tratar os mundos físicos e mentais como dois mundos diferentes ou submundos paralelos que nem se sobrepõem nem interagem. Esta formulação é uma solução pampsíquica. Pampsiquismo ou fenômeno psicofísico é, segundo Umberto Padovani, a influência recíproca entre alma e do corpo, concepção historicamente ligada ao monismo. Espinosa acreditava profundamente no determinismo, segundo o qual absolutamente tudo o que acontece ocorre através da operação da necessidade. Para ele, até mesmo o comportamento humano seria totalmente determinado, sendo a liberdade a nossa capacidade de saber que somos determinados e compreender por que agimos como agimos. Deste modo, liberdade não é a possibilidade de dizer "não" àquilo que nos acontece, mas sim a possibilidade de dizer "sim" e compreender completamente por que as coisas deverão acontecer de determinada maneira. A filosofia de Espinosa tem muito em comum com o estoicismo, mas difere muito dos estoicos num aspecto importante: ele rejeitou fortemente a afirmação de que a razão pode dominar a emoção. Pelo contrário, defendeu que uma emoção pode ser ultrapassada apenas por uma emoção maior. A distinção crucial era, para ele, entre as emoções activas e passivas, sendo as primeiras aquelas que são compreendidas racionalmente e as outras as que não o são. O retrato de Espinosa foi impresso nas antigas notas de 1000 Florins dosPaíses Baixos, até a introdução do Euro em 2002.

[69] Thomas Hobbes (Malmesbury, 5 de abril de 1588 – Hardwick Hall, 4 de dezembro de 1679) foi um matemático, teórico político, e filósofo inglês, autor de Leviatã (1651) e Do cidadão (1651). Na obra Leviatã, explanou os seus pontos de vista sobre a natureza humana e sobre a necessidade de governos e sociedades. No estado natural, enquanto que alguns homens possam ser mais fortes ou mais inteligentes do que outros, nenhum se ergue tão acima dos demais por forma a estar além do medo de que outro homem lhe possa fazer mal. Por isso, cada um de nós tem direito a tudo, e uma vez que todas as coisas são escassas, existe uma constante guerra de todos contra todos (Bellum omnia omnes). No entanto, os homens têm um desejo, que é também em interesse próprio, de acabar com a guerra, e por isso formam sociedades entrando num contrato social.

[70] Hermann Samuel Reimarus (Hamburgo, 1694 - 1768). Filósofo y filólogo alemán. Profesor de lenguas orientales. Se considera que con Reimarus se inicia el movimiento de Búsqueda del Jesús histórico, a mediados del siglo XVIII. Se produce cuando un discípulo suyo, Gotthold Ephraim Lessing, publica una obra póstuma de Reimarus. Se editan, así, en 1774, siete fragmentos de una obra manuscrita de Reimarus (Fragmentos de Wolfenbüttel). El último se titula "Acerca del objetivo de Jesús y sus discípulos". Según Reimarus, Jesús de Nazaret predicó la llegada del reinado de Dios, que implicaba el final del dominio romano en Judea. Jesús murió fracasado y los discípulos reaccionaron ante este fracaso inventando la temática de la resurrección de Jesús y la idea apocalíptica de que había de volver al final de los tiempos.

[71] Nicolau Copérnico (em polaco Mikołaj Kopernik, em latim Nicolaus Copernicus) (Toruń, 19 de Fevereiro de 1473 — Frauenburgo, 24 de Maio de 1543) foi um astrónomo e matemático polaco que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Foi também cónego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista, astrólogo e médico. Sua teoria do Heliocentrismo , que colocou o Sol como o centro do Sistema Solar, contrariando a então vigente teoria geocêntrica (que considerava, a Terra como o centro), é considerada uma das mais importantes hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituido o ponto de partida da astronomia moderna. A teoria copernicana permitiu também a emancipação da cosmologia da teologia.

[72] Charles Robert Darwin (Shrewsbury, 12 de Fevereiro de 1809 — Downe, Kent, 19 de Abril de 1882) foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da seleção natural e sexual. Esta teoria se desenvolveu no que é agora considerado o paradigma central para explicação de diversos fenômenos na Biologia. Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1859. Darwin começou a se interessar por história natural na universidade enquanto era estudante de Medicina e, depois, Teologia. A sua viagem de cinco anos a bordo do Beagle e escritos posteriores trouxeram-lhe reconhecimento como geólogo e fama como escritor. Suas observações da natureza levaram-no ao estudo da diversificação das espécies e, em 1838, ao desenvolvimento da teoria da Seleção Natural. Consciente de que outros antes dele tinham sido severamente punidos por sugerir idéias como aquela, ele as confiou apenas a amigos próximos e continuou a sua pesquisa tentando antecipar possíveis objeções. Contudo, a informação de que Alfred Russel Wallace tinha desenvolvido uma idéia similar forçou a publicação conjunta da teoria em 1858. Em seu livro de 1859, "A Origem das Espécies" (do original, em inglês, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life), ele introduziu a idéia de evolução a partir de um ancestral comum, por meio de seleção natural. Esta se tornou a explicação científica dominante para a diversidade de espécies na natureza. Ele ingressou na Royal Society e continuou a sua pesquisa, escrevendo uma série de livros sobre plantas e animais, incluindo a espécie humana, notavelmente "A descendência do Homem e Seleção em relação ao Sexo" (The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex, 1871) e "A Expressão da Emoção em Homens e Animais" (The Expression of the Emotions in Man and Animals, 1872). Em reconhecimento à importância do seu trabalho, Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, próximo a Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton.

[73] Immanuel Kant ou Emanuel Kant (Königsberg, 22 de Abril de 1724 — Königsberg, 12 de Fevereiro de 1804) foi um filosofo alemão, geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna, um representante do Iluminismo, indiscutivelmente um dos seus pensadores mais influentes. Kant teve um grande impacto no Romantismo alemão e nas filosofias idealistas do século XIX, tendo esta sua faceta idealista sido um ponto de partida para Hegel. Aparte essa vertente idealista que iria desembocar na filosofia de Hegel (e Marx), alguns autores consideram que Kant fez ao nível da epistemologia uma síntese entre o Racionalismo continental (de René Descartes e Gottfried Leibniz, onde impera a forma de raciocínio dedutivo), e a tradição empírica inglesa (de David Hume, John Locke, ou George Berkeley, que valoriza a indução). Kant é famoso sobretudo pela sua concepção conhecida como idealismo transcendental - todos nós trazemos formas e conceitos a priori (que não vêm da experiência) para a experiencia concreta do mundo, os quais seriam de outra forma impossíveis de determinar. A filosofia da natureza e da natureza humana de Kant é historicamente uma das mais determinantes fontes do relativismo conceptual que dominou a vida intelectual do século XX. No entanto, é muito provável que Kant rejeitasse o relativismo nas suas formas contemporâneas, como por exemplo o Pós-modernismo.

[74] Exegese é a interpretação profunda de um texto bíblico, jurídico ou literário. A exegese como todo saber, tem práticas implícitas e intuitivas. A tarefa da exegese dos textos sagrados da Bíblia tem uma prioridade e anterioridade em relação a outros textos. Isto é, os textos sagrados são os primeiros dos quais se ocuparam os exegetas na tarefa de interpretar e dar seu significado. A palavra exegese deriva do grego exegeomai, exegesis; ex tem o sentido de ex-trair, ex-ternar, ex-teriorizar, ex-por; quer dizer, no caso, conduzir, guiar. Por isso, o termo exegese significa, como interpretação, revelar o sentido de algo ligado ao mundo do humano, mas a prática se orientou no sentido de reservar a palavra para a interpretação dos textos bíblicos. Exegese, portanto, é a denominação que se confere à interpretação das Sagradas Escrituras desde o século II da Era Cristã. Orígenes, cristão egípcio que escreveu nada menos que 600 obras, defendia a interpretação alegórica dos textos sagrados, afirmando que estes traziam, nas entrelinhas de uma clareza aparente, um sentido mais profundo. O termo exegese restou ligado à interpretação alegórica, ensejando abusos de interpretação, a ponto de alguns autores afirmarem, ironicamente, que a Bíblia seria um livro onde cada qual procura o que deseja e sempre encontra o que procura.

[75] Jano (em latim Janus) foi um deus romano que deu origem ao nome do mês de Janeiro. Era o porteiro celestial, sendo representado com duas cabeças, representando os términos e os começos, o passado e o futuro. De fato, era o responsável por abrir as portas para o ano que se iniciava, e toda porta se volta para dois lados diferentes. Existem, no entanto, em alguns locais, representações daquele deus com quatro faces. Em seu templo, as portas principais ficavam abertas em tempos de guerra e eram fechadas em tempos de paz. De acordo com tradição só foram fechadas duas vezes na história — uma no reinado de Numa e outra no de Augusto. Os romanos associavam Janus com a divindade etrusca Ani.

[76] Para outros significados, ver Hércules (desambiguação) Hércules (em Roma) ou Héracles (na Grécia) era filho de Alcmena (uma mortal) e de Zeus (Júpiter). Este disfarçou-se como seu legítimo esposo, Anfitrião, que se achava ausente na guerra de Tebas. Ao nascer, Zeus, para torná-lo imortal, pediu a Hermes que o levasse para junto do seio de Hera, quando esta dormia, e o fizesse mamar. A criança sugou com tal violência que, mesmo após Hércules ter terminado, o leite da deusa continuou a correr e as gotas caídas formaram no céu a via-láctea e na Terra, a flor-de-lis. Foi Hércules o mais célebre dos heróis da mitologia, símbolo do homem em luta contra as forças da natureza. Desde que nasceu teve de vencer as perseguições de Hera. Tanto é que, com oito meses de vida estrangulou com as mãos duas serpentes que a deusa mandou ao seu berço para o matarem. Quando homem, sobressaiu-se pela sua enorme força. A sua primeira façanha deu-se quando se dirigiu a Beócia, cidade próxima de Tebas, e perseguiu e matou apenas com as mãos um enorme leão que devorava os rebanhos de Anfitrião e de Téspio. A caçada durou cinquenta dias consecutivos, durante que Hércules foi hóspede de Téspio, que aproveitou para unir cada uma das suas cinquenta filhas com ele, de maneira a criar uma aguerrida descendência, conhecidos pelos Tespíadas, que se espalharam até a Sardenha. Por livrar a cidade de Tebas de um tributo que tinha de pagar à de Orcómeno, o rei da primeira, Creonte (filho de Meneceu), casou-o com a sua filha mais velha, Mégara. Num acesso de loucura provocado por Hera, Hércules matou os filhos tidos com Mégara. Após recuperar a sanidade, Hércules foi a Delfos consultar um oráculo sobre o meio de se redimir desse crime e poder continuar com uma vida normal. O oráculo ordenou-lhe que servisse, durante doze anos, o seu primo Euristeu, rei de Micenas e de Tirinte. Apresentando-se ao serviço, o rei, simpatizante de Hera, que não cessava de perseguir os filhos adulterinos de Zeus, impôs-lhe, com a oculta intenção de o eliminar, doze perigosíssimos trabalhos, dos quais o herói saiu vitorioso.

[77] Guilherme Tell (em alemão Wilhelm Tell) foi um herói lendário do início do século XIV, de disputada autenticidade histórica, que se pensa ter vivido no cantão de Uri, na Suíça. O nome Guilherme Tell surge tipicamente associado à guerra de libertação nacional da Suíça face ao império Habsburgo da Áustria. A lenda Guilherme de Bürglen era conhecido como um especialista no manejo da besta. Na altura, os imperadores Habsburgos lutavam pelos domínios de Uri e, para testar a lealdade do povo aos imperadores, Albrecht Gessler, um governador austríaco tirano, pendurou num poste um chapéu com as cores da Áustria, numa praça de Altdorf. Todos que por lá passassem teriam de fazer uma vénia como prova do seu respeito. O chapéu estava guardado por soldados que se certificariam que as ordens do governador eram cumpridas. Um dia, Guilherme e seu filho passaram pela praça e não salutaram o chapéu. Prenderam-no imeditamente e levaram-no à presença do governador que, reconhecendo-o, o fez, como castigo, disparar a besta a uma maçã na cabeça do filho. Tell tentou demover Gessler, sem sucesso; o governador ameaçaria ainda matar ambos, caso não o fizesse. Tell foi assim trazido para a praça de Altdorf, escoltado por Gessler e os seus soldados. Era o dia 18 de Novembro de 1307 e a população amontoava-se na expectativa de assistir ao castigo (e, sobretudo, ao seu culminar). O filho de Guilherme foi atado a uma árvore, e a maçã foi colocada na sua cabeça. Contaram-se 50 passos. Tell carregou a besta, fez pontaria calmamente e disparou. A seta atravessou a maçã sem tocar no rapaz, o que levaria a população a aplaudir os dotes do corajoso arqueiro. Não obstante, Guilherme trazia uma segunda seta. Gessler, ao vê-la, perguntou porque ele a trazia. Tell hesitou. Gessler, apressando a resposta, assegurou-lhe que se dissesse a verdade, a sua vida seria poupada. Guilherme respondeu: "Seria para atravessar o seu coração, caso a primeira seta matasse o meu filho". Indignado, Gessler mandou o rebelde para a prisão alegando que dignaria a sua promessa deixando-o viver — mas preso, no castelo de Küsnacht. Guilherme foi levado acorrentado de imediato para um barco em Flüelen, onde esperou que Gessler e seus soldados embarcassem. Não muito distante do porto, deu-se uma tempestade. O Föhn, um vento do Sul, causava ondas tão altas que dificultou a viagem, praticamente arremessando o barco contra as rochas. Os que lá viajavam, assustados, gritaram: "Só Guilherme Tell nos pode salvar!". Gessler libertou Tell, que conduziu barco em segurança ao sopé da Montanha Axenberg, perto de uma rocha chamada Tellsplatte. Quando amarou, Tell tirou uma lança a um soldado, saltou do barco e, empurrando-o com os pés, fugiu pelo condado de Schwyz. Gessler conseguiu sobreviver à tempestade e chegou ao castelo de Küsnacht nessa mesma noite. Tell ter-se-ia escondido nuns arbustos num beco que levaria à residência do governador. Assim que Gessler e os seus apareceram, Tell matou-o com uma seta da sua besta, libertando o país da tirania do governador. Segundo a lenda, este evento marcou o início a revolta que ocorreu a 1 de Janeiro de 1308.

[78] Tobias Barreto de Meneses (Vila de Campos do Rio Real, 7 de junho de 1839 — Recife, 26 de junho de 1889) foi um filósofo, poeta e jurista brasileiro e fervoroso integrante da Escola do Recife (movimento filosófico de grande força calcado no monismo e evolucionismo europeu). Foi o fundador do condoreirismo brasileiro. Em 1882, Barreto foi selecionado, por meio de concurso público, para uma cátedra na Faculdade de Direito do Recife. Germanismo Inicialmente influenciado pelo espiritualismo francês, passa para o naturalismo de Haeckel e Noiré em 1869 com o artigo "Sobre a religião natural de Jules Simon". Em 1870, Tobias Barreto, passa a defender o germanismo contra o predomínio da cultura francesa no Brasil. Nesta época começa, autodidaticamente, a estudar a língua alemã e alguns de seus autores tomando como objetivo reformar as idéias filosóficas, políticas e literárias influenciado pelos alemães. Fundou na cidade de Escada, próxima ao Recife, onde morou por 10 anos, o períodico Deutscher Kämpfer (em português, Lutador Alemão) que teve pouca repercussão e existência curta. Tobias Barreto escreveu ainda "Estudos Alemães", importante trabalho para a difusão de suas idéias germanistas, mas que foi duramente criticado por se tratar apenas, segundo alguns, da paráfrase de autores alemães. Foi o patrono da cadeira nº 38 da Academia Brasileira de Letras.

[79] Pierre-Joseph Proudhon (15 de Janeiro de 1809, Besançon, França - 19 de Janeiro de 1865, Paris, França) foi um anarquista francês, o principal, cuja influência é sentida até os dias de hoje. Acabou sendo um dos que iniciaram a propor uma ciência da sociedade. Em seu ensaio Qu'est-ce que la propriété?, afirma « La propriété c'est le vol » (A propriedade é o roubo). Em seu livro Les confessions d'un révolutionnaire, ele afirma, entre outras coisas: « L'anarchie c'est l'ordre » (A anarquia é a ordem). Após tentar criar um banco para empréstimos sem juros, ele lança as bases de um sistema mutualista cujos princípios são ainda hoje aplicados nos serviços de seguro.

[80] Anúbis, também conhecido como Anupu, ou Anupo e cujo nome hieroglífico é traduzido mais propriamente como Anpu, é o antigo deus egípcio da morte e dos moribundos, por vezes também considerado deus do submundo. Conhecido como deus do embalsamamento, presidia às mumificações e era também o guardião das necrópoles, das tumbas, e o juiz dos mortos. Os egípcios acreditavam que no julgamento de um morto era pesado seu coração e a pena da verdade(como podemos ver em muitas gravuras egípcias). Era quem guiava a alma dos mortos no Além. A sua mãe é Néftis, que durante uma briga com o marido Seth passou-se por Isis e teve relações com Osíris. Anúbis é pai de Qeb-hwt, também conhecida como Kebechet. Em épocas mais tardias, Anúbis foi combinado com o deus grego Hermes, surgindo assim Hermanúbis.

[81] Orígenes, em grego Ὠριγένης, (c. 185 — 253 d.C.) foi um teólogo e prolixo escritor cristão. Nasceu em Alexandria, Egipto, e faleceu, segundos alguns dados em Cesaréia, na actual Palestina ou, mais provavelmente, segundo outras fontes, em Tiro. O maior erudito da Igreja antiga - segundo J. Quasten - nasceu de uma famíla cristã egípcia e teve como mestre Clemente de Alexandria. Assumiu, em 203, a direção da escola catequética em Alexandria - que havia sido fundada por um estóico chamado Panteno que se havia convertido à mensagem de Cristo - atraindo muitos jovens estudantes pelo seu carisma, conhecimento e virtudes pessoais. Depois de ter também frequentado, desde 205, a escola de Amônio Sacas - fundador do neo-platonismo e mestre de Plotino -, apercebeu-se da necessidade do conhecimento apurado dos grandes filósofos. No decurso de uma viagem à Grécia, no ano de 230, foi ordenado sacerdote na Palestina pelos bispos Alexandre de Jerusalém e Teoctisto de Cesaréia. Em 231, Orígenes foi forçado a abandonar Alexandria devido à animosidade que o bispo Demétrio lhe devotava pelo facto de se ter feito eunuco no sentido literal e físico desta palavra. Orígenes, então, passou a morar num lugar onde Jesus havia, muitas vezes, estado: Cesareia, na Palestina, onde prosseguiu suas atividades com grande sucesso abrindo a chamada Escola de Cesareia. Na sequência da onda de perseguição aos cristãos, ordenada por Décio, Orígenes foi preso e torturado, o que lhe causou a morte, por volta de 253.

[82] São Cipriano passou para a história não apenas como santo, mas também como excelente orador. Converteu-se ao cristianismo quando contava trinta e cinco anos de idade. No ano 249 foi escolhido para bispo de sua cidade e empenhou-se na organização da Igreja da África. Revelou-se extraordinário mestre de moral cristã. Deixou diversos escritos, sobretudo cartas, que constituem preciosa coleção documental sobre fé e culto. Contribuiu para a criação do latim cristão. Uma das grandes figuras do século III, Cipriano, de família rica de Cartago, capital romana na Africa do Norte. Quando pagão era um ótimo advogado e mestre de retórica, até que provocado pela constância e serenidade dos mártires cristãos. Por causa de sua radical conversão muitos ficaram espantados já que era bem popular. Com pouco tempo foi ordenado sacerdote e depois sagrado bispo num período difícil da Igreja africana. Duas perseguições contra os cristãos ocorrerem: a de Décio e Valeriano, marcaram seu começo e seu fim e uma terrível peste andou pelo norte da África, semeando mortes. Problemas doutrinários, por outro lado, agitavam a Igreja daquela região. Diante da perseguição do imperador Décio em 249, Cipriano escolheu esconder-se para continuar prestando serviços à Igreja. No ano 258, o santo bispo foi denunciado, preso e processado. Existem as atas do seu processo de martírio que relatam suas últimas palavras do saber da sua sentença à morte:

[83] Fócio ou Fótio, em grego Φώτιoς, (Constantinopla, ca. 820 — Bordi, Arménia, 6 de Fevereiro de 891) é por muitos considerado o maior dos patriarcas de Constantinopla (em 858-861 e 878-886) desde São João Crisóstomo. Foi posteriormente reconhecido como Santo pela Igreja Ortodoxa. Para a Igreja Católica Romana, contudo, Fócio não é considerando santo. Ao contrário, é tido como um dos mentores do grande cisma do oriente, que, segundo a doutrina romana, separou a Igreja Ortodoxa da Igreja Católica.

[84] Carino (em latim Marcus Aurelius Carinus) foi imperador de Roma entre 283 e 285. Era o filho mais velho de Caro, que quando assumiu o império elevou tanto Carino como seu irmão mais novo Numeriano como "Césares". Carino não partiu para a campanha contra os Persas, dirigida por seu pai, acompanhado de seu irmão. A Carino coube permanecer em Roma e cuidar da administração imperial na ausência de seu pai. Com as vitórias paternas na Pérsia, em 283 foi nomeado "Augusto", ou seja, hierarquicamente igual ao seu pai em relação ao poder imperial. O fim da Guerra Persa foi comemorada inclusive com a cunhagem de moedas onde pai e filho aparecem juntos. A A partir de Caro o Império foi "dividido" não-oficialmente entre Ocidente e Oriente. A Carino coube a parte ocidental, a Numeriano, o lado oriental. Com a morte de Caro, Numeriano segue para Roma e na viagem de retorno a capital morre em circunstâncias misteriosas. Os exércitos romanos no oriente não reconhecem Carino como sucessor de Numeriano e elegem Diocles, que depois ficou conhecido como Diocleciano, na época alto oficial do exércitos orientais. Carino tinha como base moral as vitórias na Germânia e na Britânia (tanto a assumir os títulos de Germânico Máximo e Britânico Máximo). Do alto de seus títulos, Carino não conseguiu evitar que Marco Aurélio Sabino Juliano, general e governador (corrector) do Vêneto se rebelasse juntamente com os exércitos do Danúbio. Esse revoltoso declara-se imperador, e chega a cunhar moedas onde se apoderou da Panônia (Pannoniae Augusti) e prometeu liberdade geral (Libertas publica). Em 285, Carino reagiu ao general rebelde e lhe impôs uma derrota militar, próximo à cidade de Verona. Carino, incorporando a seu exército as tropas de seu general rebelde, decidiu que era chegada a hora de combater Diocleciano. Os dois exércitos se enfrentaram em Margum, no Danúbio. O resultado começava a se definir com a vitória de Carino sobre o rival mas, repentinamente, foi assassinado por um de seus oficiais, o que resultou no fim das hostilidades e a união dos exércitos sob o comando de Diocleciano. Segundo fontes partidárias de Diocleciano, Carino foi morto por um oficial que descobriu que o imperador estava seduzindo sua esposa. A "Historia Augusta" assim diz de Carino: "Sua banheira era sempre mantida gelada com neve (...) nomeou como prefeito de Roma um simples porteiro, escandalizando a cidade (...) era o mais corrupto dos homens, adúltero e que corrompia a juventude, era sodomita. Encheu seu palácio de atores, prostitutas, cantores, ainda assim casou-se nove vezes, divorciando-se de algumas esposas inclusive algumas delas estando grávidas." Seja verdade ou não, nas sua moedas (inúmeras moedas do período ajudam a montar um panorama "oficial" do governo de Carino) somente uma esposa é citada: Magnia Urbica, identificada como sua esposa e consorte. Outras moedas ainda mostram as efígies de seu pai Caro, seu irmão Numeriano e de um jovem chamado Nigriniano, denominado "nipote" de Caro, o qual deveria ser ou filho de Numeriano ou seu próprio filho. Suas moedas identificam uma política de publicidade voltada à família imperial. No fim de seu governo, as moedas já proclavamam a devoção das tropas ao imperador, a promessa de paz e tranquilidade, mais uma vez utilizadas como propaganda governamental, visto que além das ameaças militares, houve um grande incêndio no mesmo período em Roma, que destruiu bairros inteiros da capital. Temos então duas correntes de pensamento que julgam Carino, uma das suas moedas que retratam a política oficial do imperador e outra, pesadamente crítica, deixada por Diocleciano e seus sucessores. Dos fatos podemos apenas salientar um detalhe: quando seu irmão Numeriano morreu, as tropas sob seu comando não aceitaram de forma alguma que Carino assumisse os poderes do irmão. Por que? Essa questão, infelizmente, nunca poderá ser respondida.

[85] Santo Epifânio (Besanduque, Judéia 315 - no mar 403) Era um judeu helenizado convertido ao cristianismo. Adotou vida monástica no Egito e, depois de passar algum tempo entre os monges daquele país, fundou na sua terra, Eleuterópolis, na Judéia, um mosteiro que governou durante cerca de trinta anos. Em 367 foi escolhido bispo de Constância e metropolita do Chipre. Depois foi bispo de Salamina, também na Ilha de Chipre. É comemorado a 12 de maio, suposta data que faleceu, no ano de 403, num naufrágio. Batalhou muito contra as heresias, especialmente o origenismo. Era fluente em cinco línguas e estudou Teologia e autores clássicos. Doutor da Igreja, homem de grande cultura , tratou do celibato , das processões divinas , defendeu a virgindade de Maria , entre outros temas doutrinários relevantes. É considerado uma das maiores autoridades em Mariologia. Foi brilhante orador, tendo persuadido muitos de seus opositores. Foi amigo de São Jerônimo. Juntamente com outros Padres da Igreja, como: Justino , Irineu , Tertuliano e Hipólito, teve contato direto com várias comunidades gnósticas, grupos que recorriam a uma interpretação esotérica das Sagradas Escrituras e à Pessoa de Jesus Cristo, como revelador de um suposto conhecimento salvífico libertador para iniciados, afirmando-se como os "verdadeiros cristãos" . Foram , portanto , os Padres da Igreja os primeiros a rejeitar esse conjunto de idéias errôneas que tentavam desfigurar a pureza da doutrina de Cristo , ameaçando a unidade da Igreja nascente. Suas obras também se revestem de importância por causa das muitas fontes que ele cita, as quais atualmente só nos são conhecidas pelas suas citações.

[86] São Jerónimo, Jerônimo na ortografia brasileira, (cerca de 340 — 30 de Setembro de 420), de seu nome completo Eusebius Sophronius Hieronymus, é conhecido sobretudo como tradutor da Bíblia do grego antigo e do hebraico para o latim. É o padroeiro dos bibliotecários. A edição de São Jerónimo, a "Vulgata", é ainda o texto bíblico oficial da Igreja Católica Romana, que o reconhece como Padre da Igreja (um dos fundadores do dogma católico) e ainda doutor da Igreja. Nasceu em Strídon, na fronteira entre a Panónia e a Dalmácia (motivo pelo qual também é chamado de Jerónimo de Strídon), no segundo quarto do século IV e faleceu perto de Belém em 30 de Setembro de 420. A Vulgata foi publicada cerca de 400 d.C., poucos anos depois de Teodósio I ter feito do Cristianismo a religião oficial do Império Romano (391).

[87] Públio Élio Trajano Adriano, em latim Publius Aelius Traianus Hadrianus, (24 de Janeiro de 76 - 10 de Julho de 138), mais conhecido apenas como Adriano, foi Imperador romano de 117 a 138. Pertence à dinastia dos Cinco bons imperadores. Nascido em Italica (hoje Santiponce, 9 quilômetros NW de Sevilha, Espanha), Adriano era descendente de colonos romanos domiciliados no Sul da Espanha e era primo de Trajano, tendo sido nomeado por este para uma série de dignidades públicas que o fizeram aparecer como herdeiro presuntivo deste imperador. À época das guerras contra os Partas, durante o reinado de Trajano, era governador da Síria.

[88] Tito Flávio Clemente, nome de Clemente de Alexandria (150 - 215), escritor grego, teólogo e mitógrafo cristão nascido em Atenas, pesquisador das lendas menos compatíveis com os valores cristãos, defensor da rebelião contra a opressão, que levou ao conceito de guerra justa, considerado o fundador da escola de teologia de Alexandria. Combateu também o racismo, que via como base moral da escravidão. De pais pagãos, convertido ao cristianismo por seu mestre patrístico Panteno (século II), abraçou a nova fé e sucedeu-lhe como líder espiritual da comunidade cristã de Alexandria, onde permaneceu durante vinte anos, tornando-se um dos mais inteligentes e ilustrados dos padres primitivos. Entre suas obras de ética, teologia e comentários bíblicos destaca-se a trilogia formada por Exortação, Pedagogo e Miscelâneas. Do período de formação da patrística e pré-nissênico com nomes da escola cristã de Alexandria, combateu os hereges gnósticos. Embora ele tenha sido instruído profundamente na filosofia neoplatônica, decidiu voltar-se ao cristianismo. Estabeleceu o programa educativo da escola catequética alexandrina, que séculos mais tarde serviria de base ao trivium e ao quadrivium, grupos de disciplinas que constituíam as artes liberais na Idade Média. Defendeu a teoria da causa justa para a rebelião contra o governante que escravizasse seu povo. Em O Discurso escreveu sobre a salvação dos ricos e sobre temas como o bem-estar, a felicidade e a caridade cristã. Durante a perseguição aos cristãos (201) pelo imperador romano Sétimo Severo transferiu seu cargo na escola catequética ao discípulo Orígenes e refugiou-se na Palestina, junto a Alexandre, bispo de Jerusalém, lá permanecendo até sua morte. Como se vê, Clemente de Alexandria teve um papel importantíssimo na história da interpretação biblica entre os judeus e os cristãos no período patrístico. Em Alexandria a religião judaica e a filosofia grega se encontraram e se influenciaram mutuamente criando a escola que influenciou a interpretação bíblica. Esta escola influenciada pela filosofia platônica, encontrou um método natural de harmonizar religião e filosofia na interpretação alegórica da Bíblia. Clemente de Alexandria foi o primeiro a aplicar o método alegórico na interpretação do Antigo Testamento. A interpretação bíblica alégorica acreditava que era mais madura do que o interpretação no sentido literal. Datam do período helenístico as primeiras aproximações do budismo com o mundo ocidental. Mercadores indianos que viviam em Alexandria propagaram sua fé budista pela região. Clemente de Alexandria foi o primeiro autor ocidental a citar em suas obras o nome de Buda. Inspirados em Orígenes e na Escola de Alexandria, muitos escritores cristãos desenvolveram suas obras: Júlio Africano, Amônio, Dionísio de Alexandria, o Grande, Gregório, o Taumaturgo, Firmiliano, bispo de Cesareia, na Capadócia, Teognostos, Pedro de Alexandria, Pânfilo e Hesíquio.Held

[89] O Talmud é uma obra que compila discussões rabínicas sobre leis judaicas, tradições, costumes, lendas e histórias. É um detalhamento e comentário das tradições judaicas a partir das leis compiladas por Moisés na Torá, em geral, e na Mishná, no detalhe. O Mishná foi redigido pelos mestres chamados Tannaím ou Tanaítas, termo que deriva da palavra hebraica que significa ensinar ou transmitir (uma tradição). Os Tanaítas viveram entre o século I e o III dC. A primeira codificação é atribuída a Rabi Akivá (50–130), e uma segunda, a Rabi Meír (entre 130 e 160 dC), ambas versões foram escritas no atual idioma aramaico ainda em uso no interior da Síria .

[90] Calvário (em aramaico Gólgota) é o nome dado à colina que na época de Cristo ficava fora da cidade de Jerusalém, onde Jesus foi crucificado. Calvaria em latim, Κρανιου Τοπος (Kraniou Topos) em grego e Gûlgaltâ em transliteração do aramaico. O termo significa “caveira”, referindo-se a uma colina ou platô que contém uma pilha de crânios ou a um acidente geográfico que se assemelha a um crânio.Lugar tradicional do Monte Gólgota, dentro da Igreja do Santo Sepulcro. O Calvário é mencionado em todos os quatro evangelhos, quando relatam a crucificação de Jesus:

[91] Buda (sânscrito-devanagari:, transliterado Buddha, que significa Desperto, Iluminado, que vem do radical "Budh", despertar) é um título dado na filosofia budista àqueles que despertaram plenamente para a verdadeira natureza dos fenômenos e se puseram a divulgar tal redescoberta aos demais seres. "A verdadeira natureza dos fenômenos", aqui, quer dizer o entendimento de que todos os fenômenos são impermanentes, insatisfatórios e impessoais. Tornando-se consciente dessas características da realidade, seria possível viver de maneira plena, livre dos condicionamentos mentais que causam a insatisfação, o descontentamento, o sofrimento. Do ponto de vista da doutrina budista clássica, a palavra "Buda" denota não apenas um mestre religioso que viveu em uma época em particular, mas toda uma categoria de seres iluminados que alcançaram tal realização espiritual. Pode-se fazer uma analogia com a designação "Presidente da República" que refere-se não apenas a um homem, mas a todos aqueles que sucessivamente ocuparam o cargo. As escrituras budistas tradicionais mencionam pelo menos 24 Budas que surgiram no passado, em épocas diferentes. O Budismo reconhece três tipos de Buda, dentre os quais o termo Buda é normalmente reservado para o primeiro tipo, o Samyaksam-buddha (Pali: Samma-Sambuddha). A realização do Nirvana é exatamente a mesma, mas um Samyaksam-buddha expressa mais qualidades e capacidades que as outras duas. Atualmente, as referências ao Buda referem-se em geral a Siddhartha Gautama, mestre religioso e fundador do Budismo no século VI antes de Cristo. Ele seria, portanto, o último Buda de uma linhagem de antecessores cuja história perdeu-se no tempo. Conta a história que ele atingiu a iluminação durante uma meditação sob a árvore Bodhi, quando mudou seu nome para Buda, que quer dizer "iluminado" Existe uma passagem nas escrituras [Anguttara Nikaya (II, 37)] - a qual é freqüentemente interpretada de maneira superficial - na qual o Buddha nega ser alguma forma de ser sobrenatural, mas esclarece: "Brâmane, assim como uma flor de lótus azul, vermelha ou branca nasce nas águas, cresce e mantém-se sobre as águas intocada por elas; eu também, que nasci no mundo e nele cresci, transcendi o mundo e vivo intocado por este. Lembre-se de mim como aquele que é desperto." Com isso ele rejeitava qualquer possibilidade de ser tomado como um Deus, mas reafirmava a característica transcendente da sua vivência espiritual e do caminho de libertação que oferecia para os demais seres. Nesse sentido, o Buddha exerceu um papel importante de democratização da religião que, até então, estava sujeita ao arbítrio da casta dos brâmanes. Para Siddhartha Gautama não há intermediário entre a humanidade e o divino; deuses distantes também estão sujeitos ao karma em seus paraísos impermanentes. O Buda é apenas um exemplo, guia e mestre para os seres sencientes que devem trilhar o caminho por si próprios. Dentre as religiões mundiais, a maioria das quais proclama a existência de um Deus criador, o Budismo é considerado incomum por ser uma religião não-teísta. Para o Buda, a chave para a libertação é a pureza mental e a compreensão correta, e por esse motivo ele rejeitou a noção de que se conquista a salvação implorando para uma deidade distante. De acordo com o Buda Gautama, a felicidade Desperta do Nirvana que ele atingiu está ao alcance de todos os seres, porém na visão ortodoxa é necessário ter nascido como um ser humano. No Tipitaka - as escrituras budistas mais antigas - fala-se dos numerosos Budas do passado e suas vidas, bem como sobre o próximo Bodhissatva, que é chamado Maitreya.

[92] O Vaticano é o menor Estado independente do mundo, encravado na zona norte de Roma. Deve a sua existência ao fato de ser a sede da Igreja Católica, por ser a residência oficial do Papa, e também da Igreja Católica Apostólica Romana, a maior e a mais conhecida e numerosa das Igrejas Particulares da Igreja Católica (Universal). O Vaticano foi dado pelo Tratado de Latrão, assinado por Benito Mussolini e o Papa Pio XI em 11 de Fevereiro de 1929. As terras tinham sido doadas em 756 por Pepino, o Breve, rei dos francos. Durante um período de quase mil anos, que teve início no império de Carlos Magno no século IX, os papas reinavam sobre a maioria dos Estados temporais do centro da península itálica, incluindo a cidade de Roma, e partes do sul da França. Durante o processo de unificação da península, a Itália gradativamente absorveu os Estados Pontifícios. Em 1870, as tropas do rei Vítor Emanuel II entram em Roma e incorporam a cidade ao novo Estado. Em 13 de março de 1871, Vítor Emanuel II ofereceu como compensação ao Papa Pio IX uma indenização e o compromisso de mantê-lo como chefe do Estado do Vaticano, um bairro de Roma onde ficava a sede da Igreja (as leis de garantia). O papa, consciente de sua influência sobre os católicos italianos e desejando conservar o poder da Igreja, recusa-se a reconhecer a nova situação e considera-se “prisioneiro” do poder laico. Além disso, proibiu os católicos italianos de votar nas eleições do novo reino. Essa incómoda questão de disputas entre o Estado e a Igreja, chamada Questão Romana só terminou em Fevereiro de 1929, quando o ditador fascista Benito Mussolini e o Papa Pio XI assinam o Tratado de Latrão, pelo qual a Itália reconhece a soberania da Santa Sé sobre o Vaticano, declarado Estado soberano, neutro e inviolável. Política O Papa é o chefe do Estado do Vaticano. É eleito por um colégio de cardeais denominado conclave e o cargo é vitalício. Tecnicamente é uma monarquia eletiva não hereditária. Pode-se considerar o Vaticano como uma autocracia: todos os poderes (executivo, legislativo e judiciário), estão concentrados na figura do Papa, que não possui qualquer órgão que fiscalize seus atos como governante, e, por ser considerado sucessor de São Pedro, não deve prestação de contas a ninguém, considerando-o um emissário de Deus na Terra. O termo cidade do Vaticano é referente ao Estado, enquanto Santa Sé é referente ao governo da Igreja Católica efetuado pelo Papa e pela Cúria Romana. O Estado do Vaticano, com o estatuto de observador nas Nações Unidas, foi admitido como membro de pleno direito em Julho de 2004, mas não requereu direito de voto.

[93] Segundo a Bíblia, Barrabás (aramaico: "filho do pai") foi um criminoso preso que foi posto ao lado de Jesus e o povo preferiu que aquele fora solto.Este hábito, de libertar um preso na véspera da Páscoa, todos os anos, não tem nenhuma base nem precedente no Antigo Testamento. Era um costume de origem judaica, pois Pilatos disse aos judeus: "Tendes o costume de que eu vos livre um homem por ocasião da páscoa." — Jo 18:39. Consta também que o prenome de Barrabás teria sido "Jesus" (nome relativamente comum naquela época).

[94] Josué (ou Joshua, do hebraico יהושע בן נון, Yeho shua ou Ye shua, significa "YHVH Salva" ou "YHVH é Salvação", Iesous na transliteração para o grego, e na forma latina, Jesus), de acordo com a tradição judaico-cristã, é o nome do líder de Israel, sucessor do profeta de Moisés. Filho de Num, da Tribo de Efraim, Josué foi ajudante de Moisés, e depois da morte deste, liderou o povo de Israel na conquista das cidades-estados da terra de Canaã. Sua liderança é narrada no Livro de Josué.

[95] Sudário de Turim ou Santo Sudário é uma pano de linho que apresenta a imagem de um homem com traumatismos vários, consistentes com crucificação. O tecido tem cerca de 4,25m por 1m, existem duas imagem no pano, uma frontal e uma de costas, comparando a sua face com seu corpo, está em total desacordo, seus braços são muito longos e seu nariz é desproporcional. Os Católicos acreditam que a imagem é a de Jesus Cristo e que o sudário é a sua mortalha e portanto uma relíquia cristã de valor incalculável. Os mais cépticos classificam a peça como um embuste. Seja qual for a explicação, o Santo Sudário tem vindo a estimular a discussão entre historiadores, crentes, cientistas e acadêmicos. Vários estudos foram feitos para comprovar ou eliminar a hipótese de que toda essa história seja realmente verdadeira. O método do Carbono 14 foi usado para tentar descobrir de que época o tal pano teria surgido. Em base nisso seria possivel descobrir se o pano já existiria na época de Jesus Cristo. Nos estudos foi comprovado de que o pano realmente não foi da época de Cristo, e sim do século 14, mas fatos ocorridos poderiam ter alterado o resultado do Carbono 14, pois o Santuário onde o pano estava armazenado teria pegado fogo, e isso fez com que o resultado do Carbono 14 não teria valor de provas.

[96] César Marco Aurélio Antonino Augusto, em latim Caesar Marcus Aurelius Antoninus Augustus, nascido a 26 de Abril de 121 e falecido em 17 de Março de 180, foi Imperador de Roma desde 161 até à sua morte em 180. Nascido Marcus Annius Catilius Severus, tomou o nome de Marcus Annius Verus pelo casamento. Ao ser designado imperador mudou o nome para Marcus Aurelius Antoninus, acrescentando-lhe os títulos de Imperador, César e Augusto. Aurelius significa "'dourado", e a referência a Antoninus deve-se ao facto de ter sido adoptado por esse imperador. O seu tio Antonino Pio designou-o como herdeiro em 25 de Fevereiro de 138 (pouco depois de ele mesmo ter sucedido a Adriano. Marco Aurélio tinha então apenas dezessete anos de idade. Antonino, no entanto, também designou Lúcio Vero como sucessor. Quando Antonino faleceu, Marco Aurélio subiu ao trono em conjunto com Vero, na condição de serem co-imperadores Augusto, ressalvando no entanto que a sua posição seria superior à de Vero. Os motivos que conduziram a esta divisão do poder são desconhecidos. No entanto, esta sucessão conjunta pode muito bem ter sido motivada pelas cada vez maiores exigências militares que o Império atravessava. Durante o reinado de Marco Aurélio, as fronteiras de Roma foram constantemente atacadas por diversos povos: na Europa, Germanos tentavam penetrar na Gália, e na Ásia, os Partos renovaram os seus assaltos. Sendo necessária uma figura autoritária para guiar as tropas, e não podendo o mesmo imperador defender as duas fronteiras em simultâneo, nem tão-pouco nomear um lugar-tenente que poderia (tal como, de resto, fizeram Júlio César ou Vespasiano) usar o seu poder, após uma portentosa vitória, para derrubar o governo e instalar-se a si mesmo como imperador. Assim sendo, Marco Aurélio teria resolvido a questão enviando o co-imperador Vero como comandante das legiões situadas no oriente. Vero era suficientemente forte para comandar tropas, e ao mesmo tempo já detinha parte do poder, o que certamente não o encorajava a querer derrubar Marco Aurélio. O plano deste último revelou-se um sucesso - Lúcio Vero permaneceu leal até à sua morte, em campanha, no ano 169. De certa forma, este exercício dual do poder no início do reinado de Marco Aurélio parece uma reminiscência do sistema político da República Romana, assente na colegialidade dos cargos e impedindo que uma única pessoa tomasse conta do poder supremo - como sucedia com os cônsules, sempre nomeados em número de dois. A colegialidade do poder supremo foi reavivada mais tarde por Diocleciano, quando este estabeleceu a Tetrarquia Imperial em finais do século III. Marco Aurélio casou-se com Faustina a Jovem, filha de Antonino Pio e da imperatriz Faustina a Velha, em 145. Durante os seus trinta anos de casamento, Faustina gerou 13 filhos, entre os quais Cómodo, que se tornou imperador após Marco Aurélio, e Lucilla, a qual casou com Lúcio Vero para solidificar a sua aliança com Marco Aurélio.Marco Aurélio faleceu em 17 de Março de 180, durante uma expedição contra os Marcomanos, que cercavam Vindobona (a actual Viena, na Áustria). As suas cinzas foram trazidas para Roma, e depositadas no mausoléu de Adriano. Pouco anos antes de morrer, designou o seu filho Cómodocomo herdeiro (o qual foi o primeiro imperador a suceder a outro por via consaguínea, e não por adopção, desde o final do século I), tendo-o ainda feito co-imperador em 177. No entanto, Cómodo, para além de ser egocêntrico, não estava preparado para o exercício do Poder. Por isso, muitos historiadores fazem coincidir o início do declínio de Roma com a morte de Marco Aurélio e a ascensão ao trono de Cómodo. Diz-se até que a sua morte foi a morte da Pax Romana.



[97] O primeiro concílio de Niceia ocorreu durante o reinado do imperador romano Constantino I, o primeiro a aderir ao cristianismo, em 325. Foi a primeira conferência de bispos ecuménica (do Grego oikumene, "mundial") da igreja cristã. Lidou com questões levantadas pela opinião Ariana da natureza de Jesus Cristo (se Deus, homem ou alguma mistura) e a subseqüente escolha dos evangelhos que formariam a Bíblia. Acabou por decidir contra a opinião dos arianos, em favor da trindade. Niceia (hoje Iznik), é uma cidade da Anatólia (hoje parte da Turquia).Foram oferecidas aos bispos as comodidades do sistema de transporte imperial - livre transporte e alojamento de e para o local da conferência - para encorajar a maior audiência possível. Constantino abriu formalmente a sessão. Este concílio teve uma importância especial também porque as perseguições aos cristãos tinham recentemente terminado. O primeiro concílio de Niceia ressalta como ponto inicial para as grandes controvérsias doutrinais da igreja no quarto e quinto séculos. Foi efetuada uma união entre o extraordinário eclesiástico dos conselhos e o Estado, que concedeu às deliberações deste corpo o poder imperial. Sínodos anteriores tinham-se dado por satisfeitos com a proteção de doutrinas heréticas; mas o concílio de Niceia é caracterizado pela etapa adicional de uma posição mais ofensiva, respeitante a artigos minuciosamente elaborados sobre a fé. Na controvérsia ariana colocava-se um obstáculo grande à realização da ideia de Constantino de um império universal que deveria ser alcançado com a ajuda da uniformidade da adoração divina. Conformemente, para o verão de 325 os bispos de todas as províncias foram chamados ao primeiro concílio ecumênico em Niceia, na Bitínia, Frígia, no Helesponto: um lugar facilmente acessível à maioria dos bispos, especialmente aos da Ásia, Síria, Palestina, Egipto, Grécia, Trácia e Egrisi (Geórgia ocidental). O número dos membros não pode exatamente ser indicado; Atanásio contou 318, Eusébio somente 250. Como era costume, os bispos orientais estavam em maioria; na primeira linha de influência hierárquica estavam três arcebispos: Alexandre de Alexandria, Eustáquio de Antioquia, e Macário de Jerusalém, bem como Eusébio de Nicomédia e Eusébio de Cesareia. Entre os bispos encontravam-se Stratofilus, bispo de Pitiunt (Bichvinta, reino de Egrisi). O ocidente enviou não mais de cinco representantes na proporção relativa das províncias: Marcus de Calabria de Itália, Cecilian de Cartago de África, Hosius de Córdova (Espanha), Nicasius de Dijon da França, e Domnus de Stridon da província do Danúbio. Estes dignitários eclesiásticos naturalmente não viajaram sozinhos, mas cada qual com sua comitiva, de modo que Eusébio refere um grupo quase inumerável de padres acompanhantes, diáconos e acólitos. Entre os presentes encontrava-se Atanásio, um diácono novo e companheiro do bispo Alexandre de Alexandria, que se distinguiu como o "lutador mais vigoroso contra os arianos" e similarmente o patriarca Alexandre de Constantinopla, um presbítero, como o representante de seu bispo, mais velho. O papa em exercício na época, Silvestre I, recusou o convite do imperador e não compareceu pessoalmente nas sessões do concílio, provavelmente esperando que sua ausência representasse um protesto contra a convocação do sínodo pelo imperador. Os pontos a serem discutidos no sínodo eram: A questão Ariana, A escolha dos evangelhos que figurariam na Bíblia, A celebração da Páscoa, O cisma de Milécio; O baptismo de heréticos; O estatuto dos prisioneiros na perseguição de Licínio. É um facto reconhecido que o anti-judaísmo, ou o anti-semitismo cristão, ganhou um novo impulso com a tomada do controle do império romano, sendo o concílio de Niceia um marco neste sentido. Os posteriores Concílios da Igreja manteriam esta linha. O Concílio de Antioquia (341 D.C.) proibiu aos Cristãos a celebração da Páscoa com os Judeus. O Concílio de Laodicéia proibiu os Cristãos de observar o Shabbat e de receber prendas de judeus ou mesmo de comer pão ázimo nos festejos judaicos. Uma boa fonte para o estudo deste período histórico é-nos apresentada hoje sob a forma da obra de Edward Gibbon, um historiador representativo do iluminismo inglês do século XVIII, ainda hoje lida e traduzida para várias línguas (Uma nova tradução para o alemão foi editada em 2003): A história do declínio e queda do império romano.

[98] Celso, ex-tribuno, de acordo com a "História Augusta" (Vidas dos Trinta Tiranos, cap. 29), vivia tranqüilamente como simples particular em seus domínios africanos, quando, no ano 265 dC, na época do governo unitário de Galieno (260 - 268 dC), devido à sua fama de justiça e também ao seu porte físico, foi proclamado Imperador pelo procônsul Víbio Passieno, apoiado por Fábio Pomponiano, comandante das forças estacionadas nas fronteiras das tribos líbias. Contudo, após um período de apenas sete dias, acabou sendo eliminado por Galiena, ao que se diz prima de Galieno, sendo seu cadáver atirado aos cães. Toda a história é considerada pela moderna crítica como fictícia.

[99] Livro dos Mortos é a designação dada a uma colectânea de feitiços, fórmulas mágicas, orações, hinos e litanias do Antigo Egipto, escritos em rolos de papiro e colocados nos túmulos junto das múmias. O objectivo destes textos era ajudar o morto na sua viagem pelo mundo subterrâneo, afastando eventuais perigos que este poderia encontrar na viagem para o Além. Embora não tenha sido escrito como livro de síntese teológica, constitui uma das principais fontes para o estudo e compreensão da religião egípcia. O Livro dos Mortos não era um "livro" no sentido coevo da palavra. A actual idéia de livro sugere a existência de um autor (ou autores) que propositadamente redige um texto com um princípio, meio e fim. Em vez disso, os textos que integram o que hoje se denomina por Livro dos Mortos não foram escritos por um único autor nem são todos da mesma época histórica. Os antigos egípcios denominavam a esta colectânea de textos como Prt m hru , o que pode ser traduzido como "A Manifestação do Dia" ou "A Manifestação da Luz". A actual designação Livro dos Mortos é disputada entre duas origens. A primeira refere-se ao título dado aos textos pelo egiptólogo alemão Karl Richard Lepsius quando os publicou, em 1842 - Das Todtenbuch der Ägypter (Todtenbuch, Livro dos Mortos). Afirma-se igualmente que o título possa ser oriundo do nome que os profanadores dos túmulos davam aos papiros que encontravam junto às múmias - em árabe, Kitab al-Mayitun (Livro do Defunto).

[100] Shamash (ou, aportuguesado, Chamach) era o deus acádico do Sol. Shamash deriva do acádico Šams, que queria dizer Sol, tal como ainda hoje no árabe moderno. Entra no nome compósito dos reis assírios Shamsi-Adad, invocação simultânea de Shamash e de Adad. Shamash aparece na história do Mangá Japonês Shaman King como espírito Guardião da Iron Maiden Jeane, líder dos X-Laws. A Participação na trama é bem fiel a sua história, já que é utilizado como ferramenta de Julgamento - Fazendo Alusão a sua participação mística no Código de Hamurabi.

[101] Muhammad, Muḥammad (Maomé) ou Moḥammed (em árabe: مُحَمَّد,) (Meca, c. 570 — Medina, 8 de Junho de 632) foi um líder religioso e político árabe. Segundo a religião islâmica, Muhammad é o mais recente e último profeta do Deus de Abraão.Para os muçulmanos, Muhammad foi precedido em seu papel de Profeta por Jesus, Moisés, Davi, Jacob, Isaac, Ismael e Abraão. Como figura política, ele unificou várias tribos árabes, o que permitiu as conquistas árabes daquilo que viria a ser um império islâmico que se estendeu até à Europa (incluindo Portugal). Não é considerado pelos muçulmanos como um ser divino, mas sim, um ser humano; contudo, ele é visto como um dos mais perfeitos entre os seres humanos. Nascido em Meca, Maomé foi durante a primeira parte da sua vida um mercador que realizou extensas viagens no contexto do seu trabalho. Maomé tinha por hábito retirar-se para orar e meditar nos montes perto de Meca. Os muçulmanos acreditam que em 610, quando Maomé tinha quarenta anos, enquanto realizava um desses retiros espirituais numa das cavernas do Monte Hira, foi visitado pelo anjo Gabriel que lhe ordenou que recitasse uns versos enviados por Deus. Estes versos seriam mais tarde recolhidos e integrados no Alcorão. Gabriel comunicou-lhe que Deus tinha-o escolhido como último profeta enviado à humanidade. Maomé não rejeitou completamente o judaísmo e o cristianismo, duas religiões monoteístas já conhecidas pelos árabes. Em vez disso, Muhammad informou que tinha sido enviado por Deus para restaurar os ensinamentos originais destas religiões, que tinham sido corrompidos e esquecidos. Muitos habitantes de Meca rejeitaram a sua mensagem e começaram a perseguí-lo, bem como aos seus seguidores. Em 622 Maomé foi obrigado a abandonar Meca, numa migração conhecida como a Hégira (Hijra), tendo se mudado para Yathrib, cidade hoje conhecida como Medina. Nesta cidade, Maomé tornou-se o chefe da primeira comunidade muçulmana. Seguiram-se uns anos de batalhas entre os habitantes de Meca e Medina, que se saldaram em geral na vitória de Muhammad e dos seguidores. A organização militar criada durante estas batalhas foi usada para derrotar as tribos da Arábia. Por altura da sua morte, Maomé tinha unificado praticamente a Arábia sob o signo de uma nova religião, o Islão.

[102] O Alcorão ou Corão (em árabe قُرْآن) é o livro sagrado do Islão. Os muçulmanos acreditam que o Alcorão é a palavra literal de Deus (Alá) revelada ao profeta Muhammad (Maomé) ao longo de um período de 22 anos. A palavra Alcorão deriva do verbo árabe que significa ler ou recitar; Alcorão é portanto uma "recitação" ou algo que deve ser recitado. Os muçulmanos podem se referir ao Alcorão usando um título que denota respeito, como al-Karim (o Nobre) ou al-Azim (o Magnífico). É um dos livros mais lidos e publicados no mundo, sendo que, não é vendido pelos muçulmanos e, sim, dado. Há duas variantes para o nome do livro usadas comumente: Corão e Alcorão. Rodrigo de Sá Nogueira considera Corão uma mistura de galicismo e de falsa erudição. Por vezes se afirma que o Al- em Alcorão corresponde ao artigo definido árabe e por tanto seria desnecessário. Al é de facto um artigo definido árabe. No entanto, nas muitas palavras portuguesas de origem árabe que se iniciam por al não se suprime o artigo árabe, como almanaque ou açúcar. José Pedro Machado, um recém-falecido arabista, nota ainda que a palavra Alcorão está registrada desde os mais antigos documentos em português e ao longo de toda a história da língua, ao contrário de Corão, recentemente importada. O Alcorão está organizado em 114 capítulos, denominados suras. Considera-se que 92 capítulos foram revelados ao profeta Muhammad em Meca, e 22 em Medina. Os capítulos estão dispostos aproximadamente de acordo com o seu tamanho e não de acordo com a ordem cronológica da revelação. Cada sura pode por sua vez ser subdividida em versículos (ayat). O número de versículos é de 6536 ou 6600, conforme a forma de os contar. A sura maior é a segunda, com 286 versículos; as suras menores possuem apenas três versículos. Os capítulos são tradicionalmente identificados mais pelos nomes do que pelos números. Estes receberam nomes de palavras distintivas ou de palavras que surgem no inicío do texto, como por exemplo A Vaca, A Abelha, O Figo ou A Aurora. Contudo, não se deve pensar que o conteúdo da sura esteja de alguma forma relacionado com o título do capítulo. O Alcorão não foi estruturado como um livro durante a vida de Muhammad. À medida que o profeta Muhammad recebia as revelações, ele solicitava ao jovens letrados que integravam a sua comitiva para que transcrevessem os textos. O chefe desta equipe de secretários, que surgiu de forma institucionalizada após a Hégira, em Meca, foi Zayd ibn Thabit. O texto foi preservado em materiais dispersos tão variados como folhas de tamareira, pedaços de pergaminho, omoplatas de camelos, pedras e também na memória dos primeiros seguidores. Durante as noites do Ramadão, Muhammad recapitulava as revelações, numa conferência onde estava presentes os logógrafos (escritores profissionais) e os hafiz, ou seja, pessoas que conheciam passagens de memória (que escutaram nas prédicas do profeta). Após a morte de Muhammad em 632 iniciou-se o processo de recolhimento dos vários extratos. Para alguns, o Alcorão terá sido composto na sua forma actual sob a direcção do califa Abu Bakr nos dois anos que se seguiram à morte de Muhammad; outros defendem que foi o califa Omar o primeiro a compilar o Alcorão. Considera-se que a verdade está a meio termo: Abu Bakr foi aconselhado por Omar a compilar um primeiro manuscrito, auxiliado na tarefa por logógrafos e por dois hafiz. Entre 650 e 656, durante o califado de Otman, o Alcorão se estruturou de uma forma mais oficial. Otman nomeou uma comissão para decidir o que deveria ser incluído ou excluído do texto final do Alcorão. Foi então constituído um "livro-referência" a partir do qual se criaram seis cópias que foram enviadas para Meca, Iémen, Bahrein, Bassora e Kufra. Alcorão descreve as origens do Universo, o Homem e as suas relações entre si e o Criador. Define leis para a sociedade, moralidade, economia e muitos outros assuntos. Foi escrito com o intuito de ser recitado e memorizado. Os muçulmanos consideram o Alcorão sagrado e inviolável. Alcorão do Al-Andalus (século XII) Para os muçulmanos, o Alcorão é a palavra de Deus, sagrada e imutável, que fornece as respostas acerca das necessidades humanas diárias, tanto espirituais como materiais. Ele discute Deus e os seus nomes e atributos, crentes e suas virtudes, e o destino dos não-crentes (kuffar); até mesmo temas de ciência. Os muçulmanos não seguem apenas as leis do Alcorão, eles também seguem os exemplos do profeta, o que é conhecido como a Sunnah, e a interpretação do Corão contida nos ensinamentos do profeta, conhecida como hadith. Aos muçulmanos é ensinado que Deus lhes enviou outros livros. Para além do Alcorão, os outros são o livro de Ibrahim (que se perdeu), a lei de Moisés (a Torá), os Salmos de David (o Zabûr) e o evangelho de Jesus (o Injil). O Alcorão descreve cristãos e Judeus como "o povo do livro" (ahl al Kitâb). Os ensinamentos do Islão englobam muitas das mesmas personagens do judaísmo e do cristianismo. Personagens bíblicas bem conhecidas como Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus, Maria (a mãe de Jesus) e João Baptista são mencionados no Alcorão como profetas do Islão. No entanto, os muçulmanos frequentemente se referem a eles por nomes em língua árabe, o que pode criar a ilusão de que se trata de pessoas diferentes (exemplos: Alá para Deus, Iblis para Diabo, Ibrahim para Abraão, etc).

[103] Aurélio Agostinho (do latim, Aurelius Augustinus), Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho foi um bispo católico, teólogo e filósofo que nasceu em 13 de Novembro de 354 em Tagaste (hoje Souk-Ahras, na Argélia); morreu em 28 de Agosto de 430, em Hipona (hoje Annaba, na Argélia). É considerado pelos católicos santo e Doutor da Igreja. Agostinho cresceu no norte da África colonizado por Roma, educado em Cartago. Foi professor de retórica em Milão em 383. Seguiu o Maniqueísmo nos seus dias de estudante e se converteu ao cristianismo pela pregação de Ambrósio de Milão. Foi batizado na Páscoa de 387 e retornou ao norte da África, estabelecendo em Tagaste uma fundação monástica junto com alguns amigos. Em 391 foi ordenado sacerdote em Hipona. Tornou-se um pregador famoso (há mais de 350 sermões dele preservados, e crê-se que são autênticos) e notado pelo seu combate à heresia do Maniqueísmo. Defendeu também o uso de força contra os Donatistas, perguntando "Por que (...) a Igreja não deveria usar de força para compelir seus filhos perdidos a retornar, se os filhos perdidos compelem outros à sua própria destruição?" (A Correção dos Donatistas, 22-24) Em 396 foi nomeado bispo assistente de Hipona (com o direito de sucessão em caso de morte do bispo corrente), e permaneceu como bispo de Hipona até sua morte em 430. Deixou seu monastério, mas manteve vida monástica em sua residência episcopal. Deixou a Regula para seu monastério que o levou a ser designado o "santo Patrono do Clero Regular", que é uma paróquia de clérigos que vivem sob uma regra monástica. Agostinho morreu em 430 durante o cerco de Hipona pelos Vândalos. Diz-se que ele encorajou seus cidadãos a resistirem aos ataques, principalmente porque os Vândalos haviam aderido ao arianismo, que Agostinho considerava uma heresia. Influência como teólogo e pensador Na história do pensamento ocidental, sendo muito influenciado pelo platonismo e neoplatonismo, particularmente por Plotino, Agostinho foi importante para o batismo do pensamento grego e sua entrada na tradição cristã, e posteriormente na tradição intelectual européia. Também importantes foram seus adiantados escritos influenciadores sobre a vontade humana, um tópico central na ética, e que se tornaram um foco para filósofos posteriores, como Schopenhauer e Nietzsche, mas ainda encontrando eco na obra de Camus e Hannah Arendt (ambos os filósofos escreveram teses sobre Agostinho). É largamente devido à influência de Agostinho que o cristianismo ocidental concorda com a doutrina do pecado original, e a Igreja Católica sustenta que batismo e ordenações feitos fora dela podem ser válidos (a Igreja Católica Romana reconhece ordenações feitas na Igreja Ortodoxa Oriental e Ocidental, mas não nas igrejas protestantes, e reconhece batismos de quase todas as igrejas cristãs). Os teólogos católicos geralmente concordam com a crença de Agostinho de que Deus existe fora do tempo e no "presente eterno"; o tempo só existe dentro do universo criado. O pensamento de Agostinho foi também basilar em orientar a visão do homem medieval sobre a relação entre a fé cristã e o estudo da natureza. Ele reconhecia a importância do conhecimento, mas entendia que a fé em Cristo vinha a restaurar a condição decaída da razão humana, sendo portanto mais importante. Agostinho afirmava que a interpretação das escrituras deveria ser feita de acordo com os conhecimentos disponíveis, em cada época, sobre o mundo natural. Escritos como sua interpretação do livro bíblico do gênesis como o que chamaríamos hoje de um "texto alegórico", vão influenciar fortemente a Igreja medieval, que terá uma visão mais interpretativa e menos literal dos textos sagrados. Tomás de Aquino tomou muito de Agostinho para criar sua própria síntese do pensamento grego e cristão. Dois teólogos posteriores que admitiram influência especial de Agostinho foram João Calvino e Cornelius Jansen. O Calvinismo se desenvolveu como parte da teologia da Reforma, enquanto que o Jansenismo foi um movimento dentro da Igreja Católica; alguns jansenistas entraram em divisão e formaram sua própria igreja. Agostinho foi canonizado por reconhecimento popular e reconhecido como um doutor da Igreja. Seu dia é 28 de agosto, o dia no qual ele supostamente morreu. Ele é considerado o santo padroeiro dos cervejeiros, impressores, teólogos, e de um grande número de cidades e dioceses.

[104] Joana d'Arc (em francês Jeanne d'Arc) (Domrémy-la-Pucelle, 6 de janeiro 1412 — Ruão, 30 de maio 1431), por vezes chamada donzela de Orléans, é a santa padroeira da França e foi uma heroína da Guerra dos Cem Anos. Durante a guerra, tomou partido pelos Armagnacs na longa luta contra os borguinhões e seus aliados ingleses. Descendente de camponeses, gente modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva. Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até ao século XIX (o século do nacionalismo), o que parece confirmar as teorias sobre o nacionalismo de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu: "Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica". François Villon, nascido em 1431, no ano de sua morte, evoca sua lembrança na bela «Ballade des Dames du temps jadis» ou seja, «Balada das damas do tempo passado» - -a como uma bruxa; Voltaire escreveu um poema satírico ou pseudo-ensaio histórico que a ridicularizava, intitulado «La Pucelle d´Orleans» ou «A Donzela de Orleans» [1] Depois da Revolução, o partido monárquico reavivou a lembrança da boa lorena que jamais desistiu do retorno do rei. Joana será recuperada pelos profetas da «França eterna», em primeiro lugar o grande historiador romântico Jules Michelet. Com o romantismo, o alemão Schiller fez dela a heroína da sua peça de teatro "Die Jungfrau von Orleans", publicada em 1801. Em 1870, quando a França foi derrotada pela Alemanha - que ocupou a Alsácia e a Lorena - "Jeanne, a pequena pastora de Domrémy, um pouco ingênua, tornou-se a heroína do sentimento nacional". Republicanos e nacionalistas exaltarão aquela que deu sua vida pela pátria. Durante a primeira fase da Terceira República, no entanto, o culto a Joana d'Arc esteve associado à direita monarquista, da qual era um dos simbolos, como o rei Henrique IV, sendo mal vista pelos republicanos. A Igreja Católica francesa propôs a Pio X sua beatificação, realizada em 1909, num período dominado pela exaltação da nação e o ódio ao estrangeiro, inglês ou alemão. O gesto do papa inspirou-se no desejo de fazer a Igreja de França entrar em mais perfeito acordo com os dirigentes anticlericais da IIIª República. Mas só com a Primeira Guerra Mundial de 1914 a 1918, Joana deixa de ser uma heroína da Direita; para Irène Kuhn,a partir daí "os postais patrióticos mostram Jeanne à cabeça dos exércitos e monumentos seus aparecem como cogumelos por toda a França. O Parlamento francês estabelece uma festa nacional em sua honra no 2º domingo de maio. Em 9 de maio de 1920, cerca de 500 anos depois de sua morte, Joana d'Arc foi definitivamente reabilitada, sendo canonizada pelo papa Bento XV - era a Santa Joana d'Arc. A canonização traduzia o desejo da Santa Sé de estender pontes para a França republicana, laica e nacionalista. Em 1922 foi declarada padroeira de França. Joana d´Arc permanece como testemunha de milagres que pode realizar uma pessoa ainda mesmo que animada apenas pela energia de suas convicções, mesmo adolescente, pastora e analfabeta, de modo que seu exemplo guarda um valor universal.

[105] Brahma é o primeiro deus da Trimurti, a trindade hindu mas não recebe tanta importância como os outros dois: Vishnu e Shiva.Brahma é considerado pelos hindus a representação da força criadora ativa no universo. A visão de universo pelos hindus é cíclica. Depois que um universo é destruído por Shiva, Vishnu se encontra dormindo e flutuando no oceano primordial. Quando o próximo universo está para ser criado, Brahma aparece montado num Lótus, que brotou do umbigo de Vishnu e recria todo o universo. Depois que Brahma cria o universo, ele permanece em existência por um dia de Brahma, que vem a ser aproximadamente 4.320.000.000 anos em termos de calendário hindu. Quando Brahma vai dormir, após o fim do dia, o mundo e tudo que nele existe é consumido pelo fogo, quando ele acorda de novo, ele recria toda a criação, e assim sucessivamente, até que se completem 100 anos de Brahma, quando esse dia chegar, Brahma vai deixar de existir, e todos os outros deuses e todo o universo vão ser dissolvidos de volta para seus elementos constituíntes. Brahma é representado com quatro cabeças, mas originalmente, era representado com cinco. O ganho de cinco cabeças e a perda de uma é contado numa lenda muito interessante. De acordo com os mitos, ele possuía apenas uma cabeça. Depois de cortar uma parte do seu próprio corpo, Brahma criou dela uma mulher, chamada Satrupa, também chamada de Sarasvati. Quando Brahma viu sua criação, ele logo se apaixonou por ela, e já não conseguia tirar os olhos da beleza de Satrupa. Naturalmente, Satrupa ficou envergonhada e tentava se esquivar dos olhares de Brahma movendo-se para todos os lados. Para poder vê-la onde quer que fosse, Brahma criou mais três cabeças, uma à esquerda, outra à direita e outra logo atrás da original. Então Satrupa voou até o alto do céu, fazendo com que Brahma criasse uma quinta cabeça olhando para cima, foi assim que Brahma veio a ter cinco cabeças. Da união de Brahma e Satrupa, nasceu Suayambhuva Manu, o pai de todos os humanos. Nas escrituras, é mencionado que a quinta cabeça foi eliminada por Shiva. Brahma falou desrespeitosamente de Shiva, que abriu seu terceiro olho e queimou a quinta cabeça de Brahma. Brahma tem quatro braços e nas mãos ele segura uma flor de Lótus, seu Cetro, colher, um rosário, um vaso contendo água benta e os Vedas. O veículo de Brahma é o cisne "Hans-Vahana", o símbolo do conhecimento. A esposa de Brahma é Sarasvati, a Deusa da Sabedoria. Na Índia, Brahma é pouco cultuado, pois na visão hindu, sua função já se acabou depois que o universo foi criado. As lendas sobre Brahma não são tantas nem tão ricas quanto as de Vishnu e Shiva. Para Vishnu e Shiva, existem incontáveis templos de adoração, mas para Brahma, apenas um, que fica no lago Pushkar em Ajmer.

[106] De acordo com a tradição Hindu, Krishna ( em Devanagari) é o oitavo avatar de Vishnu. É citado no Mahabharata, mais exatamente no Bhagavad Gita, e é considerado, segundo o Movimento Hare Krishna (ISKCON), a Suprema Personalidade (Deus), sendo assim, a origem de todas as encarnações seguintes. Krishna e suas histórias aparecem nas diversas tradições filosóficas e teológicas hindu. Embora, algumas vezes diferentes nos detalhes, ou até mesmo contradizendo as características de uma tradição particular, alguns aspectos básicos são compartilhados por todas elas. Estes incluem uma encarnação divina, uma infância e uma juventude pastoral e a vida como um guerreiro e professor. A imensa popularidade de Krishna fez com que várias religiões não-hindus que se originaram na Índia tivessem suas próprias versões dele.

[107] Júpiter (em latim, Iuppiter) era o deus romano do dia, comumente identificado com o deus grego Zeus. Também era chamado de Jovis (Jove). Filho de Saturno e Cíbele, foi dado por sua mãe às ninfas da floresta em que o havia parido. Os fados tinham comunicado ao seu pai, Saturno, que ele havia de ser afastado do trono por um filho que nascesse dele. Para evitar a concretização da ameaça do destino, Saturno devorava os filhos mal acabavam de nascer. Quando Júpiter nasceu, a mãe, cansada de ver assim desaparecer todos os filhos, entregou a Saturno uma pedra, que o deus engoliu sem se dar conta do logro. Criado longe, na ilha de Creta, para não ter o mesmo destino cruel dos irmãos, ali cresceu alimentado pela cabra Amalteia. Quando esta cabra morreu, Júpiter usou a sua pela para fazer uma armadura que ficou conhecida por Égide. Quando chegou à idade adulta enfrentou o pai e, com a ajuda de uma droga, obrigou-o a vomitar todos os filhos que tinha devorado. Após libertar os irmãos do ventre paterno, empreendeu a revolta titanomaquia. Saturno procurou seus irmãos para fazer frente ao jovem deus rebelde que, com seus irmãos, reuniram-se no Olimpo. Casou-se com Juno, sua irmã e filha preferida de Cibele. Júpiter teve muitos filhos, tanto de deusas como de mulheres. Marte, Minerva e Vénus são seus filhos divinos, entre outros. Quando se apaixonava por mortais, Júpiter assumia diversas formas para se poder aproximar delas. Baco era seu filho e da mortal Sémele. A jovem durante a gravidez insistiu que queria ver o pai do seu filho, em toda a glória. Júpiter tentou dissuadi-la, mas sem êxito. Quando o rei dos deuses se apresentou abertamente à sua amante, esta caiu fulminada. Júpiter tomou então o feto e colocou-o na sua barriga da perna, onde terminou a gestação. Para conquistar a Princesa Europa, transformou-se em touro branco. A jovem aproximou-se e Júpiter mostrou-se meigo. Quando Europa montou sobre o seu dorso, ele elevou-se nos ares e levou a princesa para a ilha de Creta, onde se uniu a ela. Dessa união nasceram Minos, Radamante e Sarpédon. Noutra altura apaixonou-se por Alcmena, esposa de Anfitrião. Para a conquistar, assumiu a forma do próprio marido e contou com a ajuda de Mercúrio, que tomou a forma do criado Sósia. Dessa união nasceu o semi-deus Hércules.

[108] Zeus era senhor do céu e deus grego supremo. Filho mais novo de Cronos e Réia, nasceu no Monte Ida, em Creta. Conhecido pelo nome romano de Júpiter, tinha como irmãos Poseídon, Hades, Deméter, Héstia e Hera, de quem era também marido, e pai de diversos deuses, como Atena, Artemis e Apolo. Zeus sempre foi considerado um deus do tempo, com raios, trovões, chuvas e tempestades atribuídas a ele. Mais tarde, ele foi associado à justiça e à lei. Havia muitas estátuas erguidas em honra de Zeus, sendo que a mais magnífica era a sua estátua em Olímpia, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Originalmente, os jogos olímpicos eram realizados em sua honra. Segundo mito, durante muito tempo quem governou a Terra foi o tirano Urano (o Céu). Até que foi deposto por Cronos, seu filho. Então Urano profetizou que Cronos também seria destronado por seu próprio filho. Cronos, temendo a maldição, passou a devorar vivos os próprios filhos, logo que estes nasciam. Vários bebês tiveram esse destino. Réia, porém, não podia deixar de amar seus filhos. Assim, após dar a luz um menino, Réia enganou o marido, dando um potro a Cronos. Este, ansioso por se proteger da profecia, devorou o potro sem perceber o embuste. Alguns poetas, de forma diferente, dizem que Cronos engoliu um saco de pedras. Réia levou o filho salvo para um local seguro, dando-lhe o nome de Zeus (tesouro que reluz). Filhos: Com Hera foi pai de Hefesto, deus do fogo; Hebe, deusa da juventude, Ares, deus da guerra e Ilítia, deusa dos partos. Antes de desposar Hera, foi pai de Atena, com sua primeira esposa Métis, e com sua irmã Deméter teve Perséfone. Apesar de casado com Hera, Zeus tinha inúmeras amantes (as paixões de Zeus). Usava dos mais diferentes artifícios de sedução, como a metamorfose em qualquer objeto ou criatura viva, sendo dois dos mais famosos o cisne de Leda e o touro de Europa. Assim sendo, teve muitos filhos ilegítimos com deusas e mulheres mortais, que se tornaram proeminentes na mitologia grega – Hércules e Helena, por exemplo.

[109] As origens mais antigas do liberalismo clássico remontam a pensadores antigos como Aristóteles e Cícero O Liberalismo pode encontrar algumas de suas raízes no humanismo que se iniciou com a contestação da autoridade das igrejas oficiais durante a Renascença, e com a facção Whigs da Revolução Gloriosa na Grã-Bretanha, cuja defesa do direito de escolherem o seu próprio rei pode ser vista como percussora das reinvidicações de soberania popular. No entanto, os movimentos geralmente tidos como verdadeiramente "liberais" surgem durante o Iluminismo, particularmente o do partido Whig de Inglaterra, os filósofos em França e o movimento defensor do auto-governo na América colonial.Estes movimentos opunham-se à monarquia absoluta, mercantilismo, e diversas formas de ortodoxia religiosa e clericalismo. Foram também os primeiros a formular os conceitos de direitos individuais e do primado da lei, bem como da importância do auto-governo através de representantes eleitos. O enfoque na "liberdade" como direito político essencial das pessoas foi repetidamente defendido ao longo da história: o conceito básico da liberdade foi criado durante a Idade Antiga na Grécia; na Idade Média as cidades italianas se revoltaram contra os Estados Pontifícios papais debaixo da bandeira da "liberdade", e, um século e meio depois, o filósofo Nicolau Machiavel fez da defesa das liberdades civis a chave da forma republicana de governar. A resistência holandesa ao opressivo catolicismo espanhol é freqüentemente apontado como outro exemplo; apesar da recusa em conceder liberdade de culto aos católicos, é usualmente considerado uma luta predecessora dos valores liberais. A história do liberalismo como ideologia consistente, ou seja, em que a liberdade não é algo de acessório, mas a base fundamental dos direitos políticos e mais tarde do próprio Estado, começam a tomar forma como resposta ao absolutismo político e ao realismo no Reino Unido. O corte definitivo foi a concepção de que os indivíduos livres poderiam formar a base da estabilidade política em vez de terem licença de agir, desde que não colocasem em causa a estabilidade política. Esta concepção é geralmente atribuída a John Locke (1632-1704), cuja obra (Dois tratados de governo) estabeleceu duas ideias liberais fundamentais: liberdade econômica, ou seja o direito de possuir e usufruir da propriedade, e a liberdade intelectual, incluindo a liberdade de consciência, a qual é exposta em Da tolerância (1689). No entanto, ele não estende essas concepções de liberdade religiosa aos Católicos. A Escolástica Tardia foi a grande base doutrinal da obra de Locke, para além da realidade concreta em que viveu. Recolhe a ideia, sobretudo de Francisco Suárez e Juan de Mariana, jesuítas espanhóis que defenderam o direito natural como base dos sistemas políticos, onde o homem entrega o poder para ser exercido por terceiros, mas mantendo sempre o direito de o assumir novamente, nos casos de injustiça. Estes autores reconhecem inclusive o direito à revolta, à revolução e ao tiranocídio, ou seja o derrube pela força do mau governante. Juan de Mariana vai mais além e defende que a sociedade e a liberdade individual se baseiam na propriedade. Locke desenvolve posteriormente a ideia de lei natural\direitos naturais, os quais ele define como "vida, liberdade e propriedade". A sua "Teoria do Direito Natural" é o antepassado distante da moderna concepção de Direitos Humanos. No entanto, para Locke, a propriedade era mais importante do que os direitos de participar no governo e no processo público de decisão: ele não defendia a democracia, porque receava que ao se dar o poder ao povo se provocaria a erosão da santidade da propriedade privada. No entanto, a idéia de direitos naturais desempenhou um papel chave na sustentação ideológica na Revolução Americana e na fase inicial da Revolução Francesa. No continente Europeu, a doutrina do priado da lei, mesmo sobre os monarcas foi sustentada por Montesquieu em seu O espirito das leis. Neste trabalho, é defendida a idéia que "é melhor dizer que é preferível o governo mais conforme a natureza é aquele que melhor coincida com a vontade e disposição das pessoas em favor do qual é estabelecido," ao daquele estabelecido meramente pela força. Prosseguindo na mesma via, o economista político Jean-Baptiste Say e Destutt de Tracy foram os mais ardentes defensores da "harmonia" do mercado e deram provavelmente origem ao termo laissez-faire]]. Na segunda metade do século XVIII emergiram duas escolas de pensamento particularmente relevantes para o pensamento liberal. Na Suécia-Finlandia o período de liberdade e governo parlamentar entre 1718 e 1772 viu surgir o parlamentar Anders Chydenius. O seu impacto deu-se sobretudo na região nórdica, mas também teve importantes consequências noutras áreas. A outra escola é derivada do "iluminismo escocês", influenciando pensadores como David Hume, Adam Smith e por fim Immanuel Kant. Embora Adam Smith seja considerado como o mais famoso dos pensadores liberais, ele teve antecessores. Os fisiocratas em França propuseram-se estudar a política econômica de forma sistemática e a natureza da auto-regulação dos mercados. Mais relevante ainda, no seu livro 1765 book The National Gain Anders Chydenius foi o primeiro pensador a publicamente propor a liberdade de comércio e a definir os próprios principios do liberalismo, onze anos antes de Adam Smith no seu livro a riqueza das nações em 1776. Benjamin Franklin, por seu turno, defendeu a liberdade para a indústria norte-americana em 1750. O escocês Adam Smith (1723-1790) expôs a teoria de que os individuos poderiam estruturar a sua vida económica e moral sem se restringirem às intenções do Estado, e pelo contrário, de que as nações seriam tanto mais fortes e prósperas quanto mais permitissem que os individuos pudessem viver de acordo com a sua própria iniciativa. Defendeu o fim das regulações mercantis e feudais, dos grandes monopólios estatais ou similares e é encarado como o defensor do principio do "laissez-faire" - o governo não deveria tomar posição no funcionamento livre do mercado. Adam Smith desenvolveu uma teoria de motivação pela qual tentou conciliar o interesse egoista individual com a desordem social (sobretudo no Teoria dos Sentimentos Morais (1759)). O seu famoso trabalho, a Riqueza das nações (1776), tentou explicar como o mercado com certas precondições naturalmente se auto-regularia por intermédio da agregação das decisões individuais e produziria muito mais eficientemente do que os pesados mercados regulados que eram a norma no seu tempo. As suas premissas eram a de que o papel do governo não deveria ter uma intervenção em áreas onde o lucro não poderia ser a motivação, e prevenir os individuos de usarem da força ou fraude para alterarem a livre competição, comercio e produção. Defendia que os governos deveriam apenas intervir fiscalmente em áreas onde as mesmas não tivessem impacto nos custos económicos, seguindo a teoria de Hume sobre circulação monetária, argumentando que era a produção de riquezas e não o total de ouro que representava a "riqueza" de uma nação. Kant foi fortemente influenciado pelo empirismo e racionalismo de David Hume. O seu mais importante contributo para o liberalismo foi na área da ética, particularmente a sua asserção do imperativo categórico. Kant defendia que os sistemas resultantes da razão e da moral estavam subordinados à lei e moral natural, e portanto, quaisquer tentativas para as subverter só trariam o fracasso.O seu idealismo, foi estruturante, na visão de que existiam verdades fundamentais que os sistemas racionais não poderiam ignorar e nas quais se deveriam basear. Tal entendimento fazia a ligação com o Iluminismo Inglês o qual estabelecia a existência de direitos natural.

[110] Adolf Hitler (Braunau am Inn, Áustria, 20 de abril de 1889 — Berlim, 30 de abril de 1945) foi o líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (em alemão Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, NSDAP), também conhecido por Nazi por oposição aos sociais-democratas, os Sozi), chanceler e, posteriormente, ditador alemão. Era filho de um funcionário de alfândega de uma pequena cidade fronteiriça da Áustria com a Alemanha. As suas teses racistas e anti-semitas e os seus objectivos para a Alemanha ficaram patentes no seu livro de 1924, Mein Kampf (Minha luta). No período da sua ditadura os judeus e outros grupos minoritários considerados "indesejados", como Testemunhas de Jeová, eslavos, poloneses, ciganos, negros, homossexuais, deficientes físicos e mentais, foram perseguidos e exterminados no que se convencionou chamar de Holocausto. Hitler seria derrotado apenas pela intervenção externa dos países aliados no prosseguimento da Segunda Guerra Mundial, que acarretou a morte de um total estimado em 50 ou 60 milhões de pessoas. Cometeu suicídio no seu Quartel-General (o Führerbunker), em Berlim, a 30 de abril de 1945, com o Exército Soviético a poucos quarteirões de distância. Hitler era canhoto (ou ambidestro segundo algumas fontes), sofria de fotofobia, era vegetariano (segundo algumas fontes apenas na fase terminal da vida, por conselho médico), abstémio e falava um alemão com sotaque típico dos subúrbios de Viena (Wiener Vorstadtdialekt). Antigo retrato de Hitler Relata Wilhelm Keitel, que Hitler não suportava que fumassem em sua presença, considerava a caça uma matança da fauna inocente. Embora reforce que Hitler era abstêmio, afirma que uma única vez o viu beber um copo de cerveja, no dia em que ele visitou Praga, após sua conquista. A despeito de toda a maldade que manifestou, Hitler era uma pessoa polida e cordial no trato particular, quase paternal, a confiar na narrativa de Traudl Junge, sua secretária. Quando de suas visitas a Munique, Hitler gostava de se reunir com seus camaradas no restaurante Osteria Bavária, na Shellingstrasse, sempre pedindo um ravioli e água mineral Fachinger ou Apollinaris.

[111] Cesare Cantù (Brivio, 5 de dezembro de 1804 — Milão, 15 de março de 1895) foi um historiador, escritor e importante intelectual italiano.

[112] Claude Lévi-Strauss (Bruxelas, 28 de novembro de 1908) é um antropólogo, professor e filósofo belga, considerado o fundador da Antropologia Estruturalista, em meados da década de 1950, e um dos grandes intelectuais do século XX. Claude Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas. Iniciou seus estudos em Direito e Filosofia na Sorbonne (Paris). Não completou os estudos em Direito, conseguindo a licenciatura em Filosofia. Durante este período, Lévi-Strauss conduziu seu primeiro trabalho etnográfico. As estruturas elementares do parentesco foi publicado no ano seguinte e, instantâneamente, consagrou-se como um dos mais importantes estudos de família já publicados. O título faz uma brincadeira com o título do livro de Émile Durkheim, As formas elemen No final da década de 1940 e começo da década seguinte, Lévi-Strauss continou a publicar e experimentou considerável sucesso profissional. Em seu retorno à França ele se envolveu com a administração do CNRS e do Musée de l'Homme, até ocupar uma cadeira na quinta seção da École Pratique des Hautes Études, aquela de 'Ciências Religiosas' que havia pertencido previamente a Marcel Mauss e que Lévi-Strauss renomeou para "Religião Comparada de Povos Não-Letrados". Apesar de bem conhecido em círculos acadêmicos, foi apenas em 1955 que Lévi-Strauss tornou-se um dos intelectuais franceses mais conhecidos ao publicar Tristes Trópicos, livro autobiográfico acerca de seu exílio na década de 1930. Em 1959 Lévi-Strauss foi nomeado para a cadeira de Antropologia social do Collège de France. Por volta desse período publicou Antropologia estrutural, uma coleção de ensaios em que oferece tanto exemplos como manifestos programáticos do estruturalismo. Começou a organizar uma série de instituições confronto entre as visões existencialista e estruturalista iria eventualmente inspirar jovens autores como Pierre Bourdieu-Eckhart de filosofia. É doutor honoris causa de diversas universidades pelo mundo. Apesar de aposentado, Lévi-Strauss continua a publicar ocasionalmente volumes de meditações sobre artes, música e poesia, bem como reminiscências de seu passado.

[113] "Cabala" é uma doutrina esotérica que visa conhecer a Deus e o Universo, sendo afirmado que nos chegou como uma revelação para eleger santos de um passado remoto, e reservada apenas a alguns privilegiados. Formas antigas de misticismo judaico consistiam inicialmente de doutrina empírica. Mais tarde, sob a influência da filosofia neoplatónica e neopitagórica, assumiu um carácter especulativo. Na era medieval desenvolveu-se bastante com o surgimento do texto místico, Sefer Yetzirah, ou Sheper Bahir que significa Livro da Luz, do qual há menção antes do século XIII. Porém o mais antigo monumento literário sobre a Cabala é o Livro da Formação (Sepher Yetsirah), considerado anterior ao século VI, onde se defende a idéia de que o mundo é a emanação de Deus. Transformou-se em objeto de estudo sistemático do eleito, chamado o "baale ha-kabbalah-kabbalah" (בעלי הקבלה "possuidores ou mestres da Cabala "). Os estudantes da Cabala tornaram-se mais tarde conhecidos como maskilim (משכילים "o iniciado"). Do décimo terceiro século em diante ramificou-se em uma literatura extensiva, ao lado e frequentemente na oposição ao Talmud. Grande parte das formas de Cabala ensinam que cada letra, palavra, número, e acento da Escritura contêm um sentido escondido e ensina os métodos de interpretação para verificar esses significados ocultos. Alguns historiadores de religião afirmam que devemos limitar o uso do termo Cabala apenas ao sistema místico e religioso que apareceu depois do século XX e usam outros termos para referir-se aos sistemas esotéricos-místicos judeus de antes do século XII. Outros estudiosos vêem esta distinção como sendo arbitrária. Neste ponto de vista, a Cabala do pós século XII é vista como a fase seguinte numa linha contínua de desenvolvimento que surgiram dos mesmos elementos e raízes. Desta forma, estes estudiosos sentem que é apropriado o uso do termo Cabala para referir-se ao misticismo judeu desde o primeiro século da Era Comum. O Judaismo ortodoxo discorda de ambas as escolas filosóficas, assim como rejeita a idéia de que a Cabala causou mudanças ou desenvolvimento histórico significativo. Desde o final do século XIX, com o crescimento do estudo da cultura dos Judeus, a Cabala também tem sido estudada como um elevado sistema racional de compreensão do mundo, mais que um sistema místico. Um pioneiro desta abordagem foi Lazar Gulkowitsch. Antiguidade do misticismo esotérico Formas iniciais de misticismo esotérico existem já há 2.000 anos. Ben Sira alerta sobre isto ao dizer: "Você não deve ter negócios com coisas secretas" (Sirach) ii.22; compare com o Talmud Hagigah 13a; Midrash Genesis Rabbah viii. Literatura Apocalíptica pertence aos séculos II e I do pré-Cristianismo contendo alguns elementos da futura Kabbalah e, segundo Josephus, tais escritos estavam em poder dos Essênios, e eram cuidadosamente guardados por eles para evitar sua perda, o qual eles alegavam ser uma antiguidade valiosa (veja Fílon de Alexandria, "De Vita Contemplativa", iii., e Hipólito, "Refutation of all Heresies", ix. 27). Estes muitos livros contém tradições secretas mantidas ocultas pelos "iluminados" como declarado em IV Esdras xiv. 45-46, onde Pseudo-Ezra é chamado a publicar os vinte e quatro livros canônicos abertamente, de modo a que merecedores e não merecedores pudessem igualmente ler, mas mantendo sessenta outros livros ocultos de forma a "fornece-los apenas àqueles que são sábios" (compare Dan. xii. 10); pois para eles, estes são a primavera do entendimento, a fonte da sabedoria, e a corrente do conhecimento. Instrutivo ao estudo do desenvolvimento da Cabala é o Livro dos Jubilados, escrito no reinado do Rei João Hircano, o qual refere a escritos de Jared, Cainan, e Noé, e apresenta Abraão como o renovador, e Levi como o guardião permanente, destes escritos antigos. Ele oferece uma cosmogênese baseada nas vinte e duas letras do alfabeto hebraico, e conectada com a cronologia judaica e a messianologia, enquanto ao mesmo tempo insiste na Heptade como número sagrado ao invés do sistema decádico adotado por Haggadistas posteriores e pelo "Sefer Yetzirah". A idéia Pitagórea do poder criador de números e letras, sobre o qual o "Sefer Yetzirah" está fundamentado, o qual era conhecido no tempo da Mishnah (antes de 200DC).

[114] Eram intitulados como Faraós (ou Farani para as mulheres) os reis (com estatuto de deuses) no Antigo Egipto. O termo é uma derivação grega das palavras egípcias "pr-o", "Per-aâ" ou "Per-aô", que designavam, originalmente, o palácio imperial, já que significavam "A Grande Casa". O termo, na realidade, não era muito utilizado pelos próprios egípcios. No entanto, devido à inclusão deste título na Bíblia, mais específicamente no livro do "Êxodo", os historiadores modernos adoptaram o vocábulo e generalizaram-no. A imagem que o grande público tem, geralmente, dos faraós, vem, em grande parte, daquela que nos é dada pelas grandes produções cinematográficas (pepluns) de Hollywood - os chamados filmes bíblicos dos anos cinquenta do século XX, onde o Faraó aparece como um monarca todo poderoso que governa de modo absoluto, rodeado de uma corte de servos e obrigando uma multidão de escravos a construir monumentos em sua honra (como nos filmes "Land of the Pharaohs" (A Terra dos Faraós de Howard Hawks, em 1955) ou em Os Dez Mandamentos de Cecil B. DeMille en 1956). Mas, ainda que muitos dos faraós tenham sido, sem dúvida, déspotas - a ideia da monarquia absoluta tem aqui os seus primórdios - a verdade é que este termo abrange uma grande variedade de governantes, de índoles e interesses diversos. Em cerca de 3000 anos de tradição faraónica, passaram pelo trono do Egipto homens (e algumas mulheres) com aspirações bem diferentes. Desde os misteriosos construtores das pirâmides de Gizé, ao poeta místico Akhenaton, passando pelo lendário Ramsès II, encontramos toda uma diversidade de indivíduos que, no seu conjunto, governaram uma das mais importantes civilizações humanas. Nota: as datas que aparecem neste artigo podem confundir, especialmente se as compararmos a outras que podem até aparecer na Wikipedia ou noutras fontes. Isto deve-se ao facto de serem datas calculadas com alguma imprecisão, dependendo dos métodos utilizados pelos historiadores ou dos documentos históricos a que se dão mais ou menos importância. Ver também: Cronologia egípcia, Cronologia egípcia convencional.

[115] Maná (Hebraico: מָ‏ן man) significa seiva de tamarisco, o povo dizia man hú? o que é (isso)?, pois o povo não sabia o que era de fato. O livro bíblico de Êxodo o descreve como um alimento produzido milagrosamente, sendo fornecido por Deus ao povo hebreu, liderado por Moisés, durante sua estada no deserto rumo à terra prometida. Segundo Êxodo, após a evaporação do orvalho formado durante a madrugada, aparecia uma coisa miúda, flocosa, como a geada, branco, descrito como uma semente de coentro, e como o bdélio, que lembrava pequenas pérolas. Geralmente era moído, cozido, e assado, sendo transformado em bolos. Diz-se que seu sabor lembrava bolachas de mel, ou bolo doce de azeite. - Êxodo capítulo 16. Ainda segundo a Bíblia, O maná era enviado diariamente e não podia ser armazenado para outro dia. Também não era fornecido aos sábados; por isto Deus enviava uma quantidade maior às sextas-feiras, e neste caso o maná podia ser guardado para o sábado sem se deteriorar. Atualmente é encontrado no deserto do sinai algo semelhante ao relato bíblico, pequenas gotas brancas de seiva, que cresce nos ramos das arvores de tamarisco durante a estação das chuvas, se desprende durante a noite fria do deserto forrando o chão com grãos semelhantes à pérolas; após ser cozido se transforma num líquido adocicado semelhante ao mel muito apreciado pelos beduínos que o denominam maná. Em 1483, Breitenbach, o decano de Mogúncia, peregrinando no monte Sinai, escreveu: - "Nos vales próximos ao Sinai encontra-se o pão do céu, que os monges e também os árabes recolhem, guardam e vendem aos peregrinos estrangeiros que por aqui passam".

[116] O Tetragrama YHVH (יהוה), latinizado para JHVH, refere-se ao nome do Deus de Israel. É formado pelas consoantes Yud י Hêi ה Vav ו Hêi ה e era escrito da direita para esquerda, יהוה ou seja, HVHY. O Tetragrama aparece mais de 6.800 vezes - sozinho ou em conjunção com outro "nome" - no Texto hebraico do Antigo Testamento. Os nomes YaHVeH (vertido em português para Javé), ou YeHoVaH (vertido em português para Jeová), são transliterações possíveis nas línguas portuguesas e espanholas , mas alguns eruditos preferem o uso mais primitivo do nome das quatro consoantes YHVH, já outros eruditos favorecem o nome Javé (Yahvéh ou JaHWeH). Ainda alguns destes estudiosos concordam que a pronúncia Jeová (YeHoVaH ou JeHoVáH), seja correcta, sendo esta última, a pronúncia mais popular do Nome de Deus em vários idiomas.

[117] -hotep III (Amenófis III ) foi um faraó da XVIII dinastia egípcia. O seu longo reinado de cerca de quarenta anos correspondeu a uma era de paz, prosperidade e de esplendor artístico no Antigo Egipto. Julga-se que governou entre 1389 a.C.- 1351 a.C. ou entre 1391 a.C. - 1353 a.C. Era filho do rei Tutmés IV e da rainha Mutemuia. Acedeu ao trono quando ainda era uma criança, talvez aos dez ou doze anos. Casou com Tiyi, uma jovem que não era oriunda do meio nobre. Por altura do seu casamento fabricaram-se escaravelhos comemorativos com cerca de dez centímetros, nos quais se comunicava o nome do pai e da mãe da noiva (Yuya e Tuya respectivamente). Estes objectos foram enviados um pouco por todo o Egipto e também para o estrangeiro. O irmão de Tiyi, Anen, viria a exercer altas funções como sacerdote de Ámon. No começo do seu reinado (ano 5) reprimiu uma pequena revolta na Núbia, mas de uma forma geral o seu reinado ficou marcado pela paz, graças às campanhas militares que tinham sido realizadas pelos seus antecessores, como Tutmés III, e que tinham feito do Egipto uma potência respeitada. Amen-hotep recorreu mais à diplomacia do que à força, como mostra a troca de correspondência entre o faráo e os soberanos de Mitanni (Síria), Babilónia e Arzawa (Anatólia). Fez parte das alianças com estes impérios o casamento com princesas que se tornaram suas esposas secundárias. As relações comerciais com o estrangeiro permanecem activas: do Chipre o Egipto recebe o cobre e da Babilónia cavalos e lápis-lazúli, trocando estes bens por ouro da Núbia. No ano vinte e oito do seu reinado iniciaram-se os preparativos para o jubileu que celebraria os trinta anos do seu reinado. Por esta altura, o faraó pretendeu afirmar-se como filho do deus Aton, para desta forma limitar a influência dos membros do clero de Amon, que sendo detentores de terras, minas e mesmo de uma frota e polícia tinham uma influência cada vez maior na política egípcia. Esta situação levou a conflitos entre os partidários das duas divindades. O seu filho e sucessor, Amen-hotep IV (Akhenaton) levou as ideias do pai às últimas consequências, rompendo com o clero de Amon e fazendo de Aton a única divindade digna de culto. Para além do jubileu do ano trinta do seu reinado, realizaram mais dois jubileus, no ano trinta e quatro e no ano trinta e sete. O faraó mandou construir uma série de edifícios, tendo em Amen-hotep, filho de Apu o seu principal arquitecto. Destes salientam-se um templo funerário na margem ocidental de Tebas, do qual só restam duas esculturas gigantescas que representam o faraó, às quais os gregos deram o nome de Colossos de Memnon, por ali verem um dos heróis da Guerra de Tróia. Outras obras do seu reinado foram um palácio em Malkata, que possuía um lago, para além das estruturas mais importantes do Templo de Luxor e um pilão no templo de Karnak.

[118] A Luxor moderna cresceu a partir das ruínas de Tebas, antiga capital do Império Novo (1550-1069 a.C.) e situa-se a 670 km ao sul do Cairo. A sua riqueza, tanto arquitetônica como cultural, fazem dela a cidade mais monumental das que albergam vestígios da antiga civilização egípcia. O Nilo separa Luxor em duas partes: a margem oriental, outrora consagrada aos vivos, onde encontramos os vestígios dos mais importantes templos consagrados aos deuses da mitologia egípcia, e a margem ocidental, consagrada aos mortos, onde se localizam algumas das mais importantes necrópoles do antigo Egipto, segundas em importância relativamente às existentes no planalto de Gizé, no Cairo, e onde foram feitos alguns dos achados arqueológicos mais significativos da antiga civilização, designadamente o túmulo de Tutankhamon, descoberto em 1922 pelo célebre arqueólogo e egiptólogo inglês Howard Carter. Na margem Oriental encontram-se: O Templo de Karnak, sendo o maior dos templos do antigo Egipto cujos vestígios chegaram até nós, foi dedicado à tríade tebana divina de Amon, Mut e Khonshu, e foi sucessivamente aumentado pelos diversos faraós, tendo levado mais de mil anos a construir. Constitui uma mescla de vários templos fundidos num só. O seu grande destaque é a Grande Sala Hipostila, cujo tecto era suportado por 134 enormes colunas, ainda actualmente existentes, e consideradas como sendo as maiores do mundo. O Templo de Luxor, foi iniciado na época de Amenhotep III e só foi acabado no período muçulmano. É o único monumento do mundo que contém em si mesmo documentos das epocas faraónica, greco-romana, copta e islâmica, com nichos e frescos coptas e até uma Mesquita (Abu al-Haggag). Museu de Luxor, é um belo e interessante museu ainda que pequeno. Foi inaugurado pelo ex-Presidente francês Valéry Giscard d'Estaing em 1974. Possui uma importante colecção de todas as épocas do Egipto Antigo. Uma sala aberta recentemente contém as últimas descobertas arqueológicas do Templo de Luxor. Na margem Ocidental encontram-se: O Vale dos Reis, principal necrópole real do Império Novo do antigo Egito, possui 62 túmulos dos faraós desse período e também os túmulos dos faraós Tutankamon, Ramsés IX, Seti I, Ramsés VI e o de Horemheb. Ainda hoje se continuam a retirar jóias dos túmulos dos filhos de Ramsés II. Os túmulos aí existentes designam-se pelas siglas KV (significando Kings Valley, em português vale dos reis) seguidas de um número, sendo este atribuído consoante a ordem cronológica da descoberta de cada túmulo. No total existem 62 túmulos, sendo o mais importante precisamente o número 62, o do Faraó Tutankhamon, mais pelo espólio do achado do que porventura a importância do faraó. Em 1994 os arqueólogos começaram a escavar o túmulo KV5, considerado pouco importante até então. Encontrou-se o maior e mais complexo túmulo do Vale dos Reis. Julga-se ter encontrado o túmulo dos 52 filhos de Ramses II. Até agora foram descobertos uma sala com 16 colunas, vários corredores e mais de 100 câmaras. Apesar de não terem sido encontrados tesouros, foram no entanto recuperados do entulho milhares de artefatos. Os trabalhos arqueológicos, ainda longe do fim, prolongar-se-ão por vários anos antes de se abrir o túmulo ao público. O Vale das Rainhas, onde se destacam os túmulos do Príncipe Amenkhepchef, da Raínha Ti e o da Raínha Nefertari, esposa do "super" Faraó Ramses II. Este último, foi aberto ao público em 1995. No entanto, a entrada neste túmulo está actualmente vedada ao público para conservação dos hieróglifos, recentemente restaurados. Este túmulo dispõe de alguns dos mais bem conservados e coloridos hieróglifos egípcios. O Templo mortuário da Raínha Hatshepshut, o seu estilo arquitectónico é único. Foi projectado e construído por Senenmut, arquitecto da Rainha Hatshepsut. Esta Raínha (18ª Dinastia) governou como um autêntico faraó sendo assim considerada a 1ª mulher chefe do Governo na História. Este templo constitui uma visão impressionante, tendo sido talhado parcialmente na rocha, e a visão do mesmo funde-se na grandeza da encosta calcária que lhe serve de apoio. O templo foi posteriormente alterado por Ramses II e pelos seus sucessores, e mais tarde os cristãos transformaram-no num mosteiro (daí o nome Deir al-Bahri, que significa "Mosteiro do Norte"). Próximo ao templo principal situam-se as ruínas do Templo de Montuhotep II, Faraó da 11ª Dinastia que unificou o Egipto, e o Templo de Tutmósis III, sucessor da Rainha Hatshepsut. O Vale dos Nobres, contém vários túmulos, as paredes destes túmulos estão decoradas com cenas da vida quotidiana. As mais famosas são as dos túmulos de Ramose, de Najt e de Mena. O Templo de Medinet Habu, tal como o Templo de Karnak, este Templo é compreendido por vários outros templos, a começar pelo Ramsés III.

[119] Avesta é o nome das mais antigas escrituras do zoroastrismo, da Pérsia que datam de 500 a.C.. A base do Avesta é um conjunto de hinos (ou gathas) que falam do deus criador Ahura Mazda.

[120] Manu (da raiz verbal homem em sânscrito) na mitologia Hindu é o filho de Svayambhuva, pai e marido de Ila. Na Teosofia os Manus não são homens, mas um coletivo. Eles são considerados os "pais da humanidade". São um nome genérico para os Pitris, os progenitores da humanidade.

[121] Shiva é um deus ("Deva") hindu, o Destruidor (ou o Transformador), participante da Trimurti juntamente com Brahma, o Criador, e Vishnu, o Preservador. Uma das duas principais linhas gerais do Hinduísmo é chamada de Shivaísmo em referência a Shiva. As cobras que Shiva usa como colares e braceletes simbolizam o seu triunfo sobre a morte, a sua imortalidade. O filete de água que se vê jorrar de seus cabelos é o rio Ganges. Conta a lenda que o Ganges era um rio muito revolto que corria na morada dos deuses. Os homens pediram para que o rio corresse também na terra. Porém, o impacto da queda d'água seria muito violento. Para resolver o problema, Shiva permitiu que o rio escorresse suavemente para a terra pelos seus longos cabelos. Sendo o asceta eremita da Trimurti, Shiva é considerado o criador do Yôga, que teria ensinado pela primeira vez a sua esposa Parvati.

[122] Caldéia (br.) ou Caldeia (pt.) era uma região no sul da Mesopotâmia, principalmente na margem oriental do rio Eufrates, mas muitas vezes o termo é usado para se referir a toda a planície mesopotâmica. O nome em Hebraico é כשדים Kaśdîm, normalmente traduzido como "Caldeus" (Livro de Jeremias 50:10; 51:24,35). A região da Caldéia é uma vasta planície formada por depósitos do Eufrates e do Tigre, estendendo-se a cerca de 250 quilômetros ao longo do curso de ambos os rios, e cerca de 60 quilômetros em largura. Os Caldeus foram uma tribo (acredita-se que tenham emigrado da Arábia) que viveu no litoral do Golfo Pérsico e se tornou parte do Império da Babilônia.

[123] Matusalém, Metusalém ou Metusalah ( do hebraico מְתוּשָׁלַח), personagem bíblico citado em Gênesis 5:21-27, que teria sido filho de Enoque e avô de Noé. Matusalém é geralmente conhecido por ser o personagem mais longevo de toda a Bíblia, tendo vivido por 969 anos, sendo que o ano de sua morte coincidiria com a ocasião do dilúvio. De acordo com o Gênesis, todos os patriarcas desde Adão até Noé viveram muito tempo. A tabela abaixo resume dados extraídos do capítulo 5 do Gênesis (a morte de Noé é narrada no capítulo 9).

[124] Na teosofia, Manas (da raiz do sânscrito, man, pensar), é o reflexo do 5º princípio na constituição setenária do Homem e é de natureza dual. Manas na sua essência mais elevada (Manas superior) é o "pensador" em nós, nossa verdadeira e divina mente, o Ego humano (não confundir com o ego definido pela psicologia). Manas inferior é definido como corpo mental que tem a tendência de se aliar ao desejo (Kama). Manas tem a função de unir a parte animal (quaternário inferior, formado por Kâma Rupa, Prâna, Linga Sharira e Sthula Sharira) à Atman-Budhi - a parte espiritual. Manas é dividido em Manas superior e Manas inferior, unidos pelo Antahkarana. De acordo com os escritos rosacrucianos de Max Heindel [1], a mente é a ultima aquisição do espírito humano e está associado à Região do Pensamento Concreto (inferior) do Mundo do Pensamento (Plano Mental [2] na teosofia); enquanto que na Região do Pensamento Abstracto (superior) se localiza o 3º aspecto do tríplice Ego (Espírito, Eu Superior ou Centelha Divina), designado por Espírito Humano. A mente não é ainda um corpo organizado e na maior parte dos indivíduos é uma espécie de nuvem disposta na região da cabeça. A mente funciona como o link ou focus entre o tríplice espírito e o tríplice corpo [3], mas como uma reflexão invertida [4]. Heindel refere que para o clarividente treinado parece haver um espaço vazio no centro da testa imediatamente a seguir e entre as sobrancelhas; esse espaço parece como a parte azul de uma chama de gás, mas nem o mais dotado clarividente pode penetrar nesse véu, também designado por "O Véu de Isís".

[125] Sargão (2.334 a.C. - 2.279 a.C.) foi a primeira pessoa de qual se tem conhecimento na história a criar um império, ou um estado multi-étnico. Seu gênio militar possibilitou a união da Suméria (parte sul da Mesopotâmia) à região de Ágade (a região central da Mesopotâmia, mais tarde chamada de Babilônia), formando um único reino. Seu império abrangia, pois, toda a região dos rios Tigre e Eufrates, extendendo-se até parte da atual Turquia. A supracitada Ágade era sua capital e seu império chamava-se Acádia. Sargão da Acádia, como é geralmente chamado, foi provavelmente a mesma pessoa que o primeiro Sargão da Assíria (também conhecido por Sharrukin ou Sharru-kin), uma vez que acredita-se que seu império teria incluído aquele país. Ele se apresenta na lista de reis da Assíria como o filho de Ikunum e como fundador de uma dinastia. A "lenda de Sargão" sumeriana credita La'ibum como sendo seu pai. Ela descreve como Sargão tornou-se o copeiro de Ur-Zababa, rei de Kish, cidade suméria: Sargão tem um sonho em que é favorecido pela deusa Inana, que afoga Ur-Zababa num rio de sangue. Ele conta a Ur-Zababa sobre o sonho, e o rei de Kish tenta eliminar Sargão, mas é detido por Inana. Ur-Zababa então despacha Sargão ao rei de Uruk, Lugal-zage-si, com uma mensagem numa tabuinha de argila determinando a morte do enviado. Contudo, o envelope ainda não havia sido inventado... – a lenda parece terminar abruptamente nesse ponto, provavelmente descrevendo, em última instância, como Sargão se torna rei. Da lista de reis da Suméria: "Em Ágade, Sargão, cujo pai era um jardineiro, o copeiro de Ur-Zababa, tornou-se rei, o rei de Ágade, aquele que construiu Ágade; ele reinou por 56 anos." Curiosamente, todavia, Ur-Zababa e Lugal-zage-si, apesar de ambos estarem presentes, listados como reis, colocam-se distantes um do outro, separados por várias gerações – talvez Ur-Zababa na verdade tenha continuado a viver no palácio de Kish longos anos, mesmo após perder o reinado da Suméria. Sargão é o sucessor de Lugal-zage-si e o fundador de uma nova dinastia: seus filhos são Rimush e Manishtushu. Sua filha, Enheduana, foi autora de vários hinos acádios. Tautócrona a esta, há outra lenda de Sargão, talvez assíria.

[126] Aristóteles (384–322 a.C.) foi um filósofo grego nascido em Estagira, um dos maiores pensadores de todos os tempos e considerado o criador do pensamento lógico. Apreciação geral: Suas reflexões filosóficas — por um lado originais e por outro reformuladoras da tradição grega — acabaram por configurar um modo de pensar que se estenderia por séculos.Prestou inigualáveis contribuições para o pensamento humano, destacando-se: ética, política, física, metafísica, lógica, psicologia, poesia, retórica, zoologia, biologia, história natural e outras áreas de conhecimento humano. É considerado por muitos o filósofo que mais influenciou o pensamento ocidental. Por ter estudado uma variada gama de assuntos, e por ter sido também um discípulo que em muito sentidos ultrapassou seu mestre, Platão, é conhecido também como o Filósofo. Vida: Aristóteles (em grego, Αριστοτέλης) nasceu em Estagira, na Calcídica. Apesar de ser da Macedônia, o grego era o idioma falado. Era filho de Nicômaco, amigo e médico pessoal do rei macedônio Amintas II, pai de Filipe II da Macedônia e avô de Alexandre, o Grande. É provável que o interesse de Aristóteles por biologia e fisiologia decorra da atividade médica exercida pelo pai. Com cerca de 16 ou 17 anos partiu para Atenas, maior centro intelectual e artístico da Grécia. Como muitos outros jovens de seu tempo, foi para lá prosseguir os estudos. Duas grandes instituições disputavam a preferência dos jovens: a escola de Isócrates, que visava preparar o aluno para a vida política, e Platão e sua Academia, com preferência à ciência (episteme) como fundamento da realidade. Apesar do aviso de que, quem não conhecesse Geometria ali não deveria entrar, Aristóteles decidiu-se pela Academia platônica e nela permaneceu 20 anos, até 347 a.C., ano que morreu Platão. Com a morte de grande mestre e com a escolha do sobrinho de Platão, Espeusipo, para a chefia da Academia, Aristóteles partiu para Assos com alguns ex-alunos. Dois fatos parecem se relacionar com esse episódio: Espeusipo representava uma tendência que desagradava imensamente Aristóteles, isto é, a matematização da filosofia; e Aristóteles ter-se sentido preterido (ou rejeitado), já que se julgava o mais apto para assumir a direção da Academia. Em Assos, Aristóteles fundou um pequeno círculo filosófico com a ajuda de Hérmias, tirano local e eventual ouvinte de Platão. Lá ficou por três anos e casou-se com Pítias, sobrinha de Hérmias. Assassinado Hérmias, Aristóteles partiu para Mitilene, na ilha de Lesbos, onde realizou a maior parte de suas famosas investigações biológicas. No ano de 343 a.C. chamado por Filipe II, tornou-se preceptor de Alexandre, função que exerceu até 336 a.C., quando Alexandre subiu ao trono. Neste mesmo ano, de volta a Atenas, fundou o «Lykeion», origem da palavra Liceu cujos alunos ficaram conhecidos como peripatéticos (os que passeiam), nome decorrente do hábito de Aristóteles de ensinar ao ar livre, muitas vezes sob as árvores que cercavam o Liceu. Ao contrário da Academia de Platão, o Liceu privilegiava as ciências naturais. Alexandre mesmo enviava ao mestre exemplares da fauna e flora das regiões conquistadas. Seu trabalho cobria os campos do conhecimento clássico de então: filosofia, metafísica, lógica, ética, política, retórica, poesia, biologia, zoologia, medicina e não só estabeleceu as bases de tais disciplinas quanto sua metodologia científica. Aristóteles dirigiu a escola até 323 a.C., pouco depois da morte de Alexandre. Os sentimentos antimacedônios dos atenienses voltaram-se contra ele que, sentindo-se ameaçado, deixou Atenas afirmando não permitir que a cidade cometesse um segundo crime contra a filosofia (alusão ao julgamento de Sócrates). Deixou a escola aos cuidados de seu principal discípulo, Teofrasto (371 a.C. - 287 a.C.) e retirou-se para Cálcis, na Eubéia, onde morreu a 322 a.C.. O pensamento aristotélico: A tradição representa um elemento vital para a compreensão da filosofia aristotélica. Em certo sentido, Aristóteles via seu próprio pensamento como o ponto culminante do processo desencadeado por Tales de Mileto. Sua filosofia pretendia não apenas rever como também corrigir as falhas e imperfeições das filosofias anteriores. Ao mesmo tempo, trilhou novos caminhos para fundamentar suas críticas, revisões e novas proposições. Lógica: Para Aristóteles, a Lógica é um instrumento, uma propedêutica para as ciências e para o conhecimento e baseia-se no silogismo, o raciocínio formalmente estruturado que supõe certas premissas colocadas previamente para que haja uma conclusão necessária. O silogismo parte do universal para o particular; a indução, ao contrário, parte do particular para o universal. Dessa forma, se forem verdadeiras as premissas, a conclusão, logicamente, também o será. Física: A concepção aristotélica de Física parte do movimento, elucidando-o nas análises dos conceitos de crescimento, alteração e mudança. A teoria do ato e potência, com implicações metafísicas, é o fundamento do sistema. Ato e potência relacionam-se com o movimento enquanto que a matéria e forma com a ausência de movimento. Para Aristóteles, os objetos caíam para se localizarem corretamente de acordo com sua natureza: o éter, acima de tudo; logo abaixo, o fogo; depois a água e, por último, a terra. Psicologia: A Psicologia é a teoria da alma e baseia-se nos conceitos de alma (psykhé) e intelecto (noûs). A alma é a forma primordial de um corpo que possui vida em potência, sendo a essência do corpo. O intelecto, por sua vez, não se restringe a uma relação específica com o corpo; sua atividade vai além dele. O organismo, uma vez desenvolvido, recebe a forma que lhe possibilitará perfeição maior, fazendo passar suas potências a ato. Essa forma é alma. Ela faz com que vegetem, cresçam e se reproduzam os animais e plantas e também faz com que os animais sintam. No homem, a alma, além de suas características vegetativas e sensitivas, há também a característica da inteligência, que é capaz de apreender as essências de modo independente da condição orgânica. Ele acreditava que a mulher era um ser incompleto, um meio homem. Seria passiva, ao passo que o homem seria ativo. Biologia: É a ciência da vida e situa-se no âmbito da física (como a própria psicologia), pois está centrada na relação entre ato e potência. Aristóteles foi o verdadeiro fundador da zoologia - levando-se em conta o sentido etimológico da palavra. A ele se deve a primeira divisão do reino animal. Aristóteles é o pai da teoria da abiogênese, que durou até séculos mais recentes, segundo a qual um ser nascia de um germe da vida, sem que um outro ser precisasse gerá-lo (exceto os humanos): um exemplo é o das aves que vivem à beira das lagoas, cujo germe da vida estaria nas plantas próximas. Metafísica: O termo metafísica não é aristotélico; o que hoje chamamos de metafísica era chamado por Aristóteles de filosofia primeira. Esta é a ciência que se ocupa com realidades que estão além das realidades físicas que possuem fácil e imediata apreensão sensorial. O conceito de metafísica em Aristóteles é extremamente complexo e não há uma definição única. O filósofo deu quatro definições para metafísica: 1) a ciência que indaga causas e princípios; 2) a ciência que indaga o ser enquanto ser; 3) a ciência que investiga a substância e 4) a ciência que investiga a substância supra-sensível. Os conceitos de ato e potência, matéria e forma, substância e acidente possuem especial importância na metafísica aristotélica. As quatro causas: Para Aristóteles, existem quatro causas implicadas na existência de algo: A causa material (aquilo do qual é feita alguma coisa, a argila, por exemplo); A causa formal (a coisa em si, como um vaso de argila); A causa motora (aquilo que dá origem ao processo em que a coisa surge, como as mãos de quem trabalha a argila); A causa final (aquilo para o qual a coisa é feita, cite-se portar arranjos para enfeitar um ambiente). A teoria aristotélica sobre as causas estende-se sobre toda a Natureza, que é como um artista que age no interior das coisas. Essência e acidente: Aristóteles distingue, também, a essência e os acidentes em alguma coisa. A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o que dá identidade a um ser, e sem a qual aquele ser não pode ser reconhecido como sendo ele mesmo (por exemplo: um livro sem nenhum tipo de letras não pode ser considerado um livro, pois o fato de ter letras é o que permite-o ser identificado como "livro" e não como "caderno" ou meramente "papel em branco"). O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas que, mesmo assim, não descaracteriza-se o ser por sua falta (o tamanho de uma flor, por exemplo, é um acidente, pois uma flor grande não deixará de ser flor por ser grande; a sua cor, também, pois, por mais que uma flor tenha que ter, necessariamente, alguma cor, ainda assim tal característica não faz de uma flor o que ela é). Potência, ato e movimento: Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa em potência é uma coisa que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore em potência). Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como uma árvore (uma semente em ato). É interessante notar que todas as coisas, mesmo em ato, também são em potência (pois uma árvore - uma semente em ato - também é uma folha de papel ou uma mesa em potência). A única coisa totalmente em ato é o Ato Puro, que Aristóteles identifica com o Bem. Esse Ato não é nada em potência, nem é a realização de potência alguma. Ele é sempre igual a si mesmo, e não é um antecedente de coisa alguma. Desse conceito Tomás de Aquino derivou sua noção de Deus em que Deus seria "ato puro". Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato mediante algum movimento. O movimento vai sempre da potência ao ato, da privação à posse. É por isso que o movimento pode ser definido como ato de um ser em potência enquanto está em potência. Ética No sistema aristotélico, a ética é a ciência das condutas, menos exata na medida em que se ocupa com assuntos passíveis de modificação. Ela não se ocupa com aquilo que no homem é essencial e imutável, mas daquilo que pode ser obtido por ações repetidas, disposições adquiridas ou de hábitos que constituem as virtudes e os vícios. Seu objetivo último é garantir ou possibilitar a conquista da felicidade. Partindo das disposições naturais do homem (disposições particulares a cada um e que constituem o caráter), a moral mostra como essas disposições devem ser modificadas para que se ajustem à razão. Estas disposições costumam estar afastadas do meio-termo, estado que Aristóteles considera o ideal. Assim, algumas pessoas são muito tímidas, outras muito audaciosas. A virtude é o meio-termo e o vício se dá ou na falta ou no excesso. Por exemplo: coragem é uma virtude e seus contrários são a temeridade (excesso de coragem) e a covardia (ausência de coragem). As virtudes se realizam sempre no âmbito humano e não têm mais sentido quando as relações humanas desaparecem, como, por exemplo, em relação a Deus. Totalmente diferente é a virtude especulativa ou intelectual, que pertence apenas a alguns (geralmente os filósofos) que, fora da vida moral, buscam o conhecimento pelo conhecimento. É assim que a contemplação aproxima o homem de Deus. Política: Na filosofia aristotélica a política é um desdobramento natural da ética. Ambas, na verdade, compõem a unidade do que Aristóteles chamava de filosofia prática. Se a ética está preocupada com a felicidade individual do homem, a política se preocupa com a felicidade coletiva da pólis. Desse modo, é tarefa da política investigar e descobrir quais são as formas de governo e as instituições capazes de assegurar a felicidade coletiva. Trata-se, portanto, de investigar a constituição do estado. Acredita-se que as reflexões aristotélicas sobre a política originam-se da época em que ele era preceptor de Alexandre. Direito: Para Aristóteles, assim como a política, o direito também é um desdobramento da ética. O direito para Aristóteles, por ser fruto de teses, hipóteses, não nescessáriamente verdadeiros, validados principalmente pela aprovação da maioria, é uma ciência dialética. Retórica: Aristóteles considerava importante o conhecimento da retórica, já que ela se constituiu em uma técnica (por habilitar a estruturação e exposição de argumentos) e por relacionar-se com a vida pública. O fundamento da retórica é o entimema (silogismo truncado, incompleto), um silogismo no qual se subentende uma premissa ou uma conclusão. O discurso retórico opera em três campos ou gêneros: gênero deliberativo, gênero judicial e gênero epidítico (ostentoso, demonstrativo). Poética: A poética é imitação (mimesis) e abrange a poesia épica,a tragédia e a comédia. A imitação visa a recriação e a recriação visa aquilo que pode ser. Desse modo, a poética tem por fim o possível. O homem apresenta-se de diferentes modos em cada gênero poético: a poesia épica apresenta o homem como maior do que realmente é, idealizando-o; a tragédia apresenta o homem exaltando suas virtudes e a comédia apresenta o homem ressaltando seus vícios ou defeito. Obra: A filosofia aristotélica é um sistema, ou seja, há relação e conexão entre as várias áreas pensadas pelo filósofo. Seus escritos versam sobre praticamente todos os ramos do conhecimento de sua época (menos as matemáticas). Embora sua produção tenha sido excepcional, apenas uma parcela foi conservada. Seus escritos dividiam-se em duas espécies: as 'exotéricas' e as 'acroamáticas'. As exotéricas eram destinadas ao público em geral e, por isso, eram obras de caráter introdutório e geralmente compostas na forma de diálogo. As acroamáticas, eram destinadas apenas aos discípulos do Liceu e compostas na forma de tratados. Praticamente tudo que se conservou de Aristóteles faz parte das obras acroamáticas. Da exotéricas, restaram apenas fragmentos.

[127] Heródoto (em grego, Ἡρόδοτος - Hēródotos, na transliteração) foi um historiador grego, continuador de Hecateu de Mileto, nascido no século V a.C. (485?–420 a.C.) em Halicarnasso (hoje Bodrum, na Turquia). Foi o autor da história da invasão persa da Grécia nos princípios do século V a.C., conhecida simplesmente como As histórias de Heródoto. Esta obra foi reconhecida como uma nova forma de literatura pouco depois de ser publicada. Antes de Heródoto, tinham existido crónicas e épicos, e também estes haviam preservado o conhecimento do passado. Mas Heródoto foi o primeiro não só a gravar o passado mas também a considerá-lo um problema filosófico ou um projecto de pesquisa que podia revelar conhecimento do comportamento humano. A sua criação deu-lhe o título de "pai da história" e a palavra que utilizou para o conseguir, história, que previamente tinha significado simplesmente "pesquisa", tomou a conotação atual de "história". A obra Histórias foi frequentemente acusada no velho mundo de influenciável, imprecisa e plagiária. Ataques semelhantes foram preconizados por alguns pensadores modernos, que defendem que Heródoto exagerou na extensão das suas viagens e nas fontes criadas. Contudo, o respeito pelo seu rigor tem aumentado na última metade do século, sendo actualmente reconhecido não apenas como pioneiro na história, mas também na etnografia e antropologia. Provavelmente escritas entre 450 e 430 a.C., as Histórias foram posteriormente divididas em 9 livros, intituladas segundo os nomes das musas, pelos eruditos alexandrinos. Por volta de 445 a.C., segundo consta, Heródoto fez leituras públicas de sua obra em Atenas. Quanto ao conteúdo, os primeiros seis livros relatam o crescimento do Império Persa. Começam com uma introdução do primeiro monarca asiático a conquistar as cidades-estado gregas e o verdadeiro tributo, Creso da Lídia. Creso perdeu o reinado para Ciro, o fundador do Império Persa. As primeiras seis obras acabam com a derrota dos persas em 490 a.C., na batalha de Maratona, que constituiu o primeiro retrocesso no progresso imperial. Os últimos três livros descrevem a tentativa do rei persa Xerxes I da Pérsia de vingar dez anos mais tarde a derrota persa em Maratona e absorver a Grécia no império persa. Histórias acaba em 479 a.C. com a expulsão na batalha de Plateias e o recuo da fronteira do império persa para a linha costeira da Anatólia. No que diz respeito à vida de Heródoto, sabe-se que foi exilado de Halicarnasso após um golpe de estado frustrado contra a dinastia no poder em que estava envolvido, retirando-se para a ilha de Samos. Parece nunca ter regressado a Halicarnasso, embora em Histórias pareça sentir orgulho de sua cidade natal e da respectiva rainha, Artemísia I de Cária. Deve ter sido durante o exílio que empreendeu as viagens que descreve em Histórias. Estas viagens conduziram-no ao Egipto, Primeira Catarata, Babilónia, Ucrânia, Itália e Sicília. Heródoto refere uma conversa com um informador em Esparta, e muito certamente terá vivido durante um determinado período em Atenas. Nesta registou as tradições orais das famílias proeminentes, em especial, a Alkmaeonidai, à qual Péricles pertencia do lado materno. Mas os Atenienses não aceitavam os estrangeiros como cidadãos, e quando Atenas apoiou a colónia de Thurii na aniquilação de Itália em 444 a.C., Heródoto tornou-se colono. Desconhece-se se lá morreu ou não. Numa determinada altura tornou-se um logios – isto é, um recitador de prosa logai ou histórias – cujos temas baseavam-se em contos de batalhas, maravilhas de países distantes e outros acontecimentos históricos. Fez roteiros das cidades gregas e dos maiores festivais atléticos e religiosos, onde dava espectáculos pelos quais esperava pagamento. Em 431 a.C., a guerra do Peloponeso rebentou entre Atenas e Esparta. Poderá ter sido esse conflito, que dividiu o mundo grego, que o inspirou a reunir “logoi” numa narrativa contínua – Histórias – centrada no progresso imperial da Pérsia interrompida pela aliança entre Atenas e Esparta.

[128] Estrabão (o pisco) era um termo dado pelos romanos àquele cujos olhos eram distorcidos ou deformados, como os portadores de estrabismo. O pai do general Pompeu, por exemplo, era chamado de "Gneu Pompeio Estrabão." O personagem histórico mais conhecida por este apelido foi Estrabão, em grego, Στράϐων (63 a.C. ou 64 a.C. - cerca 24 d.C). Historiador, geógrafo e filósofo grego, foi o autor da monumental Geographia, um tratado de 17 livros contendo a história e descrições de povos e locais de todo o mundo que lhe era conhecido à época. Estrabão nasceu numa família rica da Amaseia (actual província da Amasya, na Turquia) em Pontus, que, tornando-se parte do Império Romano à época de seu nascimento, permitiu-lhe prosseguir os estudos dos vários geógrafos e filósofos em Roma. Apesar de filosoficamente um estoicista, politicamente era um proponente do imperialismo romano. Posteriormente fez várias viagens, entre elas ao Egipto e à Etiópia. Não se sabe ao certo quando ele escreveu a Geographia (Γεωγραφικά): alguns historiografos localizam os primeiros esboços da obra durante o ano 7 d.C, outros no ano 18 d.C, mas a versão final data do reinado do imperador Tibério, uma vez que a morte de Juba, rei da Maurousia (23 d.C.) nela é mencionada. Apesar de inúmeros erros (especialmente sobre a direção dos Pirineus), sua Geographia foi, juntamente com a de Ptolomeu a primeira obra desse gênero herdada da antigüidade. História, religião, costumes locais e as instituições dos de diferentes povos estão misturados às descrições geográficas. Outra obra de sua autoria, a Historia (Ἱστορικὰ Ὑπομνήματα), que continuava a de Políbio, está perdida para nós. Referida pelo própria Estrabão que afirma tê-la escrito, versão que é ratificada por outros autores clássicos, tudo o que chegou até nós é o fragmento de um papiro que se encontra, actualmente, na Universidade de Milão (renumerado como Papyrus] 46). Várias datas diferentes são propostas para a morte de Estrabão, a maioria localizadas pouco depois de 23 d.C.

[129] Plutarco (em grego, Πλούταρχος - Ploútarkhos, na transliteração) de Queroneia (45-125 ?), filósofo e prosador grego do período greco-romano, estudou na Academia de Atenas (fundada por Platão). Viajou pela Ásia e pelo Egipto, viveu algum tempo em Roma e foi sacerdote de Apolo em Delfos em 95d.C. O seu enorme prestígio valeu-lhe deter direitos de cidadão em Delfos, Atenas e mesmo em Roma (‘Mestrius Plutarchus’). A sua ética baseia-se na convicção de que para alcançar a felicidade e a paz, é preciso controlar os impulsos das paixões. Escreveu sobre Platão, sobre os estóicos e os epicuristas, e estudou a inteligência dos animais comparando-a à dos humanos. É dele um pequeno e denso ensaio, onde expõe a habilidade no uso da astúcia com ética, Como tirar proveito do inimigo. Segundo a tradição, Plutarco escreveu mais de 200 livros. Chegaram até nós cerca de 50 biografias de gregos (entre elas a "Vida de Licurgo") e romanos ilustres em que ambas são comparadas, conhecidas como as Vidas Paralelas e dezenas de outros escritos sobre os mais variados tópicos, designadas genericamente por Obras Morais ("Moralia"), sobre Filosofia, Religião, Moral, Crítica literária e Pedagogia.

[130] Na mitologia grega, Orfeu era um poeta e um músico, filho da musa Calíope. Era o mais talentoso músico que já viveu. Quando tocava sua lira, os pássaros paravam de voar para escutar e os animais selvagens perdiam o medo. As árvores se curvavam para pegar os sons no vento. Ele ganhou a lira de Apolo — alguns dizem que Apolo era seu pai. Ele foi um dos 50 homens que atenderam ao chamado de Jasão, os argonautas, em busca do Velocino de Ouro. Acalmava as brigas que aconteciam no navio com sua lira. Durante a viagem de volta, Orfeu salvou os outros tripulantes quando seu canto silenciou as sereias, posteriormente responsáveis pelos naufrágios de inúmeras embarcações. Orfeu apaixonou-se por Eurídice e casou-se com ela. Mas Eurídice era tão bonita que, pouco tempo depois do casamento, atraiu um apicultor chamado Aristeu. Quando ela recusou suas atenções, ele a perseguiu. Tentando escapar, ela tropeçou em uma serpente que a picou e a matou. Por causa disso, as ninfas, companheras de Eurídice, fizeram todas as suas abelhas morrerem. Orfeu ficou transtornado de tristeza. Levando sua lira, foi até o Mundo dos Mortos, para tentar trazê-la de volta. A canção pungente e emocionada de sua lira convenceu o barqueiro Caronte a levá-lo vivo pelo Rio Estige. A canção da lira adormeceu Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões; seu tom carinhoso aliviou os tormentos dos condenados. Finalmente Orfeu chegou ao trono de Hades. O rei dos mortos ficou irritado ao ver que um vivo tinha entrado em seu domínio, mas a agonia na música de Orfeu o comoveu, e ele chorou lágrimas de ferro. Sua esposa, a deusa Perséfone, implorou-lhe que atendesse ao pedido de Orfeu. Assim, Hades atendeu seu desejo. Eurídice poderia voltar com Orfeu ao mundo dos vivos. Mas com uma única condição: que ele não olhasse para ela até que ela, outra vez, estivesse à luz do sol. Orfeu partiu pela trilha íngreme que levava para fora do escuro reino da morte, tocando músicas de alegria e celebração enquanto caminhava, para guiar a sombra de Eurídice de volta à vida. Ele não olhou nenhuma vez para trás, até atingir a luz do sol. Mas então se virou, para se certificar de que Eurídice estava seguindo-o. Por um momento ele a viu, perto da saída do túnel escuro, perto da vida outra vez. Mas enquanto ele olhava, ela se tornou de novo um fino fantasma, seu grito final de amor e pena não mais do que um suspiro na brisa que saía do Mundo dos Mortos. Ele a havia perdido para sempre. Em total desespero, Orfeu se tornou amargo. Recusava-se a olhar para qualquer outra mulher, não querendo se lembrar da perda de sua amada. Furiosas por terem sido desprezadas, um grupo de mulheres selvagens chamadas Mênades caíram sobre ele, frenéticas, atirando dardos. Os dardos de nada valiam contra a música do lirista, mas elas, abafando sua música com gritos, conseguiram atingi-lo e o mataram. Depois, despedaçaram seu corpo e jogaram sua cabeça cortada no Rio Hebrus, e ela flutuou, ainda cantando, "Eurídice! Eurídice!" Chorando, as nove musas reuniram seus pedaços e os enterraram no Monte Olimpo. Dizem que, desde então, os rouxinóis das proximidades cantaram mais docemente do que os outros. Pois Orfeu, na morte, se uniu a sua amada Eurídice. Quanto às Mênades, que tão cruelmente mataram Orfeu, os deuses não lhes concederam a misericórdia da morte. Quando elas bateram os pés na terra, em triunfo, sentiram seus dedos se espicharem e entrarem no solo. Quanto mais tentavam tirá-los, mais profundamente eles se enraizavam. Suas pernas se tornaram madeira pesada, e também seus corpos, até que elas se transformaram em silenciosos carvalhos. E assim permaneceram pelos anos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao som da lira de Orfeu, até que por fim seus troncos mortos e vazios caíram ao chão.

[131] Agamemnon/Agamêmnon/Agamémnon (em grego, Aγαμέμνων — "muito resoluto"), um dos mais distintos heróis gregos, era filho do rei Atreu de Micenas (ou Argos) e da rainha Aerope/Érope, e irmão de Menelau. Alguns pensam que foi uma pessoa verdadeira. Vida: Atreu, o pai de Agamémnon, foi assassinado por Egisto, que se apoderou do trono de Micenas e governou juntamente com o seu pai Tiestes. Durante este período, Agamémnon e Menelau procuraram refúgio em Esparta. Casaram-se com as princesas espartanas Clitemnestra e Helena, respectivamente. Agamémnon e Clitemnestra tiveram cinco filhos: quatro filhas, Ifigénia, Electra, Crisótemis (alguns dizem que era um rapaz, perfazendo três filhas e dois filhos) e Ifianissa e um filho, Orestes. Menelau herdou o trono de Esparta, enquanto Agamémnon, com a ajuda do irmão, expulsou Egisto e Tiestes para recuperar o reino do seu pai. Alargou os seus domínios pela conquista, e tornou-se o príncipe mais poderoso da Grécia. Contudo, a história da família de Agamémnon, indo até o lendário rei Pélope, tinha sido manchada por violação, assassínio, incesto, e traição. Os gregos acreditavam que este passado violento lançou infortúnios sobre a inteira Casa de Atreu. Regresso a Grécia: Após uma viagem violenta, Agamémnon e Cassandra pararam na Argólida, ou foram desviados da rota e acabaram por ir dar ao país de Egisto. Egisto, que durante esse tempo seduzira Clitemnestra, convidou Agamémnon para um banquete, onde este foi traiçoeiramente morto. Segundo Píndaro e os tragediógrafos, Agamémnon foi assassinado pela esposa sozinho no banho, tendo sido primeiro atirada sobre ele uma peça de roupa ou rede para prevenir resistência. Clitemnestra também matou Cassandra. A sua cólera face ao sacrifício de Ifigénia, e os seus ciúmes de Cassandra são apontados como os motivos do seu crime. Egisto e Clitemnestra então governaram o reino de Agamémnon durante um tempo, mas o assassínio de Agamémnon acabou por ser vingado pelo seu filho Orestes (possivelmente com a ajuda de Electra).

[132] Em astronomia, solstício é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge o seu maior afastamento em latitude, da linha do equador. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano: em 21 de dezembro e em 21 de junho. No hemisfério norte o solstício de verão ocorre no dia 21 de junho, e o solstício de inverno ocorre no dia 21 de dezembro. Estas datas marcam o início das respectivas estações do ano neste hemisfério. No hemisfério sul é o contrário. Aqui o equinócio de verão ocorre no dia 21 de dezembro, e o equinócio de inverno ocorre no dia 21 de junho. Estas datas marcam igualmente o início das respectivas estações do ano neste hemisfério. Estas datas variam devido aos anos bissextos, que deslocam o calendário das estações em mais um dia. Devido à órbita elíptica da Terra, as datas nas quais ocorrem os solstícios não dividem o ano em um número igual de dias. Isto ocorre porque quando a Terra está mais próxima do Sol (periélio) viaja mais velozmente do que quanto está mais longe (afélio). Os trópicos de Câncer e Capricórnio são definidos em função dos solstícios. No solstício de verão no hemisfério sul, os raios solares incidem perpendicularmente à Terra na linha do Trópico de Capricórnio. No solstício de inverno, ocorre a mesma coisa no Trópico de Câncer. Quando o solstício ocorre no inverno significa que esse dia é o menor do ano e a noite é a mais longa. Quando ocorre no verão significa que é o maior dia e a menor noite do ano. Referências Culturais: Em várias culturas ancestrais à volta do globo, o solstício de inverno era festejado com comemorações que deram origem a vários costumes hoje relacionados com o Natal da religião cristã. Como no solstício de inverno, o dia passa a ser maior que a noite, simbolizava o início da vitória da luz sobre a escuridão.

[133] Em astronomia, equinócio é definido como um dos dois momentos em que o Sol, em sua órbita aparente (como vista da Terra), cruza o plano do equador celeste (a linha do equador terrestre projetada na esfera celeste). Mais precisamente é o ponto onde a eclíptica cruza o equador celeste. A palavra equinócio vem do Latim e significa "noites iguais". Os equinócios acontecem em março e setembro, as duas ocasiões em que o dia e a noite têm duração igual. Ao medir a duração do dia, considera-se que o nascer do Sol é o instante em que metade do corpo solar está acima (ou metade abaixo) do horizonte, e o pôr do Sol o instante em que o corpo solar encontra-se metade abaixo (ou metade acima) do horizonte. Com esta definição o dia durante os equinócios tem 12 horas de duração. No hemisfério norte o equinócio da primavera ocorre no dia 21 de março, e o equinócio de outono ocorre no dia 23 de setembro. Estas datas marcam o início das respectivas estações do ano neste hemisfério. No hemisfério sul é o contrário, o equinócio da primavera ocorre no dia dia 23 de setembro, e o equinócio de outono ocorre no 21 de março. Estas datas marcam igualmente o início das respectivas estações do ano neste hemisfério. Estas datas variam devido aos anos bissextos, que deslocam o calendário das estações em mais um dia. Devido à órbita elíptica da Terra, as datas nas quais ocorrem os equinócios não dividem o ano em um número igual de dias. Isto ocorre porque quando a Terra está mais próxima do Sol (periélio) viaja mais velozmente do que quanto está mais longe (afélio). Referências Culturais: Em várias culturas nórdicas ancestrias, o equinócio da primavera era festejado com comemorações que deram origem a vários costumes hoje relacionados com a Páscoa da religião cristã.

[134] Eratóstenes (do grego Ερατοσθένης) (276 aC - 194 aC) foi um matemático, geógrafo e astrónomo grego. Seus contemporâneos apelidaram-no de "Beta" porque o consideravam o segundo melhor do mundo em vários aspectos. Nasceu em Cirene,Grécia, em 276 a.C., e morreu em Alexandria, provavelmente em 194 a.C.. Estudou em Cirene, em Alexandria e Atenas. Biblioteca de Alexandria: O sábio passou boa parte da sua vida em Alexandria. Em 236 a.C., foi escolhido como diretor da famosa Biblioteca de Alexandria. Em 255 a. C., criou a esfera armilar, calculou com bastante precisão para a época a distância da Terra ao Sol. Acredita-se que Eratóstenes tenha ficado cego em 195 a.C. e, um ano depois, tenha morrido por inanição, propositadamente deixando de se alimentar. Áreas de conhecimento: Eratóstenes criou um catálogo de 675 estrelas fixas, mediu a inclinação da eclíptica e criou a esfera armilar. O historiador, geógrafo, matemático, astrónomo, filósofo e poeta e crítico de teatro tratou com igual profundidade todas as ciências de seu tempo, pois suas obras tratam desde A Libertação da dor até a Astronomia.A Esfericidade da Terra: Eratóstenes comprovou, pela trigonometria, a esfericidade da Terra e mediu com engenhosidade e relativa precisão o perímetro de sua circunferência. Num dos rolos de papiro da Biblioteca de Alexandria, encontrou a informação de que na cidade de Siena (hoje Assuã), ao meio-dia do solstício de verão (o dia mais longo do ano, 21 de junho, no Hemisfério Norte), o Sol se situava a prumo, pois iluminava as águas profundas de um poço. Entretanto, o geômetra observou que, no mesmo horário e dia, as colunas verticais da cidade de Alexandria projetavam uma sombra perfeitamente mensurável. Conforme concluiu, este fato só poderia ser possível se a Terra fosse esférica. Aguardou o dia 21 de junho do ano seguinte e determinou que se instalasse uma grande estaca em Alexandria. Ao meio-dia, enquanto o Sol iluminava as profundezas do poço em Siena (fazia ângulo de 90º com a superfície da Terra), Eratóstenes mediu, em Alexandria, o ângulo de inclinação dos raios solares, 7º12', ou seja, aproximadamente 1/50 dos 360º de uma circunferência. Portanto, o comprimento do meridiano terrestre deveria ser 50 vezes a distância entre Alexandria e Siena. Alexandria e Siena situavam-se a uma distância desconhecida. Para medi-la, Eratóstenes determinou que uma equipe de instrutores com seus camelos e escravos a pé seguissem em linha reta, percorrendo desertos, aclives, declives e tendo que, inclusive, atravessar o rio Nilo. A distância mensurada foi de 5.000 estádios ou cerca de 925 km. Assim, multiplicando 925 km por 50, conjecturou que o perímetro da Terra seria de 46.250 km, razoavelmente próximo do valor correto (40.076 km).

[135] Lucio Célio Firmiano Lactâncio foi um autor cristão (240 d.c - 320 d.c). Lactâncio nasceu na África do norte e foi discípulo de Arnóbio(de acordo com Metódio, Da Castidade 9.2)e ensinou retórica em várias cidades do Império Romano do Oriente, até chegar em Constantinopla. Ele escreveu livros apologéticos explicando o cristianismo em termos que eram compreensíveis para pagãos intelectualizados, enquanto defendia-o contra idéias de filósofos pagãos.O seu Divinae instituitiones "Instituições Divinas" é um exemplo de apresentação sistemática do pensamento cristão. Ele foi considerado, de certo ponto,herético,depois de sua morte, mas, os humanistas da renascença reabilitaram o interesse em Lactâncio, mais pelo seu estilo latino de retórica,extremamente elaborado do que por sua teologia. Lactâncio nasceu pagão e nos seus primeiros anos de vida ensinou retórica na sua terra natal, que provavelmente se trata de Cirta,na Numídia, onde uma inscrição menciona um certo L CAECILIUS FIRMIANUS. Lactâncio teve uma bem sucedida carreira pública, de início. A pedido do Imperador Diocleciano, ele se tornou professor oficial de retórica em Nicomédia, para onde ele viajou da África, viagem que foi por ele descrita no seu poema Hodoeporium. Tendo se convertido ao cristianismo, ele teria sido demitido de suas funções depois da publicação do primeiro édito de Diocleciano contra os cristãos (24 de fevereiro de 303) e como retórico de Latim, ele viveu na pobreza,de acordo com Jerônimo, ganhando a vida através da escrita, até que Constantino se torna seu protetor. O novo Imperador nomeia Lactâncio mestre (311-313) e essa amizade com Constantino, além de tirá-lo da pobreza,torna-o preceptor de Latim do filho de Constantino, Crispo, a quem Lactâncio provavelmente seguiu para Trier em 317, quando Crispo se to rna César. Crispo morre em 326,mas sobre Lactâncio não se sabe quand o nem como ele morreu. Obras De Officio Dei, ("As obras de Deus"), uma obra apologética escrita em 303 durante a perseguição de Diocleciano aos cristãos, foi dedicada a um dos seus discípulos,um cristão rico chamado Demetrianius. Os principios apologéticos sublinhando todos os escritos de Lactâncio são bem apresentados nesse tratado. Divinarum Institutionum Libri VII,("Instituições Divinas")escrito entre 303 e 311 é a mais importante das obras de Lactâncio. Como tratado apologético, foi escrito com a intenção de mostrar a futilidaade das crenças pagãs e estabelecer a razoabilidade e verdade do cristianismo como resposta aos críticos pagãos. Foi também a primeira tentativa de uma exposição sistemática da teologia cristã em latim, planejada em larga escala, suficiente para silenciar todos os opositores. De Ira Dei ("A Ira de Deus"), contra os estóicos e epicuristas,tratando de divindades antropomórficas. De Mortibus Persecutorum, tem características apologéticas, mas, tem sido considerado um escrito sobre história pelos escritores cristãos. A idéia central é descrever as terríveis mortes dos imperadores perseguidores dos cristãos como Nero, Domiciano, Décio, Valeriano, Aureliano e os contemporâneos de Lactâncio como Diocleciano, Maximia no, Galério e Máximo. Essa obra é tratada como uma crônica da última e maior das perseguições, apesar da moral para a qual cada estória foi construida para contar. Aqui, Lactâncio preserva a estória da visão do lábaro por Constantino,(IN HOC SIGNO VINCE)antes dele se converter ao cristianismo.O texto completo é encontrado em somente um manuscrito, que tem o título: "Lucii Caecilii liber ad Donatum Confessorem de Mortibus Persecutorium." A Enciclopédia Católica registra sobre Lactâncio: "As qualidades e deficiências de Lactâncio são mostradas em nenhum outro lugar do que na sua obra. A beleza de estilo, a escolha e adequação da terminologia não conseguem esconder a falta de entendimento dos princípios cristãos pelo autor e a sua quase total ignorância das Escrituras." Vastamente atribuído a Lactâncio, é o poema "A Fênix" (Ave Phoenice) que conta a antiga lenda da Fênix, descrita por Plutarco, da morte e do renascimento do pássaro mítico que ressurge das cinzas para viver novamente 500 anos e voltar depois desse tempo para o mesmo ninho onde nasceu e consumindo-se em meio a chamas, transformar-se em cinzas, lenda na qual os egípcios acreditavam, de acordo com Plutarco.


[136] Marco Túlio Cícero (Marcus Tullius Cicero em latim) (Arpino, 3 de Janeiro 106 a.C. - Formies, 7 de Dezembro 43 a.C.) foi um filósofo, orador, escritor, advogado e político romano. Cícero nasceu numa antiga família do Lácio, a quem tinha sido dada a cidadania romana somente em 188 a.C. O pai proporcionou aos dois filhos, Marco, o mais velho, e Quinto, uma educação muito completa, sendo Marco Túlio entregue aos cuidados do célebre senador e jurista romano Múcio Cévola. Viveu num período especialmente turbulento da história de Roma. Após o assassinato de Júlio César, enfrenta Marco António e é degolado a mando de Otávio, quando tenta fugir para o Oriente. Sua língua e suas mãos foram expostas nas escadarias do senado. Cícero é, com Demóstenes, o melhor expoente da oratória clássica. Pela sua voz, postura, génio, paixão e capacidade de improvisação está dotado para o exercício da eloquência. São famosos os seus discursos contra Verres, em prol da Lei Manilia, contra Catilina, em favor de Milão e de Marcelo e contra Marco António. É autor de diversos tratados filosóficos sobre o Estado, o bem, o conhecimento, a velhice, o dever, a amizade, etc., que transmitem a tradição do pensamento grego. As suas próprias idéias sobre a arte da oratória, assim como uma história desta, expressam-se em tratados escritos de forma dialogada, como De Oratore, Brutus, Orator, etc. Até nós chegam quase um milhar de cartas de Cícero sobre temas variados que constituem um valioso conjunto documental. Cícero desenvolve a prosa latina até a levar à sua perfeição, do mesmo modo que Virgílio e Horácio o fazem com a poesia.

[137] O Dalai Lama ao longo do tempo se tornou o líder político do Tibete, onde política e religião se fundiram em um Estado teocrático. Dessa maneira, é comum encontrar-se em literaturas menos especializadas a informação de que o Dalai Lama é um líder temporal e político. Na verdade, ele é um monge e lama, reconhecido por todas as escolas do Budismo tibetano, mas mais comumente associado à escola Gelug. O atual Dalai Lama é Tenzin Gyatso, o 14º Dalai-Lama. Ele nasceu em 1935 e morava no Palácio de Potala durante o inverno e na residência de Norbulingka durante o verão, em Lhasa, capital do Tibete. Em 1959, quando a China comunista invade o Tibete, o Dalai Lama fugiu para a Índia, onde mora até hoje, no local de Dharamsala. Dalai significa "Oceano" em mongoliano e "Lama" é a palavra tibetana para mestre, guru, e várias vezes referido por "Oceano de Sabedoria", um título dado pelo regime mongoliano à Altan Khan (o terceiro Dalai Lama) e agora aplicado a cada encarnação na sua linhagem. Os Dalai Lamas são mostrados como sendo a manifestação de Avalokiteshvara, o Bodhisattva da Compaixão, cujo o nome é Chenrezig em tibetano. O nome tibetano do Dalai Lama é Gyawa Rinpoche que significa "grande protetor", ou Yeshe Norbu, a "grande jóia". Após a morte do Dalai Lama, uma pesquisa é instituída pelos seus monges para descobrir o seu renascimento, ou tulku. Para além do Papa é a única pessoa com direito a utilizar o título de Sua Santidade.

[138] Brâmane é um membro da casta sacerdotal hindu. A palavra não deve ser confundida com o deus Brahma ou Brahman, embora o termo brâmane signifique literalmente "aquele que realizou / tenta realizar Brahman - a divindade". Segundo o Purusha Sukta, canto à glória de Vishnu, os brâmanes surgiram da boca do purusha. A teoria da invasão ariana, questionada nos meios acadêmicos depois das explorações arqueológicas no Harappa, propunha que os brâmanes e as outras duas castas superiores - xátrias (guerreiros) e artesãos – fossem formadas pelos arianos invasores, e as castas inferiores - trabalhadores braçais - pelos dravidianos nativos. Uma quinta casta, os intocáveis, seria constituída pelas tribos que se revelaram contra os invasores. De acordo com Vishnusmriti (2-1.17), "um Brâmane ensina os Vedas. Um Brâmane se sacrifica por outros e recebe deveres da alma. Comuns a todas as castas são a reverência para com os deuses e Brâmanes”. Sendo membros da casta mais alta, os brâmanes gozaram historicamente de posição social privilegiada - independente de sua riqueza. Culturalmente, a maioria dos Brâmanes é conhecida por praticarem um vegetarianismo rígido, apesar de, atualmente, a prática ser baseada de acordo com a região. Brâmanes agindo como padres, mas em poucas exceções, são vegetarianos. A religião praticada pelos arianos antigos era derivada dos Vedas e o que estudiosos conhecem como Bramanismo deixou parte da fundação societária do Hinduismo Clássico como testemunhado com o advento dos Upanishads, o Ramayana e o Mahabharata. Dizem que os Brâmanes, portadores do manto em assuntos religiosos Hindu, se dispersaram por todo o subcontinente, formando várias seitas ou sub-seitas. Outros sentiam que os Brâmanes não eram necessariamente racialmente distintos, mas eram formados em atmosfera socialmente móvel, mais tarde concretizando seus papéis no estrito sistema feudal. A dominância tradicional dos Brâmanes nos assuntos religiosos e administrativos na política indiana tem sido a causa de fissuras sociais profundas na sociedade indiana. Desde a década de 1950, floresceu um movimento popular anti-Bramanista, especialmente nos estados do sul. A supressão da então chamada baixa casta (dalits) pelos Brâmanes, levados a uma revolução social massiva, que pressionava por "auto-respeito" e "dignidade". No meio do século 20, muitos racionalistas sob a liderança de Thanthai Periyar se levantaram contra a hegemonia Bramanista e o que eles consideravam ser "rituais sem sentido" como a hierarquia de castas e intocabilidade. O movimento também professava o "agnocismo ativo". O enorme sucesso do movimento levou a condições mais equânimes, pelo menos nos estados do sul (os então chamados Dravidianos) na sociedade entre várias castas. Os estados do norte, entretanto estão profundamente divididos entre estas linhas, com muitas organizações clamando por afirmar a superioridade da casta Bramanista e o seu merecimento de ganhar acesso exclusivo aos escalões mais altos da hierarquia social.

[139] Amrita é um liquido da mitologia hindu e na mitologia budista. É a agua da vida. O termo é conhecido nos Vedas, e parece se aplicar em varias coisas oferecidas em sacrificio, mas mais especialmente como suco Soma. Ele é também chamado de Nir-jara e Piyusha. Nos tempo remotos ele era agua da vida produzida peça agitação do oceano por deuses e demonios, a lenda diz com algumas variações no Ramayana, o Maha-bharata, e as puranas. E por este liquido que os deuses, adquirem a imortalidade. A palavra signfica literalmente "sem morte". É também um nome comum na Índia e Nepal, "Amrit"(masculino e "Amrita" (feminino). Estória: Os deuses, sentindo sua fraqueza, tendo sido derrotados por demonios, ou de acordo com as escrituras, sob a interdição de um santo sabio, pediram ajuda a Vishnu, implorando a ele que renevase o vigor e a dadiva da imortalidade. A estoria é contada na Vishnu Purana tendo sido resumina como:Os deuses endereçaram o poderoso Vishnu assim-'Os aquele que conquistou por batalha os demonios malignos, Nós aclamamos o teu socorro, alma de todos; Piedade, e ao vosso poder nós nos entregamos!' Hari, o senhor, criador do mundo, Assim aos deuses imploramos, o todo poderoso respondeu-' Sua força será restaurada, deuses de ye; Só façam o que eu mandar agora. Unam se em união pacífica com seus inimigos, colham todas as plantas e as ervas das mais diversas espécies de todo o lugar; as misturando em um mar de leitoso. levam Mandara, A montanha, com uma vara, e tornem Vasuki, A serpente em uma corda; no oceano juntem tudo para produzir a bebida- Fonte de toda força e imortalidade-então contem com minha ajuda; cuidaderei para que seus inimigos ajudem em seu trabalho duro, mas não tomem parte da recompensa, nem bebam da fonte da imortalidade. Na filosofia yogi: Amrita é um fluido que sai da glandula pineal e desce até a garganta quando o yogi em estado de profunda meditação, algumas lendas dizem que bastauma gota para conquistar a morte. Amrita é um néctar, um liquido que tem uma relação como soma (liquido da vida eterna), Pratica: Para o Amrita aperecer na boca faça a prática do jíhva bandha, ou seja a contração da ponta da língua contra a parte posterior da úvula (no palato mole no céu da boca). Esse ponto é chamado sangam ou trivêni, confluência das três principais nádís na altura da garganta. A contração da lingua massageia indiretamente a glândula pineal no cérebro e produz diferentes sensações nas papilas gustativas, os gostos podem ser alcalinos, amargos e lácteos até aparecer um gosto de dificil exatidão (conhecido como elixir lunar). O jíhva bandha impede que o amrita, que se concentra no soma chakra, entre o ájña e o sahásrara, escoe para os chakras inferiores. O praticante deve deixar a língua contraída desta forma e o olhar para o intercílio, fazendo bhrúmadhya drishti. No início pode ser dificil manter a contração durante muito tempo, por causa da grande salivação e pequenas dores na musculatura da garganta; não obstante, com a prática o bandha fica mais agradável e fácil de manter por um bom tempo. Algumas pessoas chegam ao extremo de cortar o freio da língua, algo totalmente desaconselhado.
[140] Em Roma, Diana (a Artemis grega) era a deusa da lua e da caça, filha de Júpiter e de Latona, e irmã mais velha de Apolo. Era muito ciosa de sua virgindade. Na mais famosa de suas aventuras, transformou em um cervo o caçador Acteão, que a viu nua durante o banho. Indiferente ao amor e caçadora infatigável, Diana era cultuada em templos rústicos nas florestas, onde os caçadores lhe ofereciam sacrifícios. Na mitologia romana, Diana era deusa dos animais selvagens e da caça, bem como dos animais domésticos. Filha de Júpiter e Latona, irmã gêmea de Apolo, obteve do pai permissão para não se casar e se manter sempre casta. Júpiter forneceu-lhe um séquito de sessenta oceânidas e vinte ninfas que, como ela, renunciaram ao casamento. Diana foi cedo identificada com a deusa grega Ártemis e depois absorveu a identificação de Artemis com Selene (Lua) e Hécate (ou Trívia), de que derivou a caracterização triformis dea ("deusa de três formas"), usada às vezes na literatura latina. O mais famoso de seus santuários ficava no bosque junto ao lago Nemi, perto de Arícia. Pela tradição, o sacerdote devia ser um escravo fugitivo que matasse o antecessor em combate. Em Roma, seu templo mais importante localizava-se no monte Aventino e teria sido construído pelo rei Servius Tulius no século VI a.C. Festejavam-na nos idos (dia 13) de agosto. Na arte romana, era em geral representada como caçadora, com arco e aljava, acompanhada de um cão ou cervo.



[141] Numa Pompílio (Numa Pompilius) ou Panfílio foi um sabino escolhido como segundo rei de Roma; procurou dar leis à cidade, garantindo a ordem. Sábio, pacífico e religioso, cuidou da agricultura e da religião. Instituiu o Colégio dos Pontífices. Reformou o calendário.

[142] O Baptismo ou Batismo é um rito de passagem, feito normalmente com água sobre o iniciado através da imersão, efusão ou aspersão. Este rito de iniciação está presente em vários grupos, religiosos ou não, onde destacamos: Catolicismo, Protestantes ou Evangélicos, Unicistas, Mormonismo, Adventistas do Sétimo Dia, Testemunhas de Jeová e os Batistas. Na Maçonaria este rito foi substituído pela adoção de Lawtons. Significado Batismo ou Baptismo é a transliteração do grego "βαπτισμω" para o Latim, conforme se vê na Vulgata em Colossenses 2:12. Este substantivo também se apresenta como "βαπτισμα" e "βαπτισμός", sendo derivado do verbo "βαπτίζω", o qual pode ser traduzido por "batizar", "imergir", "banhar", "lavar", "derramar", "cobrir" ou "tingir", conforme utilizado no Novo Testamento e na Septuaginta. As abluções do Antigo Testamento (Hebreus 6:2 e 9:10) foram traduzidas por "batismos" no grego koiné, que é o usado no Novo Testamento. Através da discussão entre os discípulos de João e os discípulos de Jesus (João 3:25 e 26) vemos que as purificações "καθαρισμός" são usadas como sinônimos de batismo. Esta é a mesma palavra usada em Lucas 2:22, quando Maria vai apresentar Jesus. Em Marcos 7:4, onde o termo não representa o batismo cristão, o verbo é traduzido em diferentes versões da Bíblia por lavar, limpar, aspergir ou, literalmente, batizar. Os textos em Marcos 10:38 e Lucas 24:49 enfatizam o batismo como rito de passagem. A transliteração, portanto, se justifica diante do universo semântico apresentado.

[143] Deus Sol Invicto (ou Deus Sol Invictus) era um título relígioso aplicado a três divindades distintas durante o Império Romano tardio. Ao contrário de outros, o culto agrário de Sol Indiges ("Sol na-Terra"), o título Deus Sol Invictus foi formado por analogia ao título imperial pius felix invictus (pio, feliz, invicto). O título foi introduzido pelo Imperador Heliogabalo, durante a sua tentativa abortada de impor um deus Elagabalo Sol Invicto, o deus sol da sua cidade natal Emesa na Síria. Com a morte do imperador em 222 d.C., contudo, o seu culto esvaneceu-se. Em segundo instante, o título invicto (invictus) foi aplicado a Mitra em inscrições de devotos. Também, aparece aplicado a Marte. Finalmente, o imperador Aureliano introduziu um culto oficial do Sol Invicto em 270 d.C., fazendo do Deus Sol, a primeira divindade do império. Contudo não oficialmente identificado com Mitras, o Sol de Aurélio tem muitas características próprias do Mitraísmo, incluíndo a representação iconográfica do deus com juventude sem barba. O culto de Sol Invicto continuou a ser uma base do paganismo oficial até ao triunfo da cristandade - antes da sua conversão, até o jovem imperador Constantino tinha o Sol Invicto como a sua cunhagem oficial. Do culto ao Deus Sol, atualmente só permanece a data, 25 de dezembro, que era o dia de adoração dos romanos a este deus saído das cavernas e cujo dia de celebração os cristãos aproveitaram para consagrar como sendo "o dia do nascimento de Cristo" por ele ter sido declarado "a luz do mundo".

[144] A unção dos enfermos é um dos sete sacramentos do catolicismo, normalmente o último que se recebe em vida. Normalmente, administra-se este sacramento aos enfermos e àqueles que estejam em risco de vida. Este sacramento era conhecido como extrema unção, pois era administrado in articulo mortis (a ponto de morrer). Diz o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica[1] que "A compaixão de Jesus pelos doentes e as numerosas curas de enfermos são um claro sinal de que, com Ele, chegou o Reino de Deus e a vitória sobre o pecado, o sofrimento e a morte. Com a sua paixão e morte, Ele dá um novo sentido ao sofrimento, o qual, se unido ao seu, pode ser meio de purificação e de salvação para nós e para os outros." (n. 314) e "A Igreja, tendo recebido do Senhor a ordem de curar os enfermos, procura pô-la em prática com os cuidados para com os doentes, acompanhados da oração de intercessão. Ela possui sobretudo um sacramento específico em favor dos enfermos, instituído pelo próprio Cristo e atestado por São Tiago: «Quem está doente, chame a si os presbíteros da Igreja e rezem por ele, depois de o ter ungido com óleo no nome do Senhor» (Tg 5,14-15)." (n. 315).

2 comentários:

  1. mano vai tomar no c a biblia n tem mentiras

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